domingo, novembro 12, 2006

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Não é nada fácil, meninas. Nada fácil.

Tenho um certo receio de escrever, vergonha de ter sofrido tanto por insegurança,por ter esperança no que não poderia ter, por ter jogado fora meu apreço por mim mesma,por achar que ele é uma pessoa melhor. Só senti o que foi, agora, sozinha. Blan! Tudo desmoronou. De repente.
Ele me traiu. E olha, logo que descobri, liguei pra uma Malvina, aos prantos, e ela quase só conseguia dizer que sabia que o que eu estava sentindo era uma das piores dores...e era. Não foi uma fraqueza, foi uma traição, com direito a troca de e-mails, e pessoas conhecidas sabendo. Traição mesmo. Não disse nada quando descobri, estava na casa dele, ele deixou e-mail aberto. Me calei, meninas. Dormi com ele, sorvi toda a minha raiva, destilei veneno, e de manhã, mandei um e-mail primoroso, que depois ele me disse que arrepiou inteiro... Se fosse hoje, não teria tanto sangue frio comigo mesma. Dava logo um tapa. E fomos jantar, depois de alguns dias, para tentar conversar. Não conseguia olhar na cara dele. É um sentimento de raiva, de dor. E ele: me perdoa, que vergonha, estou constragido, envergonhado... Também estava envergonhada e constrangida. Coisa horrível. E conversamos sobre isso um pouco, assunto intercalado com amenidades e muitas cervejas...A gente se ama, vamos dar um tempo pra isso passar.
Alguns dias se passaram, e ele: vamos passear, tomar sorvete, ir ao zoológico, ao cinema, dançar...eu, toda coração, toda compaixão, pensei que poderia tentar. E tentei. E fomos ao cinema, passeamos no centro...mas tudo fora do lugar. Tudo. E que idéia! Vamos cheirar cocaína e ir pra balada? Que fraqueza! Que burrice! Trepamos igual loucos, com saudade, com pó no corpo na cabeça, com dor na alma e no coração. Mais um tempo, meu amor, me dê mais tempo pra respirar...
Passou uma semana. Acordei pronta pro perdão, decidida que tinha que acontecer. Liguei: Vamos? Vamos! Fomos. Foi bom.
Brigamos de manhã. Ele entristeceu, eu também, não pode ser, não pode ser, não tem que ser assim. Mas era. Estava tudo à prova.
Ficamos mais juntos. Mas a cada palavra que me dizia, cada beijo que me dava, eu via outra cara, outra pessoa...achando, o tolo, o burro, o egoísta, que estava tudo bem. Que podia continuar tudo igual, que afinal, eu sou fácil demais, não preciso de flores, nem de desculpas, nem de passeios...pra quê? Ele dizia: isso é hipocrisia, tem homem que dá flores e bate na mulher. Tem mesmo. Estúpido.
Uma sexta á noite estava numa festa com grandes amigos, muito amada, dando muitas risadas...e sexta, é claro, é dia de casados. Ele me liga: onde vc tá? Tô aqui...
- Vamos nos encontrar no bar? Vamos sim... - Você tá estranha.
Triste, é o que eu estava.
Porque não tinha mais jeito. Minha felicidade estava cada vez mais distante...dele. Liguei de volta: Tô de boa de te ver.
Na manha seguinte, chamei para uma conversa, na rua, com pressa, rápido, tomei todas as forças que tinha, tomei espinafre do Popeye, pensei que não teria mais volta; a verdade é que eu não queria mais volta. "Pra mim chega". Foi assim.
Ontem nos encontramos no aniversário de uma amiga em comum, e dormimos juntos. Foi perfeito. Foi quase.
Mas acabou. Sem lamúrias. Com choro,a ferida sangra, a saudade dói,o amor existe mas não tem mais saída possível, que tristeza que dá, mas com a certeza de que agora sou mais forte, e isso é bom.
Nos amamos. Talvez ame pra sempre, e não sei do futuro. também não quero saber. Cansei de tentar entender, cansei de pensar, cansei de sentir. Tô de boa. Quero viver sem neura. Nada é para sempre, ainda bem. Percebi isso a tempo de salvar meu corpo, alma e coração.

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura
Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo, vive morre, pão
Drão

2 Comments:

Blogger malvinas said...

uma malvina disse aqui uma vez: a verdade é que o amor não acaba nunca. e não acaba mesmo.

11:11 PM  
Blogger malvinas said...

Só acaba quando chega ao fim

3:48 PM  

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