quinta-feira, maio 04, 2006

A pior coisa do mundo todo

Deveria ser esso jome do jogo que inventamos, eu e uma queridíssima Malvina, certa noite num bar fuleiro perto da avenida Paulista. Aliás, como quem conta sou eu, esse é o nome, e pronto: A PIOR COISA DO MUNDO TODO.

A querida amiga estava num sufoco danado, algo que envolvia uma pequena quantidade de balas, a família inteira, tios primos, avós, e um possível (na verdade, bem improvável) flagra do narcótico. A coitada tremia. E eu, tentando reanimá-la. Aí que começamos:

- Ah, vai, Malvina, não vai acontecer nada...
- Mas e se a droga for pega? Ai meu deus, vou pra a cadeia!
- Relaxa...
- Não, é sério! Agora tô noiada. Mais cerveja.
- Então, tá: qual seria a pior coisa possível de acontecer agora?

Então começamos. Para ela, a pior coisa seria o avô ter um infarte e morrer por causa da estripulia teenager que ela tinha aprontado. E eu:

- Que nada! A pior coisa mesmo era se acabasse o mundo por causa disso.

Porque sempre a pior coisa do mundo todo é a gente causar a destruição do planeta. Difícil foi achar explicação para a cadeia de eventos infelizes que levaria ao desfecho trágico:

- Bem... A droga pode ser prega mas, como estamos no Brasil, vc não vai para a cadeia.
- Boa!
- Não, calma. Como as balinhas vieram de outro país, o presidente desse país pode ficar muito bravo com o governo brasileiro por causa da impunidade.
- Ai...
- Aí começam agressões entre os dois países, um diz que no Brasil ninguém é punido, o nosso diz que eles não têm nada que se meter. Gera um clima. Vai piorando, retira embaixador daqui, retira embaixador de lá, atentados contra cidadãos brasileiros no estrangeiro, e eis que chega o Bush e diz: "Vamos parar com isso que o Brasil já tá no eixo do mal há muito temnpo, agora se amigando com Evo Morales e Hugo Chávez". A coisa piora. Unem-se o índio, o militar e o operário para defender a América do Sul. A política latinoamericana racha. Peru e Colòmbia apóiam Tio Sam, fecham as fronteiras, devolvem embaixadores e seqüestram turistas brasileiros. Aí ja viu, né? Guerra. Do nosso lado, China, Cuba, Venezuela e Bolívia. Do lado deles, todo mundo. Aí pronto, o alucinado Bush resolve dar um fim nessa gentalha, e joga uma bomba nuclear. BUM! Cabou o Brasil. E nós também.
- Ai ai...
- Mas a coisa continua. Revoltados com o sumiço do país tropical, onde todo mundo do mundo vinha passar férias, os governantes da Europa ficam putos e entram na gurera contra o EUA. Rússia apóia. No fim, bomnba nuclera para todo o lado. Pronto. Acabou-se o mundo. Só restam as baratas pra contar história.
- Ai, meu deus! Que horror!
- Pois é, baby. Nada disso vai acontecer. Viu como seus problemas são pequenos? Então, relaxa. Mais uma cerveja.

Bom jogo esse, funciona muito bem. Porque muitas vezes a gente encana com probleminhas, como se fossem grande coisa. Na nossa cabeça, um encontro furado, atraso de salário, perda de avião, tudo isso toma proporções absurdas. Parece que, de fato, é o fim do mundo. Mas não é.

2 Comments:

Blogger malvinas said...

meu deus, malvina! que loucura! acredita que fui nesse bar ONTEM, por puro acaso, e contei EXATAMENTE essa história?
transmimento de pensação, minha filha!

11:09 AM  
Anonymous Anônimo said...

Essa bala parece boa em..que historia fandastica...

5:14 PM  

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