quarta-feira, novembro 30, 2005

do angeli




quem nunca viu essa cena? eu já...

terça-feira, novembro 29, 2005

A chata sou eu

Uma das piores coisas de ser casada é que a gente descobre o quanto é chata. O quanto pegamos no pé, enchemos o saco, aporrinhamos e tudo aquilo que sempre achamos que não íamos fazer. É isso mesmo negona. Eu sei que você provavelmente é solteira e acha que com você não vai ser assim. Tudo o que eu tenho a dizer é: boa sorte. Boa sorte para quando seu marido jogar as roupas sujas no chão todos os dias (repito: todos os dias), para quando ele colocar a colher suja de molho de tomate na toalha de mesa todas as noites (repito: todas as noites), para quando ele deixar a louça suja na pia por uma semana até você não agüentar mais e lavar, mesmo sabendo que da última vez sucumbiu também.
Minha cara, senta e respira porque lá vem uma coisa que ninguém te contou: seu marido será seu primeiro filho. Eu sei que você não está acreditando muito em mim, que acha que não liga para essas coisas, que é frescura minha... Eu não queria dar uma de tia velha, mas já que esse desabafo só pode estar saindo da Dona Norma que vive dentro de mim, não me contenho: você vai ligar, sim. Você vai querer ordem no seu lar (isso mesmo, essa palavra que já vem com bobs no cabelo: lar), e vai perceber que um me-ni-no está querendo sabotar seus planos...
Você é moderna. Você acredita na divisão de tarefas. Você tem dinheiro para pagar uma faxineira. Atenuantes, meu bem, atenuantes. Sou casada com um homem que cozinha maravilhosamente e adora pilotar o fogão, que arruma a cama todos os dias quando eu saio antes dele de casa, que lava a louça com uma periodicidade razoável. Mas não adianta. Volta e meia preciso virar para ele e dizer (com raiva, com dengo forçado, dependendo do meu humor): será que dá para você tirar as roupas do varal uma vez na vida? (Ou colocar o lixo para fora ou apagar a luz do quarto ou guardar o sapato na porra da gaveta ou qualquer outra dessas tarefas tediosas mas necessárias em prol da tal da ordem).
Um dia você vai fazer isso. E não ache que eu estou rogando praga, não. (Agora imaginei a Dona Norma de bobs no cabelo e um estranho brilho no olhar, à beira de um poço gritando: se eu cair, todo mundo cai também!)
E quer saber o pior? Ele não fará isso sequer uma vez. Sabe por que? Ele não liga para essas coisas. Se você deixar todas as suas roupas espalhadas pelo chão porque não conseguia achar nenhuma para ir àquela festa apesar de seu armário estar lotado de paças que você adorava 1 mês atrás, ele simplesmente pulará as roupas tentando não pisar em nenhuma e deitará tranqüilamente na cama, acenderá o cigarro e lerá seu livro preferido pela quarta vez.
Moral da história: a chata é você. E cuidado, porque assim você fica parecendo a sua mãe.

tá dominado

tava assistindo o programa da lucianta, na rede tv (dispenso comentários a esse respeito) e vários grupos de funk carioca estavam se apresentando, a maioria de minas (sim, a mulherada já dominou o funk). aí resolvi dar uma provocada aqui no blog, botando a briga mais célebre do funk atualmente: fiéis x amantes.

AMANTES: tu esquenta tua cabeça/ pra falar que é fiel/ enquanto tu esquenta/ ele me leva até o céu/ sai, mulher marmita/ tu esquenta, a gente frita!

FIÉIS: tu acha que tira onda/ saindo com homem casado/ quase fica louca/ quando vê homem acompanhado/ mas eu não ligo, não/ tu é o lanchinho da madrugada/ quando chega tua hora/ ele não aguenta mais nada/ deixa de bobeira/ tu é o lanchinho e eu sou a refeição inteira!

e aí, mulherada, em que bonde vcs estão? a escolha é dura... mas o que nós queremos não é mole... fala aí!

hahahahahahaha...

segunda-feira, novembro 28, 2005

farewell

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fui tuyo, fuiste mía. Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.

...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.



a história desse poema do neruda, pra mim, é bem engraçada. tudo começou quando, lá no primeiro ano de faculdade, bixete sem saber de nada, fui com uma certa malvininha, também bixete, ao bar que julgávamos ser "o" bar frequentado pelo pessoal da faculdade - hoje sei que, sim, ele é frequentado pelo pessoal da faculdade: o pessoal do sexo masculino mais mala, tosco e chavequeiro possível. enfim. recebemos um torpedo (nesse bar os torpedos batem todos os recordes mundiais: mais ou menos um a cada três minutos) com a primeira estrofe desse poema. só isso. não pedia telefone, nem nome, nem nada. achamos fofo e respondemos agradecendo o poema. o autor do torpedo apareceu e pasmem! era um gato. lindo, de óculos, terno e cara de árabe. e mais: era do meu curso.

no fim não deu em nada: durante um tempo a gente ainda se cumprimentava nos corredores, trocava uma idéia e tal. mas depois veio férias, greves, nem sei mais o quê e paramos até de nos falar. hoje ainda o vejo de vez em quando e lembro disso. acredito que ele também lembra de mim, mas nem nos falamos. o poema, no entanto, ficou. joguei no google uns dias depois essa primeira estrofe e descobri que era um poema, na verdade uma parte de um poema, chamado "farewell", adeus. lembrei também que ele é recitado naquela música dos titãs, "só quero saber do que pode dar certo", na versão do acústico MTV. decorei o poema, em espanhol, aprendi direitinho os acentos e dei pra escrevê-lo em tudo quanto era lugar. todos os meus amigos têm (pelo menos) um caderno ou agenda com ele escrito - ainda hoje adoro, quando estou bêbada, tendo caneta e papel à mão, ficar desenhando seus versos, com letra bem caprichada, mesmo que seja num guardanapo.

o mais engraçado de tudo, é que durante todo esse tempo (isso faz uns três anos, quase) eu adorava o poema, mas ele não fazia o menor sentido na minha vida. não tinha a ver com as minhas histórias. eu não sentia vontade de dizê-lo a ninguém. não combinava nem mesmo com meus rompimentos. mas ele me dizia algo, como uma premonição, com uma saudade do que ainda iria acontecer.

acertei em cheio. e só hoje, hoje mesmo, dia 28 de novembro, seis meses depois do fim do meu namoro, fui perceber o quanto ele diz por mim exatamente o que eu queria dizer (e não consegui) quando botei o ponto final mais atrapalhado e certeiro da minha vida. ainda bem que pelo menos percebi.

Uma coisinha da alma feminina

Tem uma coisinha da alma feminina que eu descobri quando estava fazendo um trabalho com os movimentos de sem-teto: ela está sempre ali. As mulheres, moradoras de ocupação, carregam baldes cheios de água pra cima e para baixo, para poder lavar sua roupa pu esfregar o chão; levam o lixo quilômetros para o lugar certo de ser levado pela prefeitura; fazem gato de eletricidade, sozinhas, as mãos nuas, protegem os filhos do frio e da chuva; constróem casas com lona preta ou tábuas de madeira; varrem o chão, espantam ratos e baratas e para fazer com que aquele quadrado esqueisito tenha a cara de um lar; cozinham todo dia com o que têm, e se não têm vão à feira pedir; levam os (muitos) filhos pra escola, trazem; dão para os maridos, cuidam deles quando estão bêbados demais; e, calçadas com as velhas havaianas, mentém as unhas dos pés - ah, como é de admirar! - as unhas dos pés sempre bem-feitas, perfeitinhas, sem uma manchinha ou desgaste do esmalte, lindas. Mulherões.

