sexta-feira, fevereiro 24, 2006

poesia bonita pra acalmar moça aflita

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


(Manuel Bandeira)


Não se mate

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.


(Drummond)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Simplesmente namorando

Coisas simples.
Receber uma ligação no meio do dia.
Levá-lo aos eventos dos seus amigos.
Dormir junto.
Acordar junto.
Ver alguém durante a semana.
Falar todos os dias.
Fazer uma viagem junto.Apresentar pra família.
Ter orgulho.
Não ter vontade de sair sozinha.
Trocar a balada por uma noite de amorzinho.
Não ter vontade de outras pessoas.
Ter medo, muito medo de perder.
Tudo é novo, tudo é descoberta. Coisas que são banais para algumas pessoas, como encontrar o namorado em uma terça-feira, levá-lo numa festinha de uma amiga sua e depois dar um beijinho e querer dormir junto, despedir sabendo que se encontrarão na sexta é tudo novo pra mim. Ligar, poder ligar a qualquer momento, poder acha-lo. Começa a ser tudo tão simples, bom, o sexo muito bom, cada vez melhor, as pessoas perdem a vontade um dia? Isso acaba depois? E se ele terminar comigo amanhã? Ai, to gostando dele pra caramba. Consigo ver que ele é um cara inteligente, educado, gentil, romântico, bom de tudo e todo mundo gosta dele. E porque as minhas histórias nunca deram certo até agora, foram sempre histórias erradas, dá um medo (ainda mais na TPM) Parece que é tudo tão frágil, que ele vai desistir de mim, que vai se apaixonar por outra...
Um amigo meu me disse: "dá um medo de alguém te dar um chute nas muletas quando está com o pé quebrado... é mta crueldade, mas sempre é possível..." É isso. Sempre é possível...
Me dá alguma prova de que vamos ficar juntos? Que você não vai terminar comigo? Hein? Hein? Eu sei que não dá.... Mas tá tão bom!! Fica comigo, eu quero ser só sua, não quero que você seja de outra pessoa. Não tenho mais vontade de sair sozinha, quero sempre você do meu lado... E era pra ser assim, né? Então tá tudo bem né???
Queria estar mais leve hoje. Mas tá tudo bem, vai passar. Isso talvez seja só um bom sinal, de que tudo caminha bem...
Não é? Não é? Diz que sim!!!! Diz vai???

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Tome mais um pedacinho do meu coração, meu amor. Eu te dou.
Pegue mais um tempinho da minha vida, me faça feliz, pra eu lembrar sempre de você.
Deixe seu cheiro em mim, para que eu possa cantar na rua.
Me faça chegar atrasada ao trabalho, para que eu pense nas minha escolhas irresponsáveis. E para me lembrar que não sou tão caxias assim.
Volte pra casa bêbado comigo, para me olhar no carro e sorrir, e eu sorrio também, e para dar risada até dormir. E me ligue no dia seguinte para compartilharmos a ressaca...
Me ame, ame, ame.
Que eu te amo, amo, amo.
E só.
O amor é o ó!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

oh lord, please don't let me be misunderstood

se apaixonar é louco porque o medo de estar enganada é maior ainda do que o medo de estar se enganando. é loucamente individual, apesar de tão conjunto. é ter de apertar os olhos pra esquecer quelquer dúvida - e ter tanto medo de estar em dúvida! é mais do que querer ser perfeita para o objeto do seu querer; é querer que esse objeto seja perfeito. é querer que ambos sejam sempre tão perfeitos quanto aquelas frações de segundo em que temos certeza de tudo. é querer amar sempre, a cada segundo. e que o segundo passado seja tão maravilhoso quanto o que está por vir. nunca o presente. porque esse, sim, dá medo.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Quase tudo

"O comentário de meu pai fez acender a luz amarela; me olhei no espelho e vi que era outra. Comecei a desconfiar que o amor não é tudo; até é, enquanto se está amando, mas, para viver uma paixão, é preciso renunciar à própria vida, uma opção perigosa que não costuma ser eterna."
De Danuza para Malvina.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Ai, os homens de outrora!

