sexta-feira, outubro 28, 2005

A última bolacha do pacote

Hoje coloquei um vestido novo e saí por aí me sentindo a última bolacha do pacote. Foi muito bom, porque ultimamente nem no pacote eu estava... Aí fui pensando nos meus homens, alguns que passaram pela minha vida deixando alguma tatuagem em mim. Do primeiro filho da puta que conheci guardo a marca até hoje: eu tinha só uns treze anos e conheci esse menino lindo, de olhos verdes, mais velho. Ele me agarrava e me mordia tanto que doía. E depois, fazia igualzinho com muitas outras. Eu, meio sem jeito, não sabia para que tanta mordeção e até hoje meu pescoço carrega uma marquinha herdada do cafajeste que deve continuar vampirizando tudo quanto é mulher por aí.
Muito tempo depois teve o doidinho, que foi lindo de morrer. Não sei quantos ácidos ele tomou, mas o fato é que nunca voltou para o nosso mundo. Era difícil falar com ele, então a gente ficava cantando músicas: eu do meu país e ele do dele. Com o doidinho comi figos selvagens e conheci o melhor beijo do universo.
Teve ainda o que me ensinou tudo. Escondido atrás do mistério, ele foi o primeiro que entendeu que a minha reticência em me entregar de verdade era medo e que não, eu não estava a fim de dar para todo mundo.
Teve também aquele que me mostrou que o amor é bom. Foi o primeiro homem que me tratou bem... Ele pulou a janela do meu quarto para dormir comigo, me abraçou até de manhã, me trouxe café na cama e tinha os olhos mais doces que eu já botei os meus. Depois sumiu...
Nunca esqueci o meia bomba também, que não conseguia fazer o pau subir, tinha ejaculação precoce e o descaramento de dizer que era porque não sentia tesão por mim. Graças a Deus a essa altura eu já era muito mulher para acreditar nessa balela. Ali aprendi que a insegurança masculina é capaz de usar qualquer coisa como desculpa...
Hoje estou com aquele que um dia me disse: quando você estiver pronta me chama, eu venho morar com você. Eu chamei e até agora não sei se eu estava pronta. Mas hoje nada importa: sou a última bolacha do pacote! Nem que seja só por um dia..

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

as mulheres e seus amores, uma caixinha de surpresa... decifra-me ou devoro-te

11:55 PM  

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