quarta-feira, agosto 30, 2006

(mais um) aprendizado...

Quando meu filho estava pra nascer, eu saí em um retiro de Yoga pré- parto no meio do mato. Sempre quis ter um parto natural, e o retiro prometia ensinar a fazer da "hora" um aprendizado, um momento não traumático (para mãe e bebê) mas especial. De fato ajudou muito. O meu parto, que tinha tudo para ser MUITO traumático - leia-se convênio barato, falta de vagas no hospital e burocracias sendo resolvidas comigo em dores de horas de bolsa já rompida. Mas eu tinha em mente que tinha que ser bom. Iria aprender com aquilo, e as dores tinham motivo e iriam passar. Tive meu parto natural e amei aquele ser pequeno e lindo que foi meu cúmplice. Mas do que a mestre ensinou naquele dia, uma coisa em particular ficou cravada em mim: passar pelas dores fortes (muito, muito fortes) como quem larga o corpo em uma onda, que vai acabar. Largar mão, não lutar contra, abrir os braços e sentir a dor. Não evitar, mas também não super valorizar. Saber que simplesmente vai passar. Ajudou no meu parto, e ajuda agora, que enfrento outra dessas ondas de dores fortes, só que no coração. Há meses que luto contra meus medos, minhas inseguranças e instintos tão primitivos de desespero que me consumiam e consumiam ainda mais o culpado pelos meus anseios. E de repente, me lembrei da onda. Um conselho tão simples e sábio quanto só um mestre pode dar. E larguei o corpo. Entendi e aceitei minhas inseguranças, assumi o amor que sinto e percebi que não posso consumir o companheiro por conta de um amor desesperado. Simples assim: "quero você. Se der certo, se não der, se enganar, se não, se mudar ou não acontecer nada". Resolvi ser simples, para total surpresa e embasbacamento do meu parceiro que não entendeu como em uma semana alguém pode mudar tanto de idéia. "Foi a onda. Passou. Agora quero respirar serena e aproveitar meu crescimento". Todo sofrimento é para o bem enfim, se agente não negar. Largar o corpo e se orgulhar de ter sobrevivido.

segunda-feira, agosto 28, 2006

A minha melhor

- O pescador está vendo.Vem mais para cá
- Se você continuar mexendo nele deste jeito eu vou te comer aqui mesmo...
- ... (é isso que eu quero). Hum..... Estou com uma vontade de fazer uma coisa...
Ela então se ajoelha no chão de terra batida, em meio a galhos de árvores, enquanto ouve o barulho do mar batendo nas rochas. O membro do amante está tão rígido e convidativo que ela não poderia não se render a ele.
-Vem cá.
Ela tira a parte de baixo do biquíni, se ajeitando numa posição propícia, em meio ao pedaço de mata atlântica que agora era cúmplice do mais urgente desejo de reconciliação. Ele abaixa as calças e tenta penetrá-la enquanto se diverte com o helicóptero que voa tão baixo, com o pescador que finje se preocupar com o que mar lhe traz e com o voyerismo disfarçado das lanchas de “famílias de bem” passeando devagar na imensidão azul.
Ela geme tão forte, está louca, descontrolada, quer mais. Quer sentir o gozo dele dentro de seu ventre.
Morde, soa, geme, aperta, chupa, roça, sente, fode...
Ela sabe que nunca ninguém a comera daquele jeito e que nunca houve melhor maneira de se fazer as pazes.

