segunda-feira, outubro 03, 2005

Da covardia masculina, ou: só o forró salva.

Fico triste vendo tantas mulheres maravilhosas, como as nossas malvinas, sofrendo por causa dessa casta de delinqüentes que se auto-denomina um gênero, o masculino. Engraçado, eles fizeram o mundo, inventaram a guerra e a bomba nuclear, inventaram a sociedade patriarcal e a economia de mercado, aviões e carros supervelozes e ainda assim não têm coragem de olhar nos nossos olhos e dizer:

- Não vou te ligar, neném, porque não quero mais te ver.

E ficamos assim, esperando, esperando, indo para cada balada onde ele pode estar, andando nas ruas à procura do carro dele, tremendo quando um número estranho liga para o nosso celular na calada da noite. Eu passei o fim-de-semana todo na balada, quem eu mais queria não me ligou, quem disse que ia ligar não cumpriu a promessa e quem apareceu não me deu mais que um olhar distante de quem sonha com outras paisagens... E ainda assim, quando eu já estava desistindo da luta, meia-noite do domingo, foi que eu agarrei num forrozinho danado com ele, um rapaz, um corpo tenro, macio, mexendo junto com o meu de alma, de corpo, o suor escorrendo, o cheiro dele me entrando na pele toda e a música nos levando longe, de olhos fechados, pra onde eu não tivesse que saber seu nome e nem ele o meu, onde eu pudesse acariciar direto seu pau duro, onde eu pudesse tirar a roupa sem ter que saber o que ele faz da vida, quais seus sonhos, quantas ex-namoradas, se ele é de peixes ou áries, essa merda toda, o bafo quente no meu pescoço e o roçar do seu queixo na orelha, e um segundo que parece um infinito a dizer que sim, eles não sabem de nada, são uns covardes que não assumem o que querem e o que não querem. Mas que nosso corpo é sagrado, e o deles também. E essa união vale tudo. Viva a sacanagem!