sexta-feira, outubro 28, 2005

por isso uma força me leva a cantar...

e eu, que acordei feliz por não ter? acordei feliz porque ontem ele era o cara mais lindo da balada, de cabelo grande certinho igual eu mandei na segunda vez que a gente ficou ("não corta mais esse cabelo!"), bagunçado, barbudo, de camiseta amassada e velha, e lindo, lindo... fazia tempo que eu não olhava pra ele e o achava bonito. nos últimos tempos minha determinação em odiá-lo era tanta que ele andava até feio, gordo, sujo, molambento e fedido. mas ontem... que lindinho!

não, gente, eu não fiquei com ele. claro que não! vocês acham mesmo que eu ia perder tudo que sofri pra me decidir que não vou mais? mas a minha felicidade foi por ver que ele ainda quer, e quer muito, e saber que eu ainda quero, e quero muito, a ponto de não conseguir nem botar em prática minha estratégia de vingança - como eu ia conseguir aguentar um beijinho sem graça de um amigo vendo o melhor beijo que eu já beijei passeando ali do lado? - mas conseguir me controlar, me controlar como uma lady inglesa, ser superior, ser simpática quando necessário e parecer o tempo todo ter esquecido absolutamente daquela presença que dominava o bar todo, que parecia estar sentada em todas as cadeiras e bebendo em todos os copos. e aproveitar minhas amigas queridas que eu não via há tempos, e discutir muita política com meus amigos doidos, e provocar uma menina chata que votava "não", e beber, e dar mole pro meu amigo sem beijar, tudo isso morrendo por dentro.

mas morrendo e renascendo ao mesmo tempo. primeiro porque eu estava de fato me divertindo, mesmo que um lado do meu coração estivesse morrendo, enfartando, parando e voltando a bater. segundo por ver a minha força, a minha determinação - tem coisa mais gratificante do que ter certeza da própria força? e terceiro por ver que ele era o mais lindo, o mais interessante, o mais magnético, e lembrar que, apesar de tudo, passamos muitas noites muito boas naquele mesmo bar e, se não deu certo, paciência, mas, que alegria: eu tive isso! foi bom, foi muito bom, a minha vida seria tão mais sem-graça se essa história toda não tivesse acontecido! e, tá certo, ele pode ter sido um cachorro - e por isso mesmo perdeu -, mas, de certo modo, ele me fez ver que a vida era muito mais do que o bosta do meu ex, que me fazia achar até beijar uma coisa chata nos últimos tempos. não que fosse culpa dele, claro, mas essa é uma outra história...

acho que cheguei exatamente ao ponto que eu queria. porque odiar é visceral demais, é mais forte até do que o amor, enquanto eu vivesse com aquele ódio não poderia ficar em paz. agora, não: cara, eu gosto de você mais do que qualquer outro que possa estar por aí, pelo menos por enquanto. você é o cara, mas fazer o quê? perdeu. foi filha da puta, foi vacilão, foi babaca como todos os homens são. é uma obrigação pra mim lhe dar uma lição. mas posso, em paz, continuar te amando platonicamente (até, claro, aparecer outro: não sou masoquista), sem a obrigação de te esquecer imediatamente, mas sem nunca mais ceder a mim mesma e a você.




a não ser que você me peça perdão de joelhos...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ei querida malvina fico feliz e admirada por você. Ter certeza da própria força...é isso que nos faz mulheres, e mais fortes.

5:12 PM  

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