Carta aberta à Clá

Cara Clá,
Não pude deixar de te escrever depois do tão inesperado encontro que você teve com a minha melhor amiga, coisa que, certamente não desconfia.
Tenho tanta coisa para te dizer... A primeira delas não passa de um vexatório “Eu não sabia...”, mas que tem ao menos a virtude de ser verdadeiro. Pois é, Clá, eu não sabia que o amor doía... Quando eu comecei meu caso com o homem da sua vida, o amor para mim não passava de uma grande brincadeira – nem bom demais, nem ruim demais. Um jogo apenas, no qual eu, menina, que era, no fundo morria de medo de sair perdendo e então só esbarrava nele com aquelas saias curtinhas que eu usava, para poder sempre acabar a noite com meu sorriso triunfal.
Eu nunca amei seu homem e te digo com toda a certeza que, no pouco tempo em que ficou comigo, ele nunca deixou de ser seu. À noite, fazíamos amor em frente à sua fotografia, colada na porta do armário dele. Não era afronta, não... Pelo contrário, era uma forma de ele nos dizer que aquele território ainda te pertencia. Eu sabia, mas não me importava muito... O ciúme ainda levaria alguns anos para bater à minha porta...
Daquele tempo guardei sua memória viva na lembrança: uma noite, em uma festa na casa dele, você me chamou para um duelo verbal. O tema? Não podia ser outro: o futuro dele. Você tinha teorias e idéias acabadas do que seria o melhor para ele. Já eu, não perdia muito tempo pensando nisso, ele que fizesse o que quisesse da vida dele, o futuro estava longe demais. Mas os seus olhos verdes me deram medo e eu resolvi dormir cedo, para não ter que agüentar os raios que saíam de dentro deles. Só hoje me dou conta como deve ter te doído o momento em que eu subi as escadas para esperá-lo no quarto, enquanto você teve que pegar seu carro e provavelmente voltar chorando para casa. Deste dia ainda, um episódio memorável da minha condição de debutante na vida: graças a você, Clá, eu aprendi a tomar uísque. Porque naquele seu desafio verbal, você segurava um copo de uísque que ele mesmo te servira meia hora antes. Eu, com a minha lata de cerveja, me sentia minúscula e infantil. A partir desse dia, decidi ostentar aquela bebida que me parecia tão chique...
Eu não sabia, Clá. Vocês não estavam mais juntos há algum tempo e eu achava que quando isso acontecia era porque as pessoas não queriam mais estar juntas...No meu mundo lógico, simples e pueril, a insanidade do amor estava reservada para cantores de bossa-nova e filmes europeus.
O tempo passou e um dia ele veio me dizer que não queria mais ficar comigo. Eu não entendi muito bem porque, se afinal respeitava sempre o espaço dele e vivia a minha vida também. Não é isso que os homens querem? Não. Ele queria um amor de verdade, como o seu.
Alguns anos se passaram. Vocês voltaram a namorar e eu resolvi morar fora com um homem. Fui como quem vai para a guerra, porque sabia que não podia fugir da missão mais difícil da minha vida: amar um homem.
O amor chegou para mim de braços dados com a solidão. Longe de casa, dos amigos, das minhas referências, aquele sentimento que se confundia dentro de mim com fragilidade e dependência me assustava demais. Fui me apequenando, emagreci 10 quilos e chorei tanto que adquiri uma enxaqueca crônica. Não era à toa que eu fugia tanto desse monstro.
E então veio o pior de tudo: o ciúme. Tudo aquilo que você sentia por alguém que ficou três meses com o seu homem, eu senti pela mulher que havia se casado com ele antes de mim. Três longos anos, os quais eu podia sentir o cheiro naquele apartamento que ainda estava no nome dela. Alguém dentro de mim assistia impassível ao meu gradual desmoronamento e entrega: ele telefonava para ela todos os dias e ficava quase uma hora, dando risada e falando com aquela voz que só os apaixonados usam. Ai, aquela voz! Encontrei fotografias dela pelada em uma velha agenda (que seios enormes e belos – tão diferentes dos meus brasileiros...), cartas de amor..
Ai Clá, tanta coisa...E se te conto isso é, não só para fazê-la ter pena de mim, mas para dizer que, enfim , eu te entendi. É, sim, entendi o porquê dos raios de ódio que saem dos seus olhos quando me vêem. E, entendendo, te perdoei. A ela, perdôo todo dia um pouco, apesar de às vezes, em súbitos acessos de fúria, eu cortar com gilete uma das fotografias dela que sobraram por aí... Mas o perdão é necessário.
Não perca tempo comigo, não. Tudo passa, Clá.
No fundo, o que eu quero, é que todos nós sejamos felizes.
Um grande abraço para você
Malvina.

