quarta-feira, maio 31, 2006

To chegando

Chegando no limite
Chegando no fim
TO BRAVA, TO TRISTE, TO DE SACO CHEIO, TO NO MEU LIMITE!
(é uma pena....)

terça-feira, maio 30, 2006

DA NECESSIDADE DA CONCORDÂNCIA!

Tá bom, gato, eu entendo que você é artista, sensível, sentimental e o caralho, mas PLEASE - APRENDA A CONCORDAR OS NOMES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"obrigado malva, muito linda as suas cartas............................."

segunda-feira, maio 29, 2006

porquê namorar é chato

- Oi.

- Oi.

(sorrisos mútuos de cachorrinho-que-quebrou-o-pote)

- ...

- Não faça mais isso, você parte meu coração.

- Digo o mesmo. Mas nossa briga ontem foi ridícula...

- Hehehe.

- Estou com muitas saudades.

- Eu também.

- ...

- ...

- Não estou legal, sabe? Estou com vontade de sumir, de estar bem longe...

- Só do trabalho ou de tudo?

- De tudo.

- ... (querendo dizer: ah, tá, então você quer sumir de MIM!)

- Você não tem nada pra me dizer?

- ...

- Não esté escutando ou não tem nada pra falar?

- (magoadíssima) Não tenho nada pra falar.

- ...

- ...

- Então é melhor não falar nada mesmo. Nada.

- ...

E dá-lhe coração partido novamente.

quinta-feira, maio 25, 2006

de uma ciumenta feliz

Esta é a quinta vez que começo este texto. Ainda se tivese um cigarrinho companheiro (estou numa sala de informática cheia de gente e ar condicionada).
É que uma malvina me disse que eu sou muito ciumenta, então venho por meio desta postagem tentar desabafar e controlar meu ciúme!
Ciúme mais que ridículo, ciúme do orkut. Orkut é uma merda. Mas olha, é uma antiga amante, casada, com filhos. Voltaram a se falar pelo orkut. É claro que fuço as postagens. Mas, a malvina que acompanha esta história sabe, eu tenho muito ódio no coração porque xingo a mulher de vadia e tal, mas tenho me controlado internamente, conto até dez e esqueço, juro. A vida é isso, afinal,e juro que consigo. Quanto as outras -- esta mesma malvina me fez perceber que eu odiava todas as mulheres que se aproximavam dele -- superei. De vez. Claro que tem gente folgada neste mundo, mas né, é isso aí. Mas o mais folgado é ele. Poxa vida. Tudo bem que para superar de vez é preciso deletar tudo o que instigue imaginação e sofrimento, então, eu já deveria ter me matado no orkut ou parado de fuçar o que me faz sofrer. mas ah, não consegui. Enfim. Ai to muito chateada. Porque tivemos uma noite ótima, fomos no bar, vimos amigos, bebemos cerveja. Dormimos juntos -- bem juntos ai que frio! -- acordamos, fizemos sexo muito bom, namoramos, desmarcamos compromissos matinais, conversamos, arrumamos a casa...enfim. Aí, poxa, eu vi agora, a noite, as postagens. E ai, que raiva, foram enquanto eu estava lá. Ele começou. Eu lá, pelada, fazendo café pra nós, ele no computador, passando a mão na binha bunda quando eu passava, me chamando de gostosa...e escrevendo pra ela. Estou errada? Estou exagerando?
Ciúme dói, eu tenho evitado, eu estou aprendendo a levar de boa, sabe, porque é melhor pra mim, tem até horas que me sinto um ser superior!
Mas de boa, essa última doeu. Enquanto eu estou lá? Eu confesso que chorei por dentro. Por dentro, e só um pouco na verdade. Porra, que sacanagem! Ah! Vai a merda filho da puta! Hunf!

UFA!

terça-feira, maio 23, 2006

Um pinto pra chamar de meu

Aviso aos navegantes: esse post contém muitos termos chulos, porque a vida não é só feita de momentos idílicos e bonitos e de êxtase, mas tb de coisas chulas e moles.

