segunda-feira, outubro 31, 2005

Colega de infância

Acabei de encontrar uma colega de infância na rua. Eu não a via há pelo menos 10 anos. Ela era uma garota tímida, doce e eu era uma das únicas amigas dela. Naquela idade ser introvertida não dava muito ibope. Ela tinha um tucano, o Tuca, e um dia me ligou chorando para contar que o pássaro tinha morrido. De vez em quando eu lembrava dela e dos seus olhos tristes. Hoje ela passou por mim no meio da rua. O cabelo pintado de preto, o rosto sofrido. Me abraçou com ternura e disse: você sumiu da minha vida. Foi bom revê-la, mas um pouco desconcertante também. Ela para mim: fiz tudo errado, comecei duas faculdades e não terminei nenhuma e aquele olhar triste que ficou ainda mais desolado agora que não somos mais crianças. Pegou me telefone e disse, quase em lágrimas: não some mais da minha vida. E eu, não sei se vou conseguir cumprir a promessa...

Pasárgada

Passei o final de semana com pessoas que admiro. Pessoas fortes, alegres, abertas, tolerantes. Pessoas que sabem agradecer pelo fato de estarem vivas. Pessoas que sabem ouvir os tucanos, os sabiás e as maritacas. Pessoas que não têm medo de olhar para a própria sombra. Pessoas que dizem que a sabedoria não é importante e o que vale mesmo é ir vivendo, encantando um pouco aqui e um pouco ali adiante. Pessoas que têm coragem de deixar para trás tudo o que não querem mais e mudar de nome sempre que quiserem. Ou antes, sempre que sentirem que é a hora. Pessoas que sabem calar a mente e sentir. Pessoas que sabem rir de si mesmas porque sabem que o mundo é leve, leve. Pessoas que se vêem em cada um que cruza seu caminho. Pessoas que sabem que responsabilidade é responder com habilidade e coragem é agir com o coração. Pessoas que sabem que o melhor lugar do mundo é aqui e agora. Acho que passei o fim de semana em Pasárgada.

Revisão de vocabulário

Ontem um amigo meu, beirando os cinqüenta, me veio com a excelente frase: "Quando eu tinha trinta e poucos perdi a minha idade, não sei onde eu a deixei". E é verdade, dá para perceber olhando para ele, alegre, livre, solteirão e agradecico por tudo o que a vida deu (e dá) a ele. Fiquei pensando que também queria perder a minha idade, esta que parece bater mais quando tem muito trabalho a fazer, o tempo está nublado e chatíssimo, e a TPM está avassalando a mente e o espírito.

Achei um bom começo: uma revisão no vocabulário. Assim:
- trocar solidão por liberdade.
- trocar carência por tesão.
- trocar trabalho por produção.
- trocar comida por banquete.
- trocar balada por orgia.

Portanto: "Agora que estou solteira, percebo que tenho muita LIBERDADE, especialmente à noite; posso fazer o que eu quiser e ir aonde der na telha, sem hora para voltar nem ninguém para avisar. Nessas noites, me assalta um TESÃO incrível, uma vontade de conhecer outras pessoas e outros corpos quentes, de estar aberta para todos os que hão de vir. É verdade que, recentemente, tenho produzido muito, e essa PRODUÇÃO me permite dar ao mundo o que eu tenho de melhor, e melhorá-lo também. Quando eu acabar, me prometo um belo BANQUETE num restaurante bacana, bem-servido e em boa companhia. E, para coroar a celebração da vida, claro, eu vou é cair na ORGIA!"

sexta-feira, outubro 28, 2005

por isso uma força me leva a cantar...

e eu, que acordei feliz por não ter? acordei feliz porque ontem ele era o cara mais lindo da balada, de cabelo grande certinho igual eu mandei na segunda vez que a gente ficou ("não corta mais esse cabelo!"), bagunçado, barbudo, de camiseta amassada e velha, e lindo, lindo... fazia tempo que eu não olhava pra ele e o achava bonito. nos últimos tempos minha determinação em odiá-lo era tanta que ele andava até feio, gordo, sujo, molambento e fedido. mas ontem... que lindinho!

não, gente, eu não fiquei com ele. claro que não! vocês acham mesmo que eu ia perder tudo que sofri pra me decidir que não vou mais? mas a minha felicidade foi por ver que ele ainda quer, e quer muito, e saber que eu ainda quero, e quero muito, a ponto de não conseguir nem botar em prática minha estratégia de vingança - como eu ia conseguir aguentar um beijinho sem graça de um amigo vendo o melhor beijo que eu já beijei passeando ali do lado? - mas conseguir me controlar, me controlar como uma lady inglesa, ser superior, ser simpática quando necessário e parecer o tempo todo ter esquecido absolutamente daquela presença que dominava o bar todo, que parecia estar sentada em todas as cadeiras e bebendo em todos os copos. e aproveitar minhas amigas queridas que eu não via há tempos, e discutir muita política com meus amigos doidos, e provocar uma menina chata que votava "não", e beber, e dar mole pro meu amigo sem beijar, tudo isso morrendo por dentro.

mas morrendo e renascendo ao mesmo tempo. primeiro porque eu estava de fato me divertindo, mesmo que um lado do meu coração estivesse morrendo, enfartando, parando e voltando a bater. segundo por ver a minha força, a minha determinação - tem coisa mais gratificante do que ter certeza da própria força? e terceiro por ver que ele era o mais lindo, o mais interessante, o mais magnético, e lembrar que, apesar de tudo, passamos muitas noites muito boas naquele mesmo bar e, se não deu certo, paciência, mas, que alegria: eu tive isso! foi bom, foi muito bom, a minha vida seria tão mais sem-graça se essa história toda não tivesse acontecido! e, tá certo, ele pode ter sido um cachorro - e por isso mesmo perdeu -, mas, de certo modo, ele me fez ver que a vida era muito mais do que o bosta do meu ex, que me fazia achar até beijar uma coisa chata nos últimos tempos. não que fosse culpa dele, claro, mas essa é uma outra história...

acho que cheguei exatamente ao ponto que eu queria. porque odiar é visceral demais, é mais forte até do que o amor, enquanto eu vivesse com aquele ódio não poderia ficar em paz. agora, não: cara, eu gosto de você mais do que qualquer outro que possa estar por aí, pelo menos por enquanto. você é o cara, mas fazer o quê? perdeu. foi filha da puta, foi vacilão, foi babaca como todos os homens são. é uma obrigação pra mim lhe dar uma lição. mas posso, em paz, continuar te amando platonicamente (até, claro, aparecer outro: não sou masoquista), sem a obrigação de te esquecer imediatamente, mas sem nunca mais ceder a mim mesma e a você.




a não ser que você me peça perdão de joelhos...

A última bolacha do pacote

Hoje coloquei um vestido novo e saí por aí me sentindo a última bolacha do pacote. Foi muito bom, porque ultimamente nem no pacote eu estava... Aí fui pensando nos meus homens, alguns que passaram pela minha vida deixando alguma tatuagem em mim. Do primeiro filho da puta que conheci guardo a marca até hoje: eu tinha só uns treze anos e conheci esse menino lindo, de olhos verdes, mais velho. Ele me agarrava e me mordia tanto que doía. E depois, fazia igualzinho com muitas outras. Eu, meio sem jeito, não sabia para que tanta mordeção e até hoje meu pescoço carrega uma marquinha herdada do cafajeste que deve continuar vampirizando tudo quanto é mulher por aí.
Muito tempo depois teve o doidinho, que foi lindo de morrer. Não sei quantos ácidos ele tomou, mas o fato é que nunca voltou para o nosso mundo. Era difícil falar com ele, então a gente ficava cantando músicas: eu do meu país e ele do dele. Com o doidinho comi figos selvagens e conheci o melhor beijo do universo.
Teve ainda o que me ensinou tudo. Escondido atrás do mistério, ele foi o primeiro que entendeu que a minha reticência em me entregar de verdade era medo e que não, eu não estava a fim de dar para todo mundo.
Teve também aquele que me mostrou que o amor é bom. Foi o primeiro homem que me tratou bem... Ele pulou a janela do meu quarto para dormir comigo, me abraçou até de manhã, me trouxe café na cama e tinha os olhos mais doces que eu já botei os meus. Depois sumiu...
Nunca esqueci o meia bomba também, que não conseguia fazer o pau subir, tinha ejaculação precoce e o descaramento de dizer que era porque não sentia tesão por mim. Graças a Deus a essa altura eu já era muito mulher para acreditar nessa balela. Ali aprendi que a insegurança masculina é capaz de usar qualquer coisa como desculpa...
Hoje estou com aquele que um dia me disse: quando você estiver pronta me chama, eu venho morar com você. Eu chamei e até agora não sei se eu estava pronta. Mas hoje nada importa: sou a última bolacha do pacote! Nem que seja só por um dia..

quinta-feira, outubro 27, 2005

Coisa boa

Resgatei um texto que escrevi no dia seguinte de uma noite boa...


"Se sinto uma coisa boa por você?
Gosto do seu canto, do seu quarto, dos seus livros, da sua revolução, da sua utopia por um mundo melhor e da sua atitude em torná-lo melhor.
Gosto das coisas com cara de “idéias brilhantes” que você inventa para a sua casa como o pregador vermelho para apoiar a cortina... A rede vermelha, um bom vinho, incenso. Pensei no amor antigo ontem durante a transa, mas ele sumiu da cabeça quando ouvi você tocar o hino da revolução dos Cravos. E ouvir você falar sobre os cravos e quando tocou violão... (toca flauta também...) Cravos, rosas, espinhos, o espinho da flor que não defende a flor, que precisa do espinho para sobreviver: pequeno príncipe...
Desde ontem amo a Revolução dos Cravos e se alguém me dissesse o que pretendo, pois você vai embora daqui a dois meses eu diria que moraria com você esses dois meses e então, iria viajar com você, aprenderia a ser mais revolucionária, mais libertária, mais independente, uma pessoa melhor e desprendida de valores morais e materiais. Não me importo de você dormir com outras mulheres. Também vou dormir com outras pessoas.
Sinto-me bem por você me desejar. Sinto-me bem por você me achar bonita e gostosa. Gostaria que me achasse revolucionaria, culta, inteligente. Sei que acha, mas não deste jeito e isso me faz extremamente insegura com você.
Até das suas roupas bizarras eu gosto. Roupas que fazem você ser o que você é: um caos. Um caos que eu queria entender. Alias, o seu carro é um caos.
Mas ontem você estava quase sereno, quase tranqüilo. E a tranqüilidade com que você me colocou no seu braço e eu dormi... Não tive insônia. Eu não tive insônia!
Eu estou com medo de sofrer porque já estou apaixonada...
Uma linda noite, com direito a várias transas, conversas, incenso, vela, violão, rede e vinho. "

Jogo sujo... Sedutor que me seduziu deliciosamente e como era de se esperar, depois veio um silêncio de dias, dias, dias, dias...