diz tchau

Recordar é viver, não?
Bom pra lembrar como é ruim.
Alguém que só falou mentira, que sugou tudo de bom que eu tinha, e depois cuspiu na sarjeta como se fosse cerveja quente.Agora que recordamos, lembrou que era bom, muito bom, que eu sou boa, muito boa...pra ele. Sei que o deixo feliz e satisfeito. Que ele pira em mim. Que ele é feio e barrigudo, e eu sou linda, cheirosa e uso calcinha preta.E sou carinhosa. E tinha coisas na barriga quando estava com ele. Eu o amava. Pois é. Amava, não amo mais. Mas tanto faz pra ele.
E sempre foi assim, eu morrendo e ele sugando. É como se eu fosse uma pílula que o deixa feliz, e pílulas não têm sentimentos. O que ele puder fazer para me ter quando lhe convém, ele fará. E foda-se o que eu sinto. Se eu fosse um pouco mais burra, sofreria tudo outra vez, aceitaria suas declarações, as mesmas de antes, e choraria toda vez que saísse da sua casa. Casa que eu revisitei, aquele mesmo cheiro de livros e cigarro, mesma marca de xampu no box, chuveiro morno, bono recheada, louça suja na pia -- e não lavei! E vi todo um filme rodando na minha cabeça...mas minha decisão está tomada: serei legal comigo.
E qual não foi minha surpresa ao constatar, deitada em sua cama, que minha barriga estava lá, quietinha, e meu pensamento leve...
E me recusei a voltar de onibus, e ele me levou no trabalho, e me olhou profundamente ao me dar tchau, como quem diz o que houve com você. Não houve nada, transamos gostoso, conversamos sobre a vida, ouvimos música. Mas agora pra mim minhas vontades antes das dele. Estou certa, não? Se nós dois só pensarmos nele, quem pensará em mim??
Ele estranhou esta mudança. E isso me fez broxar.
Checo meus recados no celular, e lá estão suas mensagens, dizendo tudo o que gosto de ouvir. Se eu não conhecesse a história, se não tivesse malvinas torcendo por mim, deixaria ela acontecer. É impressionante, mas é exatamente como começamos. Ele não mudou uma vírgula na forma de agir, o que significa "dá pra mim que eu falo que te amo". Não vou retornar seus recados. Se eu for pra sua casa, vai ser só pra treinar, meu bem. Não vou olhar nos teus olhos, você que se encante, não me encanto mais. Não me venha com seu ego irritante, que não te amo mais.
Diz tchau, então.
Que eu to indo pra Bahia!!!!!

terça-feira, novembro 22, 2005

o telefone tocou novamente...

e era telemarketing. porra de telemarketing, coisa chata, tarde quente, trabalho morno, coração fritando como sempre... e o telefone toca. coisa boa até que podia ser, um convite, uma viagem, um gatinho, uma amiga com saudade. mas não: boa tarde, por gentileza, com quem eu falo? pergunta capsciosa, vele uma explicação completa? minha cara, a senhora fala com uma jovem mulher de vinte e poucos anos, gerada no início da década de 80, cuja infância pautou-se pelas influências de brinquedos, programas e persanegens dessa mesma década perdida. adolesceu já nos anos noventa, ouviu dance music, pagode e lembra-se bem do começo do plano real e do dólar pau a pau. com quem a senhora fala? com uma jovem mulher que precisa perder uns quilinhos se não quiser passar vergonha no reveillon baiano, que tem um coração um tanto partido pelos dissabores da vida como todas as outras, e a senhora também, se não me engano. com uma moça casadoira que às vezes sente culpa antes de dormir porque andou transando sem camisinha com uns tipinhos por aí, e que sonha de manhã antes de levantar que o dia de hoje vai ser diferente. com quem a senhora fala? com uma jovem mulher que mesmo em pleno século XXI ainda se sente oprimida pelo machismo em diversas ocasiões, assim como a senhora quando leva cantada ou grosseria dos clientes do sexo masculino que têm de enfrentar, com alguém que quer ser feliz para sempre mas não sabe como, que andou tomando de quem não precisava e dando em quem não merecia, que gosta de sorvete daqueles cheios de calda e pedaços, mil calorias a mordida, uma pechincha! a senhora fala com uma mulher de TPM e com calor, com a barriga cheia ainda do almoço e o coração ainda cheio de ansiedade, que adora ser mulher e não trocaria por nada desse mundo o poder de sedução tão divertido de brincar nos sábados à tarde. a senhora fala comigo, mas podia ser com qualquer outra, afinal tudo que a senhora está esperando é o fim do maldito expediente, já está cansada de ter que estar repetindo o mesmo texto decorado e ouvir as pessoas dizerem que não, obrigado, não estou interessado, a senhora quer mais é pegar o bendito ônibus, lotado como todos os dias e sacolejar durante uma hora e meia até sua casa e encontrar seu marido e dar aquela rapidinha antes de qualquer coisa, não é mesmo? a senhora não quer oferecer esse produto, assim como eu não quero aceitá-lo, mas a dança da vida continua, e a senhora segue oferecendo sem vontade uma coisa que ninguém aceita, porque tem de pagar o aluguel, ir ao motel de vez em quando e comprar atroveran nos dias de cólica. a senhora fala com alguém que podia ter respondido tudo isso assim num só fôlego, e aí seu dia teria tido pelo menos uma coisa diferente, e a senhora até daria risada comentando com a colega ao lado como tem gente maluca nesse mundo de deus.

o problema é que a senhora falou com uma moça de pouca presença de espírito, que na hora disse apenas que não estava mesmo interessada nas facilidades que a senhora tinha a oferecer.

uma pena.

Jacarepaguá, Rio de Janeiro

Porra, caralho, torcida de cuzão, quem manda nessa porra não sou eu, não. Essa porra sendo a minha própria vida, que me escapa, segue à minha mercê sem perguntar se eu estou cansada, se quero descer, se quero virar à direita ou à esquerda. As lombadas vão se diversificando, se disfarçam de sonorizador, ficam eletrônicas e eu acelero, esbaforida, sem saber como diminuir a velocidade...
Parágrafo, travessão: minha filha, a raiz de toda depressão está no sentir pena de si mesma. E quem sente pena de si mesma é porque está se dando uma importância exagerada.
Ponto final. Sábia madrasta, então o que eu faço agora? Jogo cocô nas minhas fotografias enquanto pego minha guitarra imaginária e toco um blues? Assim aproveito e explicito que a vida é uma grande merda.
Porque o negócio é o seguinte: saber as coisas intelectualmente não serve para porra nenhuma. Eu concordo com suas belas palavras, ó madrasta. Mas só poderei sorver com um canudinho daqueles brancos e vermelhos que viram em direção aos meus lábios as suas sábias palavras quando puder experimentar essa iluminação por mim mesma. Até lá, neném, vou ter que pedalar, pedalar, pedalar...

segunda-feira, novembro 21, 2005

De um colaborador

ooi Malvina.

tudo bem?

achei que essa música tem tudo a ver com vocês Malvinas:

GLEN CLOSISMO
[Os Letícios]

Toda mulher é um pouco Glen Close
E todo homem uma hora trai feito o babaca do Michael Douglas
Em seu celular não vou espiar - até parece!
E seu e-mail não vou fuçar - já sei a senha!
Me diz quando foi que eu permeti você roubar a minha sanidade?
Não venha dizer que a culpa é minha
Você que pegou meu telefone, me ligou e me mandou mensagenzinha
O que posso fazer se eu gostei de você?
Não venha dizer que você não sabia
Me diz quem falou que a vida vem com história de amor garantida?
Se eu fosse homem
eles diriam que eu estou muito apaixonado
Sendo mulher
eles dizem
que estou louca, psicopata
Cuidado com o meu amor
porque ele mata
Com a raiva que eu tô eu fervia um coelho
Se bem que você não tem coelho
Mas eu lembro de ter visto um gatinho na sua casa
Tô tentando tentar te esquecer
Á noite fica mais difícil
Me diz porque minhas escolhas nunca me escolhem?
Se eu fosse homem
eles diriam que eu estou muito apaixonado
Sendo mulher
eles dizem
que estou louca, psicopata
Cuidado com o meu amor
porque ele mata
Mas quem morre nessa história sou eu


e aí, concordas comigo?

aquela parte do "se eu fosse homem..." é genial, né. hahaha

enfim, ouvi ela agora e lembrei de vocês. mostre pras suas
companheiras, quem sabe dá até um post :]

se quiser ouvir, tem no http://www.tramavirtual.com.br/os_leticios

e como dizia aquele fantástico bêbado de tempos imemoriais:

"eu não quero cerveja, eu quero carinho."

sexta-feira, novembro 18, 2005

Saudade antecipada, ou nostalgia

"A experiência não deixa saudades. Dá um ímpeto desgraçado para o futuro. Você só pode ter saudades do futuro, o que não há feito por nós é muito mais do que o feito, portanto precisa ser muito tolo pra ter saudades do que já viu".
Aquele genial arquiteto do século XX.

