segunda-feira, fevereiro 19, 2007

tá certo: é carnaval. mas ontem eu me decepcionei com a raça humana - e masculina, principalmente - mais uma vez. estou eu pelos bares da vida, e eis que encontro um amigo de colegial que não via há tempos. um amigo daqueles que, em tempos de colégio, era um dos poucos (senão o único) exemplares do sexo masculino que tinha qualquer coisa dentro da cabeça que não fosse maconha; aquele cara gente fina que tinha lido mais de duas páginas de um livro e com quem eu gostava de conversar sobre política, literatura, enfim, qualquer coisa que não fosse quantas doses de vodka barata tomamos na noite passada - apesar de ele e eu sermos também, e já naquela época, bons de copo.

pois bem. cidade vazia, caranaval, sento no bar e encontro o cidadão. demonstrei minha alegria por encontrá-lo e o convidei a sentar com a gente. depois de algumas várias rodadas de cerveja, levanto e vou fumar uma ponta na esquina vazia (sim, ainda conservo meus hábitos colegiais). nem bem acendo, vejo o cidadão (meu deus, ele não mente quando diz que engordou dez quilos!) vindo em minha direção. sorrio:

- uai, deu pra fumar maconha?

ele se aproxima de mim e estica os braços meio troncho (tronxo?), em direção à minha cintura:

- ...????

- eu quero te dar uns beijos, malvina.

- uahuahahuahuahuahuaha tá maluco? - eu ainda tinha esperança de que fosse brincadeira.

- você não quer?

- uahuahauhhaua meu filho, cê pirou? e outra: eu tô namorando. aquela garota, sentada na mesa, é minha namorada.

- ????

- é, cê vê, que loucura? a gente nunca sabe o que esperar das pessoas. vai, vamo voltar lá.

voltamos pra mesa. ele finge que nada aconteceu e puxa a conversa com as gringas pra si. passado algum tempo, o pessoal vai embora. ele fica quieto por algum tempo, depois olha pra gente e diz:

- porra, preciso comer alguém hoje.

dá uma pequena pausa e emenda:

- vou sentar ali na outra mesa.

levanta e sai sem se despedir.

a gente foi embora logo depois, eu não comentei nada, é claro, mas tive de me segurar pra não fazer isso. minha revolta era tanta! lembrei que conversei com ele recentemente pelo messenger e marquei uma cerveja, lembrei da minha inocência ao convidá-lo alegremente pra sentar com a gente. pensei que estava revendo um amigo. o cara queria me comer. e é pra lá de mal educado ao ver que tomou um fora, e deixa bem claro que foi ainda mais por eu estar com uma mina. esse é o cara que eu achava o mais inteligente do colégio no alto dos meus dezessete anos. eita mudo véio sem porteira, sô! a raça humana não tem mais saída. e viva o carnaval!

2 Comments:

Blogger Malvinas said...

uns camelos

2:24 PM  
Blogger Malvinas said...

e não é que o dito aparece lá no bar com cara de pamonha e não tem culhão de cumprimentá-la?
Peroba nele!

6:04 PM  

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