Ai! Que saudade eu tenho de ter um pinto para chamar de meu. Claro, a saudade é tb de um homem, um que venha logo atrás do pinto, mas hoje, hoje eu sinto falta mesmo é de um pinto. Ai, adoro! Adoro quando tenho intimidade suficiente com um rapaz a ponto de deitar em silêncio e mexer no dito dele, brincar mesmo. Mesmo que mole. Gosto de ficar horas olhando, gosto de cutucar, de ver as reações. Gosto de tomar banho junto, de ensaboá-lo preguiçosamente, sem nem querer nada não. Gosto de conhecer os detalhes, de saber deixá-lo duro num instante. Claro que tenho lá minhas preferências - os maiores, os mais redondos, os mais retos (há uma amiga que chama de "trofeuzinho" àqueles que são bonitos de olhar porque dá vontade de colocar numa prateleira) - mas o melhor mesmo é aquele que vem sempre duro, ao menor gesto que você faça. Gosto de dar nomes para ele, nomes engraçados, e no meio da rua brincar com o dono: "e o mastruço, como vai?". Solteirice é festa, é diversidade mas, ai! Se tem uma coisa que me faz falta, mesmo, é a intimidade: ter um pinto pra chamar de meu.

bom dia, tristeza

(chove lá fora

e aqui
dentro

também)

segunda-feira, maio 22, 2006

Do fim do fim do fim

Publico este e-mail que escrevi hoje...

"Foi bom que vc escreveu. Fiquei num silêncio longo, sem ter muito como falar, e aos poucos fui deixando o silêncio levar embora os descompassos do meu coração. Veio junto com aquela fase que eu te disse que estou vivendo, de calmaria, a paciência de aceitar as coisas e esperar que passem. Só. Continuo sonhando com você - a mente é a única parte de mim que não aceita com resignação a ausência dessa vontade futura. Ela não, ela acha uma pena não poder mais te ver, nem que seja uma única vez; e daí ela inventa encontros maravilhosos, quantas vezes eu tenho estado com você sem que nem você saiba... (minha vingancinha). Gato, no mais ando respirando fundo, fazendo ioga, dormindo quentinha, e trabalhando muito, muito mesmo. Acho que não vou mais viajar; aquele trabalho deu errado. Então está assim: acordo às 7 da manhã, e trabalho em casa até as 11h; daí venho para o escritório e trabalho até tarde. À noite volto para casa e cozinho, às vezes vejo um filme. A casa é grande e me ensina a não brigar com a solidão, que ensina. Leio um livro gostoso - já leu Jorge Luís Borges? - e durmo, tentando não sonhar com você.

Um beijo gostoso, gato.

E saudade."


Em resposta a esse, que recebi hoje. BEM menos eloquente. Mas com saudade.

"Olá minha querida....Malva. Como vai você? Escrevendo bastante? E a a ida para o estrangeiro, já está no esquema? E o coração já está na paz... Ou meio descompassado como o meu! Manda notícias , viu, bjs"

domingo

Ele foi viajar, e eu não senti um pingo de saudade.
Voltava ontem, mas teve o voo cancelado.
Eu até gostei.
Sozinha, na noite escura, sem ciúme,sem dor. Só eu, sozinha mesmo. Nem feliz nem triste, apenas mulher sossegada na cama de solteira.
Mas logo as borboletas acordam...
e seremos felizes para sempre.

sexta-feira, maio 19, 2006

Alucinações da madrugada

A droga mais alucinógena para mim é a estafa do cérebro. Eu brinco e forço ele e parece que perco o controle. A mente surta quando eu escrevo nesse estado, penso muit, uma da manhã, após 12 horas de trabalho, num dia fatídico, numa semana com tantas informações novas, boas e a mente borbulha informação e começo a surtar. E eu surto aí dou risada sozinha. Como agora que comecei a pensar que eu já sei com quem eu vou casar. O engraçado é que eu só o vi uma vez, por menos de uma hora. Se não for com esse vai ser com aquele que eu encontrei duas vezes, sendo que na primeira estava quase em coma alcóolico. A chance do primeiro é maior, porque nem abraço, ou um comprimento trocamos. O segundo fica um pouco atrás, já que, quase nos beijamos, certa vez, mas veja bem, o estado alcóolico também era alto! Mas... o segundo parece que empata porque também quer casar comigo - opa! Mas talvez o primeiro também queria, afinal já se passou quase um ano e meio do nosso primeiro e único encontro, daquele cujo contato físico inexistiu naquela sala. Mas a certeza só aumenta a cada dia. Eu sei, eu sei, existe um terceiro e um quarto também.. Mas o quarto é bem possível!! Mas de tão óbvio, bom... Afinal, pra que prever o futuro não é mesmo?