quarta-feira, outubro 26, 2005

sonho que se sonha só é só um sonho

Esta noite me roubou a justeza do sono
O filho da puta, cuzão
que deixou em pedaços o meu coração.
Sonhei que numa casa estranha e enorme cheia de gente próxima mas não sei direito quem, ele chamava uma horrorosa pra dançar, e meu, ele dançava muito, aí largou dela e me chamou.E aí dançamos e dançamos...
Volte terráquea, comentário são e acordado: isso seria uma cena bizarra, pois o ser é enorme, barrigudo, bêbado e desajeitado, mal se equilibra, é daqueles que ficam parados mas num movimento lento giratório em torno de si mesmo.Coisa ótema enxergar estes defeitos, até dói ter achado isso bonito, normal ou atraente.
Bom, aí todo mundo foi embora, e ficamos nós, eu e ele, num colchonete num canto de parede, fazendo aquilo mesmo.Aí acordei.Acordei mal.
Mas aí: o cara nunca me fez gozar.
Fim.

terça-feira, outubro 25, 2005

O QUE ELAS QUEREM NÃO É MOLE

fiquei dando uma olhada nos arquivos desse blog outro dia, e tentei com todas as minhas forças exercitar o que a academia tão gentilmente me ensina na maior universidade da américa latina. trata-se do princípio de distanciamento, fundamental para o trabalho de qualquer humanista. tentei, então, ler os textos com o máximo de isenção e poder analítico, para tentar entender, afinal, o que as mulheres querem - a grande pergunta não respondida de Freud.

vejo aqui um ponto fundamental de consenso entre as autoras dos textos desse blog: os homens, definitivamente, não sabem agir de acordo com o que as mulheres querem. todos os textos trazem reclamações. seja por excesso de zêlo, seja pela falta dele; seja por excesso de canalhice, seja pela falta dela; seja por sinceridade demasiada, seja por mentiras deslavadas: os homens estão sempre fazendo o oposto do esperado (e desejado) pelas mulheres.

"como acertar?", perguntaria um bem-intencionado e preocupado rapaz. "se somos delicados, elas nos chamam broxas; se somos tarados, dizem que somos insensíveis. se damos assistência, somos chamados de possessivos; se somos indiferentes, elas nos consideram sacanas".

o fato, pelo que eu, observador isento e sem sexo, percebi, é que as mulheres não sabem o que querem, mas sabem o que não querem. e espertos e desejados são os homens que erram o menos possível. a vida, meu caro rapaz bem-intencionado e preocupado, é descobrir os "nãos" das mulheres antes que elas tenham de dizê-lo. é se pautar pela negação, porque, como diz o título desse texto, o que elas querem não é mole.

Ode ao Mastruço

Se bem que votaste NÃO no referendo
Se bem que passas muito pouco tempo lendo
E é verdade que, quando fala, me parece russo:
Ainda assim não consigo resistir ao seu mastruço!

Se bem que chegas atrasado no encontro
E ainda diz uma frase-feita, o tonto
Tentando me conquistar como qualquer uma
Não consigo resistir à sua pluma!

E se bem que és magro, pequeno, e tolo
Vê uma mulher como criança diante de um bolo
Ou como um jogador diante da bem-posicionada bola:
Não consigo resistir à sua rola!

Se fosse para escolher, escolheria talvez
Um homem educado, fino, que falasse francês
Mas meu coração sabe, e meu corpo não se engana:
Só consigo pensar na sua banana!

Assim, esse é a minha cruz, e devo seguir
Sonhando que um dia, espontaneamente, você há de vir.
Sem eu ter que esperar, ligar, ficar aflita
Por pura saudade - oh! saudade! - da sua PICA!!!

segunda-feira, outubro 24, 2005

segunda-feira

"você sabe o que é ter um amor, meu senhor?
ter loucura por uma mulher
e depois encontrar esse amor, meu senhor
nos braços de um outro qualquer"

Lupicínio Rodrigues - "Nervos de Aço"


eu mesma não acredito na minha força ultimamente. é sério. eu sempre me considerei fraca, incapaz de aguentar sofrimentos, mimada, manhosa. mas ó que tô aguentando barra atrás de barra esse ano, viu? às vezes dá essa melancolia por coisa boba, que nem agora, que não fui tomar cerveja no meio de expediente com minhas coleguitas porque engorda, porque bebo demais, porque fico culpada, porque não tinha o que conversar, o que contar, nem queria ouvir nada. aí fico melancólica, aproveito pra ligar pro ex pra resolver coisa chata e burocrática, favor pra amiga em comum. e ouvir a voz dele me lembra tudo que aconteceu esse ano todo, e me dá vontade de chorar, não porque eu queria voltar pra ele agora, mas por querer voltar a ser quem eu era quando a gente se amava tanto, tanto. e acabou tão fácil que ele já namora outra e eu ainda, vira e mexe, sem querer que a gente não controla o inconsciente, sonho com ele. e aí me dá uma saudade de coisa impossível, e um despeito terrível, e uma dor profunda de ser tão facilmente substituível.

e aí vem a melancolia de tudo, de ter visto mais uma vez os filhos da puta desse país comemorando o sucesso da manipulação da consciência do povo, gente burra, não aprende nunca! tantos amigos meus sendo burros e acreditando num discurso infeliz, ai! e de estar fodida e mal paga, sem dinheiro, sem perspectiva de nada bom, sem ninguém pra me ligar no fim do dia e dizer que está com saudade, nem alguém pra me olhar de olho brilhando quando eu chego. de me achar tão babaca por todas as tempestades em copo d´água que fiz, por todas as coisas que tentei mudar em mim à toa, à toa; por que fui pôr em dúvida minhas certezas? dá o maior trabalho e depois você vê que não valeu a pena: é tudo básico mesmo, simples, clichê, chavão. não precisava ter ficado pensando em outras possibilidades. é sempre a sua primeira impressão que está certa, pode crer, e sempre a pior possibilidade é que vai ser o veredicto. não tem jeito, o mundo não vai mudar pelas nossas belas intenções. nem as pessoas. as pessoas são sempre iguais, tão previsíveis! se você não acredita nisso, meu bem, está sendo otário. que nem eu fui. não seja, não, que é ruim e dói depois. desencane de mudar o mundo, desencane de ser sincero, o negócio é garantir o seu. ninguém se lembra de você quando está na boa. é assim que é, aprenda a ser igual.

e aí, melancólica, perco minha força e dá muita vontade de chorar o choro acumulado de tudo que segurei numa boa. mas ai: é tanto que dá preguiça. tanta lágrima que não vai mudar nada, sabe? acho que por isso não choro, a dor é tanta, a impotência também, de quê adianta? é isso aí, um ano ruim, mas que muito valeu pra aprender. aprender que não tem jeito, tudo que pode dar errado vai dar errado, e todos que podem ser filhas da puta vão ser filhas da puta. como toda regra, tem sua execeção: quando ela acontecer, comemore. mas comemore muito, porque exceções são raras.

sábado, outubro 22, 2005

Lei de Murphy

A lei de Murphy me persegue...
Quando eu estava namorando tinham dez caras atrás de mim. Todos eles faziam juras de amor, me diziam coisas lindas, aquelas de fazer pensar. Elogios que não paravam mais...
Terminei meu namoro e fui provando um por um. Cada um mais cafajeste que o outro e como se fosse um jogo de dominó eles foram sumindo. Me comiam e sumiam.
Agora começo a ficar com saudade de um amor garantido, de uma cama quentinha, da ligação no final do dia. Queria liberdade e agora tudo que eu quero é aquela segurança que ele me dava. Mas não vou voltar, vou resistir bravamente! Vou de uma vez por todas aprender a ser feliz sozinha! Vou ficar triste, me desiludir bastante, transar com todos os cafajestes que aparecerem e sofrer muito, muito mesmo. Vou me apaixonar, ouvir uma música e curtir a depressão!
Enquanto os dias estão cinzas, não consigo me animar e fico querendo a cama quentinha.
Acho que vai demorar pra eu me apaixonar de novo. Parece que o meu coração está fechado pra balanço, está descrente de todos os homens. Mas eu sei que vou me apaixonar de novo, só não sei quando! Mas Malvinas, aviso: assim que eu me apaixonar, eu juro que escrevo um texto bem bonito e cheio de cores! Enquanto isso, só me restam textos cinzas e sem esperança... Com saudade do amor quentinho...

sexta-feira, outubro 21, 2005

para conquistar uma mulher

a malvina andou escrevendo sobre dez mandamentos, o que me fez lembrar esse forró, bem no estilo forrozão mesmo, simples e direto. tem uma versão bacana com a elba ramalho, mas não sei de quem é. vamos a ver:


dez mandamentos do amor

os dez mandamentos do amor
para conquistar uma mulher
tem que ter carinho, tem que ter jeitinho,
tem que dar aquilo que ela quer

primeiro tudo começa com uma paquera
o seu olhar bem dentro do olhar dela
e com jeitinho lhe tire para dançar
dance mansinho para ela se aconchegar

segundo, papo de derrubar avião
suavemente chamegando em sua mão
terceiro é um cheiro pra sentir o seu perfume
olhando as outras pra ela sentir ciúme

o quarto é brincar no escurinho
ser o lobo mau, e ela a chapeuzinho
o quinto tem que ser bem safadinho

preste atenção, agora, ao sexto mandamento
e ela não vai lhe esquecer um só momento
repita a dose se sentir que ela gostou
na hora H lhe chame de meu amor

sétimo, toque ela e fale de paixão
fale somente das coisas do coração
oitavo mandamento diz para jurar
lhe ser fiel até a morte lhe levar

o nono você diz que vai voltar
diz que é amanhã, que vai telefonar
o décimo...
deixe ela esperar!

quinta-feira, outubro 20, 2005

por que só eu me fodo?

estou numas de tpm e inferno astral. ok. mas, olha: tá foda. tem vezes que parece que o mundo inteiro está se dando bem, menos você. aí vem a pergunta, que mais do que "por que eu?" é "por que SÓ eu?". parece que pra todas as pessoas com quem eu convivo está tudo às mil maravilhas, menos pra mim. ontem fui no bar. encontrei dois amigos, cada um com sua gatinha. um deles foi chutado pela namorada há uns meses, ficou mal. ontem tava lá, feliz da vida. a ex também está se dando bem, ficando com um lindinho dos mais lindinhos (ai, vida, por que não eu?).

minhas amigas parecem todas ótimas. as que se fuderam, já estão se dando bem de novo. uma saiu de um casamento com um caiçara e já está quase namorando um intelctual. a outra decepcionou-se com um sacana e quase no mesmo dia já estava se agarrando com um outro. e assim permanecia ontem. as pessoas ganham prêmios, fazem viagens, encontram velhos e novos amores. e eu só me fodo.

quem bateu o carro? quem viu o moço beijando outra? quam quase pisou numa criancinha que dormia inocentemente na balada? eu. só me fodo. e o pior nem é isso: sou só eu. não tenho ninguém pra compartilhar minha triste sina, e ainda por cima tenho que ouvir, feliz, as conquistas alheias. parece que o mundo está em festa e não me convidou.

não tenho nada de legal pra contar. sou chata e só reclamo. e me fodo. as únicas novidades que tenho pra contar e quando acontece mais uma coisa bizarra e terrível. não tenho dinheiro, não consigo emagrecer, não estou a fim de ninguém, nem vou viajar. não conheci nenhuma pessoa bacana. não fui em nenhuma festa, não ganhei nenhum prêmio, nem tirei uma nota boa na faculdade. não escrevi nenhum bom texto nos últimos dias, não descobri nenhuma música nova, nem recebi um telefonema inesperado.

tê de saco cheio dessa porra toda.

