quarta-feira, maio 05, 2010

Volta

essa é a história de uma Malvina Malva que foi, foi embora, e se perdeu pela vida, e nunca mais voltou.

agora ela está voltando.

domingo, julho 19, 2009

Entre quatro paredes

O primeiro é gentil, educado, bom de papo, tem todo o frescor que seus 25 anos pedem e tinha tudo para ser uma companhia perfeita pra mim - tanto que a minha amiga quis que eu o conhecesse, afinal "você já terminou há nove meses, precisa passar de fase". Eis que, entre quatro paredes, o garoto travou. "Não estou sabendo lidar com esse mulherão na minha cama", confessou. Não conseguiu fazer nada. Nada. Tentei salvar a situação, mas o menino tinha paralisado. Ficamos ali, na cama de solteiro da casa do pai dele entre adesivos colados no armário do irmão mais novo. Fui me sentindo cada vez mais incômoda de ter que dar colo pro menino. Nunca fui de gostar de caras mais novos, mas o espírito jovem, de querer me ver numa segunda, ir ao cinema no domingo e topar uma festinha na quarta, animaram o meu desânimo. Apesar de desconfiada que o rapaz não servia pra mim, tentei dar outra chance. Convidei o moço pra um encontro com os meus amigos. A festinha tranquila não condizia com a animação do moço, sentia que ele estava incomodado. Pensei que gastaríamos a energia dos 25 em casa (na minha casa desta vez). Mas o menino paralisou, pela segunda vez. Disse que estava cansado, que queria ir pra casa. Eu estava com uma sainha indiscreta, banho tomado, cheia de segundas intenções. Provoquei. Falei "vamos subir só um pouquinho". Mas o moço preferiu ir pra casa (do pai). Suspirei.
O outro é complicado, tem 35, e é meu ex. Já nos desentendemos tanto quanto nos amamos. Mas ele sabe lidar com uma mulher. No encontro para matarmos a saudade, não economizei. Depilação, creme, perfume, meia sete oitavos, cinta liga, vestido curto, salto alto. Combinamos um motel, pela primeira vez. Quando entrei no carro, ele me lascou um beijo e me chamou de gostosa. O que fizemos entre quatro paredes não pode ser descrito. Fica apenas a lembrança da melhor noite de sexo que eu já tive na vida.
Essa é a diferença entre um homem de 35 e um garoto de 25.

sexta-feira, julho 17, 2009

É de lágrima

E se o tempo não curar? E se a saudade não passar? E se eu continuar com os olhos cheios de lágrima toda vez que alguém falar de você, toda vez que olhar uma foto sua, sempre que falar de você pra alguém, sempre quando lembrar de nós dois, sempre que alguém perguntar por você, sempre que eu lembrar do seu abraço, sempre que ouvir uma música, sempre que alguém me abraçar forte. E se ninguém no mundo te substituir? E se essa dor não passar? E se eu continuar a te procurar em outras pessoas e chorar toda vez? E se eu não parar de sonhar com você?

quarta-feira, maio 06, 2009

Que triste o fim

E então, doente, você me liga, meio sem assunto, querendo conversar. Aquela conversa, em tom de amizade, vai apertando o meu coração. Depois de uma hora, quando coloco o telefone no gancho, sinto que o meu coração vai parar. Eis que, olhando fotos antigas pra ver se machuco ainda mais o meu coração, me deparo com uma foto antiga nossa, no comecinho de tudo. Era Carnaval. Nós dois bêbados, de peruca na cabeça. Você mordia o meu rosto e eu gargalhava, uma risada sem fim. Aquela alegria, que triste, não volta mais. E é triste assumir isso. Encerrar um ciclo demora tanto quanto construir um amor verdadeiro. É triste. Mas acabou. E não adianta tentarmos nos enganar, conversar sobre o que poderia ter sido e não foi. Não foi. Não foi pra frente. Apesar de você ser um cara incrível e de você me achar incrível. Por algum motivo, que não sabemos explicar, não deu mais. Paramos de caminhar lado a lado. Construimos um amor, uma casa, colecionamos fotos, sorrisos, risadas. Nos amamos na madrugada, de dia, de noite, nos abraçamos, conversamos. E agora, com a casa vazia, dói muito ao lembrar dos bons momentos que passamos lá. Mas também dói lembrar das desavenças, das descrenças, das decepções, do ciúmes, das mágoas. Das mágoas que nos impedem de recomeçar. A leveza do começo não existe mais. Que triste, meu amor. Que triste, meu amor. Que triste o fim.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Que a verdade seja dita