quarta-feira, maio 17, 2006

Clarice e um livro para criança

"No tempo em que as pessoas nasciam em repolhos e que as bicicletas voavam, havia uma pequena cidade chamada Pamonhas.
Em Pamonhas havia uma casa amarela, onde morava uma garota chamada Mel.
Mel tinha algo diferente; onde quer que ela fosse, estava sempre rodeada de borboletas.
Os moradores da cidade achavam muita graça naquilo e se divertiam:
- É que ela nasceu num repolho esquisito!
- Nasceu num repolho mofado!
- Num repolho repolhudo!
Mel ouvia tudo muito triste, baixava a cabeça e pensava: Não vou chorar, não vou chorar! E saía correndo antes que alguém visse suas lágrimas.
Mel era assim, magoava-se com qualquer coisa, qualquer coisinha de nada."
(...)
Sem querer, ela desatou a chorar. No começo de mansinho, depois bem alto, de soluçar mesmo. Passou a mão no pescoço, surpresa.
- O nó! O nó desapareceu!
Ele sorriu. Mel compreendeu que podia desatar seus nós. E foi assim que aliviou o coração. Chorou mais um pouco e dessa vez era choro de emoção e não de tristeza. sentiu-se, secretamente, feliz.
Passaram-se os dias e o tempo passou.
Kiko ensinou a Mel como desfazer o nó de nariz.
Mel, agradecida, dividiu com ele suas borboletas.

Nós de Eva Furnari.


"Muito antes de sentir 'arte' , senti a beleza profunda da luta. Mas é que tenho um modo simplório de me aproximar do fato social: eu queria 'fazer' alguma coisa, como se o escrever não fosse fazer. O que não consigo é usar o escrever para isso, por mais que a incapacidade me doa e me humilhe. O problema da justiça é em mim um sentimento tão óbvio e tão básico que não consigo me surpreender com ele - e, sem me surpreender, não consigo escrever."
Fundo de gaveta de Clarice Lispector

domingo, maio 14, 2006

vocês não entenderam NADA!

eu não sei porquê, mas tenho mania de achar que o brasil vai pra frente. fico achando que esse país (essse mundo) vai melhorar, em diversos aspectos. um deles é no moralismo, na escrotidão que é o julgamento do comportamento alheio, no preconceito em geral, no racismo. penso que essas coisas estão tão ultrapassadas que estão em vias de se extinguir; que daqui há poucos anos não conviveremos com esse tipo de coisa. mas ultimamente tenho sentido que não é bem assim, e vira e mexe aparece uma coisa bem concreta pra me provar isso.

uma dessas coisas foi uma reportagem (muito boa, por sinal) que li na época hoje de manhã, e quase me fez vomitar a torrada integral. é uma história que eu já tinha ouvido por alto, mas a revista traz a história nos sórdidos detalhes. uma menina de 20 anos, numa cidade no interior de são paulo, teve fotos suas transando com dois caras colocadas na internet. não se sabe se as fotos são verdadeiras ou não (ela jura que não), mas isso nem vem tanto ao caso: a questão é que a menina foi linchada moralmente na cidade, e quase literalmente linchada na faculdade (de direito, vejam bem) em que estuda - precisou sair com escolta policial. e um imbecilzinho aluno da faculdade ainda teve coragem de dizer à reporter algo mais ou menos assim, se justificando: "ela nunca seria agredida fisicamente, mesmo sem a escolta policial. no máximo o pessoal só ia ficar passando a mão na bunda dela". outra colega cretina - essa, sim, uma piranha - diz que ela é uma "safada" que agora "se faz de vítima".

é de vomitar. aquelas coisas que dá vontade de desistir de tudo. o tempo passa, o mundo evolui, as coisas acontecem e o pessoal não entendeu NADA. nada, porra! continuamos lá, paradinhos, na década de 50. a mulherada saiu de casa, fez jornada dupla, começou a usar calça comprida e nada. os gays fizeram parada do orgulho gay, os negros fizeram sucesso na tv com seu discurso em ritmo de rap e NADA. a puta dessa classe média não entendeu NADA. é isso que mata.







a reportagem chama "uma bomba aki" e está no site da época. dá pra ler na íntegra, é só preencher um cadastro. vale a pena.

sexta-feira, maio 12, 2006

Dos relacionamentos

Mais uma do meu grande velho amigo aqui de escritório, sexagenário cheio de humor:

- A maioria dos relacionamentos consistem em uma pessoa que ama e a outra que se deixa ser amada.

quinta-feira, maio 11, 2006

homens (por eles mesmos)






(do site www.malvados.com.br. vale a pena dar uma olhada, é bem bacana)

sexta-feira, maio 05, 2006

E o coraçãozinho? Veja bem companheiro....