Eu não tenho lá tanta experiência assim no “esporte”, sair na balada para descontar o atraso, que lá meus métodos sempre foram muito outros. Mas tem dias que a noite é foda, como dizem, e tenho saído a umas caçadinhas de vez em quando, coisa boba, a passar o tempo. E não é que eu descobri um tipo de homem – dá até arrepio – que aliás parece ser maioria, o tal do “cara da balada”, o ficador profissional. Precisei passar do quarto de século para conhecer tais figuras, e agora fico feliz de só tê-los conhecido a essa altura.

A birra não é nem porque os caras são ruins de papo, geralmente são burros porque gastaram muito tempo conversando sobre besteira e pouco tempo fazendo coisas úteis; nem porque eles pouco se interessam em quem você é, de que lado está, o que pensa da vida. Negócio triste, mas triste mesmo, é que esses caras não gostam de mulher, por mais que façam tipo de gostam. Verdade. Vai pra cama com eles, é seguro que vai rolar o “roteirão”: língua na boca, boca no peito, boca na buça, boca no pau, língua na boca, metelão, fim. Coisa! Tá o cara ali, no quarto, sozinho, com um corpo feminino inteiro para ser descoberto, um monte de dedos e mãos e peles e pontas para explorar e ser explorado, todo o tempo do mundo, os cheiros, os fios de cabelo e os pêlos, todos os sentidos do mundo, e o sujeito me vem com roteirão! Perá lá!!! Não tá nem um pouco a fim de transar de verdade, o cara quer é número!

Pra esse tipo, toda mulher é igual, não tem cheiro ou toque diferente, não tem gemido nem silêncio de cada uma. E olha que eu gosto, a-do-ro homem conquistador, adoro tarados e safados em geral, homem que não consegue se segurar, aquele que vira a cabeça para cada bunda bem talhada. Aprovo! Apoio! Homem que gosta de mulher! Os “caras da balada” são outra coisa. Mulher, querem distância. Querem é enfiar, mulher, cabrita, jaca, dá no mesmo – só que pega mal, né?, então, vai com mulher mesmo.

É por esses – que são filhos da época em que a gente vive, onde o que vale é ter mais, mais, mais – que eu publico, em primeiro mão, algumas marchinhas de outrora que me foram sopradas por um grande amigo do trabalho. Pra lembrar da época em que homem gostava mesmo era de mulher, e não de fazer conta no dia seguinte!

Marchinha do Francisco Alves

Perguntar se eu quero
Uma balzaquiana
É perguntar se macaco quer banana

Marchinha (Jorge Veiga)

Tira essa mulher da minha frente
Senão me acabo, senão me acabo
Tira essa mulher da minha frente
Senão me acabo, senão me acabo
Se ela me der sopa
Vai haver o diabo!

Tem tanta garota roxa
Roxa pra brincar
Na mão de muito trouxa
Que não sabe aproveitar.

Não quero
Não quero broto
Não quero, não quero não
Não sou garoto para viver na ilusão
Sete dias da semana
Eu prefiro ver minha balzaquiana.

A mão do Alcides (Moreira da Silva)
A mão do Alcides
Não é boba não.
Está em toda parte
Procurando confusão

Cuidado, meninas,
Do Leblon ao Caxambi
Que a mão do Alcides
Anda solta por aí

Seja em trem ou automóvel
Em ônibus ou lotação
O Alcides está em todas
Procurando arrumação

Mas a moça de hoje em dia
Já conhece esse macete
Quando entra no aperto
Leva sempre um alfinete.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

