quarta-feira, abril 30, 2008

Reticências

Abro minha caixa de e-mails. Vejo o nome dele e é a primeira mensagem que escolho abrir. Está lá: “Oi, foi muito legal te ver pessoalmente.....vc é familiar para mim.....”
Cinco reticências depois de cada frase e se estivéssemos em tempos diferentes talvez eu soubesse o que isso significa. Já vivi tempo suficiente para ter um antigamente, por isso posso dizer com tranqüilidade que antigamente, antes da internet, as reticências faziam mais sentido. Ou funcionavam como uma espécie de assim por diante, ou deixavam claro que havia algo mais a ser dito, algo que talvez precisasse ser dito em gestos, e não palavras.
Mas agora elas são usadas indiscriminadamente e não são raras conversas do tipo “oi...”, “acabei de chegar em casa...” entre duas amigas que não dividem segredo nenhum.
Resultado: estou absolutamente no vácuo e não sei o que pensar desta mensagem que, apesar de mim, me deixou toda arrepiada. Hoje no carro pensei nele, pensei que um homem grande como ele, com aqueles olhos de menino e aquela genialidade incontida, precisa de uma mulher grande, com seios grandes, onde ele possa descansar a cabeça. Não sou eu essa mulher. Sou uma mulher pequena, que me amarro no cais porque meu ser prefere estar sempre à deriva – e eu não agüento.
Esse homem é um abismo, eu sei.
Meus Deus.....