domingo, abril 30, 2006

A curiosidade matou o gato.
E a gata.

sábado, abril 29, 2006

DE LUTO. Silêncio!

Se eles não vão tocar mais lá: silêncio.
(...)
E então...
Uma homenagem.
Com vocês: Geraldo Filme

Silêncio
O sambista está dormindo
Ele foi, mas foi sorrindo
A notícia chegou quando anoiteceu
Escolas , eu peço silêncio de um minuto
O Bexiga está de luto
O Apito de Pato D'água emudeceu
Partiu
Não tem placa de bronze não fica na história
Depois de tanta alegria que ele nos deu
E assim
Um fato se repete de novo
Sambista de rua , artista do povo
E é mais um que foi sem dizer adeus

quinta-feira, abril 27, 2006

Do quase-amor

- Já até te imagino sem camisa, na varanda da janela de frente para a praia, o sol entrando, e você pintando devagar, ouvindo música clássica... Claro, fantasia minha.
- Não, é isso mesmo. Comprei dois discos hoje. Villa-Lobos. Queria te mostrar. (não mostra).
Silêncio.
- Tenho que pedir desculpas pela última vez, e pelas outras. Eu estava muito louca. Estava numa fase muito louca, desorientada, fim de casamento, tudo ao mesmo tempo. Bebi demais, fora do controle. Não sou assim.
- Tudo bem.
- Mas não sou mesmo! Da última vez, tive que beber pra dormir, só coneguioa dormir se caísse, foi muito bom, muita energia.
- É verdade que, quando você apareceu com aquela cerveja na mão, já depois de tantas, nada a ver... fiquei assustado.
- Desculpa. Não sou assim, nem pensa que eu sou assm. Sei lá.
- Ah, desencana. Eu também, sabe... Queria me dedicar mais a você.
- Não dá pra se dedicar só um pouquinho?
- Um pouquinho dá. Mas eu te vi, e te considero, sabe, daqui a pouco você vai embora. E eu me entrego tanto... Acho melhor...
- Dá pra ficar queito? Fala não, gato. Me beija.
- ...
- ...
- Mas eu queria dizer mesmo...
- Não diz...
- Mas...
- Não!

Não penso em outra coisa a não ser nele, naquele corpinho bonito, naquela voz macia de menina, no sorriso às vezes bobo e às vezes propositalmente sexy. Na maneira como ele lambe os lábios, devagar, quando quer me seduzir. No jeito como ele dança gostoso, exibindo as curvas e o molejo pra mim. E não esqueço da maneira como ele não me olhava no olho, na outra noite. Não pegava na minha mão. Como bichicho assutado. Porque eu vou embora. Não quis dormir na minha casa, não quis dividir aquela preciosidade de pinto comigo, aquele corpo. Não sei o que fazer. Ele me deixa selvagem, ele me deixa macho. Mais que ninguém. A vontade é dar flores, é cobrir de carinho, é beijar dos pés á cabeça, é dar o gozo, ouvir o arfar, ouvir o gemidinho fino. Dar presntes. Levar ao cinema. Exibi-lo pra todo mundo. Fazê-lo meu. Abraçar bem forte e dizer que não tem que ter medo; vai ser bom, de qualquer maneira vai ser bom.

terça-feira, abril 18, 2006

sonho de uma noite de bala


vocês sabem o que é a hora mágica?

hora mágica é um termo que se usa em fotografia, em cinema, essas coisas. é aquela hora do lusco-fusco, em que não é dia nem noite. o melhor jeito de identificar a hora mágica é o seguinte: é quando as luzes da cidade já acenderam, mas ainda não está escuro, e as luzes parecem iluminar menos do que efetivamente iluminam à noite. pra quem dirige, é aquela hora em que você fica na dúvida se acende ou não os faróis do carro e, se acende, parece que não fez diferença nenhuma. esse período tem uma luz muito especial - eu, particularmente, gosto muito pra fotografar - e dura no máximo, com muita sorte mesmo, meia-hora. em geral uns quinze minutos.