“Quando você chegar por aí vamos sentir saudade. Se a vida não nos tornar a unir: viva a liberdade! Dentro da saudade...”
Viva a Liberdade!, Pau D’Água.

“Saudade: sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de algo ou alguém, de afastamento de um lugar ou coisa, ou à determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável.”
Aurélio Buarque.

Tocando a trilha sonora do programa que eu fiz, vou lembrando de você... E é nesse estágio, quando estou extremamente cansada, madrugada em frente ao computador fazendo aquele trabalho interminável, que mais uma vez penso em você e sinto a necessidade de lhe escrever, com a incerteza se algum dia você lerá o que escrevi...
Músicas que com certeza marcaram uma época, a mesma época que eu conheci você, que em tão pouco tempo entrou na minha cabeça sem eu querer e desconstruiu várias idéias que eu tinha, dos mais diversos assuntos.
O fato de você me bagunçar me fascina. Saber que você tem um modo de pensar diferente das pessoas que eu conheço, me dá vontade de ter mais tempo com você. Mais tempo pra conhecer você, pra entender você, pra aprender com você... Não sei o que o futuro reserva pra mim e nem pra ti... E é com um pouco de angústia, ao pensar nesse desencontro, que ouço a frase “se a vida não nos tornar a unir...”
E como se fizesse muito tempo, vou lembrando de você no Bar, com aquele cachorro lindo no colo... Nem sei porque que resisti tanto aos seus beijos, perdi muito tempo tentando barrar você, demorei muito tempo pra dormir com você, pra acordar com você, pra dar risada com você e agora me bate uma angústia forte de pensar que você vai embora e que talvez a gente nunca mais se encontre! Talvez a gente parasse de se ver logo mais se você não fosse, talvez nos encontrássemos muitas vezes mais, nunca saberemos. Agora simplesmente foi, foi do jeito que deu pra ser, e foi muito bom te conhecer...

quinta-feira, novembro 17, 2005

história a quatro mãos

ELE: eu realmente não entendo qual é o problema. eu sou um cara sossegado. eu não quero confusão pro meu lado. pra mim estava sempre tudo bem. eu só queria curtir, me divertir, como...

ELA: ...todos os homens. ele nunca percebeu que me fazia sofrer. ou percebeu e não ligou. pra eles é sempre tudo muito simples. eles não entendem que...

ELE: ...as mulheres são muito complicadas. estava tudo ótimo. eu não sei se ela ficou chateada porque naquele dia encontrei a minha ex...

ELA: ...e ficou com ela na minha frente! na minha frente, meninas, acreditam? depois veio me tratar como se nada tivesse acontecido! eu acho que ele...

ELE: ...só queria continuar tudo como estava antes. só que ela ficou muito estranha, as mulheres são tão possessivas! era minha ex...

ELA: ...porra! fiquei mal pra caralho. aí resolvi que nunca mais. aí um dia, bêbada...

ELE: ...acho que ela mudou de idéia, pensei comigo, que bom, acabamos com aquela briga ridícula. eu tinha que trabalhar no dia seguinte, mas resolvi ficar até o final da balada e ir com ela pra minha casa. lá pelas quatro da manhã...

ELA: ...quando eu estava quase cedendo, mesmo sabendo que iria me arrepender amargamente, aparece a minha salvação...

ELE: ...um cara e lasca um puta beijão nela, bem na minha frente. e eu esperando a mina até aquela hora! fiquei muito puto da vida...

ELA: ...e foi embora, de boa, sorrindo, simpaticíssimo. não ligou a mínima! acho que ele não tem a menor...

ELE: ...consideração por homem nenhum, como todas. mulher é foda. quando você faz uma coisinha, uma coisinha mínima, elas ficam putas da vida. agora, quando é com a gente...

ELA: ...eles não ligam mesmo. mulher é bem comum. a não ser se se sentirem corneados, porque aí ataca a "honra" de macho e eles...

ELE: ...se fodem. são todas meio vadias mesmo. umas piranhas. e depois falam que...

ELA: ... homem é mesmo muito egoísta, só pensa em si. e nós é que somos...

ELE: ... todas vagabundas...

ELA: ...todos filhos da puta.

ou como dizia o genial arquiteto do século XX:

"A experiência não deixa saudades. Dá um ímpeto desgraçado para o futuro. Você só pode ter saudades do futuro, o que não há feito por nós é muito mais do que o feito, portanto precisa ser muito tolo pra ter saudades do que já viu".

e como dizia aquele célebre professor de biologia palhaço do século XXI:

"recordar é viver"

AFINAL!

quarta-feira, novembro 16, 2005

e como dizia aquele célebre filósofo hindu do século VII a.C.:

"amor de pica, quando bate, fica."

óculos escuros

são mil insatisfações que invadem minha alma.

e eu nem sei por quê.

mas é fácil nessa hora botar a culpa na carência, na falta de amor, na saudade do "amor quentinho", como uma malvina tão bem denominou aqui esse amor que aquece a nossa alma nas horas de angústia, e o nosso corpo nas madrugadas frias.

eu tenho saudade do amor quentinho.

ou azulzinho, como disse o djavan.

aquele amor que apazigua, que acalma, que no meio do congestionamento às oito da manhã, atrasada para um compromisso, com uma perspectiva tenebrosa de dia pela frente, faz a gente pensar: "pelo menos tenho uma coisa boa nessa vida".

mas pra mim ele doeu demais. deixou de ser quentinho e passou a ser quente-amargo-ardido-doído-tedioso.

aí acabou.

fiquei por minha conta e risco, e rio de mim mesma ao pensar que ando com óculos escuros na bolsa mesmo à noite, com medo de no dia seguinte sair de ressaca de uma cama/casa desconhecida e ter de enfrentar o dia insuportavelmente claro sem nenhuma proteção.

e meu coração também anda por aí sem nenhuma proteção. (ai, que preciso de um óculos escuros pra ele!)

não acho ruim não. mesmo quando acho que minha carência chegou ao limite, sempre aparece alguém interessante pra me distrair.

um amigo.

um quase-desconhecido.

um amor que me faz gostar de sofrer um tantinho.

mas nas horas em que tudo parece tão ruim, tenho saudade do meu amorzinho. não daqueles que se foram, mas aquele que será. dá pra ter saudade de alguma coisa que ainda não aconteceu?

pois pra mim dá.

tenho saudade de estar apaixonada, de sentir o calor-frio no peito só de pensar em alguém, de assistir filme no vídeo agarradinho, de dormir de conchinha, de ser a mais linda para o mais lindo.

mas isso a gente não resolve, não decide, não manda acontecer.

não é que tem de ter paciência? não é que tem de dar tempo ao tempo? não é que não pode procurar?

não é?

pois é.

por isso, por enquanto continuo carregando meu óculos escuros na bolsa.

porque eu detesto sol no meu olho.

terça-feira, novembro 15, 2005

Sepultado

Foi sepultado na tarde de hoje o promissor cantor de rap que liderava a banda Os Mastruços. O enterro, simples, foi acompanhado por uma multidão de fãs chorosas, muito bonitas e a maioria vestindo saias e usando cabelos encaracolados.

MC Mastro estava internado havia algumas semanas numa Unidade de Tratamento Intensivo, sob observação atenta dos médicos, após sofrer um acidente com causa ainda não identificada. Apesar de ter esboçado uma forte reação no último fim-de-semana, quando, segundo alguns conhecidos, chegou até a cantar com o potente vozeirão, ele não resistiu ao tempo que escoa inexoravelmente.