O cabelo como prolongamento da psique feminina

Em uma cidade que provoca suspiros admirados nos turistas e lágrimas mal engolidas em seus habitantes, ela conheceu o ciúme. Pior: conheceu o ciúme em uma rival inteligente de seios majestosos, olhar amendoado e cabelos lisos. A bússola ficou para trás, perdida em alguma esteira de aeroporto, e ela passou a caminhar desnorteada pelas ruas noires-et-blanches, onde cada tijolo podia conter um espelho côncavo, que exagerava seus defeitos e a deixava à mercê da solidão que lhe causava o horror do encontro consigo mesma.
Uma manhã, a seção de classificados do jornal anunciava em grandes letras cortes de cabelo gratuitos, realizados por estudantes de coiffure. Meteu-se nos casacos que a faziam sentir-se desajeitada e deselegante em meio às impecáveis européias, e tomou o metrô. Desceu na estação Richelieu e em poucos minutos chegou a um prédio de aparência nobre, onde o portão se abria sem a necessidade de digitar o código. Timidamente foi entrando e disse seu nome à menina arrogante e bem-vestida que a encarava na entrada. Mais duas moças aguardavam na sala de espera para ter seus cabelos cortados, mas ambas estavam tão à vontade em suas poltronas de couro italiano, que não lhe despertaram nenhum sentimento de cumplicidade. Antes, uma leve lembrança de desamparo roçou-lhe a nuca enquanto fingia folhear uma revista qualquer. Quando seu nome foi chamado na sala ao lado, levantou-se em câmera lenta, procurando ignorar os olhares que naturalmente se voltavam a ela.
Murmurou um travoso Bonjour e sentou-se na cadeira no meio da sala, ante o olhar curioso de uma platéia de estudantes com suas pranchetas e canetas a postos. Sem nem mesmo esboçar cerimônia, o cabeleireiro aproximou-se e foi pegando em seu objeto de trabalho, expondo à platéia atenta seus defeitos e as possíveis soluções para o caso. Ela sentiu-se como um cadáver na Universidade de Medicina e não foi sem esforço que conseguiu balbuciar que “cortar, tudo bem, mas a cor é que não mudaria”. A chacina começou de súbito e as mechas se acumulavam no chão sem o menor ruído, como que resignadas. Aquele silêncio a enfurecia. Ninguém ali parecia se dar conta do óbvio, de que o cabelo é um prolongamento da psique feminina. A cadeira girava e o barulho da tesoura era mordaz e incessante, como uma tortura bem calculada. Queria sair correndo, gritar, mas a compenetração dos estudantes a impedia. E ali ela soube que já não se pertencia. Entregara-se, e era o fim. Quando o holocausto terminou, os alunos vieram-lhe pegar nos cabelos e alguns até lembravam de perguntar se ela havia gostado do resultado.
Foi com um misto de alívio e orgulho que deixou o centro. A juba leonina havia crescido para cima e exigia uma nova personalidade. Ocorreu-lhe que só os corajosos saíam assim na rua. Estufou o peito e diminuiu o passo, mas no fundo sabia que assim que chegasse em casa tomaria um banho e prenderia todo e qualquer fio com um elástico implacável.
Uma urgência, no entanto, a fez adiar a volta. Subjugada pela cabeleira, rumou em direção ao apartamento daquela dos seios majestosos, olhos amendoados e cabelos lisos. Antecipando o gozo do encontro, sorria pois sabia que agora tudo estava exposto em plena luz do dia. O mundo podia enfim se condoer oficialmente dela, pois seu lado sombrio não mais se escondia em uma caverna estranha e desconhecida. Como ansiava a vítima por mostrar ao seu algoz as marcas indeléveis do suplício! Coroada com a humilhação, andou triunfante até a casa daquela que despertara seus monstros mais secretos para, finalmente, mostrar-lhe a concretude de sua dor.

quinta-feira, agosto 24, 2006

ai que orgulho de mim

Eu estou muito orgulhosa da minha pessoa. Porque estou conseguindo fazer regime, ganhei um aumento (pequeno, minúsculo), vou ter carro (assim que criar coragem pra dirigir enfim) e falar francês (tomarei aulas a partir da semana que vem). Agora só falta ele querer andar comigo no carro, me chamar de gostosa, e me adorar francesa. Porque no fim, tudo acaba sendo mentira porque ele resolveu - dito assim mesmo- me pôr no fim da lista de prioridades. Daí não me orgulho mais, nem ligo. Mas ligo e me orgulho só pra quando ele me chutar oficialmente, se arrepender mais bonito assim: "poxa, larguei a malvina que, além de guerreira cósmica (segundo o calendário maia), é gostosa, motorizada e fala francês". Aí, mon petit, vou soltar um longo e blasé "c´est la vie" seguido de um "AZAAAAAAAAAAR VACILÃO!!!!!!!!!".
Ah que orgulho de ser maloqueira.

terça-feira, agosto 22, 2006

Felizes para sempre, vamos derreter e comemorar, a vida é bela. Mas tem um negócio, ou melhor, uma negócia, que consegue me tirar do sério. Incontrolável, e eu odeio muito. Muito muito muito. kdljfvbjksdfvbhbldfhvbdsvbsdvbvbsdbvdhvbdhbvhdfbvdhbvdhfvbhdfvbd
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sexta-feira, agosto 18, 2006

Senhoras e senhores: eu tenho franja!