tecnicamente, tem hora mágica todo dia. mas não é todo dia que é a verdadeira hora mágica. ela dá mesmo em dias de sol, dias de muita poluição - ironias dessa vida: a poluição dá fins de tarde muito bonitos -, aqueles fins de tarde cor-de-rosa bem confusos, em que o lusco-fusco é tanto que as imagens se confundem muito fácil - diziam, antigamente, que era a hora em que mais havia assaltos por isso. na verdade não sei exatamente por quê em alguns dias têm e em outros não; mas às vezes ela vem muito forte, principalmente no outono, deixando tudo com cores doidas, trocadas, como se estivéssemos usando um daqueles óculos de lentes coloridas.

só que, nesse feriado, ela apareceu pra mim no meio da noite.
e, sim: foi culpa das drogas.

na verdade, não que eu a estivesse vendo na hora. até porque eu não vi nada. quando abri os olhos e enxerguei alguma coisa, já era manhã de domingo, eu tinha um avião pra pegar dali a três horas, o sol carioca começava a esquentar forte e eu esperava uma carona pra um after-hours que acabou nem rolando (ainda bem, senão ia perder o vôo com toda a certeza, mas na hora parecia que dava tempo pra tudo).

mas foi um sonho cor-de-rosa amarelado, cor de hora mágica de abril, do qual às vezes me vêm flashes malucos, frases que foram ditas mas com um cenário impossível, como o quintal da casa que meu pai morava quando eu era pequenininha. uma maluquice completa, impossível, que me deixou transtornada até agora, acho. um sonho daqueles que você só consegue lembrar alguns trechos, mas tão forte que a sensação dele volta a toda hora, sabem como é? e que às vezes vem uma frase que você não lembra mais se era do sonho mesmo ou se você inventou depois?

assim.

um sonho que foi terminando devagar enquanto eu descia a pedra do arpoador e andava do posto sete até o doze, em absoluto silêncio, porque é bom ficar em silêncio quando ele não é um peso. e que acabou num avião da ponte-aérea e na confusão dos táxis do aeroporto de congonhas.

mas que volta a toda hora, e fico na dúvida se acabou mesmo. cor-de-rosa amarelado, mesmo com esses dias nublados que têm feito por aqui.

segunda-feira, abril 17, 2006

Segunda-feira

E aí quem sabe, ouvindo Chico Buarque, sempre, mil vezes, até o coração acalmar e me falar que ninguém vai atrapalhar isso... Sei que a noite inteira eu vou cantar, até segunda feira, quando volto a trabalhar, morena, sei que não preciso me inquietar, até segundo aviso, você prometeu me amar, por isso eu conto a quem encontro pela rua, que meu samba é seu amigo, que a minha casa é sua, que meu peito é seu abrigo, meu trabalho, seu sossego, seu abraço, meu emprego, quando chego, no meu lar, morena...

sábado, abril 15, 2006

de novo...