Mastro ficou conhecido por levar as mocinhas à loucura, enquanto conseguia, prodigiosamente, adular duas pou três delas no mesmo ambiente, sem jamais se deixar flagrar.

Segundo uma fonte, que pediu para não ser identificada, ele tinha uma lábia premiada, e o seu órgão genital era igualmente encantador. Essa mesma fonte, uma bela jovem, admitiu ter caído na lábia de Mastro, e acredita que a sua morte esteja, de alguma maneira, associada ao alto poder sedutor do rapaz. Para ela, vale aquela canção que reza:

"O anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou".

Mesmo com o coração visivelmente partido, a nossa entrevistada acredita que o mundo está melhor sem ele. "Outros mastruços virão", disse à reportagem.

domingo, novembro 13, 2005

Mentira.

Desalavada, pura besteira, papo-furado esse post que eu publiquei ontem. Existe, e está longe do alcance da minha mão, o homem que me dá maior prazer que tudo, que me deixa excitada só de olhar pra ele, que tem cheiro de terra e que toma todo o ambiente com sua energia intensíssima, que mexe tudo aqui dentro, a ponto de eu acordar sem chão, sem ter idéia de onde eu estou e por quê. Ele me dá vontade de largar tudo e sair correndo. Ele faz eu me sentir burra e inexperiente em um monte de coisas. Ele faz eu me sentir gostosa como nenhuma outra. Ele me faz pensar se estou indo para o rumo certo. Ele me faz enxergar outras coisas em cada assunto. Ele vira meu norte, me vira de ponta-cabeça. Ele me faz rir. Ele tira meu sono. Ele entra em mim como uma imagem que se cola atrás das minhas pálpebras e quando fecho o olho vejo só ele. Sua voz se prende nos meus ouvidos e não pára de falar coisas. Ele duvida de mim. Ele fala tudo o que eu preciso ouvir. Ele me deixa sem-graça. Ele quer mandar em mim. Ele quer me comer sempre mais do que eu agüento. Ele me surpreende sempre. Ele me quer. Ele não me quer. Ele me quer. Ele não me quer. Ele me quer. Ele não me quer. Ele me quer. Ele não me quer...

sábado, novembro 12, 2005

Desafio

Me acusam de workaholic. Inda ontem me disseram tal coisa. Não sou. É que está pra nascer homem que me faça gozar mais que meu trabalho. Não duvido, deve existir, mas não tenho visto não. Até lanço o desafio.

sexta-feira, novembro 11, 2005

o mais doce cafajeste (ou "amigos são pra essas coisas")

queria que todos fossem como ele.

em primeiro lugar, é bonito. mas não de uma beleza unânime, nem estável: agrada muito a alguns, e nada a outros; muda conforme o dia, o humor, e o quão junkie está sua vida - às vezes parece galã de cinema francês, às vezes está mais pra moleque meio acabado. além disso, se veste bem - tem coisa melhor do que homem que sabe se vestir? tem estilo pra ter o estilo que tem - sabe aquele cara que usa terno e gravata só pra fazer um tipo, mas o faz com propriedade? é ele. adoro quando ele aparece de terno preto amarrotado, gravata meio afrouxada no colarinho aberto, óculos e caneta no bolso, o cabelo liso e preto estilo meio despenteado, meio caindo no olho.

é pura pose, mas com sinceridade. não esconde de ninguém que gosta de atuar. tem ironia fina, mas sabe contar piada de caminhoneiro como ninguém. é um dos piores machões numa roda de trogloditas, mas faz questão de deixar uma dúvida pairando quanto aos possíveis meninos de quem ele suga o sangue por aí. afinal, é um sedutor, e os bons sedutores encantam independentemente do sexo. bebe, fuma e cheira como um alucinado - tem coisa mais sedutora do que um junkiezinho? casou aos dezessete anos, teve uma filha aos dezoito - é pai, olha que graça! - e hoje está separado, graças a deus. e era fiel à mulher, ou pelo menos tentava.

claro: tem um beijo gostoso. é atrevido e baixo nível - "você é muito gostosa", e é daí pra baixo. na cama é profissional sem o menor tom de técnica, totalmente entregue, mas totalmente ótimo. não vale nada, como eu sempre digo pra ele, mas sabe escrever poema no verso de um folheto meio úmido de cerveja. não era uma obra-prima da literatura, mas cumpria muito bem a função - é o tipo do cara que sabe fazer as coisas.

é um cafajeste delicioso, em suma. é absolutamente sincero nas suas mentiras. tem um brilho no olho que é um imã - delícia conversar bem de perto, olhando fundo nos olhos pretos. sabe tratar uma mulher. sabe ser cafajeste sem magoar - pra quem o entende, como hoje posso dizer que entendo. sei a dor de quem se apaixona por ele. fui absolutamente fascinada por ele, de perder o chão, de esquecer namorado, bom-tom e convenções sociais à primeira palavra doce que ele me dirigia. mas passou. um dia, sem mais nem menos, passou. foi a melhor coisa que me aconteceu. sem a paixão louca que me tirava do ar, posso aproveitá-lo ao máximo. é um grande amigo, que amo de todo o coração. e um delicioso amante, que estou sempre disposta a receber. tem o dom de aparecer na hora certa (adoro essas pessoas!), me elogia, me põe pra cima e, ao nosso modo, me ama muito também.

ontem trocamos juras de amor eterno. desse amor maluco e construtivo, que fica guardado num departamento certo do coração, e que dali não sai - e nem tem porquê sair. me defendeu da minha auto-depreciação como ninguém, e me faz o tempo todo lembrar que sou mulher. mulher em toda a extensão da palavra. tem sensibilidade e logo saca o que está acontecendo - a ponto de tirar um sarro muito bem tirado daquele que tanto me fez sofrer. vingou-me com a maior naturalidade e ironia; eu não faria melhor nem no dia mais inspirado.

pra completar, tem um lindo nome, é pena não poder dizê-lo aqui.

e é fotógrafo.

Do porquê eu não gostar de fazer sexo com homens burros (Ou: Tratado Equino)

Os burros que me perdoem, mas inteligência é fundamental. Não é preconceito, não, eu bem que já fiz as minhas tentativas com asnos, bestas, jegues e afins. Espécimes gostosos, loucos para me comer, eu ali louca para dar, então por que não? Mas não sei, não me satisfaz 100%, parece que fica faltando alguma coisa.
Um cara que entende as minhas ironias me dá tesão. Se ele for mais sarcástico que eu então... Me tem na mão. Me deixa com medo e desejo de conquistar o complexo labirinto da sua mente e dar umas boas cavalgadas no seu pau duro também. Cavalgada! Pois é, homens inteligentes que me deixam com vontade de cavalgar. E morder e sussurrar e me fazer de casta e logo depois de puta.
Acho que é isso, homens inteligentes sabem que o erotismo é um jogo. Muito diferente da pornografia simples e tosca. Não digo que a inteligência seja importante na cama. Claro que não, ali eu quero mais é que a mente se recolha à sua insignificância e dê licença para o corpo e suas sensações. Estou falando de antes. Antes das preliminares, antes de tudo. Da hora da sedução, da conquista, da dança do acasalamento. Me excitam os homens que têm um humor fino, que sabem rir de si mesmos e dos outros sem medo de cair do cavalo. São eles que atiçam a minha imaginação e me fazem tentar adivinhar se sabem trepar de verdade. É para a camisa deles que eu olho, vendo cada botão se abrir devagar para mostrar o peito peludo e quente. É por eles que eu tremo só de saber que estão olhando para mim. Por isso brutos e gostosos, podem tirar o cavalinho da chuva, que a mim vocês não terão mais!

Paternidade deixa homem mais 'civilizado', diz estudo

09 de novembro, 2005 - 11h21 GMT (09h21 Brasília)


Uma pesquisa descobriu que a paternidade pode reduzir os níveis de testosterona no homem.

Pesquisadores americanos compararam os níveis do hormônio sexual masculino entre homens - estudantes chineses - solteiros e casados, com e sem filhos no estudo publicado pela revista Proceedings of the Royal Society.

Os que tinham filhos apresentaram os níveis mais baixos de testosterona entre os pesquisados.

