terça-feira, novembro 22, 2005

Jacarepaguá, Rio de Janeiro

Porra, caralho, torcida de cuzão, quem manda nessa porra não sou eu, não. Essa porra sendo a minha própria vida, que me escapa, segue à minha mercê sem perguntar se eu estou cansada, se quero descer, se quero virar à direita ou à esquerda. As lombadas vão se diversificando, se disfarçam de sonorizador, ficam eletrônicas e eu acelero, esbaforida, sem saber como diminuir a velocidade...
Parágrafo, travessão: minha filha, a raiz de toda depressão está no sentir pena de si mesma. E quem sente pena de si mesma é porque está se dando uma importância exagerada.
Ponto final. Sábia madrasta, então o que eu faço agora? Jogo cocô nas minhas fotografias enquanto pego minha guitarra imaginária e toco um blues? Assim aproveito e explicito que a vida é uma grande merda.
Porque o negócio é o seguinte: saber as coisas intelectualmente não serve para porra nenhuma. Eu concordo com suas belas palavras, ó madrasta. Mas só poderei sorver com um canudinho daqueles brancos e vermelhos que viram em direção aos meus lábios as suas sábias palavras quando puder experimentar essa iluminação por mim mesma. Até lá, neném, vou ter que pedalar, pedalar, pedalar...