domingo, dezembro 11, 2005

Do amor

O amor é um feitiço que só se quebra com a deslealdade. Já sabia que é mesmo como falavam os gregos, uma flechada que te prende a ele por tempo infinito, enquanto dure. Que ele vai mudando e assumindo outras caras com a ação do tempo, de Cronos, que ele vai se adaptando como nosso corpo se adapta a uma lesão, que fica mais feio ou mais bonito, mais funcional, mais rápido. Nunca soube me livrar dele, sempre tentei, sempre quis ser mestre em dominar o feitiço. Agora, o feitiço acaba em mim e me estraçalha, me deixa poeira para talvez renascer um dia. Da pior maneira: com traição, traição verdadeira, que não é trepar por aí, não é bolinar outras meninas ou meninos, é esconder quem você é, é iludir o outro. Essa a maior deslealdade, porque põe em risco uma alma que acredita nos outros, põe em risco uma alma que quer o bem do mundo. Quebra-se junto com o feitiço uma alma, e ai! como recuperá-la?