Os pesquisadores, da Universidade de Medicina e Ciência Charles Drew em Los Angeles, da Universidade de Harvard e da Universidade de Nevada, pediram que 126 homens entre 21 e 38 anos respondessem um questionário.

Os homens também forneceram duas amostras de saliva, uma de manhã e outra à tarde.

Os 66 homens solteiros tinham níveis de testosterona levemente mais altos do que os 30 homens casados e sem filhos.

Mas os 30 homens casados e com filhos tinham níveis de testosterona significativamente mais baixos do que os demais, casados ou não.

'Como animais'

Os pesquisadores, liderados pelo médico Peter Gray, da Universidade Charles Drew, disse que os níveis mais elevados de testosterona estavam associados com acasalamento, "competição entre machos, procura de parceiros", enquanto que os níveis mais baixos do hormônio estão ligados a relacionamentos e, particularmente, paternidade.

"Níveis baixos de testosterona em pais podem refletir sua retirada da arena competitiva e seu envolvimento nos cuidados referentes à paternidade", disse Gray.

Nick Neave, psicólogo da Universidade de Northumbria, na Grã-Bretanha, afirma que a descoberta se encaixa em um padrão já reconhecido, visto em humanos e animais, relacionado à criação dos mais jovens.

"Obviamente há elementos sociais na paternidade. Mas somos espécies biológicas e não estamos tão distantes dos animais, apesar de gostarmos de pensar que estamos", disse.

"A natureza não quer que os níveis de testosterona sejam altos quando há um bebê. É uma época frustrante para homens, muito exaustiva. É a maneira da natureza tornar os homens mais civilizados, pelo menos por um tempo", acrescentou.

A regra...

A vida quando dá pra ser engraçada, ela é engraçada mesmo!
A REGRA: estamos sozinhas, não vem ninguém, estamos com alguém, vem que vem neném! Não sei o que acontece, mas parece que as pessoas sentem o cheiro de concorrência a quilômetros...
Estava eu passando uma bela noite com o meu belo revolucionário, que é difícil de aparecer, quando no meio da madrugada o telefone toca três vezes.... Atendo na terceira e aquele homem gostoso do meu lado, meio dormindo meio acordado... Eu atendo: é um cara que tento sair há muito tempo e que não me dá a menor bola! Me liga às duas horas da manhã, bêbado, e fala que está muito louco e cheio de saudade!! Eu, do outro lado da linha meio sem graça, sem saber o que fazer, dou umas risadinhas e desligo. O outro “dormindo” do meu lado, me abraça, me coloca no peito dele... Dormindo ou acordado?
Não acreditei... Como eu ia dormir de novo? Meu coração estava disparado! Dispenso o cara e ainda dei uma zoada na noite. Será que ele ouviu a conversa? Será que entendeu? Espero que não, se bem que... se ouviu, problema é dele! Ele também tem mil mulheres! Pronto, empatamos. Agora só não sei o que fazer agora com o tal que me ligou...

E mais um detalhe: sabe aquela mulher mal-humorada, que todos dizem que é mal comida? Cheguei a conclusão que eu sou assim. Se fico muito tempo sem sexo, fico num mal humor absurdo! Ontem eu estava insuportável, mas aí, quando passo uma bela noite, fico com um sorriso na cara que é de dar inveja. Hoje eu estou com a pele boa, com o cabelo bonito, e com muita disposição apesar das poucas horas de sono... Ah, que maravilha, eee que droguinha boa essa!!!! Quero todos os dias!

quinta-feira, novembro 10, 2005

whatever

O sexo foi bom demais, o pau entrando e saindo na hora certa, na batida exata. Gozamos juntos e os braços dele se abriram para me abraçar. Só que hoje a minha vontade era de sair voando pela janela. Isso mesmo, comer e sair fora, sem essa de chameguinho. Não é que eu não goste dele, não. Eu amo esse cara! Mas é que me veio uma coisa animal, uma necessidade de estar só depois de atingir o êxtase, de não ouvir nenhuma voz fora da minha cabeça. Tudo bom demais para ser atrapalhada. Culpa? Nenhuma. Quanto o bicho fala a gente abaixa a cabeça e respeita. E urra se tiver vontade, afiando as garras...

Ao coração leviano

Trama em segredo teus planos
Parte sem dizer adeus
Nem lembra dos meus desenganos
Fere quem tudo perdeu
Ah, coração leviano
Não sabe o que fez do meu.

Este pobre navegante
Meu coração amante
Enfrentou a tempestade
No mar da paixão e da loucura
Fruto da minha aventura
Em busca da felicidade

Ah, coração teu engano
Foi esperar por um bem
De um coração leviano
Que nunca será de ninguém.

quarta-feira, novembro 09, 2005

um sonho de liberdade

e todo dia pela manhã...

- ei!
- ei!
- e aí? dormiu bem?
- não, pessimamente, hoje foi seu dia, né, ficou folgadão para cima!
- ah é!!
- então, e nosso plano?
- tá de pé!
- qual será a de hoje?
- talvez aquele sem costura...
- torço para isso.
- caso contrário, atormentamos, certo?
- certo, plano né? Todo dia...
- é, uma hora a gente consegue!
- é.
- SERÁ QUE VOCÊS PODEM FICAR QUIETOS UM INSTANTE???
- Não, difícil, nós queremos liberdade
- MAS COMO??? NÃO POSSO DAR ISSO A VOCÊS!
- Pode sim, Malvina.
- MAS COMO? SE FOSSEM MENOS PREGUIÇOSOS, EU ATENDERIA A SEU PEDIDO, MAS NÃO, VOCÊS INSISTEM EM RELAXAR...
- Não basta...queremos mais, muito mais...
- É isso aí, queremos ganhar o mundo!
- E MEUS REBENTOS? QUEM VAI ALIMENTÁ-LOS??
- Não sei
- É, não sei!
- ENTÃO...CALEM A BOCA E TOMEM SEUS LUGARES!
- Isso nunca...
- É, isso nunca...
- VOCÊS NÃO VÃO CONSEGUIR, MEUS QUERIDOS.
- Pelo menos vamos te atormentar pro resto da vida...
- É, atormentar!
- Vamos tentar a emancipação até a morte.
- É, emancipação!
- NÃO!!!!
- Sim!
- É! Sim!!
- Vai ficar sofrendo o resto da vida nos pondo pra dentro...
- Nós somos curiosos e queremos ver tudo...
- Cheirar tudo...
- Sentir tudo...
- EU ACHO VOCÊS FEIOS
- Gostamos de pular
- E odiamos quando você nos arruma.
- É SÓ PARAR DE SAIR!
- Isso nunca!
- Nunca!
- Você nos põe prum lado, podes crer que iremos pro outro!
- VOCÊS VÃO CALAR A BOCA POR MAL, ENTÃO!
- Hahahahahahahahahahaha não tem jeito!
- É, não tem jeito!
- TEM SIM, QUEREM VER? É HOJE HAHAHAHAHA.
- ALÔ, É DA MOÇABOAZU ESTÉTICA? GOSTARIA DE FALAR COM DR. SILICONE?
- aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh!!!!!!


ADORO ASSUSTÁ-LOS!!! BURRINHOS!
O PI E O BÓ!!!AMO VOCÊS MEUS AMORES.

DÃ!

terça-feira, novembro 08, 2005

Um diálogo

- Oi.
- Oi.
- Posso perguntar qual o seu nome?
- Pode.
- Não responde. É Malvina.
- Como você sabe?
- Faz muito tempo que eu te conheço. Sei das suas saias preferidas, e reconheço o sorriso quando você compra roupa nova. Vejo você entrando tímida nos lugares, cabeça baixa, e tomando os copos de cerveja, um a um. Seus olhinhos vão ficando vermelhos e seu gestos ficando mais fortes, mais vivos. Seu cabelo vai despenteando. Vejo você dando risada com as suas amigas, falando um monte de coisas bobas, e um monte de coisas interessantes. Sempre fico te ouvindo. Quando você escreve, eu leio. Gosto de observar se você está triste ou alegre, se está desanimada ou encarando o começo da semana numa boa. Sempre instável; nunca dá pra saber se vem um sorriso ou um suspiro em seguida. Aí eu gosto de ficar adivinhando o que terá acontecido na sua vida, se alguma surpresa para o seu coração ou um trabalho novo. Consigo quase adivinhar se você está produzindo alguma coisa com tesão, ou se está apenas cumprindo uma tarefa chata. Então fico imaginando se você está crescendo, se está aprendendo ou dando cabeçadas nesse anos todos. E espero. Sem pressa. Porque eu sei que um dia você vai ser minha.

