terça-feira, setembro 19, 2006

transa

You don’t know me
Bet you’ll never get to know me

das coisas mais estranhas do amor: essa ameaça, essa frase que corta fundo e a gente não sabe porquê. você não me conhece. essa frase que a gente fala quando quer machucar sem o risco de uma resposta que fira, porque não tem resposta. é a verdade. se é difícil conhecer qualquer ser humano, o ser amado mais ainda.
You don’t know me at all
Feel so lonely

a frase que dói porque é ruim não conhecer como é ruim que não nos conheçam. o ser humano não se alcança nunca; o casal apaixonado está tão distante entre si quanto estou de um mandarim na china. o amor é tentar se aproximar, mas a tentativa nos deixa cada vez mais distantes. talvez pela própria sensação enganosa de proximidade.
The world is spinning round slowly
e como dói ser incompreendido! como dói se sentir sozinho! talvez por isso procuremos preencher nossa angústia com amores que nos sufocam as entranhas, estragam a pele, machucam o outro. mas a angústia não passa nunca. a resposta não está ali. a resposta não está em lugar nenhum porque a pergunta é ilógica. emocionalmente ilógica.
There’s nothing you can show me
From behind the wall

porque um dia, numa viagem de ácido, ela me disse que somos todos peixes, cada um dentro do seu aquário, batendo e batendo no vidro, mas sem nunca se tocar de verdade.
Show me from behind the wall
Show me from behind the wall
Show me from behind the wall

1 Comments:

Blogger malvinas said...

triste, bonito e verdadeiro.

12:13 PM  

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