Pérolas de outrora

Tem um colega meu de trabalho que tem pra lá de 60 anos e é um poço de sabedoria. Todo dia, ele chega com uma pérola nova, contando para nós o que acontecia na sua época. Na verdade, ele e um outro colega, da mesma idade, costumam disputar quem lembra de mais coisas do arco-da-velha. Ficam falando "eu sou da época do...". Hoje, ele soltou duas frases que são pérolas do machismo do seu tempo. Por amor às Malvinas, divido-as com vocês:

- Mulher, se não tivesse xoxota, eu nem cumprimentava.

- Mulher que conhece mais de uma pica, em duas não fica.

Beleza, hein?

Sendo Deus mulher

Engraçado, há milhares de deusas mulheres nas mitologias antigas e cntemporâneas, mas eu, pelo menos, nunca ouvi falar de uma Deusa única que seja mulher. Os monoteístas, os caras que piram na invenção de uma origem para toda essa balbúrdia que se chama humanidade, são uns caras, e querem ter um Deus à sua imagem. Beleza. Mas está na hora de lançar as bases de uma crença na Deusa todo-poderosa, à nossa imagem e semelhança. Se Deus fosse mulher, os dez mandamentos seriam muito diferentes:

1 - Não deixarás de ligar no dia seguinte.
2 - Não xavecarás outras mulheres na frente da amada.
3 - Não beberás até cair, chegando na casa da amada cheirando a pinga para que ela te cuide.
4 - Não levarás ela para reuniões com seus amigos onde se fala só de rock da década de 80, carros, motos, peitos, futebol.
5 - Não olharás para o lado, distraidamente, quando ela conta sobre seu trabalho, dizendo "muito bem, muito bem".
6 - Não a trairás (nem sequer cogitarás traí-la) com as amigas dela.
7 - Não reunirás amigos bêbados na sua casa até altas horas da noite quando ela quer dormir.
8 - Não darás mostra de impaciência em reuniões da família ou das amigas dela.
9 - Jamais elogiarás a ex.
10 - Não questionarás o ciúmes, o nervosismo, as crises de choro e a TPM dela; entenderás, apenas.

terça-feira, outubro 18, 2005

É tudo culpa de Mercúrio

Meu horóscopo de hoje:

Mercúrio em trânsito pela sua Casa 5 pode também sugerir uma fase inquieta no que diz respeito a romances e flertes, e você pode sentir um impulso natural para “jogar mais charme”. Isso não deixa de ser um bom exercício, até porque este “jogar charme” não tem necessariamente uma conotação sexual, podendo ser simplesmente um exercício mais consciente de seu carisma sobre o mundo.
Aaaaaaaaaaahhhhhhhh...

quem gosta de mulher é mini-blusa

tem um ditado que diz: "homem gosta é de homem; quem gosta de mulher é mini-blusa". sempre dei muita risada com isso, porque acho que define muito bem um lado do caráter masculino.

uma vez um namorado meu sumiu, sumiu um fim-de-semana inteiro. não, isso não era do feitio dele, pelo contrário: ele era insuportavelmente presente. fiquei, naturalmente, desesperada de desconfiança e ciúme. no domingo o cara me aparece. sabem onde ele tinha passado o fim-de-semana? na casa de uma amigo, jogando videogame com um bando de moleques, bebendo, cheirando e fumando maconha. e não era mentira.

esse namorado meu deu as maiores provas dessa lógica. fora todas essas trocas (eu pelo videogame/ futebol/ bar com os amigos), tem a célebre questão da disputa. tá certo, eu acho um horror essa mulherada se pegando pelos cabelos por causa de homem, e pior ainda brigar com uma grande amiga por um babaca qualquer que no fim vai sacanear as duas. mas tudo tem limite, né? ficar com namorado, rolo, amor da vida, ex-namorado e ex-caso (a não ser que previamente liberados) não pode, né? sacanagem da grossa, coisa pra brigar feio, mesmo que depois perdoe.

pois é. mas homem parece ser diferente. embora o pior pavor da vida deles seja justamente ser trocado, ser corno, eles têm uma filosofia bem mais "comunista" em relação às mulheres: já catou? passa adiante. que nem uns conhecidos meus que têm um bar: a mulherada é total esquema "rodízio" com eles.

e mesmo quando é amigo, e quando é namorada. imaginem a história (voltando a esse meu ex): a gente começou a namorar e eu ainda estava bem enrolada com um amigo dele. durante todo o nosso namoro, o cara me infernizou a vida, me tentando. o meu ex ficava puto da vida, com razão, mas pasmem: só comigo que ele brigava! não que ele não tivesse razão (ele tinha), mas penso se fosse comigo. se eu e uma amiga estivéssemos meio que disputando um cara, eu começo a namorar o cara, e ela continua dando mole descarado, a primeira coisa que eu vou fazer é ir falar com ela, porra! "querida, sai fora, eu ganhei, vc está fora, é meu namorado, e que me respeite!". pô, é lógico. mas eles não, continuavam na boa, tomavam cerveja juntos (provavelmente falando mal de mim) e até se telefonavam! aí um dia aconteceu o que devia ter acontecido dois anos antes: bêbados de uísque, saíram na porrada. de quebrar nariz e tudo. "bom", pensei, "agora pelo menos acabou a hipocrisia. vão se odiar pra sempre". gente, mas pára tudo!! na semana seguinte (não estou exagerando) chego na casa do meu ex e quem está lá? o dito-cujo, de costela deslocada e tudo. eu fiquei super sem-graça. nunca vi uma coisa dessas.

fico pensando que isso só pode ser por insegurança, e não por desprendimento mesmo. acho que eles têm tanto medo de ser dominados emocionalmente pelas mulheres como o são pelo tesão que têm por elas, que fazem essa moral de "clube do bolinha", onde menina não entra e nem importa, onde a mulherada é de todos e serve só para terem o que contar uns aos outros depois. eu não posso acreditar que sejam assim tão desprendidos.

mas que eles preferem um bom são paulo x corinthians na tv de 50 polegadas da casa de não sei quem (regado a cerveja gelada e maconha), do que uma noite romântica com a mulher da vida deles, não tenha dúvida. quem gosta de mulher é mini-blusa.

Defender ARMA é coisa de homem

Cansei de ouvir or argumentos mais babacas em defesa do "direito" das pessoas continuarem comprando armas - em última instância, o direito de comprar, e usar, um objeto feito com o único fim de matar alguém. "As pessoas de bem compram armas sem a pretensão de usá-las", "Você fixaria na sua porta um cartaz dizendo bandidos: aqui não temos armas?", "Sem armas focaremos nas mãos dos bandidos com seus armamentos pesados" etc etc etc.

A única coisa que, até hoje, não ouvi ninguém dizer, é que esse é um debate entre homens. Como Malvina, posso dizer isso sem medo de parecer simplista ou generalizar demais, sem um estudo teórico aprofundado sobre o tema, mas por constatação empírica, mesmo. Afinal, que mulher teria a pretensão de sacar uma arma diante de um roubo? Que mulher daria uma de valentona e, para "proteger" sua família ou seus bens, correria ao armário para sacar o seu 38 e apontar na cabeça do malfeitor que lhe invadiu a casa? E - valha-me Deus! - que mulher se sentiria mais segura sabendo que há uma grande e poderosa arma descansando em seu armário?

Não, Malvinas, isso tudo é papo de homem. Só uns Neandertais como eles seriam capazes de acreditar que podem se safar, ou salvar seus bens, diante de um ladrão bem armado e muito mais bem treinado. Só uns bobões como eles reagiriam num assalto, ou se tivessem a sua casa invadida (claro qua chance de tomarem um tiro na cabeça é bem maior, mas eles jamais vão admitir isso). Fetiche, o mesmo que eles sentem por carros, e que transforma certos objetos em prolonamento dos seus pintos pequenos e flácidos, muitas vezes: a própria materialização da sua masculinidade.

Ninguém fala que o número de mulheres presas com porte de armas é brutalmente menor que o de homens. Que as mulheres são minoria absoluta em casos de assalto à mão armada, latrocínio ou seqüestro. Porque nós temos mais o que faze da vida; estamos preocupadas com coisas mais importantes, como gerar a vida ou cuidar dos babacas dos caras metidos a valentões quando quebram a cara.

Tem mais. Ninguém vai lembrar que, dentre as brigas de vizinho e as brigas domésticas, são as mulheres que acabam levando a pior? Que o número de assassinatos por ciúmes e bebedeiras recai pesadamente sobre as mulheres? Não. Continuam, os babacas, discutindo entre si sem olhar ao seu redor. Haja paciência!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Peço licença para adentrar essa porta...