Texto repetido. Idéias constantemente atormentadas. Cansei de mim mesma e deste texto adiante. Então escreverei mesmo assim porque não posso falar disso. As pessoas não entendem... E como elas poderiam se nem eu mesma compreendo do que fugi minha vida inteira? Pela primeira vez uma história normal. Nada errado. A não ser: O medo. Sempre ele! Presente, rondando me fazendo chorar...O que será que precisa acontecer pra esse medo passar? Essa foi uma das melhores semanas desde que estamos juntos e ao mesmo tempo, todos os dias eu tenho pedido aos Deuses, sendo que nunca fui disso, que tudo continue assim!!! Peço todo dia antes de dormir, que ninguém atrapalhe isto e principalmente que eu não foda tudo! E esse medo atrapalha, o medo dele terminar comigo toda hora, essa insegurança maldita que às vezes sufoca o meu peito, me faz chorar! Ontem chorei com ele. Não falei que era o medo da ex que rondava, só falei desse medo que eu tinha porque estava tudo tão bom. E ele falou que não tinha o que temer porque tido estava ótimo. MAS É JUSTAMENTE O ESTAR TUDO ÓTIMO QUE ME APAVORA! Eu não conseguia dormir, era aquela vontade de fugir, de terminar com ele naquele instante! Se estivesse de carro teria ido, quatro da manhã. Ai, porque as lágrimas escorriam involuntariamente? E nessas horas eu me acho a pessoa mais estranha e louca do mundo... Louca de felicidade e de medo. Medo da ex-namorada que está rondando, medo do meu ciúmes que tenho que controlar muito porque não quero armar barraco, medo da puta que existe em mim... E medo da dor quando a gente se separa... Foram os melhores dias dos últimos tempos... E eu nem consigo explicar porque é bom. E geralmente estamos lado a lado, sem falar nada, e eu sinto como se tivesse uma bolha em volta da gente... E hoje a cena foi assim: nós dois estávamos andando na rua de mãos dadas e aí eu visualizei tudo. Vi mesmo, imaginei um futuro ao lado dele. Não era um futuro idealizado, utópico e irreal. Pela primeira vez me parecia extremamente possível construir alguma coisa com alguém. Era simplesmente natural, concreto. Enquanto estávamos andando e eu pensando nisso, ele apertou minha mão com força. Aí eu apertei a mão dele também. Acho que ele nem imaginava que na minha cabeça eu pensava: quer casar comigo? E tudo, e ah, e se eu for muito maluca mesmo? De que provas eu preciso se já estamos juntos e se está tudo bem?

segunda-feira, abril 10, 2006

Eu, meu cigarro e meus pensamentos, e entra meu amigo, de cabelos brancos, velho e experiente, que me conhece desde que eu era uma adolescente insuportável:
-- Boa tarde Malvina!
-- Boa tarde!
-- ...
--...
-- Olha, vou te dizer uma coisa: ninguém vai suprir essa tua tristeza jamais. Isso acaba ficando broxante na vida de um homem, porque ninguém faz vocês felizes.
-- ?
-- Me desculpe a palavra broxante, mas é verdade: uma maria gasolina é fácil, damos jóias, carros e pronto. Mas vocês, ninguém sabe.Vocês esperam o que ninguém pode dar.
-- ...
-- Mas quer saber como seguramos vocês?
-- Como?
-- Deixamos na expectativa de que seremos o homem da sua vida. Mas não somos. Mas deixamos na expectativa.
-- E a mulher da vida de vocês?
-- Todas são, nem que seja por um minuto.
-- ...
-- Como os sapos que viram príncipes: só que neste caso, vocês beijam, beijam e beijam mais, e continuam sapos. Porque você sabe, sapos são só sapos.
-- ...
-- E todos os homens são sapos.
-- Certo. Entendi. Que mais?? Quer ler a minha mão??
-- E esse aí que você tava pensando, agorinha, com toda essa tristeza, também é um sapo.
-- Isso é.
-- E é óbvio que não é o sapo da sua vida. Tá na minha hora, fui!
-- ...

domingo, abril 09, 2006

... e o louco louco louco do amor é isso: sempre parece que é a primeira vez. sempre parece que é a primeira vez, e que dessa vez é diferente. e por mais diferente que seja, é sempre igual. sempre o amor, mais uma vez, igualzinho. e sempre parece que dessa vez você não será neurótica, nem vai sofrer, nem vai fazer alguém sofrer, porque dessa vez você amadureceu, e dessa vez você sabe lidar com a saudade, com o ciúme, e com a espera. e o telefone continua não tocando, e seu amor continua ocupado com uma coisa que (afinal!) é a vida dele, é muito mais antigo e presente do que você, e você diz: ok. eu entendo. mas você não entende. e sofre. e mais uma vez é o amor, mais uma vez a dor, porque rimar amor com dor é a coisa que mais sabemos fazer, todos: homens, mulheres, pretos, brancos, ricos, pobres, gringos, baianos, enfermeiras, engenheiros. e mais uma vez todos dizemos: dessa vez não.