(ou: pequenas observações de uma espiã no mundo das cabeleiras lisas)

Desde anteontem mudei de time. Minha famosa cabeleira crespa e louca ficou lisa. Está domada. Nem parece, viu, que é alisamento. Combina com o meu rosto branquinho. Pareço uma européia. Desde anteontem eu fiquei limpinha. Virei casaca. Mudei de lado. Pessoal nem pensa. Parece comigo. E não parece nem um pouco com o que eu sou. Estou simples. Estou ordeira. Casadoira. Jovem promissora. Uma mulher comum. Ninguém me nota, na multidão. O vento bagunça meus cabelos. A franja me cai na cara. É verdade: cabelo liso é um saco, não prende de jeito nenhum. Não dá para fazer muita coisa. Fica chato. Tá estou entediada. E gostei muito. Estou bonita. É impressionante como os homens me olham mais na rua. Sou outra. Tenho raiva dos homens que me olham mais só porque eu tenho cabelo liso. Acho minha alma ainda mais incongruente com essa carinha de santo. Cara ainda mais de santo. Comprei xampú para cabelos "lisos e soltos". Comprei escova. Aproveitei e comprei creme hidratante, também. Sequei o cabelo com secador. Penteei no meio do escritório, sem vergonha. Quando trepar, não vai ficar um azouge (aliás, quando eu vou trepar???). Dormi e ele acordou do mesmo jeito. Para baixo. Tenho saudade do meu antigo. E orgulho do meu novo. Sempre sonhei com isso. E quero mostrar pra todo mundo que falou que ia ficar feio: óóóóóóóóóóóóó!

Joguinhos de amor, provocações, amor idealizado, homem que tira a gente do fundo do poço

Um dia...

Homem gostoso: Sabe, você não deveria prender o cabelo assim...
Malvina: Pq não?
Homem gostoso: Porque me dá vontade de te descabelar.

Ontem...

Malvina:???
Homem gostoso: eu te mandei um e-mail em branco?
Malvina: sim
Homem gostoso: putz, desculpe. realmente, eu tava pensando muito em te mandar um e-mail. acho que pensei tanto que ele foi sozinho... tô até com vergonha.
Malvina: e o que queria tanto me falar?
Homem gostoso: vai soar meio canalha, mas eu ia sugerir que vc dedicasse cuidados a mim, que convalesço de uma grave amigdalite
Malvina: tá precisando de cuidados?O que você quer de mim? (não abuse da resposta).
Homem gostoso:impossível não abusar da resposta, meus olhos brilham sem parar
Malvina: você me desconcentra, me desconcerta, me faz perder as palavras.
Homem gostoso: e eu, então? pobre de mim, que até agora não consegui dizer o que tanto queria...

quinta-feira, agosto 17, 2006

da internet

Poema da buceta
Para Leônidas Pellegrini, il miglior fabbro.


Com o perdão da palavra,
eu gosto mesmo é de buceta.
Há palavras que não se encaixam
no verso ou na prosa,
mas buceta se encaixa,
buceta é gostosa.

Buceta é uma beleza,
buceta é a palavra mais linda
da língua portuguesa,
buceta é a coisa mais bonita do mundo.

O que seria de mim sem ela?
Nem sequer eu nasceria.
Buceta, via de regra, é a via.
A via estreita.
Somos todos filhos da buceta.

Sou um bucetófilo,
com o perdão da palavra.
A palavra é feia,
mas a buceta, não.
A buceta é bela.
O que seria de mim sem ela?

Repetirei tanto a palavra buceta
que você vai se acostumar.
Pois até mesmo as garotas mais recatadas,
de boca limpa e pensamentos sérios,
têm buceta.
Até mesmo os homens mais cheios de siso,
para quem a palavra buceta não deve entrar no poema,
vieram da buça.

De menino, sou da buceta.
A buceta me intriga
desde os tempos imemoriais.
Não se passou uma hora em minha vida
sem pensamentos de buceta.
A buceta é meu princípio, meu fim:
eu me acabo na buceta.