A música foi ficando mais alta, eu fechei os olhos e ela se transformou em formas geométricas concêntricas. Por causa do teto baixo, todos estavam sentados, mas eu balançava o corpo em pé, entregue ao ritmo e aos triângulos. Eles eram isóceles. Um homem delicioso me pegou para dançar. Ele se mexia de um jeito só dele e eu virei boneca de pano para acompanhá-lo. A boca sorrindo, os olhos fechados e ele dizendo: você dança tão bem. Out of the blue, começou a recitar poesia. Uns versos secos, bonitos, que combinavam com o tipo pura ginga que ele era. Eu só olhava. E ouvia. Podia ser bonito, mas não era. Porque ele parecia saído de uma loja de homens roots em Miami. Ele era tão real quanto a Xuxa. Cada coisa que ele dizia tinha um objetivo definido e calculado por trás. A poesia queria impressionar a menina pequena que não bate a cabeça no teto. A poesia foi seguida de um beijo, mas os meus lábios fugiram. Me refugiei no ex. Ele estava lá também, ao lado de uma garota de peitos oferecidos que se achava bonita e só isso bastava para fazer com que fosse. Eu não queria que ele ficasse com ela. Puro egoísmo. Há muito tempo não estamos juntos, conseguimos chegar ao somos bons amigos e eu sou casada com outro faz anos. Tive que me segurar para não soltar uma ironia qualquer, coisa de bicho ferido, mulher vingativa. Meu corpo se atracou ao do ex, numa dança gostosa, familiar. Cheiro, mãos, coxas balançando e a certeza de que nunca dormiremos juntos de novo. Porque eu não quero. Nem ele, acho. Mas no espelho do banheiro eu me olhei e disse: não vou dar, mas vou flertar, so what? Que merda, mas isso faz com que eu me sinta viva. Paramos bruscamente, os corpos loucos para cruzar a fronteira estabelecida pela mente, pela educação moral e cívica, pelos bons costumes, pela culpa, pela parte homem do centauro. Um menino-tipo-gatinho-loirinho me levou de volta para o salão. O mesmo que tinha deixado meu ego puto da vida meia hora antes porque chamou a amiga que estava sentada comigo na mesa para dançar e nem olhou para mim. Agora que eu estava cheirando a fêmea, ele me queria. Agora que a bebida e a maconha me deixaram um pouco mais prepotente ele vinha com aquele sorriso meigo-cuida-de-mim-preciso-do-seu-amor. Retribuí com o meu olhar-malicioso-fingindo-candura e rodamos juntos pela pista felizes. De vez quando eu olhava para a porta para ver se o homem que mexe comigo como ninguém chegava. A zabumba repicava contente e o cara gente boa me convidou para uma dança. O cara gente boa é uma categoria que faz do mundo um lugar mais respirável. Ele não tem malícia, por isso é desinteressante como parceiro mas um grande candidato a amigo de verdade. Esse ainda era bonito, o que é raro no cara gente boa, e com ele me senti leve. As mulheres que casam com o cara gente boa costumam ser felizes. Quando a banda parou, de repente não fazia mais sentido eu estar lá. Troquei palavras desconexas com o ex e resolvi que precisava ir embora. No carro, fui imaginando meu amor dormindo na cama, quentinho, esperando eu chegar. Fiquei transbordante com a lembrança. Quando meu corpo brinca de fazer promessa para outros, é para ele que eu quero voltar e dormir abraçadinho. Eu sou uma filha-da-puta.

agora é só mais esse restinho de ano

Eu tinha postado aqui, há umas duas horas atrás, fragmentos de uma carta que eu escrevi pra uma pessoa que não ia nunca lê-la, porque não merece saber que eu ainda perco meu tempo pensando nas sacanagens que ela me fez. Fui olhar o blog e me irritei profundamente com aquilo, e resolvi apagar. Fico na dúvida porque o final era bacana, mas só o final mesmo. Fico pensando em quanto tempo perdi me desgastando emocionalmente com quem não merecia, e o quanto agora estou cansada e sem ânimo pra ter qualquer emoção de novo. Por causa de uma “criatura que me fez tão triste assim”. Estou fraquinha, fraquinha, sem graça. Sem graça nenhuma pra escrever, pra conversar ou fazer piada. Pra discutir, pra beber e pra sair na balada. Mesmo que eu continue fazendo tudo isso. Tá tudo sem gosto. Sem sal. Sem lemón.

Mas agora é só mais esse restinho de ano, prometo. Depois vai ter muita Bahia, sol e mar pra me deixar feliz. Muita maconha bem fumada e ácido bem tomado, água-de-coco e capeta na balada. Caminhada na areia vendo a forma dos coqueiros. Muito calor na hora que a gente acorda, e ressaca curada no primeiro mergulho. É só isso que eu preciso.

E pra não dizer que joguei tudo fora (já que o original rasguei) fica aí o finalzinho do meu desabafo:


(...) POR QUE VOCÊ MENTIU? Se você não tinha a menor consideração por mim, como mostrou, por que se dar ao trabalho de esconder, mentir?
O que eu quero deixar claro é que não é por ciúme, nem por querer te ter só pra mim, que eu fico muito puta. Mas "dona", não. "Dona" a ponto de você se deixar beijar na minha frente, sem o menor constrangimento, aí não dá. Se você tem "dona", filho, vai pra casinha e não fica dando uma de vira-lata. Você me fodeu, Homem. Só pela sua mania de querer parecer bonzinho. De ser o cara legal. Ou então por ser canalha mesmo, por ter prazer em foder os outros. E eu gostava de você, porra. Te achava muito bacana e estava muito disposta a ser bacana com você. Agora, quero mais é que você se foda, de verdade. Te vejo e tenho vontade de te ver se dando mal. Tenho ódio cada vez que você sorri como se nada tivesse acontecido. Fiquei com mais nojo e medo do que tesão quando você me abraçou e tentou me beijar. Você foi muito babaca, porque podia ter evitado tudo isso sem necessariamente perder a sua diversão de quarta-feira de chuva. Era só jogar limpo. Mas isso é difícil pra gente desonesta, né? Eu não. Eu sou honesta e não vou te tratar como se nada tivessse acontecido. Pode guardar essa sua carinha de cachorro que quebrou o pote pra tua "dona".

De ser homem

Quando estávamos viajando, eu e três grandes amigas, eu repetia, sempre que encarava alguma reação delas "franga" demais pra mim:

- Inda bem que eu nasci homem.

Não é bem que eu tenha nascido homem, mas sempre tive cá os meus lampejos. Entendo a paixão do homem, entendo o tesão do homem por uma mulher, entendo mesmo. Já não entendi muita coisa, quando a coisa era comigo (porque queria que fosse diferente), mas de fora, sempre. E sinto, tem muita coisa que eu sinto como eles. Daí eu queria saber a opinião das Malvinas (e afiliadas). Não tem uns homens em que vocês têm absoluto tesão? Tipo, tesão, tesão e só, vontade de trepar até o amanhecer. Sem sonhar em casar, nem em namorar: tesão.

Você encontra um deles, na balada, e já sente o corpo todo formigando, uma coisa de pele, mesmo. Quando ele chega, com aquele sorriso safado (nada como um sorriso safado!) e, vem enconstando, quente. Tão perto que dá para sentir o cheiro dele, puro, ou com algum perfume de leve e barato. E suado. Os cabelos roçando no seu rosto, o bafo de cerveja e talvez um cigarro, uma maconha fumada minutos antes. Dá pra sentir o gosto dele daquela distância, e é uma mistura de calor e relaxamento que se espalha no seu corpo. Vai se espalhando, assim, desde o ponto onde ele toca no seu braço, no seu pescoço, com os dedos grossos, até todas as extremidades. Se bobear, até treme.

E ficar observando ele, quando dança passeando os olhos discretamente em você e desviando o olhar; e quando fala com os amigos, soltando o jeito de ser, para em seguida se agarrar numa conversinha cheia de charme com alguma mulher. E ver ele novamente se montando de Homem, jogando ali um olhar, um sorriso igualmente encantador pra ela. Você vê, nos cantos do bar, outras mulheres mirando aquele pedaço e o desejando. E você sabe que ele vai ser seu. Quando você quiser.

Não é só um, são alguns os que me tocam assim. De olhar, de respirar. Isso, eu entendo. Profundamente. Sou homem?

domingo, outubro 16, 2005

Das surpresas da vida e espasmos que tomam conta do meu corpo e do medo misturado com tesão e saudade e incerteza do que devo fazer

... ele ligou.

Façanha antiga

Acabo de encontrar um texto em que descrevi uma das noites mais bizarras da minha vida, e que me ensinou muito sobre os homens e as mulheres. Em grande parte ele é responsável pela vontade de ter um blog para botar a boca no trombone. Porque tem certas coisas que não podem passar em brancm, merecem ser contadas! Vamos a ele:

Alguma semana de julho de 2005.

Meninas:

Mais porque ontem foi uma noite daquelas que mudam a vida da gente, e porque vocês minhas meninas têm sido espectadores amabilíssimas dessa novela mexicana que tem sido a minha vida nos últimos tempos, bom, resolvi dividir com vcs. Ok, onde paramos? Nunca mais tinha visto o Homem-Casado-Que-Me-Seduziu-Até-me-Deixar-Louca-e-Depois
Preferiu-Ficar-Com-Ela, certo? Bom:

Estava ciceroneando um gringo que é nosso amigo em comum. Nos conhecemos durante uma viagem. Sabendo que o gringo vinha, mandei e-mail para todo mundo, pra ver quem podia cair na balada com a gente. Eu indo me encontrar com o gringo, no meio da Rua, o Homem liga:

- Oi , tudo bom? Sabe, eu vou levar a minha Mulher, tá?
- Não!
- Ah, não? Pensei que por vc tudo bem...

(pausa: alguém conhece um homem assim tão cretino??? Ou tão egocêntrico, sem coração, escroto a ponto de nem pensar adiante do próprio nariz??? Eu não)

- Ah, eu queria apagar o fogo, mas acho que não é assim... - diz ele.
- Não é.

Coisa vai coisa vem, eu vou bebendo, mais o gringo, e uns amigos num bar, tequila, cerveja, vinho, tudo pra esquentar para o showzinho sambado que ia rolar dali a pouco. No meio do papo, eu já trilili, ele me liga:

- Onde vcs estão? Não dá mesmo para ir aí?
- Ah, meu... Sei lá. Ela topa?
- Claro. Por ela, tudo bem.
- Ah...
- A gente tá indo praí!

Bom, moçada, eis que vem o viado com a esposa, e porra, imagina meu coração, fiquei dançando até não agüentar mais com medo de encarar a moça. Mas aí encarei - caralho, gostei dela de primeira olhada, como achei que gostaria. A mina é o máximo! Já de cara:

- Estou feliz em te conhecer.
- Eu também.

E dançamos, conversamos, bebemos e a verdade é que somos muito muito muito parecidas, como no Bizarro World, do Super Homem, sabe? Que tem um mundo paralelo com figuras parecidíssimas com a gente? Ela é meu bizarro world. Mesmo mesmo mesmo.

Conversamos um tempão e dava pra ficar papeando mais, a essa hora meu coração tava tão em frangalhos e o cérebro tão aguado que foda-se. Para ele, nem olhei.

Mas daí ela puxou o assunto:

- O Homem ficou mesmo apaixonado por você, eu sei. É foda.
- Eu sofri muito pelo Homem.
- E eu sofri muito por você.
- Eu ainda sofro.

Ela senta, respira fundo:

- Peraí, eu preciso de uma cerveja.

Vai. E volta dizendo:

- É bom a gente conversar assim, é bom pra mim e pra vc
- Eu sempre soube que vc é foda. Olhei seu nome no Google, tem mostra de cinema, prêmio, documentários...
- Eu tb olhei o seu! Tem um monte de coisa, né?

Gostei mesmo da mina. Mas ela:

- Diz pra mim, vcs se viram depois da viagem?
- Não vamos falar disso..
- Vamos. Se viram? Por favor...
- Sim, e muito. Olha, o Homem não enxerga um palmo na frente do nariz, é egocêntrico como o quê. Aliás, meu, parabéns por segurar essa onda, vc é forte, muito mais do que eu, eu não aguentava... Vc é de que signo?
- Libra.
- Eu também. Setenta e nove.
- Eu tb.

