quarta-feira, agosto 16, 2006

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eu não sei exatamente que mágica que acontece, mas às vezes eu me transformo num ponto. um único ponto, o menor de todos, o mais esmagado entre todos os outros elementos que compõem o resto do universo. um ponto. e só.

um ponto não é nada e é tudo ao mesmo tempo. o ponto forma todas as coisas. mas se não se junta a outros pontos, um ponto é só um ponto. e não é o ponto. é um ponto. apenas um ponto, ridículo, inútil e que contém em si a possibilidade de formar todo o universo. mas por ser só um ponto, e não ser nada além disso, a possibilidade o esmaga. porque ele não consegue deixar de ser ponto. e sabe que essa é sua finalidade. a finalidade do ponto é não ser apenas um ponto. mas às vezes fico presa na condição de ponto.

e aí, esmagada no cantinho do banco do ônibus, envergonhada da minha condição de ponto, tento ser um ponto menor ainda. e parece que quanto mais tento diminuir, maior fico. um ponto enorme e minúsculo, insignificante de dar dó, de dar nojo - mas impossível de não ser notado. um ponto que ofende os outros por sua insignificância.

um ponto que não quer ser ponto, que não quer ser nada; um ponto que quer não existir.

2 Comments:

Blogger malvinas said...

Nossa que onda de depressão. é engraçado quando isso acontece. e postamos os textos mais ou menos na mesma hora.
o bom é que passa, mas agora parece que não vai passar nunca.

3:08 PM  
Blogger malvinas said...

Passa passa passa!

12:21 PM  

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