255Km

Atrasados de mãos dadas eles correram, mas mesmo assim chegaram atrasados. Começou a chover e na volta discutiam uma cena vivida no dia anterior. Começaram a brigar e a chuva continuou; quanto mais a chuva caia mais eles brigavam, mas não paravam de andar. Ela começou a ficar nervosa e começou a gritar e ele também. Ela começou a chorar e a andar mais rápido. Ela surta e sai correndo no meio da rua e é nesse momento que ele sacode ela pela primeira vez. Os dois estavam surtados porque o amor já era louco. Sem saber como, eles continuaram a andar vinte longos minutos num caminho cheio de ladeira, com aquela chuva grossa caindo neles, num silêncio doído. Chegaram na casa, a casa que era deles, que tinha uma porta cuja fechadura sempre dava problemas. Ela tinha muito frio e tremia enquanto ele tentava abrir o portão. Quando ele abre a porta, a cadela reconhece seus donos e começa a latir. A casa era pequena, mas tinha um jardim e uma cadela vira-lata preta com uma pata branca. Ela foi pro banho, ele fez um chá e em seguida entrou no chuveiro com ela. Transaram no banho; as lágrimas se confundiram com a água do chuveiro. Já secos e de roupa limpa, tomaram o chá e conversaram por horas. Era forte, era intenso. Juraram amor eterno e só por isso conseguiram dormir durante a noite.
Ela acordava sempre antes dele, fazia café, abria a janela e deixava o sol entrar. Abria a porta e o cachorro entrava na casa. Ela brincava com o cachorro, tomava o café na varanda com aquele sol e vendo o silêncio da rua. Não passava ninguém. Ela colocava um som, colocava um pouco de café no copo com açúcar e levava pra ele. Descobria aquele homem grande que dormia no quarto quente e começava a beijar suas costas. Ele virava pra ela. Ela dava o café. Ele tomava o café em silêncio e ela dizia que estava com saudade e ele olhava pra ela e chamava de minha mulher.... Eles faziam amor.
São essas as viagens de três horas que não fazem mais.

um lemón, meio lemón, dois lemóns...

venha me salvar. mas não venha hoje, que hoje não posso. e nem amanhã, porque estarei esperando. venha outro dia, venha logo, me traga lemón, apareça do nada. venha me salvar de mim e dos outros, venha me salvar da tpm, mas antes da menstruação. ai, venha me salvar.

venha me salvar porque você me faz esquecer das outras coisas que me confundem. venha me salvar que eu preciso esquecer quem eu sou um pouco e ser só a pessoa que eu era antes de... nem sei. venha me salvar, menino dos olhos pretos, falar bobagem e ser meigo comigo, pra eu lembrar quem eu sou de verdade. eu estou esquecendo. preciso que você me salve.

venha me salvar, mesmo que eu nunca tenha feito nada por você. venha me salvar porque você é o cara que parece que nunca precisará de nada de ninguém. venha me salvar porque eu não te amo. venha, porque só com você sei o que vou encontrar, mas não com tédio - e sim com alívio de gato filhote que reconhece o cheiro da mãe no paninho.

venha me salvar. mas não hoje, nem amanhã. venha me salvar sem que eu perceba. venha me salvar sem que eu te peça. ah, venha me salvar!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

e agora?

você é tudo que eu queria ser.
e tudo que eu não queria pra mim.
e aí...?
fodeu.

Mais uma vez, sonhei com ele.

Olhou pra mim
Quem deixou me olhar assim?
Não pediu minha permissão...
Não pude evitar
Tirou meu ar
Fiquei sem chão

Menino bonito
Menino bonito, ai
Menino bonito
Menino bonito, ai


É tudo o que eu posso lhe adiantar
O que é um beijo
Se eu posso ter o teu olhar?
Cai na dança, cai
Vem pra roda da malemolência...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Feche os olhos e me dê a mão!


Hoje me despeço. Me despeço de mim mesma: do que fui e do que pensava que seria. Deixo pra trás as minhas crenças, meus medos e minha história estranha e errada. Assumo desta vez, e com coragem, um novo caminho e só agora deixo outra pessoa me dar a mão. Um novo jeito de ser, de sentir e de agir. Vou atrás do que quero e, além disso, já sei onde buscar outras coisas que me fazem mais sentido. Amanhã de manhã começo novas idéias. Desconstruo alguns preconceitos, inclusive de mim mesma. Acordo e durmo em paz como há tempos não dormia. Nem sei qual foi a última vez que tive insônia... Não é uma alegria vibrante, é uma alegria calma, com cara de dias bons, dias coloridos, de sol amarelo, que nem seus cabelos. Me ensina a ser um girassol? Eu me despeço também da minha inveja, do meu jeito de fazer o mal, dessa vingança que me levava a lugares ruins. Descubro em mim uma outra pessoa, uma pessoa finalmente mais leve, que finalmente gosta de ver alguém mais de uma vez por semana, que olha com carinho e que pensa em amanhã. Amanhã estaremos juntos. Amanhã estarei sozinha e só por isso posso ser, dessa vez, só sua!