Por isso eu falo, por isso eu penso,
por isso eu canto: bu-ce-ta.
Nunca mais direi uma frase
que não inclua a palavra buceta.
A ela renderei todos os meus sins,
todos os meus ais, todas minhas odes.
Com a buceta ninguém pode.
(Disse.)

Buceta é outra civilização,
vou-me embora pra buceta.
Todas as coisas, meu amigo,
são bucetas disfarçadas.
O pinto, esse ridículo,
não passa de um ensaio,
muito mal-feito, aliás.

A buceta, não: a buceta é sutil,
pertence ao lado de dentro,
delicada como um lírio de carne,
um tamarindo fêmea,
uma usina de pêlos e músculos,
como é linda a buceta.

Irmã da boca, caminho das mãos, amiga do peito,
senhora dos meus pensamentos,
com o perdão da palavra,
eu te amo, buceta.





(internet é assim: acaba com a moral, os bons costumes e o direito autoral. eu achei esse poema num perfil do orkut, joguei no google e vi que estava num blog. não sei se o autor do blog é o mesmo do perfil do orkut; nem pude avisá-lo pelo orkut que ia postar o poema aqui senão nosso anonimato vai pra cucuia, né? então, o máximo que faço é dar o link - http://briguet.tipos.com.br/ - e ir lá avisar o autor do blog, como malvina, que o poema tá aqui. agora: vai saber se é dele?)

sonhos

Hoje eu sonhei que o nosso blog tinha ficado famoso. E aí todo mundo sabia quem eram as Malvinas. As pessoas colocavam o link no msn e tudo mais. O pior é que quem não podia saber das histórias ficou sabendo. Foi um show de horror. e nessa mesma noite sonhei que um homem desconhecido virava para mim e falava: avisa a Malvina que eu (fulano) preciso falar com ela. (Ele usava terno e óculos escuro). Ela sabe do que se trata e sabe como me achar. E saiu. Vixe. cada coisa mais maluca...

quarta-feira, agosto 16, 2006

.

eu não sei exatamente que mágica que acontece, mas às vezes eu me transformo num ponto. um único ponto, o menor de todos, o mais esmagado entre todos os outros elementos que compõem o resto do universo. um ponto. e só.

um ponto não é nada e é tudo ao mesmo tempo. o ponto forma todas as coisas. mas se não se junta a outros pontos, um ponto é só um ponto. e não é o ponto. é um ponto. apenas um ponto, ridículo, inútil e que contém em si a possibilidade de formar todo o universo. mas por ser só um ponto, e não ser nada além disso, a possibilidade o esmaga. porque ele não consegue deixar de ser ponto. e sabe que essa é sua finalidade. a finalidade do ponto é não ser apenas um ponto. mas às vezes fico presa na condição de ponto.

e aí, esmagada no cantinho do banco do ônibus, envergonhada da minha condição de ponto, tento ser um ponto menor ainda. e parece que quanto mais tento diminuir, maior fico. um ponto enorme e minúsculo, insignificante de dar dó, de dar nojo - mas impossível de não ser notado. um ponto que ofende os outros por sua insignificância.

um ponto que não quer ser ponto, que não quer ser nada; um ponto que quer não existir.

Quero colo!!

Engraçado que está sol, mas está tudo cinza. Tá tudo uma merda. Uma bosta. To deprimida. Quero um homem pra chamar de meu. To carente. Quero colo. To menstruada. To triste. To com saudade da época que eu fui feliz de verdade. To triste. Eu quero aquela época que tudo fazia sentido. Hum... Tá tudo tão vazio por aqui. Tá frio. To sozinha. Tudo empacado. Não sai. Choro. Eu finjo que trabalho. Mas, tá tudo está bem quando eu não estou aqui. Eu quero os dias de sol. E foi depois daquele dia...

Ai!