Bizarro world. Ela falou que ia pegar uma cerveja, foi, não voltou mais. Ficou lá, meio conversando com ele, abalada. Acho que quem tá do outro lado imagina tudo difente, né? Essa hora eu já tava tão relaxada, tão taca-um-foda-se mesmo, que ainda ameacei jogar um copo de cerveja na cara dele se me dirigisse a palavra e sussurei no ouvido dela, na despedida:

"Vieram me procurando
Sobre os problemas do amor
Vieram me procurando
Sobre os problemas do amor
Quem inventou o amor
Não fui eu
Não fui eu
Não fui eu
Mas eu não sei quem foi..."

E fim.

sábado, outubro 15, 2005

Sábado nublado

Vou trabalhar, deixar a porta fechada, vou sumir, vou me enfiar em um mundo de letrinhas pequenas e sentidos que a gente arranca das coisas, vou tirar férias do mundo lá fora, vou fugir, vou sumir. Escrever é como desaparecer. É bom demais. Enfiar-me no trabalho. Um vez mais, e para sempre.

Cantem comigo ( parte II -- karaoke)

Pegue o microfone
Abaixe a cabeça e olhe pro chão
Leve a mão ao peito
E feche os olhos

Vamos lá:


Como é que uma coisa assim machuca tanto
Toma conta de todo meu ser
É uma saudade imensa que partiu meu coração
É a dor mais funda que a pessoa pode ter
É um vírus que se pega por mil fantasias
Num simples toque de olhar
Me sinto tão carente em consequencia desta dor
Que não tem dia e nem tem hora pra acabar
E AÍ MINHA GENTE???
E AÍ?? HEIN HEIN HEIN???
Aí eu me afogo num copo de cerveja
Que nela esteja minha solução
Então eu chego em casa todo dia embriagado
Vou enfrentar o quarto
E dormir com a solidão
ME DEUS NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕOOOOOOOOO
Eu não posso enfrentar esta dor
QUE SE CHAMA AMOOOOORRRRRR
Tomou conta do meu see-eerrrr
Dia dia pouco a pouco
Já estou ficando louco
Só por causa...de vocêêêêê.


SCORE: 099

dias melhores virão

sim, eu estou bicuda. bicudíssima. tomei vodka, cerveja, catuaba, e no final da noite cheirei muito pó. são cinco da manhã; talvez amanhã eu apague esse texto.

a malvina, uma outra, que nunca escreveu, amiga de outra malvina que escreve sempre, perguntou se podia escrever sem ser de homem. eu sentei aqui pra escrever outras coisas: pra escrever as coisas bacanas que eu estava falando com o namorado da minha amiga, que faz mestrado na filosofia. meu colega, meu veterano de prédio do meio, um cara fascista, mala e cheirador, mas muito muito inteligente e muito muito bacana. um cara legal pra se conversar. a minha amiga, coitada, que nem cheira, fica até de manhã sempre aguentando nossas discussões bizarras. aí a gente fica na briga: filosofia x sociologia.

sabe? eu adoro. eu adoro saber que a minha vida é interessante. que sou uma pessoa que pensa, que é inteligente, que gosta de analisar, discutir. que tem outras coisas muito mais bacanas do que ficar aguentando cafajestes, ou mesmo, sendo mais realista, caras que "simplesmente não estão a fim de você" - as aspas são por causa de um livro, sei lá, do autor de "Sex and the City", alguma coisa assim, roteirista, que escreveu uma dessas porcarias de auto-ajuda.

sei lá, to muito louca. com certeza vou apagar esse texto. até porque queima o filme do blog: pó. pó é feio. é uma droga-tabu pra classe média. vicia. é o mal. mas não é tanto, é brincar com o perigo, mas é uma droga. só mais uma. não sei se pior que as outras - no sentido de viciar. a que tenho mais medo é álcool. álcool é do mal. pó também, mas mais caro, mais difícil. álcool tá aí.

mas voltando: eu sou muito mais do que essas babaquices que escrevo aqui. eu sou uma romântica babaca. mas na verdade posso ser mais. por que essa busca pelo emocional? posso me divertir mais com o racional. pensar menos em besteira, em ilusão, em tratar a vida como uma novela mexicana. saco, que merda, to bem louca e não sei o que estou falando. ou sei. queria muito uma malvina aqui do meu lado. pó demais. racionais. sei lá, eu quero estudar, quero fazer muitas coisas, mas tenho preguiça-preguiça. será que não fico me gastando demais nesse emocional louco?

ai ai ai que bizarro esse texto. esse blog. esse som. essa solidão. não vou conseguir dormir, talvez um buraco online? no way. a lua cheia clareia as ruas do capão.

sexta-feira, outubro 14, 2005

morango

tem gente que não tem noção do ridículo. isso é triste. tem gente que é tão autocentrado que lhe é impossível ter alguma remota idéia do que o coleguinha ao lado está pensando ou sentindo. isso é irritante. tem gente que se acha uma flor de bondade (quando ninguém no mundo é, talvez exceto uns padres da Pastoral da Terra ou umas freirinhas da Cruz Vermelha). isso é perigoso. e tem gente que consegue ser a três coisas ao mesmo tempo - isso é ainda mais comum no caso de espécimes masculinos:

CENA I - Casa do Homem
HOMEM (bêbado) - Linda, eu não sou sacana, tudo que eu não sou nessa vida é sacana, olha, se eu fiz alguma coisa errada com você, ou fizer, é sem querer.
MULHER - ... (suspiro)

CENA II - Boteco
A mesma mulher que ouviu o discurso da cena anterior está parada na calçada, entre mesas, de frente para o homem que o proferiu, que está sentado. Uma terceira mulher se aproxima e beija o homem. O homem a beija sem se preocupar com a primeira mulher, que vai embora desconcertada.

CENA III - Carro
HOMEM - Mulher, mulher, você está chateada comigo? (depois de algumas cenas explícitas de ódio protagonizadas pela mulher)
MULHER - ... (olha pra janela, em dúvida se vale a pena se jogar por ela. Muda de ídéia e diz): Não, meu querido, mas como eu ia dizendo a Rádio USP à noite é super bacana, tem uns programas de jazz e tal.

CENA IV - Porta da casa da Mulher
Homem tenta beijá-la, ela vira a cara. Homem faz cara de inacreditável surpresa.
HOMEM - ãããã... que? ããã... ????
MULHER - Boa noite, meu filho.

sem palavras, né mulherada? olha, mulher pode ser chata (eu assumo), mas homem, quando dá pra ser patético, canalha e egoísta, não tem igual.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Sem açúcar

Não, não consigo dormir, não consigo pregar os olhos, fico fritando a noite inteira na cama – e olha que eu adoro dormir, mas quando eu apaixono não. Não consigo. Ontem encontrei o rapaz, me parece ainda mais bonito e ainda mais tesudo, ele vem me cumprimentar por primeiro, me sorri no melhor estilo canalha, aquele bem gostoso, e me abraça, um longo e apertado abraço e eu já não solto, os corpos se reconhecendo, se encontrando nas pequenas curvas, aquele pinto lindo endurecendo... Assim.

- Demorô para a gente se ver, né?
- Você não ligou..
- Ah, uma pá de problema, meu telefone tstststs, tô sem internet chchchchchc, sem tempo crcrcrcrc... blablabla. Mas você sabe como me achar!

E eu já não largo mais, ele me beija, ele me vem e vai a noite inteira, me beijando, me pegando, eu estremeço, eu suo, eu fico paralizada, não respiro - é incrível o que ele faz comigo. E ontem eu vi, bem como eu previa: o rapaz vive cercado de um harém, tem um monte de gostosas querendo dar pra ele. A noite inteira. Cadê a senha?

- Ih, esse aí é canalha, tá na cara. – me avisa uma Malvina de plantão, vendo a figura.

Mas é, e daí? Agora é a minha vez! A vida toda fugi dos canalhas, a vida toda só tive mocinhos bonzinhos que me amaram demais, e agora um feitiço, sei lá, só me aparecem canalhas... E cada canalha bom, sô! Porque, a bem da verdade, como vocês já estão cansadas de saber, eu quero mais é foder. Foder bem. Gostoso. Conversar. Tomar cerveja. Foder de novo. Que eu mereço.

Se o rapaz tem um harém, se ele vai comer um monte de gente, eu vou também, né? Mas eu quero – dá pra negar? – eu quero esse moço, esse moleque, esse canalha, esse rapaz. Nu, magro, pequeno, cheio de colares, forte, embaixo de mim, em cima, quero ele ofegando, quero um revirar de olhos, quero a bebedeira, a boemia, as drogas, o corpo, o cheiro, a alma. Meninas, está decidido: vou devorá-lo.

- Já vai?
- Vou, a carona tá indo embora...
- Vamos nos ver essa semana? Ou semana que vem?
- Se você me ligar...
- Eu ligo.

Liga? Não liga? Vai saber. Sofrer não vou, querer eu quero, loucamente, mas não me enredo mais no trançado enganoso do amor. Se vier, que venha, mas que venha todo. Tô aqui. Senão, outros virão, que a vida é bela e os meninos, ah, esses são belíssimos!

morangochocolate

e já que a malvina inaugurou as letras de música... e já que hoje é quinta-feira de uma semana com um domingo no meio, e já que tem músicas que falam pela gente... uma bem bonita pra vocês, morangochocolate que nem eu estou agora.


Noites cariocas
(Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho)

Sei que ao meu coração, só lhe resta escolher
Os caminhos que a dor sutilmente traçou para lhe aprisionar
Nem lhe cabe sonhar com o que definhou
Vou me repreender pra não mais me envolver nessas tramas de amor
Eu bem sei que nós dois somos bem desiguais
Para que martelar, insistir, reprisar
Tanto faz, tanto fez
Eu por mim desisti, me cansei de fugir
Eu por mim decretei que fali, e daí?
Eu jurei para mim não botar nunca mais minhas mãos pelos pés

Mas que tanta mentira eu ando pregando
Supondo talvez me enganar
Mas que tanta crueza
Se minha certeza é maior do que tudo o que há
Todas as vezes que eu sonho
É você que me rouba a justeza do sono
É você quem invande bem sonso e covarde
As noites que eu tento dormir bem em paz
Sei que mais cedo ou mais tarde
Eu vou ter que expulsar todo o mal que você me rogou
Custe o que me custar vou desanuviar
Toda a dor que você me causou
Eu vou me redimir e existir mas sem ter que ouvir
As mentiras mais loucas que alguém já pregou
Nesse mundo pra mim

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vai ter um covarde pedindo perdão
Mas sei também que o meu coração
Não vai querer se curvar só de humilhação

quarta-feira, outubro 12, 2005

Última bolacha?

