quarta-feira, março 21, 2007

Ode ao sanfoneiro

O coração bateu no rosto quando descobri que o assento reservado para mim era frente ao sanfoneiro que me provoca arrepios.
Teria sido de propósito?
Porque depois daquele show em que nos tornamos "amigos" após eu ter negado veementemente às suas suplicas, por ser muito ética com relação à prisão dourada em seu dedo esquerdo, sua visão não me saiu da cabeça.
Perturbador.
Ele me perturbava.
E o show começa.
Ele aparece com aquela barba e meus pensamentos voam em funções um tanto pornográficas para aquelas mãos que deslizam pela sanfona como se estivessem em um corpo nu.
Sua sanfona chora, goza. E eu que nem gosto de sanfona, até aprenderia o forró.
Nunca vi isso em toda a minha vida Deus:Uma sanfona se transformando em mulher.
Era esse então o segredo de sua música. Vinha de mulher.
Vinha de mim, de malvinas sentadas na platéia, de bocas molhadas e gargantas secas frente ao espetáculo.
Desejei que a luz nunca se acendesse. Que o anel não existisse, que ficassemos nós três naquele palco e ele tocasse só para mim a Lua Vermelha.

3 Comments:

Blogger Malvinas said...

nossa........................
nem posso conhecer esse sanfoneiro. ufi, ufi.

3:37 PM  
Blogger Gabriel Limaverde said...

A sanfona do velho januario tinha so 8 baixos... A do filho, Luiz Gonzaga, tinha 120. O gonzaguinha já partiu pro violão.
A sanfona é os dois lados da coisa, juntos. Tem os baixos e agudos. É completa e complexa. Vai ver por isso se transforma em mulher, quando bem tocada.
E tem o fole, que fica gestante e pare musica, tambem quando bem tocada.
Esse sanfoneiro, se te soubesse, taria louco pra te conhecer.

12:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

Demorou pra se permitir! Aliança nunca foi prisão!

5:34 PM  

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