terça-feira, julho 10, 2007

a arquitetura onírica de dona cotinha

eu quero um apartamento de chão de taco. claro e escuro, bem enceradinho e brilhante. mas sem sinteco (será que é assim que escreve?), que dá aquele brilho falso com cara de acrílico. eu quero com cara de antigo.

também vai ter uma varanda grande, e três quartos. uma cozinha pequena, mas funcional, de grandes janelas e tudo branquinho. azulejos pintados, também antigos. azuis e brancos. com desenhos de cozinha. a janela da cozinha será tão grande e iluminada que vai valer a pena até colocar uma cortina. de bolinhas ou xadrez. e vai ter uma mesa de metal, daquelas de bar - porque é pequena e dobrável, e a cozinha, como já disse, será pequena e funcional. a mesa vai ficar coberta com uma toalha vermelha, ou amarela. ou - mais linda ainda! - de chita bem florida. e nas prateleiras a louça ficará visível, e não escondida em armários, porque será composta de lindas canecas e pratos coloridos, e copos de requeijão, e copos modernos, e americanos roubados de bar. e também vai ter uma prateleira com as garrafas de cachaça de alambique pra oferecer às visitas, numa bandeja com os copinhos respectivos. também vai ter panelas, alho, cebola e pimenta penduradas nas paredes. e no parapeito da janela, vasinhos de manjericão, hortelã e alecrim frescos. vai ter uma prateleria cheia de temperos e especiarias. e um caldeirão bem grande pra cozinhar macarrão.

a sala, como todo o resto do apartamento, não será grande. mas o chão de taco, as luzes indiretas, o sofá gostoso e as almofadas no chão vão deixá-la bem confortável. vai ter as luminárias mais lindas do mundo. vai ter uma mesa baixa no canto, com livros de arte, de quadrinhos e revistas legais pras visitas folhearem. a janela será ainda maior do que a da cozinha - será uma porta. uma porta que dá pra varanda, que será grande o suficiente pra uma espreguiçadeira e uns banquinhos, e pra nos dias de festa trazer a mesa dobrável da cozinha pra fora. da varanda vai dar pra ver aqueles morros lindos, ou talvez uma pedrona gigante incrustrada na cidade, que a gente não entende como não cai.

vai ter um banheiro bem grande no corredor, com um chuveiro maravilhoso. um espelho bem grande com aquelas luzes de camarim pra se maquiar. ele também vai ser branco, e no verão insuportavelmente sufocante, vai ser o lugar mais fresco da casa. vai ter sempre um vaso com flores frescas no chão. e um monte de enfeitinhos, quadrinhos, bonequinhos e outros mimos pra deixá-lo bem lindo.

o maior dos três quartos vai ser o escritório. nele vai ter uma estante ocupando uma parede inteira, feita de tábuas e blocos de construção. cheia de livros, que finalmente vão parar de viver abarrotados, e de outras coisas também. vai ter um pôster lindo do deus e o diabo na terra do sol, e as duas mesas, bem espaçosas. muito material de escritório. tudo organizadíssimo. o quarto menor é de hóspedes. afinal, morando nessa cidade, vira e mexe aparece um. e é sempre bom ter uma cama extra pros momentos de crise, já diria minha avó.

o outro quarto é suíte. ele vai ter a cama baixa, duas mesinhas de cabeceira, um monte de velas. armário e espelho de corpo inteiro. vai ter um cabide bem grande atrás da porta pra pendurar as coisas. vai ter uma cortina branca, de algodão fino e esvoaçante, pra ajudar a aliviar o calor. ventilador de teto. talvez uma parede azul. e (claro!) aquelas estrelinhas, planetas e luas fosforescentes que a gente gruda no teto. e da janela do quarto - ah! - vai dar pra ver um pedacinho de mar.