Pra todos aqueles homens que estão achando que são a última bolacha do pacote, atenção: vocês são a primeira depois de uma bela feijoada! Não, obrigada!

Diálogos que causam enjôo:

mulher - Vou te abandonar logo mais...
homem idiota um - Não, tudo bem, estou sem pretensões hoje!
mulher - Ah é?
homem idiota um - É, mas eu posso te beijar, mas também posso fugir logo mais!

Vai com dormir com outra mina logo mais e ainda espera que eu beije? O que? (vomito)

mulher - Vamos sair pra tomar uma cerveja? (era quarta-feira)
homem idiota dois - Ah, hoje eu to cansado, vamos sair no sábado?

Sábado? Acorda né negô? (vomito)

Espero achar um homem que não seja apenas um homem que quer uma boa sobremesa!
Não quero mais um trabalho igual a todos os outros, não quero amigos iguais a todos os outros, homens iguais a todos os outros, não quero qualquer coisa, não quero ser mais uma mulher, espero conhecer pessoas especiais, espero mais do mundo e mais das pessoas, quero admirar as pessoas...

terça-feira, outubro 11, 2005

superbonder já

faz um tempo, alguém me disse (ou será que li em algum lugar?): "meu coração está tão partido que dá até pra ouvir o barulho dos caquinhos balançando". ok, não é um primor da imagem literária, mas define muito bem a minha sensação quando fazem meu coração parecer um copo quebrado no saco de lixo.

eu me lembro mais ou menos quando me dei conta de porque o coração representa o amor; é pelo motivo mais óbvio do mundo: porque a gente realmente sente no peito algumas coisas. tipo, é uma sensação física, né? coisa idota estar falando isso, mas por incrível que pareça, realmente teve um dia em que eu senti a dor no meu coração e falei "ah, é no coração mesmo que a gente sente". e isso não faz tempo, não, coisa de dois ou três anos atrás.

foi uma descoberta incrível; passei a prestar a maior atenção nas sensações que as coisa produzem no meu peito. ciúme? nossa, um aperto desgraçado, parece qua alguma coisa vai explodir lá dentro. indiferença alheia, fim de namoro, rejeição? aí dói, dói de verdade, a vontade que dá é pegar uma faca, abrir o peito e tirar o maldito de lá pra parar de doer. amor? fica tudo quente e parece que tem uma nuvenzinha rosa saindo pelos poros.

mas voltando, que eu ia falar sobre os caquinhos e não sobre as (outras) idiotices que eu fico devaneando antes de dormir. então, os caquinhos, é mais ou menos assim que funciona:

o coração de todo mundo é um potencial amontoado de caquinhos. quando você está na barriga da mamãe, eles estão lá, tranquilinhos e juntinhos, sem quebrar. a partir do momento em que você nasce, pode ter certeza: sua vida inteira vai ser um quebrar e consertar de caquinhos. eu sempre gosto de citar o Peter Pan, ou melhor, o cara que escreveu o Peter Pan (que eu não lembro o nome), que diz que a maior mágoa na vida de uma criança (de todos nós, afinal já fomos crianças) é quando ela sofre a primeira injustiça. incrementando a teoria do cara, acho que essa é primeira vez que os caquinhos se soltam. mas criança também esquece as coisas muito rápido, e logo eles estão coladinhos, no lugar, de novo.

aí vai indo conforme as fases da vida. na adolescência, aqula tiração de sarro por ser gordinha, ou por ter cabelo ruim, ou por usar aparelho, ter língua presa, sei lá, se vem dos colegas em geral, tira só um pedacinho de caquinho, só um ou outro que dá uma cortadinha; mas se vem daquele menino que você tanto gosta, com apoio daquela menina "perfeita" que você detesta, pronto: é de novo um amontoado de caquinhos.

depois você vira adulta (ou meio adulta, pelo menos) e vai tentando aprender métodos de colar os seus caquinhos mais rápido, ou de impedir que seu coração se torne um amontoado deles com tanta frequência. então você tenta ser racional, tenta não levar ao pé da letra as besteiras que os homens falam quando estão bêbados e com tesão, tenta ser bem fria e madura quando seu ex arruma outra namorada. mas de repente vem uma coisinha e pá! arranca uns caquinhos. eles dão uma cortadinha, uma balançadinha, mas aí você toma uma cerveja com as suas melhores amigas do mundo, ouve uma música bem brega e engraçada, faz umas compras e pronto: bota de novo eles no lugar.

só que às vezes é mais que isso, né? às vezes alguém (ou a vida mesmo), pega o seu fágil esquema de caquinhos colados e re-colados e simplesmente pisa em cima, tipo aqueles casamentos judeus que o noivo pisa num copo de cristal e quase o reduz a pó de tantos caquinhos em que ele se divide. aí você perde toda a sua maturidade, racionalidade, e volta a ser aquela criança que sofreu uma injustiça pela primeira vez. só que você não esquece mais tão rápido, e imagine o trabalhão que dá pra colar caquinhos tão pequenininhos que quando quebra um copo em casa só dá pra tirar com aspirador (aqueles que a vó avisa "não anda descalça aí que quebrou um copo de manhã")... mas tudo bem: você vai colar do mesmo jeito, porque dói pra caramba ficar andando por aí com um monte de caquinhos afiados dançando dentro de si. e vai colando, devagarzinho, de vez em quando se corta, de vez em quando não acha um pedaço, de vez em quando você vê, por acaso, uma foto, e perde todo o trabalho feito no dia (cai tudo, que nem castelo de cartas), mas você continua. é um instinto de sobrevivência.

eu tenho aprendido a colar meus caquinhos com superbonder, sem colar os dedos. às vezes nem ela dá jeito, e eles se separam mesmo assim (quando a pancada é muito forte), mas também estou cada vez mais profissional em botar eles no lugar rapidinho. às vezes não coloco direito, e em pleno ponto de ônibus um deles me corta bem fundo, e dá uma sangradinha. mas vou melhorar. e quando alguém me disser "nossa, mas você tem coração de pedra!", eu respondo, "não, meu bem, é que eu uso superbonder para os meus caquinhos".

segunda-feira, outubro 10, 2005

CONHEÇA O NOVO PRODUTO DA LINHA MALVINA´S SOLUTIONS

Problemas com a ex do queridão? O moço não consegue dar um basta definitivo nos relacionamentos anteriores? Você tem certeza que pode fazê-lo muito mais feliz do que a ultrapassada, mas seu querido parece não compreender?

SEUS PROBLEMAS ACABARAM!!!

Chegou EX-ERASER®, o novo produto da linha Malvina´s Solutions, com a mesma PRATICIDADE, UTILIDADE e EFICÁCIA que você já conhece!

EX-ERASER® é simples e muito FÁCIL DE USAR! Basta colocar algumas gotas disfarçadamente no copo do seu amado, e IMEDIATAMENTE ele esquecerá todo o seu passado com a EX! Ele esquecerá quem é a moça, seu nome, e tudo que algum dia ela representou na vida dele, e estará LIVRE PARA VOCÊ!

Veja alguns depoimentos de quem já experimentou EX-ERASER®:

Kathleen, de Beaumont, Texas
Eu tinha problemas com a ex do meu amor... Ela.. aaam... sempre aparecia, e Frank* parecia não me dar a mesma atenção. Procurei todos os tipos de ajuda, mas apenas EX-ERASER® foi eficaz. Hoje Frank e eu estamos noivos e vamos nos casar em breve. Obrigada, Malvina´s Solutions, vocês mudaram minha vida!

Candy, de Lowell, Massachusetts
Confesso que depois de inúmeras tentativas de fazer o meu gato esquecer a anterior, eu não acreditava que algo pudesse funcionar. Uma amiga indicou EX-ERASER®, e resolvi usá-lo, mas sem esperanças. Segui as instruções do rótulo, e usei o MEGA-CONTA-GOTAS-EX-ERASER® para pingar uma gota por ano de relacionamento que ele tinha tido com a anterior. No meu caso eram doze anos! Alguns dias depois, encontramos a ex dele num bar, e ele nem a reconheceu! Vocês deviam ter visto a cara dela! Definitivamente, EX-ERASER® mudou nossas vidas!

Linda, de Portsmouth, Virginia
Eu já havia me livrar das ex de diversas maneiras: tentei viajar, mudar de cidade, ameaças. Com uma das ex de Max* tentei inclusive métodos radicais, como o uso de cianureto e arsênico. Mas isso não fez efeito e... hmmm... me trouxe alguns problemas com a justiça. Quando conheci John*, pensei que teria de conviver pra sempre com o fantasma de sua ex. Mas bastaram algumas gotas de EX-ERASER® e John* só teve olhos para mim! Malvinas, vocês são demais! Obrigada!

EX-ERASER® é super NATURAL, aprovado pela OMS e PRÁTICO. Não tem contra-indicações! Experimente já e livre-se das indesejadas! Ligando agora para 0-300-MALV você receberá NO CONFORTO DE SEU LAR esse incrível produto!

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domingo, outubro 09, 2005

Primavera

Domingo, manhã de sol. Som alto na vitrola, lá fora tem passarinhos, as flores amarelas não param de cair no meu quintal, e lá fora alguns homens seguem trabalhando. Toca o samba. Não tem nada melhor do que poder cantar:

Quis você pra meu amor
E você não entendeu
Quis fazer você a flor
De um jardim somente meu
Quis lhe dar toda ternura
Que havia dentro de mim
Você foi a criatura
Que me fez tão triste assim

Ah, e agora, você passa,
Eu acho graça
Nessa vida tudo passa
E você também passou
Entre as flores, você era a mais bela
Minha rosa amarela
Que desfolhou, perdeu a cor

Tanta volta o mundo dá
Nesse mundo eu já rodei
Voltei ao mesmo lugar
Onde um dia eu encontrei
Meu muso, minha lira,
minha doce inspiração
Seu amor foi a mentira
Que quebrou meu violão

Ah, e agora, você passa,
Eu acho graça
Nessa vida tudo passa
E você também passou
Entre as flores, você era a mais bela
Minha rosa amarela
Que desfolhou, perdeu a cor

Seu jogo é carta marcada
Me enganei, nem sei porquê
Sem saber que eu era nada
Fiz meu tudo de você
Pra você fui aventura
Você foi minha ilusão
Nosso amor foi uma jura
Que morreu sem oração

Ah, e agora, você passa,
Eu acho graça
Nessa vida tudo passa
E você também passou
Entre as flores, você era a mais bela
Minha rosa amarela
Que desfolhou, perdeu a cor


- quando ele toca, na voz de Clara Nunes. Para as outras Malvinas, porque a privera está lá fora, dedico:

