sábado, maio 26, 2007

AÇÚCAR.

Quando eu tinha 14 anos, fiz uma cirurgia na bunda, no comecinho do cofrinho, para retirada de um cisto. Enorme, assim como o corte que ficou: não cicatrizava. Meses indo ao hospital diariamente (pré cirurgia), meses depois, diariamente: não cicatrizava. Um dia, na sala com cheiro de éter, sozinha sem mãe -- conhecia toda a equipe, desde a faxina até os grandes doutores que por lá circulavam, apressados, sempre chegando pra ver o caso raro do imenso corte na minha bunda --, o meu doutor, um velho pelo qual me apaixonei e mandei cartas de amor ( mas isso é outra história), chama a copeira e diz: Açúcar. Traz açúcar. E a copeira: só açúcar? quer adoçante? Não, açúcar. Um monte. Deitada de bruços, matutei o que poderia me salvar desta vez. Chegou o açúcar, um monte de sachês UNIÃO ( Hospital chique, gente). E despeja açúcar na minha bunda...e diariamente, meu cú era doce: cicatrizou.
E hoje, o corte invisível no peito: não cicatrizava.
Quase dois meses sem contato, pós fim oficializado: Ai! Melhor assim: mas não cicatrizava.
Noite estranha: o acaso; tanto tempo, embora a cada dia melhor e mais feliz sozinha, feliz por viver, feliz por trabalhar e ser senhora de minha vida e coração: mas sem cicatrizar. A vida me diz: açúcar. Põe açúcar que cicatriza. O encontro.
O encontro: arrebenta, ai, coração que dispara. Açúcar, põe açúcar, me diz a vida.
Tão açúcar, o olhar, a conversa, o corpo, o peito pra dormir. Apenas açúcar.

Cicatrizou.

Em forma de coração.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ai q lindoooo... Cicatrizou !!! To precisando de colocar um pacote de 5kg de açucar no meu peito pra ver se cicatriza tbm !!!


Bjusss =D

1:08 PM  
Blogger Malvinas said...

conta a história das cartas de amooooooooooooooooooooor!!!!!!!!

5:49 PM  
Blogger Malvinas said...

hahahahahahahaha, essa eu não conto não!
( vergonha)

10:06 AM  

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