Acabei de bater o cotovelo na mesa! E como sou supersticiosa (e teimosa), acho que tem alguém que eu gosto (ou que gosta de mim, não sei direito) pensando em mim. E não passo a mão para aliviar porque dizem que se vc passa a mão ele esquece... Agora, hum... uma pessoa pensando em mim? Bom, seja quem for, se for um dos meus, esse pensamento deve estar vindo beeeeeem de longe. Porque: um está na Argentina; outro, na Bolívia; outro, na Espanha; outro ainda, na Irlanda. O que está mais perto está no Guarujá (!!!) E eu que preferia um deles, unzinho só, do meu lado fazendo um chamego...

sábado, agosto 12, 2006

Haja o Que Houver

Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
Espero por ti
Volta no vento oh meu amor
Volta depressa por favor

Há quanto tempo
Já esqueci
Porque fiquei longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento
Por favor
Eu sei
Quem és pra mim

Haja o que houver
Espero por ti

Há quanto tempo
Já esqueci
Porque fiquei longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento
Por favor

Eu sei
Quem és
Pra mim

Haja o que houver
Espero por ti

sexta-feira, agosto 11, 2006

Você já ouviu falar? (uma homenagem ao homem do pinto preto)

Você já ouviu falar
Do homem do pinto de ouro?
Aquele que dá no couro
Sempre que você precisar?

Você já ouviu falar
Do homem do pinto preto?
Que veio de longe, do gueto
Só para contigo causar?

Você já ouviu falar
Do homem do pinto escuro?
Que mal te vê, já fica duro
Mesmo sem você se pentear?

Pois esse homem, amiga dona-de-casa,
Existe
E vai aparecer, pinto em riste
Sempre que você chamar

Feche os olhos na lua cheia
Tome banho de areia
Costure sapo ao luar
Dê três pulos para trás
E eu garanto que jamais
Na mão você vai ficar

quinta-feira, agosto 10, 2006

Socorro! eu estou triste pra caralho

Tá tudo bem, tá tudo bem, eu repito, mas a verdade é que eu tô triste pra caralho e não sei direito o que é. Tô me sentindo muito muito mal, perdi meu espaço no antigo trabalho, e agora a vontade é fazer o que eles estão fazendo, eles tão tocando a vida, e eu aqui... Não me sintonizei com o novo, não sei o que estou fazendo e suspeito que esteja fazendo merda! Não vai dar tempo, não consigo ficar quieta, não consigo escrever, tô triste, não! Não é TPM, sim, levei mais um fora, sim, o homem do pinto de ouro está beeem longe, sim, tenho saudade de alguma coisa mas não é das amigas, não, ontem não fiquei com aquele amigo que sempre me canta, não, não recebi meu último salário, estou órfã, fiquei órfã e agora estou sozinha e agora não sei para onde vou! E se eles nem lerem meu último trabalho? E se eles jogarem no lixo? E se eu só conseguir agora produzir lixo? E se ele estiver feliz feliz, rindo à toa na espanha? Porque ele vem azucrinar meus sonhos, por que ele não me deixa em pazzzzzzzzzzzzzz????????????????

quarta-feira, agosto 09, 2006

Conversa boba numa tarde boba de sol

Malvina malandra diz:
vc sabe a senha do seu pc?
Malvina La Malva diz:
(Tô mto bom astral ultimamente, né?)
Malvina La Malva diz:
Claro amor!
Malvina malandra é a gata diz:
tá sim
Malvina La Malva diz:
É meu!
Malvina malandra diz:
então diga
Malvina malandra diz:
Malvina ao contrário
Malvina La Malva diz:
anivlam
Malvina La Malva diz:
Anivlam Al Avlam
Malvina malandra diz:
hahahahahahaha
Malvina La Malva diz:
Sempre brincava disso qdo criança
Malvina malandra diz:
eu tb
Malvina malandra diz:
mas mais legal é tenis polar, lembra?
Malvina La Malva diz:
TÊNIS POLAR?!?!?!?!??
Malvina malandra diz:
é??
Malvina malandra diz:
não lembra??
Malvina La Malva diz:
???
Malvina malandra diz:
é um codigo
Malvina malandra diz:
vc nao leu a droga da obediencia?
Malvina La Malva diz:
Ah, li. Mas esqueci!
Malvina malandra diz:
é assim
TENIS
POLAR
Malvina malandra diz:
t vira p, e vira o, n vira l e assim por diante
Malvina La Malva diz:
Ah!
Malvina La Malva diz:
E vc falava coisas inteiras assim?
Malvina malandra diz:
malvina vira MINVALI
Malvina La Malva diz:
HAHAHAHA
Malvina malandra diz:
não, falar é foda, mas escrevia rapidão hehehe
Malvina La Malva diz:
Podia usar no MSN
Malvina malandra diz:
é, na epoca era em bilhetinho mesmo
Malvina malandra diz:
hehehe
Malvina La Malva diz:
Ó: vou colocar esse papo no Malvinas
Malvina La Malva diz:
Pra dar um tom de nostalgia, tá?
Malvina malandra diz:
tá, legal
Malvina La Malva diz:
E pq eu n to fazendo porra nenhuma.
Malvina La Malva diz:
então diz uma coisa beeeem profunda par terminar
Malvina malandra diz:
bem profunda?
Malvina malandra diz:
Hummmmm...
Malvina malandra diz:
*-)