Se ele voltasse

Se ele voltasse eu ia olhar e falar:
Nem fodendo!!!!!!!!!

Nem fodendo malandro, que aqui: não tem! Perdeu, hehehe, perdeu!!! Ai que gostoso ia ser falar isso de boca cheia: p-e-r-d-e-u! Ai, precisou de dois meses e meio, mas chegou o dia! A frase saiu: "se ele voltasse eu ia falar: nem fodendo"!!!! Fiquei tão feliz, tão feliz, que preciso escrever mil vezes: Perdeu gostoso seu meia bomba do caralho!! hehehehe!!!!!! Iuhuuuuuuu. Doida! e feliz pra cacete.

Vem, veeem, que te olho, e te sorrio e te digo (fazendo carinho no teu rosto): perdeu. Hahahaha!!!!!

sábado, fevereiro 11, 2006

gerúndio

a sua estupidez não está permitindo que você esteja entendendo que eu ainda estou te amando. será que eu vou ter que estar explicando?

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Às Malvinas:

Defenestração:

1 Ato de violência, pelo qual se lança uma pessoa pela janela. 2 por ext Ato rebelde, pelo qual se atira alguma coisa pela janela.

Você sabe que ainda está apaixonada quando...

...sempre que vê um carro ou moto igual ao dele, entorta o pescoço, acompanha até sumir de vista.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

alguém PODE me ajudar?

tá bom. trabalhei o dia todo hoje. nem pra almoçar eu saí. e depois de um dia desses, nem uma cerveja. estava chovendo e eu queria um jantarzinho gostoso da mamãe. então tá. comi, assisti à novela. conversei com a família. tirei as medidas da janela para a reforma. repassei mentalmente minhas obrigações de amanhã. escutei um disco delicioso. mas e aí?

e aí que agora é tarde. e eu não tenho sono. fora o trabalho, eu não tenho nada em que pensar. eu sou uma pessoa que está SEMPRE a fim de alguém. ou magoada, ou esperançosa, ou apaixonada, ou fritando, ou com medo. e agora... gente, acho que gastei toda a minha simpatia em relaçao ao sexo oposto. usei demais, sabe? gastou. será que é assim que funciona?

estou numa situação inédita na minha vida. o último cara que eu fiquei (tirando uma bicha numa balada GLS semana passada) foi no ano passado. o ano passado já faz muito tempo, considerando que estamos quase no carnaval. e... sei lá. não tá me fazendo muita falta. o que me deixa com medo é justamente isso. será que eu nunca mais vou ter paciência com ninguém?

porque o que me falta é a paciência, juro por deus. eu não tenho saco. é meia palavra de papinho, um comentário um pouco mais idiota, ou mesmo a lembrança da minha cama macia e acolhedora e pronto: reviro os olhos de tédio, balanço a chave do carro e adeus. e assim não dá, certo? fico me iludindo, pensando que vai aparecer alguém que me faça querer ficar mais um pouco... mas não aparece. simplesmente porque não são as pessoas que aparecem, é a gente que as enxerga quando quer. eu sou uma garota madura o suficiente pra saber disso. aliás, eu sou uma garota madura o suficiente pra saber de tudo. e o problema é justamente esse.

