terça-feira, abril 18, 2006

sonho de uma noite de bala


vocês sabem o que é a hora mágica?

hora mágica é um termo que se usa em fotografia, em cinema, essas coisas. é aquela hora do lusco-fusco, em que não é dia nem noite. o melhor jeito de identificar a hora mágica é o seguinte: é quando as luzes da cidade já acenderam, mas ainda não está escuro, e as luzes parecem iluminar menos do que efetivamente iluminam à noite. pra quem dirige, é aquela hora em que você fica na dúvida se acende ou não os faróis do carro e, se acende, parece que não fez diferença nenhuma. esse período tem uma luz muito especial - eu, particularmente, gosto muito pra fotografar - e dura no máximo, com muita sorte mesmo, meia-hora. em geral uns quinze minutos.

tecnicamente, tem hora mágica todo dia. mas não é todo dia que é a verdadeira hora mágica. ela dá mesmo em dias de sol, dias de muita poluição - ironias dessa vida: a poluição dá fins de tarde muito bonitos -, aqueles fins de tarde cor-de-rosa bem confusos, em que o lusco-fusco é tanto que as imagens se confundem muito fácil - diziam, antigamente, que era a hora em que mais havia assaltos por isso. na verdade não sei exatamente por quê em alguns dias têm e em outros não; mas às vezes ela vem muito forte, principalmente no outono, deixando tudo com cores doidas, trocadas, como se estivéssemos usando um daqueles óculos de lentes coloridas.

só que, nesse feriado, ela apareceu pra mim no meio da noite.
e, sim: foi culpa das drogas.

na verdade, não que eu a estivesse vendo na hora. até porque eu não vi nada. quando abri os olhos e enxerguei alguma coisa, já era manhã de domingo, eu tinha um avião pra pegar dali a três horas, o sol carioca começava a esquentar forte e eu esperava uma carona pra um after-hours que acabou nem rolando (ainda bem, senão ia perder o vôo com toda a certeza, mas na hora parecia que dava tempo pra tudo).

mas foi um sonho cor-de-rosa amarelado, cor de hora mágica de abril, do qual às vezes me vêm flashes malucos, frases que foram ditas mas com um cenário impossível, como o quintal da casa que meu pai morava quando eu era pequenininha. uma maluquice completa, impossível, que me deixou transtornada até agora, acho. um sonho daqueles que você só consegue lembrar alguns trechos, mas tão forte que a sensação dele volta a toda hora, sabem como é? e que às vezes vem uma frase que você não lembra mais se era do sonho mesmo ou se você inventou depois?

assim.

um sonho que foi terminando devagar enquanto eu descia a pedra do arpoador e andava do posto sete até o doze, em absoluto silêncio, porque é bom ficar em silêncio quando ele não é um peso. e que acabou num avião da ponte-aérea e na confusão dos táxis do aeroporto de congonhas.

mas que volta a toda hora, e fico na dúvida se acabou mesmo. cor-de-rosa amarelado, mesmo com esses dias nublados que têm feito por aqui.

2 Comments:

Blogger malvinas said...

Nossa, que bonito, flor! Bom saber que a beleza existe dentro da gente, mesmo com esse céu cinzento em volta...

6:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ah hora magica...

Hoje ela eta cinza... mas mesmo assim esta linda.. otémaaaa

6:52 PM  

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