Chega pra lá
Seu velho enferrujado
Com essa cara de cegonha
Querendo só me beliscar
Chega pra lá
Senão eu faço a bulha
Chamo a radiopatrulha
Para lhe espetar
Não seja tolo, vá lamber sabão
Se você ficar me beliscando
Carega de uma figa
Eu lhe meto a mão
Hoje em dia não se pode
Ir ao cinema sozinha
Vem logo um velho com cara de bode
Todo treme-treme pra tirar casquinha
E se a gente acha ruim
O velho de perto não sai
E ainda diz assim
Menina, mais respeito
Eu posso ser seu pai
E fica se babadno
Mas dali não sai

, samba de Gadé e Walfrido Silva. O nome dessa pérola é "velho safado". Bom domingo!

sábado, outubro 08, 2005

gente gente gente!!!!!
macaca macaca macaca macaca
aaaaagdoehgiuotgshbgpoisufnibposdngbponoinbpruiojnbpoifdnboifgbnso
knbisbnifubnifugbnfiubnifbniu
SOCORRO SOCORRO SOCORRO
me salvem de mim mesma!!!
Vou pular da janela -- Auto defenestração!!!!Uhhhuuuuu!!!!
Tipo assim assim um texto frito fritinho torrado assado todinho pra mim e pra vocês!
TCHIBUM, TCHIBUM, CHALAIALALAIALAIA
mas nada posso fazer quando a saudade apeeertaaaaaaa foge-me a inspiração sinto a alma deseeeeertaaaaaaaaa
tututututututututututututu
DÓI DÓI DÓI TUDO VIRA UM TERROR!!
tá calor tá calor, quero um ventilador!!!
INTERNO!!!!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!

mulher que fala alto sempre perde seu amor

ex é uma coisa esquisita. ex-namorado, ex-analista, ex-amigo, ex-chefe. gente que fez parte demais da sua vida e de repente vira nada. só que nunca vira nada mesmo.

foi a noite dos ex. o passado estava demais por lá. e terminou com um presente, com um momento, um segundo que durou um século e que foi presente demais pra acreditar. acreditar que eu estava vivendo aquele momento exato de um segundo. por que ciúme tanto? e por que indiferença tanta, também?

como assim?, como assim?, como assim?, enchi um livro inteiro da mesma pergunta em menos de meia-hora, até capotar pra um sonho bizarro, aventura de criança, acho que o inconsciente teve pena de mim e considerou que eu deiva ser absolutamente poupada de qualquer outro tipo de pesadelo.

"como assim?" no outro dia, e descobrir que eu estava atrasada na história, não me faça de idiota, só não me faça de idiota, esse é único pedido que faço à humanidade, é tudo que não suporto, que não tolero. se sentir burra, otária, descobrir depois, ser a última a saber. mesmo quando ninguém tem culpa, quando a vida te fez de idiota, mesmo. ver que você fez papel de boba, saber que teria agido de outra forma se soubesse. isso dói, pelo menos pra mim, será demais de orgulho?

devia ter ido embora, devia nem ter saído, devia ter bebido e ido passar mal no banheiro, devia ter saído dali, ai... devia ter pedido de morango. devia ter entendido errado, devia ter respondido certo, não se exponha, malvina querida. não se exponha porque você dá mal, "mulher que fala alto sempre perde seu amor", um outro ex avisou, não meu, mas de outra, no fim todo mundo é ex para alguém.

não se exponha tanto, mulher. depois você se arrepende. ser sincera é só pra quem vale muito a pena. não pode, não pode ficar dando sinceridade de graça pras pessoas: dar bafão, ficar brava, surtar - não pode. o olho encheu o olho de lágrimas? o sangue está borbulhando, fervendo literalmente, o coração disparado? você vai desmaiar, as pernas parecem que não ficam em pé mais nem um segundo? guarde pra você, não vale a pena. dê um sorriso tranquilo e superior, finja que está entendendo o que as pessoas falam, não demore três horas pra entender o valor da conta, não vá embora fugida. porque a gente se arrepende de ser humana, viu? tem que ser fodona mesmo. ninguém dá valor pra sinceridade, é só mais um jeito de fazer papel de louca e sair ainda mais fodida e mal paga da situação.

não, não, eu não quero mais não. não quero mais fazer papel de louca, de otária, nunca mais. minha carreira nessa área foi extensa demais: enjoei. e dessa vez doeu em dose dupla. tá doendo, ai...

sexta-feira, outubro 07, 2005

Curta

Tá, foram presas as duas meninas na Usp Leste porque se beijaram no Campus - ou, como diz a policial, estavam "tocando nas partes íntimas" uma da outra (o que acontece di-re-to no caso dos heterossexuais, mas nem vou entrar no mérito). Fato é que as mocinhas hoje em dia estão mais pra frente, mais abusadas, mais assumidas. Olha só o que aconteceu a essa Malvina que vos fala, em pleno sambão de-semana.

Estou na fila do banheiro, ambas as portas estão fechadas (masculino e feminino)e eu, naquela impaciência. Chega uma mocinha baixinha, cabelos pelos ombros, morena:

- O pior é que o banheiro feminino sempre é mais embaçado.

E eu, boba, sem achar a palavra certa (Bivalente? Ambígua? Desencanada?), vou dizendo:

- Ah, eu sou bi, não me importa, entro em qualquer banheiro.

Nisso, a mocinha, interpretando a minha fala ao seu modo, se aproxima. E me sapeca um beijo na boca.

- Eu também.

Gostoso...

mulheres... (parte II)

I diz:
eu vou dar um ding-dom na casa do (...)
II diz:
vai mesmo?:?:
I diz:
bem q eu gostaria

(...)

II diz:
eu achei engraçado... sei lá... vc acha q ele só fez essa pergunta pra inflar o próprio ego?
I diz:
acho. tipico de homem
II diz:
sério?
II diz:
como eu sou babaca
II diz:
hahahahaha
I diz:
nao, nao foi babaca pq provavelmente ele gostou, e aí ele te acha legal
I diz:
nossa, isso foi babaca, né?
II diz:
hahahahahaha
II diz:
foi bastante

(...)

II diz:
meu pescoço tá num naipe... parece q eu fui estrangulada
II diz:
tipo, não tem UM roxo, tem uma região, um lado inteiro, cheio de vários pontinhos roxos
I diz:
vc sempre sai da casa dos seus gatos com uma lembrança né?
II diz:
hhahahahahahahahahahahahaha
I diz:
hahahahahahhahahahahahahahahaha
II diz:
tá doendo
I diz:
aguenta mulher
I diz:
ossos do oficio
I diz:
nóis sofre mas nóis goza
II diz:
opa
I diz:
pelo menos por uma boa causa
II diz:
eu vi qdo eu fui tomar banho... tinha um roxo no meu braço, aí fui ver o pescoço, achando q não ia ter nada....
I diz:
hahahaahhaahahhaahhahaha no braço? hahahahahahah
I diz:
meu! como assim no braço?
II diz:
sei lá, acho que de segurar, ele é meio ogro
II diz:
hahajhhahahahahahhahahahahahahahahaha
I diz:
hahahahhahahaha

(...)

I diz:
ding-dom
II diz:
aaaaaaaaai nem fale
I diz:
hahahahahahaahha
II diz:
se bem q por hj to sussa
II diz:
ia ser over
I diz:
precisa recuperar a elasticidade
II diz:
hahahhahahahahahahahahahaahahahahaha
I diz:
hahahahahahahahahahahaha

quinta-feira, outubro 06, 2005

ai...

engraçado como as pessoas têm suas fases. esse blog é a maior prova disso; tanto porque a mesma que num dia está se lamentando no outro está pulando de alegria, quanto pela diferença entre os textos das pessoas.

foi uma irônica coincidência me deparar com o (ótimo) texto da malvina aí de baixo bem hoje. porque também acordei ao lado de alguém, mas minha sensação era oposta. ai... tenho inveja dessa malvina sacana, no apogeu de sua libertação amorosa e sexual, curtindo o bom da vida e do sexo, sem maiores paranóias. eu acordei de ressaca, tinha que dar um jeito de chegar em casa, sabendo que teria que me equilibrar nos saltos e no look preto total amassado e cheirando cigarro, mas foi a melhor manhã dos últimos tempos.

só que ela vai me deixar lembranças insistentes. vai me fazer querer vê-lo de novo e de novo, vai me fazer suspirar e colocar nicks românticos no msn. vai me fazer ter vergonha (mas com um sorriso besta na cara) de lembrar as babaquices que falei na nossa brevíssima "DR". discussão, aliás, que também será milimetricamente analisada, palavra por palavra, em noites de insônia e com pacientes amigas. vai me lembrar o tempo todo do quanto eu gostaria de ser a menina mais boazinha, carinhosa, sincera, submissa, pervertida e bem-humorada pra fazer dele o cara mais feliz do mundo. vai, mais uma vez, me fazer acreditar que no fundo, no fundo, ele gosta tanto de mim quanto gosto dele, só tem algum motivo obscuro que o impede de me telefonar. vai até me fazer gostar de estar com o pescoço todo roxo, porque é uma prova material de que não, eu não estava sonhando sozinha na minha cama.

e porque o travesseiro tinha cheiro de chá, a camisa dele de perfume, o chão do corredor era amarelo e eu fiquei vendo um livro do pierre verger totalmente bêbada e não lembro de nenhuma das explicações que ele me deu sobre o cara. porque ele é exatamente que nem a malvina falou, barrigudo e descabelado, mas eu adoro. porque eu fui boba, falei besteira e rompi as minhas tão sólidas regras de nunca demonstrar amor pros caras que eu realmente gosto. e porque isso ainda vai me fazer sofrer, porque todos me dizem que é uma barca furada, porque até a analista já enjoou de me ouvir falar dele. por causa de tudo isso eu queria ter tido vontade de sumir o mais rápido possível hoje de manhã, mas não: eu queria ficar.

aí fico assim, entre a cruz e a caldeirinha: ou bem que desisto de me apaixonar e perco o cheiro de camomila que estou sentindo até agora, e a vontade de cantar "o meu amor" do chico o dia todo, ou bem que embarco nessa barca furada, nessa fritação doida que me faz tentar encontrá-lo por tentativa e erro, que me faz encher o saco da humanidade falando dele e escrever textos tão ruins como esse nesse blog.

mas daí me pergunto: será que eu realmente tenho escolha?

ai...

Super promoção de lançamento!

Ocupada demais para dar bom-dia com um beijo sabor hortelã? Sem alimento para oferecer ao visitante noturno? Sem paciência para explicar o caminho para a casa dele, no dia seguinte? Sua ressaca não te permite ser simpática ao galante visitante? Bateu a culpa? Ou simplesmente não está a fim de encarar o sujeito descabelado e com cara de "sou fodão, neném" após uma noite de sexo?

Seus problemas acabaram! Para a mulher moderna e dinâmica, a diva do século 21, Malvina´s Solutions - seu provedor de soluções femininas inteligentes - acaba de lançar o Desapparation Powder, uma espécie de Pó de Pirilimpimpim da cidade grande. Com a vantagem que a gente nunca sabe onde a vítima vai parar!