mas dessa vez sim. mais uma vez. amor.

quarta-feira, abril 05, 2006

E se? - parte IV (e por outra malvina)

E se eu nunca fizer alguma coisa que faça sentido? E se eu nunca trabalhar com educação? E se eu não fizer diferença nesse mundo filho da puta? E se eu me tornar uma burguesa consumista? E se eu me tornar uma verdadeira comunista? E se eu me tornar uma mulherzinha? E se eu agarrar loucamente aquela mulher na frente de todo mundo? E se eu beijar aquela mulher? E se eu beijar aquela outra mulher? E se eu nunca esquecer a Revolução dos Cravos? E se eu nunca fizer uma orgia? E se ele nunca mais voltar dessa viagem? E se eu nunca conseguir ser fiel? E se eu não conseguir namorar com ele? E se eu beijar o cara do trabalho? E se eu beijar todos os caras que eu tenho vontade? E se eu descobrir que sou uma galinha? E se eu nunca conseguir amar ninguém? E se esse medo de amar nunca sumir? E se eu nunca esquecer o ódio daquelas pessoas? E se eu não parar de ter ciúmes? E se nunca mais eu reencontrar o meu ex? E se ele casar com a atual namorada? E se ele continuar até o fim da vida beijando só japonesas? E se eu for a unica menina que ele beijou que não era japonesa? E se eu parar de ir no samba? E se eu esquecer as pessoas que eu amei um dia? E se eu nunca mais conseguir olhar pra ninguém do jeito que olhei pra ele? E se eu morrer? E se a minha mãe morrer? E se eu nunca tiver minha casa com os meus cachorros? E se eu sair desse trabalho? E se eu me transformar completamente como me transformei nesse ano? E se nunca um semestre for tão perfeito como foi o passado? E se eu resolver morar no interior? E se eu nunca mais puder entrar no mar?

E se? - parte III (e por outra malvina)

E se eu me apaixonar de novo, e não der certo? E se eu resolver ir embora, e deixá-lo sozinho, na minha casa? E se eu bater na porta do ex, chorando porque dos seus braços na verdade nunca saí? E se eu nunca tiver amado o ex? E se eu nunca tiver conhecido o amor? E se essa felicidade toda for apenas o alívio de saber que pode ser bom de novo? E se eu quiser voltar atrás uns 5 anos? E se eu jamais conseguir voltar atrás? E se ele deixar eu fazer as maiores loucuras sexuais que eu me permito em pensamento? Se ele esperar eu gozar a cada trepada? Se topar trepar com três, com quatro, com cinco? E se ele me fizer derreter cada vez que me beija? Mas e se ele for feio demais, velho demais pra mim? E se eu me afogar naquela pele branca e não sair mais?

terça-feira, abril 04, 2006

Para a Malvina na varanda

Nunca, nunca se esqueça disso:
TODA MULHER quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher é meio Leila Diniz.

Eu (Ou: What the fuck?)

Sou muito crítica para ser esotérica
Muito esotérica para ser cética
Muito medrosa para ser sucesso
Muito ambiciosa para querer pouco
Muito calma para ser agitada
Muito borbulhante para ser tranqüila
Muito triste para ser feliz
Muito teimosa para ser triste
Muito preguiçosa para ser intelectual
Muito inteligente para ser medíocre
Muito insegura para ser artista
Muito criativa para não ser
Muito mulher para ser menina
Muito menina para ser mãe

