terça-feira, abril 04, 2006

Um caso de amor

Sempre a achei linda. Fazer parte de sua vida fazia parte do meu sonho. O problema é que não me achava capaz de conquistá-la, afinal, ela é extremamente politizada e inteligente, densa e brilhante. E eu era apenas uma garota.
Um dia, no entanto, vi uma possibilidade de me aproximar dela. Criei toda uma situação e acabei indo até a sua casa. Trataram-me bem. Em uma semana estava indo lá todos os dias.
No começo era lindo, me achava especial por fazer parte de sua vida. Olhava tudo com brilho nos olhos, mas era tímida, às vezes me perguntava se não iria desapontá-la. Era paixão.
Se já estava bom, só por fazer parte de sua vida, depois de um tempo ficou melhor ainda, me sentia realizada por estar fazendo coisas interessantíssimas ao seu lado. Conversava com pessoas interessantes, íamos a programas fantásticos, saíamos da casa e eu levava ela no meu braço com um orgulho de estufar o peito. Assim que podia, falava dela pras pessoas.
O ápice do nosso relacionamento foi a nossa viagem para Porto Alegre, para o Fórum Social Mundial. Minha primeira viagem por causa dela. Não parei um minuto. Mas lá levei um choque, pois vi como ela era realmente um mito para muita gente e era realmente estranho fazer parte de um mito. Mas ela estava me dando uma atenção especial e essa sensação se diluiu.
Depois a paixão passou a ser amor, já conseguia ver alguns defeitos nela, o ambiente dentro daquela casa me incomodava um pouco, percebi que a casa tinha mudado. Com o tempo as minhas obrigações dentro daquele relacionamento começaram a mudar, começava a me sentir escrava do seu amor e sentia que ela não me recompensava assim... Até de sua visão política já tinha criticas.
Os nossos problemas se tornaram mais graves quando eu comecei a me imaginar em outros relacionamentos, em outras casas. Será que existem outros tipos de relacionamento melhores que esse? Será que seria feliz longe dela? Será? Será que em outro lugar seria recompensada por meus esforços?
Entrei em crise.
Decidi ter uma conversa séria e desta vez conversei com duas pessoas que mandavam naquela casa. O primeiro me encorajou a procurar outros caminhos, afinal eu não era mais aquela menina, já era uma mulher e existiam muitas outras possibilidades para mim. O outro, foi mais sóbrio e nem por isso menos lindo. Porque você não dá um tempo? Obedeci.
Tempo dado, depois de um ano de convivência. Segunda-feira passarei lá para lhe entregar coisas que ficaram comigo e depois saio de lá por um tempo. O choro entalado na garganta e a vida pela frente.
Será que depois desse tempo eu volto pra lá? Será que não? Agüento ficar longe dessa revista, dessa casa colorida?

09/2005

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

issoo.quandoo amor brota, conseguimos ver os defeitos...

ai esses defeitos as vezes nos transforma em escravos...

ahh não...

quem é quem

3:36 PM  
Anonymous Anônimo said...

você pode tirar a menina da casa, mas não tira a casa da menina.

besos

7:53 PM  
Blogger malvinas said...

Malvina,

Estou arrepiada e quase com vontade de chorar. Me sinto igual, e tenho também muito medo. Mas dessa vez, é vc que me mostra o caminho: fora daquela casa existe vida. E das boas.

4:57 PM  
Blogger malvinas said...

Se fora daquela casa existe vida, dentro dela existe um mundo, que a gente sempre pertencerá depois de ter estado lá um dia. Entende? Vai que o seu caminho é grande, porque apesar de pequena você é gigante...

1:08 AM  

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