sexta-feira, outubro 14, 2005

morango

tem gente que não tem noção do ridículo. isso é triste. tem gente que é tão autocentrado que lhe é impossível ter alguma remota idéia do que o coleguinha ao lado está pensando ou sentindo. isso é irritante. tem gente que se acha uma flor de bondade (quando ninguém no mundo é, talvez exceto uns padres da Pastoral da Terra ou umas freirinhas da Cruz Vermelha). isso é perigoso. e tem gente que consegue ser a três coisas ao mesmo tempo - isso é ainda mais comum no caso de espécimes masculinos:

CENA I - Casa do Homem
HOMEM (bêbado) - Linda, eu não sou sacana, tudo que eu não sou nessa vida é sacana, olha, se eu fiz alguma coisa errada com você, ou fizer, é sem querer.
MULHER - ... (suspiro)

CENA II - Boteco
A mesma mulher que ouviu o discurso da cena anterior está parada na calçada, entre mesas, de frente para o homem que o proferiu, que está sentado. Uma terceira mulher se aproxima e beija o homem. O homem a beija sem se preocupar com a primeira mulher, que vai embora desconcertada.

CENA III - Carro
HOMEM - Mulher, mulher, você está chateada comigo? (depois de algumas cenas explícitas de ódio protagonizadas pela mulher)
MULHER - ... (olha pra janela, em dúvida se vale a pena se jogar por ela. Muda de ídéia e diz): Não, meu querido, mas como eu ia dizendo a Rádio USP à noite é super bacana, tem uns programas de jazz e tal.

CENA IV - Porta da casa da Mulher
Homem tenta beijá-la, ela vira a cara. Homem faz cara de inacreditável surpresa.
HOMEM - ãããã... que? ããã... ????
MULHER - Boa noite, meu filho.

sem palavras, né mulherada? olha, mulher pode ser chata (eu assumo), mas homem, quando dá pra ser patético, canalha e egoísta, não tem igual.