O dia em que eu conheci a Clá

Aprendi a odiá-la. Era tudo o que eu sabia sobre ela: tinha que odiá-la. Porque roubara o namorado da melhor amiga, porque se inimizara com a melhor amiga, porque assim queria a melhor amiga. Porque a gente tem que odiar alguém, pô! A gente não pode ser boazinha o tempo todo. Daí que faz dez anos que eu a vejo e odeio seus grandes olhos claros, a maneira como ela parece se pensar sempre um pouquinho superior, a maneira como ela não sorri para quase ninguém.
Mas vai que, com tudo que se passa na minha vida agora agorinha, mais tudo o que se passou, mais um monte de maconha que religiosamnete tenho tragado, não reconhci que ela, aquela menina sentada ali na mesa do bar com velhos e animados amigos, era ela, a Clá. Fui sentando. Cerveja cerveja. E fomos conversando, fui me abrindo, foi ela se abrindo também. Falamos muita besteira, demos risada... Um dos meninos insistis que ela tinha que dar pra ele, numa eufemística "terapia corporal", a mesma brincadeira que já vi tantas vezes. Tentava beijá-la. Cerveja cerveja. Ela ficava sem graça, ela ria sempre, ela dava beijinhos de brincadeira. Uma menina, uma menina igual a mim - pior: uma menina muito parecida com a melhor amiga.
Quando descobri o teatro de erros, que quela menina já meio bêbada era a Clá, vixe!, já estava gostando dela. E foi aí que veio o papo, ela também tinha se separado há pouco tempo, no caso dela foram 7 anos, e falamos do sofrimento, falamos de quanto os amávamos, falamos da dificuldade de ser de novo uma pessoa. Falamos de raiva - e ela tem tanta raiva dentro dela, ela é tão dura! Eu a alegrando: não fica assim, passa, pode acreditar que passa... Porque comigo passou. Dói ainda, mas passou. O dela foi pra Portugal; o meu, pra a Espanha. Cerveja cerveja. Gostam de sovaco peludo, brinquei. Ela riu.
Mas a tristeza já havia tomado conta dela. Falei que ela devia se cuidar: olha, faz dez anos que eu te vejo de longe, e seus cabelos sempre assim, desgrenhados, as roupas meio soltas, parece querer se mostrar mal! Pra quê? Pra que o mundo lhe tenha pena? A dor que ela carrega a faz triste, a faz dramática, e a faz forte. Bonita, a menina! E sofria pelo mesmo namorado que roubou da minha amiga, que foi roubada da minha amiga, que amou a todas e depois foi pra Portugal! Cerveja cerveja...
No final, ela me agradeceu: "precisava conversar com alguém como você, quero mais, me liga por favor!". Eu fiquei quieta, ela nem imagina. Tive muita dó dela. E muita dó desse triste circo de ilusões e desencontros que é o amor...

segunda-feira, agosto 07, 2006

e como dizia aquele bêbado da mesa ao lado, que escutei de orelhuda que sou...

"A dor é inevitável; o sofrimento é opcional."

sábado, agosto 05, 2006

Festa de despedida ou reencontro

10 de janeiro
Con lemón
Agora mais do que nunca.
Te quiero con lemón!
Eu quero a vida con lemón.
Eu quero as pessoas con lemón.
Aquelas que me fazem me sentir viva, vivíssima.
Mais confusa do que nunca e mais viva do que nunca.
Mais prazer do que nunca.
Em um gozo mútuo de primeira, in-crí-vel...
Um gozo tão intenso e tão inesperado e tão esquecido que me fez rir durante meia hora um riso incontrolável.
Devagar ele foi me descobrindo inteira, me beijando inteira.
Em uma sintonia absurda.
Con lemón.
Duas horas, con lemón.
E pro faz-de-conta: con lemón.
E pra cachoeira com os dreads num samba de cuíca fantástica: con lemón.
Com muito lemón.
Mais viva do que nunca.
Com a pele mais linda do que nunca.
Um começo de ano con lemón.