Um caso de amor

Sempre a achei linda. Fazer parte de sua vida fazia parte do meu sonho. O problema é que não me achava capaz de conquistá-la, afinal, ela é extremamente politizada e inteligente, densa e brilhante. E eu era apenas uma garota.
Um dia, no entanto, vi uma possibilidade de me aproximar dela. Criei toda uma situação e acabei indo até a sua casa. Trataram-me bem. Em uma semana estava indo lá todos os dias.
No começo era lindo, me achava especial por fazer parte de sua vida. Olhava tudo com brilho nos olhos, mas era tímida, às vezes me perguntava se não iria desapontá-la. Era paixão.
Se já estava bom, só por fazer parte de sua vida, depois de um tempo ficou melhor ainda, me sentia realizada por estar fazendo coisas interessantíssimas ao seu lado. Conversava com pessoas interessantes, íamos a programas fantásticos, saíamos da casa e eu levava ela no meu braço com um orgulho de estufar o peito. Assim que podia, falava dela pras pessoas.
O ápice do nosso relacionamento foi a nossa viagem para Porto Alegre, para o Fórum Social Mundial. Minha primeira viagem por causa dela. Não parei um minuto. Mas lá levei um choque, pois vi como ela era realmente um mito para muita gente e era realmente estranho fazer parte de um mito. Mas ela estava me dando uma atenção especial e essa sensação se diluiu.
Depois a paixão passou a ser amor, já conseguia ver alguns defeitos nela, o ambiente dentro daquela casa me incomodava um pouco, percebi que a casa tinha mudado. Com o tempo as minhas obrigações dentro daquele relacionamento começaram a mudar, começava a me sentir escrava do seu amor e sentia que ela não me recompensava assim... Até de sua visão política já tinha criticas.
Os nossos problemas se tornaram mais graves quando eu comecei a me imaginar em outros relacionamentos, em outras casas. Será que existem outros tipos de relacionamento melhores que esse? Será que seria feliz longe dela? Será? Será que em outro lugar seria recompensada por meus esforços?
Entrei em crise.
Decidi ter uma conversa séria e desta vez conversei com duas pessoas que mandavam naquela casa. O primeiro me encorajou a procurar outros caminhos, afinal eu não era mais aquela menina, já era uma mulher e existiam muitas outras possibilidades para mim. O outro, foi mais sóbrio e nem por isso menos lindo. Porque você não dá um tempo? Obedeci.
Tempo dado, depois de um ano de convivência. Segunda-feira passarei lá para lhe entregar coisas que ficaram comigo e depois saio de lá por um tempo. O choro entalado na garganta e a vida pela frente.
Será que depois desse tempo eu volto pra lá? Será que não? Agüento ficar longe dessa revista, dessa casa colorida?

09/2005

E se? - parte II (e por outra malvina)

E se um dia eu perder a vontade de lutar? E se eu tiver certeza que não tenho talento pra nada? E se eu ficar cada vez mais burra? E se eu já estiver burra? E se eu tiver câncer de pulmão? E se eu demorar muito pra morrer e ficar doente muitos anos? E se eu nunca mais conseguir emagrecer? E se eu nunca mais gostar de um homem? E se eu largar a faculdade de novo? E se eu estiver vendo tudo ao contrário de novo? E se eu nunca conseguir ir pra Europa? E se eu nunca aprender a falar outra língua fluentemente? E se eu descobrir que não sei escrever? E se der tudo errado e eu me queimar muito? E se todo mundo descobrir que eu sou uma farsa? E se eu for uma farsa? E se eu perder as minhas amigas? E se eu nunca mais tiver novas amigas? E se eu virar alcóolatra? E se o cara do carro me ligar com um orçamento muito alto? E se eu bater o carro de novo? E se minha mãe descobrir? E se me arrepender de ter reformado a casa? E se eu quiser ir embora amanhã? E se eu tiver que ir embora amanhã? E se eu tiver que enfrentar? E se eu ficar com vergonha? E se eu ficar com medo? E se der tudo errado? E se eu estiver me matando de trabalhar à toa? E se eu estiver fazendo fita? E se eu ficar menstruada sem perceber e manchar minha saia de sangue? E se eu nunca decidir nada? E se daqui a dez anos eu estiver frustrada e sozinha? E se eu não tiver grana? E se eu tiver medo de morrer? E se ninguém nunca mais gostar de mim? E se estiverem rindo de mim agora? E se estiverem me criticando em mesa de bar? E se meus amigos me trairem? E se eu nunca tiver um filho? E se eu tiver cada vez mais medo?