domingo, julho 23, 2006

Foi o café.

Ele voltou.

Quando eu cheguei senti um frio na barriga e sorri. Ele levantou. Nos abraçamos. Ele falou: levei um susto, eu cheguei e você não estava... Como é bom ir para o trabalho, que saudades eu senti todos esses dias que ele estava longe... Agora me arrumo para ir trabalhar, chego mais cedo sorrindo e saio mais tarde sorrindo. Quando ele foi até a minha mesa e me suspirou: quer jantar comigo? eu respondi: não faz assim. Fomos jantar quando foi todo mundo, não poderia ir só com ele, mas sentamos lado a lado, e eu sentindo o meu corpo anestesiado, a comida quase não descia. Depois do jantar tomamos um café, diz a lenda que esse café tira o sono da noite inteira... A semana tinha sido tão à flor da pele que eu precisava sair, beijar alguém até diminuir essa adrenalina. Às vezes eu paro de trabalhar e começo a olhar a boca, a postura, o jeito de falar... Todo mundo resolve tomar uma cerveja no boteco, não daria pra negar. Aos poucos as pessoas começaram a ir embora. Só sobrou eu e ele. E ele me diz: eu sinto que você luta contra você mesma, eu concordei. Foram cinco minutos sem falar nada, só um olhando para o outro e imaginando um sexo naquela mesa de boteco.

(...) Vamos sair pra dançar? Vamos! Dançamos e fomos pro apartamento dele e eu muito bêbada nem sabia o que estava acontecendo. O apartamento era pequeno, aconchegante, uma delícia. Ele colocou uma música, acendeu uma vela e no sofá vamos nos beijando e nos descobrindo. Devagar. E ele beija muito gostoso. A noite vai passando em velas e o dia vai chegando. Sete horas da manhã a gente dorme no quarto dele. Eu acordo com ele poucas horas depois me beijando e de novo, e mais uma vez, e vamos tomar banho e o trabalho é o último lugar que queremos ir. Horas... horas... a barba, o peito dele, a música, a realidade, o despertador. (...)

Chego no trabalho e ele estava todo descabelado. Eu não dormi, me conta. Eu digo, foi o café. E ele, é melhor mesmo achar que foi o café... Se ele soubesse que quem me tira o sono é ele. Que eu fico imaginando essas e muitas outras cenas... E que eu passei o final de semana tentando beijar qualquer pessoa para tirar ele da minha cabeça e que eu estou completamente maluca de tesão por ele. Se ele soubesse, me levava para a cobertura do prédio e transaríamos lá mesmo. Pra cidade inteira ver o quanto a gente tem pra fazer.

Não sei até quando agüento. Se ele não fosse do trabalho, se não tivesse o meu tipo físico, se não fosse o mais filho da puta, se não tivesse comido todas as mulheres do trabalho, se ele não soubesse exatamente como me fazer enlouquecer...E eu, eu só precisava conseguir ser um pouco mais Malvina, um pouco má, um pouco foda-se, precisava ser menos passional.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

lindo, lindo, lindo!!!
maravilhoso....
com certeza, autora, podes virar uma escritora!!!
que história envolvente.... pausada... faz com que nos imaginemos nesta exata situação...
sem contar que quantas de nós já não passamos por situações semelhantes... ou imaginamos passar...
reflete o sonho comum feminino...

6:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

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»

3:20 PM  

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