de uns tempos pra cá, parece que eu envelheci uns vinte anos, ao menos na área afetiva... é tudo tão tedioso... o mesmo filme que se repete, e repete, e repete. outro dia vi um casal de namorados brigando no bar. a garota saiu correndo, o cara atrás, ela entrou num táxi. ele ficou falando na janela do táxi, pedindo provavelmente pra ela voltar. o táxi saiu. ele voltou pro bar, aplaudido por uma dúzia de tiozinhos que tomavam a cervejinha do fim-da-tarde: "liga não, mulher é assim mesmo", "essa é uma de muitas que você vai ter que aguentar", "toma uma cerveja aí, amigo". ele, claro, tomou a cerveja, falou mal da namorada (que aliás, era muito mais bonita do que ele, mas, aliás novamente, deve ter mesmo sido uma chata insuportável como só as namoradas sabem ser quando querem) e deu várias risadas. eu dei um suspiro. ai, que tédio.

eu não queria ser assim. é até mancada, parece inveja. vejo as minhas amigas que começam namoros e só penso que daqui um tempo é mais uma história se repetindo. me irrita chaveco porque tenho a intensa sensação de texto decorado, de fala que se repete, de sempre a mesma hipocrisia. acho que era melhor o tempo das cavernas, dá-lhe uma paulada na cabeça e arrasta pra caverna. pelo menos mais verdadeiro.

vão dizer - ah, eu sei que vão - que isso não passa de mágoa de coração partido. pode ser. mas pra mim é puro tédio. e tédio é um dos piores sentimentos, quando é constante e duradouro. as pessoas me entediam. eu sempre fui de falar muito, monopolizar as conversas em mesa de bar. agora, cada vez mais, me pego quieta. ou falando só pra dar ritmo à conversa. parece que não tenho nada a dizer, e muito menos a escutar. eu não estou gostando nada nada. eu quero alguma coisa que me dê medo. alguma coisa que me faça tremer, que me faça ter assunto, que me faça chorar - pensando bem, faz séculos que eu não choro! -, que me faça perder o fôlego de tanto rir e não seja lsd. qualquer coisa, qualquer coisa que se sinta. qualquer pessoa nova com quem eu me importe. alguém PODE me ajudar?

... salve o nosso guia Jorge Mautneeeeer....

Voa, Voa, Perereca

Coitada da perereca dela
É tão bela, é tão bela
Coitado do meu passarinho
Tão sozinho, tão sozinho
Coitada da perereca dela
É tão bela, é tão bela
Coitado do meu passarinho
Tão sozinho, tão sozinho

A perereca quer voar
Voa, voa perereca
Mas não deixe aqui nesse cantinho
Tão sozinho, meu passarinho

domingo, fevereiro 05, 2006

chega beijando, porra!

meninos, eu posso imaginar como deve ser difícil ter a obrigação de tomar a iniciativa. não que isso seja preciso sempre, mas, na maioria das vezes, se vocês não fazem nada, nós também não fazemos. e isso é um saco. então presta atenção que a tia vai explicar uma vez só:

imagine que você está numa balada. vê aquela garota linda - tá, ela pode ser só "bonitinha". o que você pode fazer? chegar com aquele papinho hipócrita e furado, falando merda? quem quer ouvir merda, meu querido? nunguém, certo? então, meu filho, aproveita quando ela tiver na pista, e chega beijando!

imagine que você está num bar. ao seu lado está aquela garota que você adora - tá, pode ser só mais uma das suas "ficantes". o que você deve fazer? ficar naquela conversinha mole? quem quer saber o que você fez hoje, meu amigo? você não quer, certo? então, na primeira vez que ela virar, chega beijando!

as mulheres às vezes são muito chatas. mas na maioria das vezes é porque elas não sabem o que fazer. e esse script velho e sem-graça, essa conversinha mole, irrita deveras. melhor a sinceridade. até porque, se for pra você tomar um fora, vai tomar logo. não perde tempo e tem o resto da balada pra uma próxima tentativa. todos ficam felizes e o constrangimento é reduzido ao mínimo.

porque, afinal, simpatia é quase amor!

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

O menino que vem à noite

A noite cai, e ele vem, e é só à noite que eu deixo ele vir, porque é um menino e noso amor é escandaloso; e porque foi no escuro que eu deixei ele pegar, devagarinho, a minha mão nas primeiras vezes; e porque o escuro nos faz esquecer que somos como primos que com vontade se tocam longe dos outros.

