sábado, janeiro 28, 2006

Amiga,

Estive com seu ex ontem. Ele apareceu quando eu tomava a saideira. Perdido, olhos vermelhos - maconha, álcool ou choro? -, foi simpático como quem via em mim um pedaço de você. Eu também via nele um pedaço de você. Ele estava sozinho, esperava um amigo que não sei se chegou. Eu tive pena. Fiquei sem-graça. Convidei-o pra sentar, apresentei meus amigos. Tentei puxar uma conversa amena. Mas bastaram poucos minutos para que ele perguntasse de você. Assim, como um amigo. Assim, como se fosse natural. Ele te chamou por um apelido que não estou acostumada. Ele perguntou como você estava.

Tá bem, tá como sempre. Como sempre. Sei que isso ecoou na cabeça dele. Tentei desviar do assunto. Ele insistiu. Perguntou se seus projetos estavam dando certo. Lembrou de como você queria que eles dessem certo. Ai, que doeu em mim. Doeu porque, é claro, não consigo odiá-lo como você. Tive um pouco de pena dele. E muito mais pena de todos nós. Do patético do amor, do fim do amor, das situações estúpidas pelas quais passamos e não sabemos resolver de outra forma.

Ele pagou uma cerveja que nem bebeu. Piscou os olhos vermelhos e ficou um tempo em silêncio. Eu procurando assuntos. Amiga, ele insistiu. Quis saber de você. Eu enrolei, disse o menos possível, falei de trabalho. Falei de política. Ele suspirou. Eu suspirei. E pedi a conta.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

é a ultima coisa que faço... perguntar dela pras amigas...

Porque as vezes escuto aquilo que não quero escutar....

Fico no meu silencio e nas minhas perguntas vazias.. mas por ela nem me atrevo alembrar... prefiro guardar as boas lembranças comigo mesmo.. e com os amigos incomuns,nos limitamos a falar apenas do mundo sem ela...

2:36 PM  

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