Usar o Desaparation Powder é simples. Após o coito, quando o rapaz virar para o lado e dormir, basta tirar o sachê da bolsa, rasgar a embalagem e assoprar o pó na cara dele. Em alguns segundos, o cidadão desaparecerá totalmente, sem anotar o seu telefone, e o melhor: sem dar aquela gafe de perguntar "como é mesmo o seu nome" amanhã de manhã.

O Desapparation Powder, ou Desapp para os íntimos, funciona ainda melhor se o sujeito em questão ronca e é barrigudo. Mas atenção: use-o com parcimônia. Alguns efeitos colaterais podem surgir após o uso prolongado, como o rapaz desaparer completamente da face da terra ou ir parar no Iraque - o que, é claro, você não deseja para ninguém, não é mulher moderna?

Mas não é só isso! Nas próximas duas horas, quem acessar o site tequieroconlemón.blogspot.com e requerer o produto vai ganhar ainda um super-sabão Amnésis, que apaga para sempre as lembranças de noites desagradáveis! E mais: um colar superbloqueador estético que a torna invísível quando o parceiro malsucedido está na mesma balada! Gostou? Então corra, que a oferta é por tempo limitado!

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quarta-feira, outubro 05, 2005

empacada

aí rondei a cidade a te procurar, sem encontrar. eu estava tranquila, eu estava alegre, estava calor e meu regime está fazendo efeito. boas amigas estavam lá, pessoas bacanas em outra mesa, inclusive um possível-futuro-caso, inclusive um amigo que anda tão lisonjeiro que está fazendo bem pra minha auto-estima, a noite quente e a cerveja gelada.

só que quando eu dou pra ser teimosa... sou uma mula. uma mula daquelas que anda com tapa-olho pra não olhar pros lados, aquele jegue de carga, bem burro e teimoso. e empaquei. sim, eu empaquei na vida. pelo menos na vida amorosa. aquela coisa de não ata nem desata, não fode nem sai de cima. e a culpa é toda toda minha.

não sei se vocês sabem como é. é não conseguir agir diante do novo, ficar sempre em função da idéia inicial. da obssessão primordial. de provar pra si mesma que consegue, que vai acontecer, que você tinha razão. e enquanto isso não acontece - e... bom... pode não acontecer nunca - você fica empacada na sua idéia. ô desgraça de mula ruim, sô! não adianta chicote, não adianta espora, não adianta cenoura nem água fresca: diacho de bicho teimoso. não desempaca. mania ruim, que dá insônia, estraga a pele, escurece o dia e clareia a noite.

to empacada, merda!

Perguntas que eu gostaria de ter feito

Um duo com minha querida malvina, a respondona. Há muitas, infinitas perguntas que eu, curiosa como um gato e ainda imaginativa demais pra acreditar num silêncio, gostaria de ter feito a eles. Uma seleção:

- Por que você nunca me diz que estou bonita?
- Por que você parece se divertir mais com os seus amigos bêbados do que comigo?
- Por que você não se importa se eu gozei ou não?
- Por que você não tem ciúmes?
- Por que não temos nenhuma foto do nosso namoro?
- Por que para receber um elogio eu tenho que te lembrar que estou bonita, que sou inteligente e gostosa?
E tantas. Mas eu sei que não ia adiantar. Há um abismo infernal que nos separa da raça masculina onde para eles o silêncio basta, o sem-resposta procede, e para nós só a conversa - famosa "discussão de relacionamento" - clareia as coisas. Definitivamente, explicar não é coisa de homem.

terça-feira, outubro 04, 2005

cantem comigo

Não consigo escrever, nem chorar, nem pensar, nem chegar a nenhuma conclusão. Aperto mata, gente. Ser infeliz não pode, quer fugir não pode, enfrentar, nem tem o que, pensar, nem gaste os neuronios, a decisão está tomada. Firmão? Igual prego na areia...A mão? No bolso, tateando o dinheiro, o cigarro, o beck, a salvação que não virá. As pernas tortas, o coração ferido, os olhos alegres porém muito tristes, o sangue alcoolico, os dentes batendo, a cabeça virando, sempre pra porta, qualquer que seja ela, esperando nada porém tudo. Talvez um sentido para alguma coisa. Não tem.
Sempre triste, e eu não era assim. Já não se encantam mais, o que se perdeu pelo caminho desisti de tentar entender, e estou certa de que não vou achar nunca mais. Tudo muito simples, já que é assim, pra que a dor??Só vejo tristeza neste caminho errado, mas quem disse que o certo é o melhor? O certo é uma grande bosta, e eu odeio. Assim como odeio minhas postagens fossa neste blog, adoraria falar mais te quiero con lemón, simplesmente. Não te quiero mais, nem con lemón nem com nada, mas a linha entre amor e ódio, raiva e adoração, rancor e devaneios, desejo e repulsa...é embaçada demais.
Que embaço, minha gente!!!
Tudo isso -- ou nada disso -- porque sou besta. Uma besta, besta besta.
Não tenho histórias engraçadas, nem sacanas, nem bonitas pra entreter vocês, gente.
Então vou cantar a música da barata.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Da covardia masculina, ou: só o forró salva.

Fico triste vendo tantas mulheres maravilhosas, como as nossas malvinas, sofrendo por causa dessa casta de delinqüentes que se auto-denomina um gênero, o masculino. Engraçado, eles fizeram o mundo, inventaram a guerra e a bomba nuclear, inventaram a sociedade patriarcal e a economia de mercado, aviões e carros supervelozes e ainda assim não têm coragem de olhar nos nossos olhos e dizer:

- Não vou te ligar, neném, porque não quero mais te ver.

E ficamos assim, esperando, esperando, indo para cada balada onde ele pode estar, andando nas ruas à procura do carro dele, tremendo quando um número estranho liga para o nosso celular na calada da noite. Eu passei o fim-de-semana todo na balada, quem eu mais queria não me ligou, quem disse que ia ligar não cumpriu a promessa e quem apareceu não me deu mais que um olhar distante de quem sonha com outras paisagens... E ainda assim, quando eu já estava desistindo da luta, meia-noite do domingo, foi que eu agarrei num forrozinho danado com ele, um rapaz, um corpo tenro, macio, mexendo junto com o meu de alma, de corpo, o suor escorrendo, o cheiro dele me entrando na pele toda e a música nos levando longe, de olhos fechados, pra onde eu não tivesse que saber seu nome e nem ele o meu, onde eu pudesse acariciar direto seu pau duro, onde eu pudesse tirar a roupa sem ter que saber o que ele faz da vida, quais seus sonhos, quantas ex-namoradas, se ele é de peixes ou áries, essa merda toda, o bafo quente no meu pescoço e o roçar do seu queixo na orelha, e um segundo que parece um infinito a dizer que sim, eles não sabem de nada, são uns covardes que não assumem o que querem e o que não querem. Mas que nosso corpo é sagrado, e o deles também. E essa união vale tudo. Viva a sacanagem!

das respostas que eu gostaria de ter dado

- faz tempo né? que a gente não se vê...
- faz! uma eternidade! aonde você se enfiou, seu puto maldito! passei semanas pensando em você, pensei que você tinha voltado com a ex, ou que tinha arrumado outra, ou que estava fugindo de mim de propósito!

- ah, meu ex-namorado que eu terminei há seis meses tá com outra mina e eu não consigo ficar em paz. qual é o seu segredo?
- meu segredo? vai à merda! só porque meu ex pegou a tua amiga pra curar a dor de cotovelo e eu me comportei como uma verdadeira lady inglesa tenho que ouvir merda na orelha? eu não sou corna mansa, GATA, eu sou superior. FALOU?!

- por que você não quer transar?
- porque enjoei de você, do seu pinto, do seu beijo, e na verdade estou a fim do seu amigo, seu idiota.


- você sumiu...
- na verdade eu não sumi. mas devia! depois da puta sacanagem que você me fez eu devia ter cuspido na sua cara e depois sumido pra sempre, seu gordo imbecil. ajoelha e pede desculpas, AGORA!

- boa noite, então, linda... (ou bom-dia, ou boa-tarde)
- boa-noite o caráleo!! como assim? tô de saco cheio dessa enrolação sua. quando a gente vai se ver? você não vai me convidar pra sair nunca, moleque?

- você ia conseguir se relacionar com uma pessoa que repete a mesma pergunta cinco vezes?
- se relacionar? como assim? vamos comprar as alianças? a passagem pra paris? vamos ser felizes para sempre?

- como foi a balada?
- uma merda. tava cansada e sem o menor saco, e só gastei minhas pouquíssimas forças pra tentar encontrá-lo, e não encontrei! buáááá! ninguém me ama, eu sou uma fodida, gorda, feia e chata.

- por que você pergunta o porquê de tudo que eu falo?
- porque estou apaixonada por você.

Ser trocada

Ser trocada é jogo sujo, destrói o nosso coração, nos faz sentir a última das mulheres, nos faz sentir menos.
Menos importante, menos bonita, menos inteligente. Menos, simplesmente: pouco, insuficiente, lamentável. Não foi bom o suficiente, não, não foi bom pra você!
E foi uma delícia pra mim...
Dá pra ser assim?
Parece que dá!
Aquele tempo foi o melhor, foi o mais importante, o mais perigoso, o mais divertido, o infinitamente igual... Eu gostava de tudo com ele e definitivamente não era hora de parar!
Se não deu certo, se tornou um modelo de alguém que eu quero pra mim, pra minha vida!
Mas depois veio o silêncio...
Por que as pessoas que não querem mais simplesmente não te dizem: não quero mais?
Aquele homem que não quer mais e simplesmente some é o que? Imaturo ou ele simplesmente não quer te dizer que você foi trocada????
Porque ser trocada é pior que TPM, é pior que dia cinza e frio, é pior que se apaixonar e não ser correspondida. Almejar o impossível não é sofrer completamente, é o quase sofrer...Mas se apaixonar, gostar, largar um porto seguro por alguém, arriscar, viver um tempo com alguém que você julga ser igual a você, que você não trocaria por nada, por ninguém, e ser trocada... É... indescritível...

domingo, outubro 02, 2005

para entendê-los melhor

um texto do cazé (sim, aquele da mtv), do cep 20.000, uma coisa bacana que eu não sei exatamente o que é.


Quando fico de pau duro
Sinto-me Deus
Não Deus como Zeus no Olimpo
Deus como Jesus
Como o homem no garimpo ao achar a maior pepita
Como o médico que o cardíaco ressuscita
Sinto-me Deus
Sinto-me forte
Sinto o poder
Toda a grandeza de ser de um povo
Sinto-me um ovo fecundado
Como um viado ao dar o rabo
Sinto-me alado
Sinto-me sábio
Sinto-me luz cuspida de meus lábios
Sinto a explosão dos teus
Quando me coloco, Deus
No meio de tuas pernas