segunda-feira, novembro 28, 2005

Uma coisinha da alma feminina

Tem uma coisinha da alma feminina que eu descobri quando estava fazendo um trabalho com os movimentos de sem-teto: ela está sempre ali. As mulheres, moradoras de ocupação, carregam baldes cheios de água pra cima e para baixo, para poder lavar sua roupa pu esfregar o chão; levam o lixo quilômetros para o lugar certo de ser levado pela prefeitura; fazem gato de eletricidade, sozinhas, as mãos nuas, protegem os filhos do frio e da chuva; constróem casas com lona preta ou tábuas de madeira; varrem o chão, espantam ratos e baratas e para fazer com que aquele quadrado esqueisito tenha a cara de um lar; cozinham todo dia com o que têm, e se não têm vão à feira pedir; levam os (muitos) filhos pra escola, trazem; dão para os maridos, cuidam deles quando estão bêbados demais; e, calçadas com as velhas havaianas, mentém as unhas dos pés - ah, como é de admirar! - as unhas dos pés sempre bem-feitas, perfeitinhas, sem uma manchinha ou desgaste do esmalte, lindas. Mulherões.