Apesar de hoje em dia falar com o bonitão bem menos do que eu gostaria, senti falta todos os dias enquanto ele esteve fora. E quando ele apareceu todo convalescente, pós-cirurgia, carente e cheio de amor numa conversa mole, me entreguei. Resolvi contar pra ele tudo que eu sempre senti, tudo que eu sempre escrevi, mas nunca falei. Eis a maior declaração, três anos depois:
...
- quando volta?
- amanhã. mas quer dizer que vc namorou por 3 anos? e eu nem sabia...
- como não sabia? e pq vc acha que eu nunca sai com vc?
- por que vc não queria? pelo menos eu pensava isso, e me parecia justo ué.
- vc acha mesmo que eu não queria? e nunca reparou como eu te olhava? eu te quis muito. todas as vezes que você me chamava pra sair, eu lutava muito contra uma vontade doida pra ser fiel.
- eu desconfiava que vc tinha um rolo, aliás, eu sabia disso porque te vi muitas vezes com um cara e tal, mas não sabia que era namoro e muito menos de três anos... desculpe se, em algum momento, peguei pesado. se eu peguei muito pesado... mas você sabe, você sabe que eu tive vontade desde o dia em que vc apareceu ali naquela redação.
- eu tb ainda lembro da primeira vez que eu te vi. e já que estamos numa conversa franca, pode ter certeza que eu já perdi noites inteiras pensando em vc. sonhando com vc.
- agora quero saber, até porque te devorei com os olhos muitas vezes.
- o que mais quer saber?
- da primeira vez que vc me viu. o que vc lembra?
- se eu te disser que eu lembro de tudo.... que nos primeiros dias você não estava, e que num dia, quando eu estava chegando na minha mesa te vi. Você estava em pé, sorrindo enquanto conversava com algumas pessoas. Perdi o ar.
- Malvina, pelamordedeus, como vc só me fala isso agora??? poutz, pior que entendo, agora entendo...
- Malvina, te mandei tantas mensagens malucas, eu estava completamente louco e perturbado com isso.
- e posso dizer? posso dizer mais ainda? quinze dias depois que te conheci, conheci o meu ex e nos demos muito bem, e ao mesmo tempo muitas pessoas me disseram pra eu não cair na tua pq eu iria me machucar e depois teve a história da espanhola. e eu engoli tudo isso que eu sentia pq vc.... e comecei a namorar. Mas eu nunca deixei de passar mal contigo. e eu recebia as mensagens e tudo que eu queria era correr pra vc! e posso dizer, fiquei triste, arrasada, quando vc começou a namorar.
- mas o que tanto falaram de mim a ponto de te assustar desse jeito? disseram que eu era alguma espécie de maníaco por acaso???
- não!! mas basicamente que já tinha pegado muitas mulheres da redação, que era um tremendo cafa basicamente (me desculpe, mas foi isso...). e toda aquela história da espanhola que veio pro Brasil atrás de vc e que sofreu pq vc não quis nada... eu soube de tudo, então tinha o maior medo de sair com vc. de me apaixonar. se bem q não adiantou nada, pq de certa forma eu me apaixonei por vc.
- sinceramente o que vc acha? sou um cafa? na boa, vc pode falar o que pensa, afinal, vc foi, digamos assim, meu último desejo antes de começar a namorar. e mais, eu tava completamente louco por você. e sentia que vc me evitava forte, mas, ao mesmo tempo, alguma coisa me dizia que tinha algo fora do eixo. e aí, me conta o q vc acha.
- eu acho que vc é uma delicia. me arrependo muito de ter ouvido as pessoas
- meu deus, Malvina, meu deus. E vc perdeu a minha melhor fase! hehehehehehehehe. agora estou todo estropiado! Quando vou surfar outra onda igual a essa se nem remar eu tô podendo... ah, meu deus! Ah meu deus!! Mas por que vc resolveu me abrir isso?
- ok, não precisa dizer, não diga mais nada se quiser, vai ver eu mereço!
- pq eu guardava isso há três anos, desde que te vi. e agora eu não namoro... eu sempre quis falar isso pra você.
- teve um cara, certa vez, há muito tempo, que me disse 'essa mina olha diferente pra vc' e eu lembro que respondi algo assim 'é, só se for medo de tanto pau que pago pra ela'
- c'est la vie.... vou indo, que amanhã vou me enfiar no primeiro buraco quando te encontrar, depois de tantas verdades
- deixa disso, a vida é cheia de surpresas.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Não