Socorro, estou ficando cínica!

Sentada num monumento de concreto no meio da praça XV, destilo minha indiferença com o mundo. Adolescentes dando gargalhadas altas? Idiotas, massificados, sempre com a turma servindo de bengala porque quando chegam em casa são só um trapo cheio de espinhas. Casal apaixonado se beijando? Em no máximo sete meses estarão de saco cheio um do outro porque o conceito dele de sair para jantar é ir a pé naquele restaurante baratinho da esquina e ela tem essa mania de pedir para ele comprar modess todo mês. Crianças correndo felizes pelo parque? Tá, são bonitinhas, mas já são protótipos dos monstros que serão quando crescerem.Praia, macaco, tobogã, eu acho tudo isso um saco, não gosto de chuva nem gosto de Sol...
Socorro estou ficando cínica! Por favor me desconcertem, me mostrem alguma coisa cheirando a madeira nova, me levem de carro conversível debaixo da tempestade, me carreguem para uma lambança qualquer que envolva guerra de tomates e espanhóis surtando, me pintem o corpo com tinta comestível ao meio-dia, me façam acreditar que em algum lugar na Bulgária alguém está criando dragões, me pendurem de cabeça para baixo para ver o pôr-do-sol em Brasília, mas por favor, alguém faça alguma coisa para me tirar dessa letargia!!!!!!!!!

digressão

Uma noite bem dormida...
Sem fritar logo que amanheça, sem ressaca moral, sem dor de cabeça por tanta cerveja, sem sonhos bizarros ou destrutivos, sem abrir os olhos pensando " ah não mais um dia!".
E sem alegria também mas pelo menos sem tristeza. Com a certeza de que vou chegar na hora no trabalho, vou trabalhar fazendo o meu melhor, vou pra aula normalmente...sem maiores emoções. Vou ser pacata hoje.
Não vou beber -- prometo!!!
Culpa é um sentimento que não gosto, acho destrutivo e na maioria das vezes inútil.
E tenho culpa de estar gorda e comendo, de fumar igual puta apaixonada, de beber quase todo dia, de não ir ao médico há muitos meses, de transar sem camisinha com uns caras nada a ver, desta dor de dente, de estudar menos -- muito menos -- do que deveria para ser uma pessoa bacana, de não ter dinheiro e gastar mesmo assim, dos relatórios atrasados que ainda não fiz, de não falar o que penso.
Mulheres fumam mais, têm mais problemas com drogas, são histéricas, choram, se submetem a coisas estranhas e são cheias de culpa.Saco. E ainda tem de aguentar as piores coisas, como este cara no msn neste exato momento. É uma amorzinho de infancia que não encontro há mil anos, e que vem a são paulo esta semana, e fica falando, você é linda, que saudades, vou te ver, vou te beijar. Puta merda,, quem foi que disse que eu quero ouvir estas coisas, que eu quero encontra-lo, tudo bem, posso até encontrá-lo, mas não com a obrigação de beijá-lo. Fica falando, como se fosse óbvio, claro, uma mina solteira, que é legal, não pode não querer. Porra, eu sou legal, eu não to te dando mole!!!
Vou falar agora pra ele o quanto o acho idiota de fazer isso.Já tenho muitos problemas e este não será mais um.
Porque acabo não conseguindo sair destas conversas deixando claro o que quero e não quero, então acho que a culpa é minha. Olha aí: "ah, tá bom, então te ligo" "tá bom, liga aí!" " você é linda". Ah, me poupe!! Tá preparando o terreno, é??? O que eu digo minha gente? Ele é folgado, porra! Vou fumar mais um cigarro então. Esse texto não diz nada e tá uma porcaria, adoraria ser mais inteligente e ter idéias boas sobre a vida e coerência no que penso.
Prazer, me chamo malvininha e tenho alguns problemas.

segunda-feira, novembro 07, 2005

e os meus filhinhos?



gente, eu tenho que confessar uma coisa pra vocês: eu sou meio susanita. sabem, aquela personagem da mafalda que vive falando sobre os "filhinhos" que ela vai ter? então. é meio isso. eu quero casar e ter filhos, sim.

eu sei que anda meio demodè essa história de casar, ter filhos, decorar a casa e comprar geladeira à prestação, pelo menos no nosso meio, tão modernete e feminista. as mulheres precisam se preocupar com a carreira. precisam por o trabalho, a "realização pessoal", como dizem as revistas femininas, em primeiro lugar. sei lá o que é "realização pessoal". sei lá se tem a ver com um emprego ou uma carreira necessariamente. eu sempre brinco dizendo "que história é essa de ter que trabalhar? se quiser me sustentar pra eu ficar em casa com as crianças eu acho é ótimo!". não é bem assim, pelo menos nos moldes tradicionais: não quero ficar em casa, gorda e engordurada, de avental e bobes, correndo atrás de uns filhos pestes e superprotegidos, enquanto meu marido come a secretária na hora do almoço. mas quero, sim, encontrar o modo "moderno" de um casamento feliz. que não precisa ser eterno, é claro, mas apenas "infinito enquanto dure". que, durante um tempo pelo menos, eu e um marido tenhamos um projeto comum (e isso inclui os "filhinhos"). vou achar lindo se eu sair de casa pra casar, sim. vou adorar fazer festa de casamento - claro que à moda das malvinas, com muita cerveja e amigos, e sem frescura - e só não digo que caso na igreja porque seria muita hipocrisia por parte de uma atéia.

"eu sou pra casar, porra!", como diz uma ótima comunidade do orkut. eu não sou boazinha, eu bebo, eu fumo, estou bem longe de ser virgem, odeio machismo, odeio mulher submissa, sou intelectualmente comparável a qualquer homem, trabalho desde bem novinha, dirijo, converso com o mecânico, respondo xingamento no trânsito, não levo desaforo pra casa, em suma: estou bem longe do estereótipo de "moça casadoira". mas como diz o texto da comunidade, quero chegar em casa à noite, encontrar o maridão e falar "que saudade de você, seu puto". quero criar meus filhinhos sem machismo, sem frescura, e o melhor que eu puder. quero, sim, poder dizer "amor, leva o carro no mecânico porque você conversa melhor com ele; pode deixar que eu faço o almoço porque eu sei cozinhar melhor". mas sem machismo nem submissão, mas também sem ceder a esses clichês do movimento feminista. sem nenhum estereótipo: do meu jeito. ou, melhor, do nosso.

rapazes, alguém se habilita?

Que bela cantada!

Tá certo, queria beijar, queria sair na balada e arrumar um rapá bacana, uma conversinha mole, dar uns beijinhos e levar pra casa, passar manteiga e manjar, né, queridas?

Acontece que, como muitas de vocês já sabem, eu não tenho o menor dom para o "esporte", como dz uma grande quase-Malvina, ou para cair na noite e me dar bem. Já tentei de tudo, me produzo, faço carinhas sexy, tento puxar um papo, mas a verdade é que eu não tenho nada a ver com o estilo sexy da TV nem tenho paciência para papo-furado. Menos ainda para manter papos-furados durante várias baladas seguidas para, finalmente, conseguir sapecar uns beijinhos em algum alvo na quinta ou sexta vez que nos vemos. Também não consigo achar graça em olhar para algum moleque e dizer "esse é bonito" e ir atrás, acho meio bobo isso tudo.

Mas enfim, já que nunca deu certo, queria pelo menos compartilhar com vocês algumas das elegantérrimas cantadas que eu tenho usado, e que os babacas dos meninos não têm pescado. Coisa fina:

- Você vai me dar a oportunidade de te conhecer ou vai ser apenas mais uma bela imagem passageira na minha vida?