Acabei de reler todos os meus textos postados desde dezembro e cheguei a deliciosa conclusão de que o tempo e um novo amor curam qualquer dor!
Como foi bom reler textos que tinham tantas lágrimas com um sorriso de canto de boca...
E parecia que nunca passaria aquela dor de estômago que andava comigo naqueles dias de dezembro. E que eu nunca deixaria de fumar aqueles cigarros chorando toda vez que eu dirigia. Parecia que só os cigarros aliviavam aquela angústia. A dor de estômago e as insônias..
E aí aparece esse menino-homem na minha vida pra me mostrar que o amor é simples. Não é possessivo e que não é material principalmente. Porque eu não gosto das coisas que ele faz, ou do que ele representa, desta vez eu gosto dele, é alguma coisa que eu não sei explicar, que alguém um dia chamou de amor...

E aí por ironia mesmo, só pra me confundir um pouco, chega um email segundos antes de publicar esse texto. Então, aí está na íntegra.

Dá para não balançar? Ah, não dá...


Oi querida,
sonhei com vc um dia desses. Dai pensei em te escrever, mas fiquei pensando que poderia soar estranho. Mas resolvi escrever mesmo assim...
E ai? Como andas? Vim pra Venezuela e comprei uma moto. Vou rodar tudo por aqui com a gasosa a 7 centavos o litro. Viva a nacionalizacao!!!! Depois, com o tempo e dinheiro que sobrar vou rodar pela américa latina e com certeza, pela Bolívia. Estou escrevendo um pequeno resumo desta parte da viagem porque nao tenho tanto tempo de net.
Mas adianto que estou bem, libre, hacendo cosas que nunca imaginei. Neste momento vim pra RR pra ver umas burocracias da moto e volto pra Ve. Até agora estava perto da fronteira, na maravilhosa Gran Sabana. Subi o Monte Roraima duas vezes fiquei morando uns meses numa casa abandonada.
tanta coisa...
As vezes fico um pouco vazio se tenho que passar pelos lugares sem conhecê-los de fato... mas é a vida... não dá pra estar em todos os lugares ao mesmo tempo...pelo menos ainda. Tenho que ir, por enquanto.
Beijos e mande notícias suas. Como andas? Que fazes? E o coracaozinho...?

quinta-feira, maio 04, 2006

A pior coisa do mundo todo

Deveria ser esso jome do jogo que inventamos, eu e uma queridíssima Malvina, certa noite num bar fuleiro perto da avenida Paulista. Aliás, como quem conta sou eu, esse é o nome, e pronto: A PIOR COISA DO MUNDO TODO.

A querida amiga estava num sufoco danado, algo que envolvia uma pequena quantidade de balas, a família inteira, tios primos, avós, e um possível (na verdade, bem improvável) flagra do narcótico. A coitada tremia. E eu, tentando reanimá-la. Aí que começamos:

- Ah, vai, Malvina, não vai acontecer nada...
- Mas e se a droga for pega? Ai meu deus, vou pra a cadeia!
- Relaxa...
- Não, é sério! Agora tô noiada. Mais cerveja.
- Então, tá: qual seria a pior coisa possível de acontecer agora?

Então começamos. Para ela, a pior coisa seria o avô ter um infarte e morrer por causa da estripulia teenager que ela tinha aprontado. E eu:

- Que nada! A pior coisa mesmo era se acabasse o mundo por causa disso.

Porque sempre a pior coisa do mundo todo é a gente causar a destruição do planeta. Difícil foi achar explicação para a cadeia de eventos infelizes que levaria ao desfecho trágico:

