domingo, dezembro 23, 2007

Desceu as escadas de maneira MUITO estrondosa, pulou os últimos degraus, BU! De bermuda e moletom laranjas.
Bom dia, guria! E não é que acordaste mesmo?

Isso foi hoje de manhã.

O irmão do sul do amigo que mora comigo veio ficar uns dias aqui em casa antes de viajarem com o resto da família. Chegou em casa há cinco dias atrás e em um minuto ficamos amigos. Ele é um ruivo enorme, de fala dura com muito sotaque do sul, postura corporal durona, tensa. Tem algo muito subjetivo, uma expressão de olhar, que é igualzinha a um ex antigo, algo que eu passei a odiar no fim do namoro. O mesmo nome, do mesmo ex.

Eu de férias, são Paulo com um tempo horroroso, passamos os dias juntos, vendo filmes, fumando, tomando cachaça, conversando. Trocamos livros, cozinhamos, fomos ao supermercado.

Um menino, que corou ao perguntar se eu tinha namorado.
Perguntou se eu ia sair. Eu disse que sim.

E saí. Optei pelo gatinho que não vale nada, que falou gatinha bem baixinho no meu ouvido, e eu derreti. Tem 32, mais velho, do jeito que eu gosto. Gostoso na cama.

Me vesti de princesa, de vestido novo, com renda e fita cor de rosa. Depilada e perfumada.

E fui encontrá-lo num pico sei lá do que onde tava rolando um samba. No meio do caminho pensei em desistir. Achei tudo aquilo um saco. Fiquei com preguiça. Mas segui em frente, com a promessa de uma noite quente.
Cheguei lá, o cara caindo ( ai vida, são tantas histórias com homens bêbados de forma intensa, mole e broxante!! Ai, por que??). Porra mina, por que você demorou tanto, vem cá, me dá um beijo, uhhhhh.

apesar disso, alguma esperança.
Saímos pra tomar um ar. Fomos andando pela rua.
e logo já não havia esperança alguma.

Cambaleante.Falava alto demais. Gritava. Um mala, como todo bêbado que não segura a própria onda. Discutimos,mostrei a ele minhas costas de princesa, e saí andando. Até a primeira esquina, onde fica o bar de sempre. Pra celebrar noite, ainda entrei para ver se encontrava uma salvação, (o ex namorado, a escolha mais consciente e destrutiva). E nada.

nada

nada

Parei na esquina com coração de princesa vazia , e entrei no primeiro táxi.
E então o castelo da princesa, que ela achava que era de cristal, e na verdade era uma bolha de sabão, fez BLUP!, e desapareceu para sempre. Só o que restou foram milhares de gotículas coloridas no ar, mas logo elas também desapareceram.


Cheguei em casa, entrei na cozinha, lá estava ele , com insônia, ou me esperando ( quem sabe?).
Olha ela aí, a guria festeira.A festa acabou cedo hoje?
...e aquele vinho?
Vamos nessa, vou fazer um baseado


Ficou rindo do meu sapatão de salto ( pra que tu precisa de algo que te aperta, só pras outras mulheres verem?). Que eu tirei, junto com colares e pulseiras.A princesa então finalmente percebeu que não precisava de palácio para ser princesa.Sentiu um grão de ervilha através de vinte colchões. Virou uma princesa de verdade (não para sempre é claro).

Que delícia.

Conversamos por horas. Ele me falou do ritual do daime que acabara de ir. Falou da dor pela perda recente do pai. Descobrimos que ambos fomos expulsos do colégio. Somos de gêmeos. Virou um homem gigante na minha frente. Um príncipe.

E por que não?

Num gesto de decepção, ele disse que precisava ir dormir, pois cedinho embarcariam para o norte. Veio me dar um abraço muito atrapalhado de despedida. Eu disse que não precisava ser agora, que eu acordaria para dar tchau. Então até amanhã. Quando deitei desejei com pensamentos de vinho que ele viesse bater na porta do meu quarto. Ouvi o chuveiro dele, a descarga, a torneira, a porta fechando.

Fiquei com medo de me jogar, louca, e machucá-lo como machuquei ao ex de mesmo nome, por motivos parecidos e inexplicáveis.

Hoje tocou o despertador, levantei atrasada.

BU!
Viu, eu disse que ia acordar.

Fui até a cozinha. Quando voltei na sala, já estavam no portão, ele acenou, tchau, guria! .

Desistiu do abraço.

Olhei o portão fechado com cara de bestona, e fui lavar a louça do café.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Será que eu aguento com tanta sinceridade?

As vezes me faço essa pergunta. Principalmente quando sou pega de surpresa.
Domingo a noite, depois do sexo bãodemaisdaconta (como quase sempre) tomávamos banho juntos.
- Você é muito linda, caralho. Tenho medo de você.
- Ainda? Há seis meses você me fala isso...
- Agora piorou! Você é perfeita demais! Acho que vai tirar um chip do pescoço e dizer que é robô qualquer hora dessa.
- Ahahaha...eu é que tenho medo de você cansar dessa vida de bom moço compromissado. Querer voltar pra putaria.
- Não, você não deixa eu cansar! E nem se eu quiser... quando a gente estava só saindo, eu tentei comer uma mina e brochei. Aí fui comer outra e brochei de novo. Aí eu percebi que não tinha mais jeito. Era você a mais linda e a mais gostosa pra mim. Aí te pedi em namoro.
- ...
Fiquei muda. Mistura bizarra de sentimentos. Como assim tentou comer duas minas? Mas tudo bem, a gente estava só saindo e eu que dizia que era só sexo... ele nunca escondeu que ficava com outras meninas... mas quando ele foi comer essas minas? Que minas? Quando uma e quando outra?
E nossa, brochou por minha causa?
AAAAh. Tô doida?