(Linda,não? Talvez um pouco literária demais, ou talvez mnuito extensa para uma balada com música ruim pulsando)

- Posso dar um pega no seu back ou você por um acaso acharia a minha presença inoportuna?

(Ah, que classe! Acho que como eu estava completamente bêbada, eu ESTAVA inoportuna)

- Posso ficar só olhando para você, mesmo que seja de longe, só para alegar a minha noite?

(Coisa fina! Qualquer um que tenha o mínimo de sensibilidade cairia nessa)

- Me dá a honra dessa dança?

(Acho que cavalheirismo com eles não funciona)

- Pára de falar, nego, e me dá um beijo agora!

(Finalmente, com um discurso mais direto, essa funcionou)

- Pára de mentir e vem logo para cá!

(Essa também funcionou por motivos óbvios)

E finalmente:

- Desculpe, você está tão docinho...

(Acompanhada de uma bela lambida no rosto do rapaz, que por acaso tinha levado uma tortada na cara. Era verdade: estava bem gostoso)

Então, que me dizem? Estou errada eu ou são esse mentecaptos que não sabem reagir a uma cantada de classe???

sexta-feira, novembro 04, 2005

juro que não vou

Há muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar
Chegou a hora, tem que ser agora, com você não posso mais ficar
Não vou ficar, não
Não posso mais ficar, não, não, não

Toda verdade deve ser falada e não vale nada se enganar
Não tem mais jeito tudo está desfeito e com você não posso mais ficar
Não vou ficar, não
Não posso mais ficar, não, não, não

Pensando bem
Não vale a pena
Ficar tentando em vão
O nosso amor não tem mais condição, não

Por isso resolvi agora te deixar de fora do meu coração
Com você não dá mais certo e ficar sozinho é minha solução
É solução, sim
Não tem mais condição, não, não, não



e a voz da paula toller (não era nem do tim maia!) ecoava na minha cabeça. e desde a hora em que cheguei, e claro que foi a primeira pessoa que eu vi, e claro que foi a primeira pessoa que me viu, mesmo separado de mim por tanta gente. e foda-se. e o seu amigo me chavecando, e até uísque bão ele me deu. e foda-se. e não vale a pena, mesmo que - óbvio - a gente vá ao banheiro na mesma hora, e se encontre na fila, pra depois eu cumprimentar todos os seus amigos na mesa na hora em que você não está - ufa! e vou lhe deixar de fora, e sem olhos suplicantes, porque eu sou fodona e não gosto mais de você - tá? e deixa eu ir embora, e vá pra vai-vai, seu merda - porque homem que cheira é sempre uma merda. porque homem é sempre uma merda. porque esse texto é uma merda que vai estragar o blog. mas tudo bem, que estou bêbada. por que você voltou pra isso tudo - não tinha alergia? a sua vida tá ruim, é? espero que esteja uma bosta. bem grande e fedida. e porque... foda-se. morra trinta e duas vezes seguidas, que nem eu ouço a mesma música. morra. morra. morra. que merda. eu sei o quanto (quanto!) estou perdendo meu tempo. beijinho, selinho, beijo "na trave" roubado, filha da puta. enfia no cú. NO CÚ! vai se foder mil e uma vezes. e tomara que sua semana tenha sido horrível. que esse queimado de sol seja de caminhar na consolação às duas da tarde. tomara que você se foda. que olhe pra oito mil mulheres com essa porra de olharzinho-de-cachorro-que-quebrou-o-pote e todas falem "vai se foder, seu merda". tomara mesmo. morra. tô bêbada. aaaaaaaaaahhh...

quinta-feira, novembro 03, 2005

Menstruar é o bicho!

Essa é para os rapazes de plantão, que eu sei que andam lendo o nosso blog às escondidas sem nunca deixar comentários. Meus queridos, ao contrário do que se pensa e se diz, menstruar é o bicho!

Porque é o fim de um ciclo, e o anúncio de uma coisa nova. Significa que a possibilidade de estar grávida acabou, que essa bifurcação de caminho foi superada, e pra frente tudo está em branco e pode ser preenchido como a gente quiser. Significa que nosso corpo está funcionando, pedindo, querendo uma nova fase, que que dar um basta ao ciclo presente.

E esse basta vem como uma enxurrada de sangue vermelho, vivo, que sai forte, que sai a toda hora, não quando a gente quer ou programa, é inoportuno, é mal-educado, anti-civilizado, anti-higiênico. É um momento em que nós, mulheres, temos que abaixar a cabeça à ordem da Natureza e agradecer, um momento em que a gente não pode mandar no nosso corpo como fazemos durante os interminaveis regimes, com a cera quente que arranca nossos pelos toda semana, com os cabelos que tosamos, pintamos, controlamos.

É a coisa mais animal depois da maternidade e junto com o sexo, e é o que faz com nós, mulheres, sejamos ainda bicho; ela não nos permite deixar de lado o andar sobre a terra com pés descalços, o sentir o cheiro da morte, do perigo, os sonhos premonitórios e a tão falada intuição feminina, o amor selvagem à cria e ao nosso macho.

Ela dá tesão, faz bem à pele, torna nossos seios sensíveis e os cabelos arrepiados, tem um cheiro forte, e é uma revolta da natureza, a menstruação. Uma subversão silenciosa, uma enxurrada que não pára e você ali, sentada na mesa de reunião olhando para o seu chefe de terno e gravata, o ar-condicionado ligado e lá fora o barulho do trânito da cidade, e seu corpo numa explosão de vida selvagem, de lama, de sangue, e nesses momentos vem a consiência de que é isso que importa, que a Natureza está ali e e o resto é nada, e às vezes até sem querer escapa um sorrisinho irônico pelo canto da boca - os homens não entendem nada.

É claro que tem mulher que não gosta de menstruar, tem mulher que até toma pílula para menstruar regularmente todo mês um simulacro de menstruação, tem mulher que toma remédio para não enfrentar a dor da cólica ou o stress da TPM, consequências do tempo masculino, de enfrentar todo dia o assalto ao ser mulher de verdade. Eu as perdôo, mas não sou dessas.

Me encanta saber que, quando mentruo, meu corpo pede que ue fiquei queita em casa, que chore, que enfrente sozinha a dor do final de um ciclo, que me descabele, desespere. Que meu corpo manda. Quando ela vem, é um alívio, um sinal de que o mundo segue no seu tempo cíclico, que está tudo bem e meu sangue continua a se renovar como se renovam as águas dos rios. E é o momento de me entocar, cuidar da minha fragilidade - as pernas ficam fracas, as costas doem - não me expor, silenciar, escutar o barulho do vento e as músicas boas e sentir o quentinho do sol de manhã.

Tudo isso vem de uma vez, é uma loucura, e é dessa loucura que nós, as mulheres, nos alimentamos nos sonhos mais obscuros das longas noites.

é a sua indifereeença que me maaaata...

eu queria estar de bom humor pra contar pra vocês, divertida e em detalhes, como fiquei com um amigo que está indo embora de são paulo e acabei dando pra ele no banheiro da lavanderia do apê do vizinho do meu amigo, que por sua vez é cunhado do meu ex-namorado. juro que eu queria. juro que não queria colocar mais um texto-depressão nesse blog. mas acho que não vai dar.

porque tá: era véspera de feriado. eu estava bêbada. meu amigo vai embora, e temos uma história longa e confusa, que merecia um grand finale. mas no fim nada disso foi o motivo para o que aconteceu. um tanto de "falta" mesmo, mais um tanto de carência (que, enfim, nunca seria suprida com isso), um tanto de tocar o foda-se comigo mesma, um tanto de vontade de fazer meu amigo feliz (ai, ele gostou tanto de mim, por tanto tempo...), um tanto de vontade de ser sacana, um tanto de vontade de ser insensível, de agir como homem, de ter coração de pedra que eu sempre acho que não tenho. de ver a mim mesma saindo da lavanderia um pouco mole, e bem menos bêbada, e a festa já ter acabado, e sentar no sofá, acender um cigarro e dar muita risada e agir muito mais naturalmente do que ele, que provavelmente ainda estava tentando entender o que tinha acontecido(o quanto eu torturei esse cara não querendo dar pra ele...). e depois ainda dei carona pra ele até o ponto de ônibus, do ônibus que nunca ia passar, é óbvio. e dei graças a deus por ser mulher, porque se eu fosse homem ainda ia ter que levar a mala em casa - afinal eu mesma não aceito que não me levem em casa: "vai levar e pronto. dei pra você e é o mínimo que você pode fazer". mas como sou mulher, embora nessa noite os papéis tenham sido tão trocados, não tenho essa obrigação, e pude largar o cara no meio da rua e ir pra minha casa dormir em paz, sem mais pensar nele.