05 de agosto
O mesmo gozo mutuo, o mesmo riso incontrolável durante meia hora só que dessa vez com uma crise de choro no final. Pelo amor de Deus, por onde você andou? Sinto o seu cheiro e já sinto o seu corpo. Puta que o pariu, puta que o pariu. Geme filho da puta pra melhor chupada da sua vida. Eu te amo. Filho da puta. Dei um tapa na perna. Ele riu. Disparei. Muitos tapas, ele puxou meu cabelo. O freio de mão, a melhor transa da minha vida, o vidro do carro embaçado. O cheiro. Porque a gente? o casal tão bonito e promissor. Outra vez. O beijo. Conlemón. Mais. O Rio de Janeiro. O cheiro e a mensagem. Eu achei que tivesse sido engano. Muita maconha, muito samba, é o juízo final, não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar.... O morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar... Me olha sambando. estou sambando pra você. Não vê. vem, sou sua, vem ser meu. Pra sempre. Hoje te amo. Goza em mim e geme pro melhor sexo que vai haver no carro as três e meia da manhã. Hoje eu engravidei de ti. Me gozei de ti. Hoje te amo. Hoje con lemon. Na mesma casa, 7 meses depois. No mesmo dia. Con lemón. AMO. Quero. Volta. Vem. Geme. Faz café pra mim. Abre a porta com o seu gorro e diz que preparou jantar pra mim. Diz que alugou um filme e me mostra as fotos que fez. tenho lido as suas matérias... estão tão boas... teve uma que eu quis tanto te mostrar, usei as fotso como você me ensinou. Eu fiquei pensando em como deve ter dado resulatdo essa outra. Eu não senti saudade de você, estava com raiva, mas quando eu fui pro Rio, relembrei todo o carnaval e relembrei, tiveram momentos lindos... Eu passei em frente a sua casa um dia desses, a janela estava aberta. Passei mal Malvina. Eu te vi, no carro durante a final da copa. Eu estava bebado. Eu vou no show do Chico Buarque... Eu vou pro Rio passar uma semana lá. COm quem você foi pro Rio, com um pessoal(?) Merda. parece que o tempo não passou, que a gente não se separou. O que eu vou fazer amanhã???? Eu quero a sua cama, Vem pra minha casa. Me abraça e me diz que me ama. Se você dissesse que me ama. Merda. O que foi que eu fiz. A Malvina me avisou. Dito e feito, como uma criança assustada, meu corpo treme. não consigo parar de chorar.

quarta-feira, agosto 02, 2006

santo milagre

Então saímos nós. Não faziamos isso há tempos e eu fui determinada a dar um fim aos tempos de guerras insanas e gastrites nervosas. Me arrumei bonita, lasciva. Quando ele chegou, passei levemente a mão dele sobre a minha saia, para que sentisse o contorno da cinta liga que carregava solta. Olhei nos olhos. Baixamos a guarda por hoje? Balançou a cabeça que sim, mas continuou sério, a expressão cerrada.
Chegando lá, pessoas de fotolog (como perfeitamente nomeou uma malvina certa vez) davam risadas de mentira. Pedi uma coca -cola e ficamos esperando por algum milagre que nos salvasse do inevitável fim. E eis que ele chegou. O milagre na forma perfeita de um homem lindo, perigoso e muito amigo dos dois. O único que conseguia provocar ciúmes no meu homem. Havia uma história, o bonito me pôs, tempos remotos, contra a parede e eu com medo do seu gênio recusei. Os três conhecíamos o episódio. Achei a deixa. Ele seria minha única companhia durante toda a noite, já que meu parceiro estava cobrindo o evento que acontecia no bar. O amigo parecia estar combinado comigo. Me abraçava encenando histórias, tocava meus joelhos entre risadas. Senti que começava a incomodar o meu. Ele vinha, me dava beijos longos. Logo enlouqueceu de vez, enfiava a mão dentro da minha saia, puxando a cinta liga das minhas coxas, colocando minha mão por dentro da sua calça. Calma! Eu sorria triunfante. Vamos pra casa - Ele ordenou. Parou o elevador em um andar abaixo do nosso. Tirou minha saia ali mesmo. Fomos subindo as escadas e desmaiamos horas depois na nossa cama. Santo milagre, pensei malvina. Santo milagre.