- Bem... A droga pode ser prega mas, como estamos no Brasil, vc não vai para a cadeia.
- Boa!
- Não, calma. Como as balinhas vieram de outro país, o presidente desse país pode ficar muito bravo com o governo brasileiro por causa da impunidade.
- Ai...
- Aí começam agressões entre os dois países, um diz que no Brasil ninguém é punido, o nosso diz que eles não têm nada que se meter. Gera um clima. Vai piorando, retira embaixador daqui, retira embaixador de lá, atentados contra cidadãos brasileiros no estrangeiro, e eis que chega o Bush e diz: "Vamos parar com isso que o Brasil já tá no eixo do mal há muito temnpo, agora se amigando com Evo Morales e Hugo Chávez". A coisa piora. Unem-se o índio, o militar e o operário para defender a América do Sul. A política latinoamericana racha. Peru e Colòmbia apóiam Tio Sam, fecham as fronteiras, devolvem embaixadores e seqüestram turistas brasileiros. Aí ja viu, né? Guerra. Do nosso lado, China, Cuba, Venezuela e Bolívia. Do lado deles, todo mundo. Aí pronto, o alucinado Bush resolve dar um fim nessa gentalha, e joga uma bomba nuclear. BUM! Cabou o Brasil. E nós também.
- Ai ai...
- Mas a coisa continua. Revoltados com o sumiço do país tropical, onde todo mundo do mundo vinha passar férias, os governantes da Europa ficam putos e entram na gurera contra o EUA. Rússia apóia. No fim, bomnba nuclera para todo o lado. Pronto. Acabou-se o mundo. Só restam as baratas pra contar história.
- Ai, meu deus! Que horror!
- Pois é, baby. Nada disso vai acontecer. Viu como seus problemas são pequenos? Então, relaxa. Mais uma cerveja.

Bom jogo esse, funciona muito bem. Porque muitas vezes a gente encana com probleminhas, como se fossem grande coisa. Na nossa cabeça, um encontro furado, atraso de salário, perda de avião, tudo isso toma proporções absurdas. Parece que, de fato, é o fim do mundo. Mas não é.

quarta-feira, maio 03, 2006

“Uma grande alegria, assim não a julgaríamos se ela não viesse atrás de uma grande dor. Não podemos atingir um estado de alegria sereno e duradouro. Essa é a razão porque os poetas são obrigados a rodear seus protagonistas de tristes ou perigosas circunstâncias, para no fim os livrar delas. No drama e na poesia épica, o herói sofre mil torturas: nos romances os heróis lutam pondo em relevo os tormentos do coração humano”, Arthur Schopenhauer

terça-feira, maio 02, 2006

de pensar morreu um burro

eu sou água com fogo. tenho lua em ar. vênus em ar também. não tenho nada, que eu me lembre, em terra. deve ser por isso que tem uns negócios, uns dramas, que eu não entendo. e olha que de drama eu entendo: sou água com fogo, como já falei. acho que o que eu não entendo é a falta de drama. sei lá.

um desses negócios, um dos que mais me intriga, é essa história de ter medo de se envolver. de falar que não quer , que prefere não se envolver com alguém. e isso dá, gente? eu não sei como é que é isso, não. aqui nas profundezas dessa água, ou nas chamas desse fogo, não entendo como que alguém pode controlar um negócio desses. "olha, acho melhor a gente não se ver mais, porque tenho medo de me envolver com você". loucura total. na minha cabeça não entra.

primeiro: quando você pensa que pode se envolver, é porque já está envolvido. comigo é assim. não tem mais ou menos. ou é, ou não é. não adianta dizer: olha, vamos parar por aqui, porque quero evitar me envolver. você já está lá, querido! tudo bem, pode adiantar o sofrimento, já que às vezes a expectativa do sofrimento é pior do que ele em si. tudo bem. mas dizer que vai evitar? que tem como puxar o freio de mão no meio do penhasco? não dá. em amor não se escolhe pular ou não do precipício. quando você vê, já pulou. no máximo pode se preparar pra queda; mas parar no meio não dá.

segundo: como diria drummond: "eita, vida besta, meu deus!". ô gente! que vida besta! vai ficar se "preservando"? de quê? pra quê? como é que se sabe onde uma história vai dar se você pula fora antes do desfecho, ou mesmo antes da ação principal? será que essas pessoas se julgam boas demais para sofrer por causa de alguém? tem medo da "humilhação" que podem vir a sofrer, por serem - elas, tão superiores - atingidas duramente por outra pessoa? tá, pode ser que eu tenha pego meio pesado... mas no fundo acho isso, mesmo. sou água com fogo, porra.

pra mim, isso é pura covardia e sacanagem. lembro de pessoas que sei que fugiram de mim para "evitar se envolver" e, por mais que tenha uma certa dose de despeito nisso, nutro por elas um certo desprezo. uma certa pena. sei lá. minha vida não é pra ser meia-boca, não. e nessas horas eu lembro das bichas: "querida, se joga!". eu me jogo. mesmo. não vim aqui pra assistir, uai!