O escuro retira meus preconceitos dele, e os sonhos dele sobre mim. O escuro deixa o nosso sentir e só o sentir, e é bom demais. É bom ter um segredo.

Quando estou com ele, fecho os olhos e sinto as mãos pequenas e ásperas de quem mexe nas coisas o tempo todo, de quem vive no meio das plantas e dos bichos. Sinto o cheiro de mato molhado que vem da sua boca, e o aperto forte dos braços fofos que me envolvem tão sabendo o que querem comigo.

Ouço a respiração que é de bicho, é de quem se desespera pelo momento, é de quem quer se perder ali comigo. Ouço, devagar e baixo, os gemidos sufocados pelas virtudes tão bobas que o tentar-parecer-homem obriga; e peço que gema, peço que grite, que ali é um segredo e o mundo lá fora não existe, além da chuva e das flores que ele me colocou na janela.

Quando ele vem à noite, fechamos os olhos e nos vemos melhor. Encontramos no instante a felicidade - mais que o tesão, a felicidade - de estarmos juntos, e de estarmos sós.

Quando ele vem à noite, pouco falamos; devagar e como quem sempre foge, deixo ele se enfiar em mim como bicho que sabe o caminho desde antes de nascer. E gosto, e gozo, e durmo feliz.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

um dia

um dia eu queria entender porquê a gente se apaixona. não o porquê de se apaixonar (que isso eu já expliquei), mas porquê a gente se apaixona por uma pessoa e não por outra.

por uma pessoa e não por outra.

um dia eu queria entender porquê defeitos viram qualidades, porquê mentiras viram verdades e porquê contação de vantagem vira charme.

um dia eu queria aprender a usar "porquês" direito.


um dia eu queria entender porquê a gente acha as coisas bonitas. e porquê algumas pessoas sabem melhor o que é bonito. e porquê a gente acha coisas muito feias muito bonitas quando a gente quer achar.

um dia eu queria me entender direito. um dia eu queria entender todas as outras pessoas. um dia eu queria saber porquê as pessoas me fazem chorar à toa.

um dia eu queria entender porquê eu choro à toa.

um dia eu queria que fosse outro dia. que fosse outra pessoa. que essa maldita pedra no meu peito se desfizesse em alguma coisa macia e doce. um dia eu queria esquecer muitas coisas.

um dia eu queria que fosse de sol e céu azul. e que tivesse luz amarela e que todas as horas fossem a hora mágica. um dia eu queria. queria mesmo que eu quisesse alguma coisa que fosse possível.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Éter

Vou te deixar, amor novo, você não é compatível com a minha vida. É, é prático isso, mas como te disse ontem, não somos feitos só de fundo, mas de raso e mui raso também. Amor novo, não fique triste. Seremos amigos, disso você sabe. Ou seremos uma pétala de flor entre as páginas de um livro pesado escondido lá na estante. Vai ser engraçado abri-lo um dia e lembrar do que fomos, quando já tudo estiver dormindo dentro de mim. Amor novo, você combina mais com fim de tarde na praia do que com almoço no meio do expediente. Então guarde a sua poesia para você. Agora que decidi partir ela não me parece mais tão bonita. Amor novo, eu te amo, é claro. Te beijei ontem, com gosto de vinho, cigarro e gato preto. Por isso te deixo tranqüila. Hoje acordei faroleiro, sem querer enfrentar o mar por você. Ai amor novo, você há de compreender. Vou tentar não te magoar. Deixarei de escrever, àquele filme não vou com você, não. E assim quem sabe, feito o éter, nossa história irá se evaporar e deixar só um leve perfume para trás...

Ana e Chico

Aprendi a me virar sozinha
E se eu tô te dando linha é pra depois
te...

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira?

Um conselho aos homens do bem que só conseguem ficar amigos das mulheres

Reserve 75% da sua sensibilidade e compreensão para quando já estiverem oficialmente juntos. Até lá, nos deixem na dúvida. (Dura lex sed lex)

às vezes



dá uma vontade de ser piranha...