EU não aguento mais ex-amor, não quero mas ex-amar. Ex-amor é uma corda de pipa pesada, que a gente arrasta conosco, sem fim. Não quero mais nada que acabe, não quero recomeçar.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Eu poderia...

Não que eu não pudesse te escrever. Eu poderia. Se eu tivesse coragem. Se você não fosse autor de tantos textos geniais. Se em cada um deles, falando de amor e dor, eu não me imaginasse sendo a atriz principal. Se você não tivesse publicado três livros. Se você não estivesse com duas peças em cartaz. Se você não fosse jornalista. Se você não andasse meio desengonçado e distraído por aí. E se você não tivesse me dado a mão e me ajudado a escapar daquele um milhão de pessoas quando cobríamos a parada gay. Eu poderia te ligar depois daquela noite tão boa em que passamos tão bêbados, nos beijando tanto e tão bem. Eu poderia te ligar. Se eu não fosse autora de textos tão pouco brilhantes. Se eu fosse um pouco mais bonita e um pouco menos gorda. Ou se eu tivesse um corte de cabelo moderno. Se eu não tivesse as unhas roídas. Se eu não estivesse me sentindo tão feia nessa tpm terrível e sofrendo a ausência do ex. Eu poderia te escrever, te ligar, te mandar mensagens engraçadas, se eu não vivesse presa ao meu mau humor, ao meu plano de mudar de vida sem conseguir. Eu poderia te chamar pra tomar uma cerveja ou um sorvete e dizer que compartilhamos de muitas coisas em comum. Eu poderia. Se eu não te achasse tão genial. Ou se não tivesse juntando, ainda, os cacos do meu coração que o outro fez questão espalhar. Eu poderia...

sábado, novembro 08, 2008

Pra deixar de ser coisa

Assim como Satre, Beauvoir dizia que a liberdade exige coragem moral. É mais fácil a pessoa desistir de sua liberdade e tornar-se uma coisa. Como Beauvoir deixou claro, as mulheres podiam viver bajulando os homens, vivendo através dele, sendo sustentadas por eles. "É um caminho fácil: nele se evita a tensão envolvida em assumir uma autêntica existência".
Pois bem, to tentando deixar de ser coisa.
Não que eu fosse sustentada por alguém, mas quase. É a tal da terceira perna que a Clarice tentou explicar. Porque eu passei três anos ao lado dele e comecei a me esquecer de quem eu era antes dele entrar na minha vida. Antes, eu não precisava dele. É claro, ele ainda não fazia parte da minha vida. Pois bem, posso afirmar categoricamente: deixar de ser coisa não é tarefa fácil. Eu tenho me esforçado para ficar feliz e pra lembrar do que eu gostava de fazer sozinha. Tenho sim, feito muitas coisas que eu não fazia e que eu adoro. E tenho visto pessoas que eu adoro que me fazem lembrar de quem eu sempre fui e de quem eu não estava sendo. Mas agora não existe mais a terceira perna. Ela me impossibilitava de andar mas fazia de mim um tripé estável. A proximidade do fim do ano ajuda para querer largar tudo, para criar essa confusão mental, essa vontade de mudar de vida e de recomeçar. Amanhã tem cachoeira. Isso deve ajudar.