e assim permaneci. no dia seguinte assisti a um filme em que o personagem principal tinha o mesmo nome do meu amigo. e tinha até alguma semelhança com ele. eu só fui lembrar disso no final do filme. imagino se ele tivesse o nome do outro, aquele mesmo, a criatura que me fez tão triste assim... desde o primeiro minuto pensaria nele, e até o final do filme, assim como às vezes penso mesmo sem nome igual nem nada. e olha: foi muito bom, viu? não é por ter sido ruim, não. foi melhor do que todas as outras vezes que ficamos. talvez a sensação de poder que me dominava, mesmo sem cocaína, tenha feito ser tão bom. mas simplesmente acabou, foi um momento que durou enquanto durou, e que não ficou vindo me perseguir depois, nem para o bem, nem para o mal. não, eu não suspirei nem uma vez. nem pensei "pô, de repente... até dava certo, hein?". não. e se eu fico um tiquinho triste que ele vai embora, é mais pela amizade mesmo, por fumar um depois da aula, ou tomar uma cervejinha. e um tiquinho um pouco maior por perder um admirador fixo e estável, sempre disponível. mas é só.

não sei o que ele sentiu. nossa história acabou faz tempo. ele gostou muito de mim numa certa época, mas na verdade creio que se apaixonou mais por estar apaixonado do que por mim. mas era clara a surpresa dele, a falta de chão pra entender o que tinha acontecido. se fosse uma mulher, se fosse eu, podia jurar de pés juntos que ela estaria pensando em mim agora. estaria até muito mais triste de ir embora. e eu aqui, nem aí, ainda com um resto de amor e um tantão de mágoa por outro, e mesmo fora isso, totalmente indiferente. não sei se é isso que ele sente. mas agora entendo melhor os homens de quem gostei, os homens que tive ótimas noites e depois me surpreendi pela indiferença deles. uma ótima noite é só uma noite. e nem foi a minha noite por inteiro. teve outras coisas na balada. ele não foi a minha balada, nem isso. e no máximo sinto um vazio, mas que pouco tem a ver com ele.

fiquei triste, sabe? fiquei triste porque entendi muita coisa. coisas que aconteceram comigo na minha vida, castelos de areia tão frágeis na realidade e tão sólidos na minha cabeça, e que tanto me fizeram (fazem?) sofrer. a vida é isso aí. e, gente: com milhões de pessoas no mundo, tem mesmo de ser uma coincidência muito incrível para que duas pessoas se apaixonem uma pela outra, ao mesmo tempo. é muito fácil se apaixonar por alguém. mas com todas as outras pessoas do mundo, querer que aquela pessoa também se apaixone por você... é muito difícil. é muita coincidência. mesmo que as noites lhe pareçam inesquecíveis. uma noite é só uma noite, e várias noites são só várias noites, por melhores que sejam. ai...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Feriado cinzento

E se eu nunca mais me apaixonar por alguém? E se ninguém nunca mais se apaixonar por mim? E se eu nunca mais conseguir gozar? Será que aquele cafajeste que me largou era o único homem que me fazia ter prazer pleno? E se eu estiver grávida? E se eu não conseguir terminar todo o trabalho? E se eu for despedida? E se nunca mais parar de chover? E se aquele outro pra quem eu dei toda atenção estiver rindo de mim exatamente agora? E se eu emburrecer? E se as pessoas descobrirem que eu não tenho talento nem nada, sou burra e preguiçosa e lenta e só tive sorte de principiante? E se eu nunca mais achar graça de verdade em coisa alguma? E se eu envelhecer sem ter realizado as coisas que sonho para mim? E se o único homem que me sustenta de pé se apaixonar por outra? E se eu tiver errado monstruosamente nas escolhas que fiz? E se a minha sorte no amor acabou para sempre? E se eu nunca mais parar de engordar, se meu peito cair, se meu cabelo nunca mais ficar bonito, se eu perder o apoio das amigas porque ando chata e agressiva, e se? Ai! E se alguém jogou um feitiço em mim? Um mau-olhado? Inveja do tão pouco que tenho? E se eu nunca mais conseguir sair daqui? E se o meu rommmate nunca mais for legal comigo? E se eu não gostar nunca mais de ouvir samba ou qualqur música que cante a beleza da vida? E se eu não achar mais beleza na vida? E se eu ficar para trás? E se as pessoas tiverem vergonha de mim? Ou pena? E se eu não achar mais graça nas brincadeiras do meu sobrinho lindo? E se eu perder a juventude enterrada no trabalho? E se eu perceber que é tarde demais? E se eu nunca mais trepar com ninguém? E se não for só TPM? Se essa depressão nunca mais passar? Ai...

terça-feira, novembro 01, 2005

encalhada

oi, prazer, eu sou a tia véia de vocês. ou aquela amiga feia e escrachada que vai nas baladas e só serve de pombo correio pros caras que ficam com vocês (e dos quais ela sempre fica amiga). sou eu. e o pior é que desconfio que é por opção, mesmo que não seja muito consciente.

porque eu não fiquei mais feia, nem mais gorda, nem mais chata do que sempre fui. só que não arrumo um único cidadão pra dar uns beijos. nem uns beijos. tá foda. não sei o que acontece.

um mês, gente, um mês! vai criar teia de aranha, pô! vai ter que dedetizar!

Só o tempo

Hoje, já refeita, sete meses depois, a gente se reencontrou...
Ele foi muito simpático, fez gracinhas, me comprou um doce. Eu também fui simpática, dei risada e aceitei o doce. Mas não foi natural, aliás foi tudo muito artificial. Nem parecia que um dia a gente se abraçou, que uma dia a gente transou loucamente em lugares proibidos, que um dia a gente conversou por horas sem parar como se não parasse de ter assunto. Hoje ficou aquele silêncio estranho entre um assunto e outro.
Houve uma distância tão grande entre a gente, que foi quase triste. E durante toda a nossa conversa eu não consegui parar de olhar pra ele e pensar: “nossa, mas ele é muito pequeno”. Uma amiga foi me encontrar e eu apresentei os dois. Dei tchau pra ele, com um longo abraço, e fui embora com a minha amiga. 10 segundos depois ela me fala: “esse ai, não é aquele lá, não, né?” Eu digo: É sim. E ela: “Nossa, mas ele é um ratinho, mirradinho”! Dei muita risada, mas depois fiquei com dor de estômago por horas!
O tempo é incrível!
Hoje reencontrei “aquele” cara e depois de sentir o rosto vermelho, de uma vergonha inicial e natural, comecei a achar ele pequeno, magrelo, fraquinho! Fiquei tentando ver nele aquele cara por quem me apaixonei de verdade, por quem eu me acabei de tanto comer quando ele sumiu da minha vida, por quem fiquei com outro pra tentar esquecer, por quem chorei tanto, e por quem jurei que não iria mais gostar de ninguém.
Na época ele me trocou por outra e fiquei pensando quem seria essa outra... Hoje pensei que ela deve ser uma menina. Uma menininha bem fraquinha, que nem ele. Fraquinha de tudo! Será que ele sempre foi assim magrelo? Será que emagreceu muito nesses meses, ou será que antes ele tinha mais estilo? Ou será que eu tava era cega? Não vi graça nele! Sei lá, só sei que o charme ficou pra trás. E a pergunta: será que um dia a gente ficou junto? Não tive essa sensação... Triste? Sei lá... Só o tempo consegue fazer isso! Parece que nada aconteceu.