Como matar um amor novo

Há dois anos, dois anos apenas eu comecei a zanzar pelo mundo moderno das relações, veio junto com a descoberta que casamento à moda antiga, homem da vida etc, eram coisa de ficção, coisa de quadrinho. Fui passeando, fui flertando e descobrindo um monte de coisas, regras novas. Coisa triste foi aprender – e tive que aprender – como se mata um amor novinho, que eu vi fazerem na minha frente, enquanto eu suplicava que não. Daquela vez, doeu demais. Implorei ao homem casado que me fizera apaixonar. Mas ele assassinou. Daquela vez, doeu demais. Me pareceu injusto, me pareceu violento, me pareceu horrendo. Ainda hoje, é coisa que eu não gosto, mas aceito como um ato mais... trivial. Talvez, se eu perscrutar dentro da alma de mulher sonhadora que me resta, saberei que ainda machuca. Mas tenho que fazer de novo e de novo. Hoje, tenho que matar um amor novo.

Matar um amor novo é como assassinar um recém-nascido; ele é menos o que se apresenta na nossa frente do que a possibilidade do que ele pode ser; é reprimir a saudade do futuro, os delírios breves de possíveis felicidades. Se for possível, deve-se olhar para outro lado, para tantos lados quanto puder. Olhar para o presente, firmar o pensamento nas pequenas delícias bobas que todo dia traz, mesmo sem amor. Respirar fundo. Talvez, então, encará-lo, e vê-lo enquanto se debate em nossos braços, pequeno e inútil como qualquer coisa que ainda não anda sobre as próprias pernas; vê-lo pequeno esboço de algo, apenas um frágil amontoado de matéria viva; um nada. Daí, prender-lhe as pernas para que não se debata forte enquanto o seguramos com ambas as mãos; tampar-lhe a boca para que não chore estridente; e, sempre, vendar-lhe os olhos para que se apaguem as chispas de esperança de uma vivência nova, de um futuro que poderia ser colorido.

Se necessário, talvez colocar o som bem alto na música mais elétrica, para que não se ouça o seu choro; talvez calçar luvas para não sentir o suave da pele em-folha e úmida; talvez prender a respiração para que o odor fresco não nos embriague uma vez mais; talvez até fechar os olhos para não tornar a ver os pequenos momentos de felicidade ainda ensaiada, pequenos gestos que vislumbram um impossível, que demonstram uma vontade, apenas, de ser. A ele, ao amor novo, deve-se atar os braços para que não nos machuque nem tente desatar os nós. E então deve-se afogá-lo, cortá-lo em pequenos pedaços moles de carne morta, quebrar-lhe o pescoço até que não mais respire; jogá-lo no chão, pisoteá-lo. Deve-se transformar o amor novo numa massa amorfa, num resto de resto de resto sem qualquer semelhança a um ser vivo. Depois, ajuntá-lo, amarrá-lo num saco preto, enterrá-lo no quintal. E sair para andar devagar pelas calçadas ensolaradas; e lembrar de todas as pequenas delícias bobas que todo dia traz.

segunda-feira, maio 01, 2006

arrumação

no meio de tantas gavetas encontro trecho do ulisses, escrito para mim por uma malvina muito querida. achei que devia compartilhar. os sims:


"o mar carmesim às vezes como o fogo e os poentes gloriosos e as figueiras nos jardins da alameda sim e as ruazinhas esquisitas e as casas rosas e azuis e amarelas e os jasmins e gerânios e cactos e gibraltar eu mocinha onde eu era uma flor da montanha sim quando eu punha a rosa em minha cabeleira como as garotas andaluzas constumam ou devo usar uma vermelha sim e como ele me beijou contra a muralha mourisca e eu pensei tão bem a ele quanto a outro e então eu puxei ele para baixo para mim para ele poder sentir meus peitos todos perfume sim o coração dele batia como um louco e sim eu disse sim eu quero sims." - james joyce

essa moça tá diferente

e agora eu adoro cazuza, e sou calma. é: eu consigo me controlar. consigo ter a generosidade de ser madura, respirar fundo e não pagar na mesma moeda. vocês não sabem a sensação de porder que isso dá.
agora eu sei fazer lasanha de berinjela, e agora estou dirigindo bem melhor na estrada. agora eu tenho muito menos medo do que antes, e tenho coragem de ir até... ver onde vai dar.

isso agora. como será que vai ser depois?



(tô bem demais pra ser verdade)