segunda-feira, julho 31, 2006

domingo de frio na cama dele

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico

quinta-feira, julho 27, 2006

quem avisa amigo é

"você não me conhece: eu dou amor total. mas a porta da rua é serventia da casa".








eu juro que fiquei com medo. mesmo.

quarta-feira, julho 26, 2006

diálogos

- Vamos vai, você estuda lá
- pra que, fica em são paulo oras
- ah, por favor, eu prometo que faço tudo que vc quiser (!!)
- tá bom...mas promete que me apoia?
- prometo
- só porque eu te amo
- iííííííí ( um grunhido histérico e ridículo), smac, smac, smac, te amo, você é o melhor namorado do mundo, um tesão, um lindo, vai ser bom, você vai ver, serei boazinha.
- em pensamento: antes que eu me arrependa, é uma louca mesmo.

E lá:
Chegamos quatro da tarde, um puta vento sul.
- vamos pra praia lálálálálá
- pra praia?
- é
- só se for pra fazer farofa
- combinado
E na praia:
- tchau, vou no mar, nem espero sua companhia.
- é não espere mesmo
- te amo gatinho
- vai logo gostosa
de volta, molhada, o sol já se pôs, os lábios roxos.
- vem me dar um abraço
- ah meu para de ser criança
- muito prazer meu nome é malvina e eu parei na idade mental dos oito. Quer ser meu namorado?
- ãh
- vem fazer milanesa comigo?
- ah meu pára. Vamos pro quiosque fazer farofa comigo? peixe, cerveja, oba!
- oba!

Em casa, eu, depois do banho:
- você não vai tomar banho?
- eu não banho pra que?
- ai que porquinho
- vem cá ver o porquinho.
.............................

De manhã:
- bom dia, vem comer
- ai tem que ir pra praia mesmo?
- tem que sim, e vais entrar no mar comigo.
- vou é? vamos analisar o quadro. ( eita militante!)

- vem agora, a água tá uma delícia.
- tá, mas não joga água em mim.
- tá, não jogo.
- brrrrrrrrrrr
- tira o bico que tá parecendo um tucano
- que eu vou tirar meu biquini.
- pára meu, as pessoas vão ver
- nem ligo ( e tiro tudo)
- vem cá vem neném
- ai meu deus para agora como vou sair daqui de pau duro?
- ah, eu sei um jeito!
........................
- to com vergonha das pessoas agora, em terra. Vou fechar meus olhos e fritar.
- eu disse, num disse
- ah, mas foi bom vai?
- gostosa vem cá cê tá linda.
- vem fazer milanesa comigo?
- poxa, eu queria cadeiras.
- eu sou hippie, um pano pra mim tá bom.
- mas não dá pra ler direito
- uma pena. agora vem fazer milanesa comigo?
- sai!
Em casa:
- parabéns pela comida, to até orgulhoso. Você dá pruma boa cozinheira.

valeu hein malvina pela receita
- eu dou é pra você. mas escuta, e o banho?
- mais tarde.
- beleza, mas não chega perto enquanto não tomar.
- quer ver que chego?
................................
na rede:
- amor, vamos embora depois de amanha, e não amanhã?
- ah, meu, ah não, meu. Você quer?
- quero...ssssmaaaacc
- tá bom vai
- repetição da cena do primeiro diálogo.

Outro dia:
- meu amor, meu repertório de receitas acabou, e agora?
- vamos comer fora
- por sua conta
- é né...só porque eu te amo. vem cá.
.....................................
restaurante patrão, de frente pro mar, camarão...
- conta pra todo mundo tá que eu te troxe aqui.
- conto sim. Agora casa comigo?
- caso sim.

- meu bem, vem fazer milanesa comigo?
- ah meu, de novo, pára com essa história.
- é importante pra mim.

Agora, de volta, sem praia, doente, sozinha em casa.
Feliz, que a vida é bela. Que nós dois escolhemos assim. Que é assim mesmo.
Outro dia tava conversando com uma colega de trabalho, no café:
- poxa, eu não me formo, não me decido, não sou efetivada, continuo pobre. Por que eu sou assim?
- ah, minha amiga, eu vou me formar agora em quatro anos. Tá pensando que a vida é batata doce?
- não tô não.
- que não é.
- batata doce não. Brigadeiro.
(cara de cú).
Doce, doce.
Como o gosto da areia da milanesa que eu fiz sozinha.

Foi ciúme, sim*...

Xa la la la la la...

Desculpe o auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme, sim
Fiz greve de fome, guerrrilhas, motim
Perdi a cabeça
Esqueça..

Da próxima vez eu me mando
Que se dane meu jeito inseguro
Nosso amor vale tanto
Por você vou roubar os anéis de Saturno

segunda-feira, julho 24, 2006

Anti-Édipo

Um copo, dois copos, três copos, quatro copos de pinga. O maracatu tocava enquanto ele se anestesiava e o antibiótico me emperrava.
-Quer ir embora?
-Não, tudo bem.
Eu me centrava em seus olhos baixos, as pernas bambas, a frase que não saia e as filosofias de boteco. O maracatu sempre ao meu lado, em meio a cartazes coloridos e pessoas vindas de algum lugar até então, desconhecido.
“Você não está bebendo. Por isso acha que eu estou enrolando pra falar. Da próxima vez, não vai tomar remédio porra nenhuma!”. E caiu numa risada que fez todo mundo olhar.
Ele tentou explicar o que estava em seus pensamentos. Mas aquilo era só dele: “Era como se eu plantasse uma raiz....”
-Uma semente, você quer dizer?
-Não, Malvina. É uma raiz mesmo. Desencana. Tem coisas que não dá para explicar, como o amor.
-(...)
-Eu quero alguém para passar a vida comigo. E eu quero que seja você. Casa comigo?
-Cala a boca, cê tá chapado...
-Sóbrio eu não falo nada.
-(...)
-Só me promete uma coisa: não vira minha mãe?

Levianas

Para que a gente possa ser cada vez mais Malvina...

Coração Leviano

Trama em segredo teus planos
Parte sem dizer adeus
Nem lembra dos meus desenganos
Fere quem tudo perdeu
Ah, coração leviano
Não sabe o que fez do meu.

Este pobre navegante
Meu coração amante
Enfrentou a tempestade
No mar da paixão e da loucura
Fruto da minha aventura
Em busca da felicidade

Ah, coração teu engano
Foi esperar por um bem
De um coração leviano
Que nunca será de ninguém.


Leviana


Eu te amei
Me entreguei de um jeito
Que ninguém jamais se entregou

Amor igual ao meu
Jamais vai encontrar
Amar como eu te amo
Ninguém vai te amar
Porque você...

Ficava sussurrando junto ao meu ouvido
Mentiras misturadas com o seu gemido
E eu acreditava na sua palavra
Leviana!

Fazendo mil loucuras comigo na cama
Queria acreditar que você ainda me ama
Que, apesar de tudo, eu sinto a sua falta
Leviana!

domingo, julho 23, 2006

taking too serious

- não, eu não vou.
- é, não vou sair.
- tá, se eu resolver ir te ligo. mas acho difícil...

e no fim-de-semana, principalmente depois de ter passado o anterior fora da cidade, é que vi como o negócio ficou sério. recusei tantos convites, desliguei celular, deixei de ver um monte de gente legal, faltei numa festinha da pesada. discuti a relação durante uma outra festinha, na casa de uma amiga, onde só fui com aquela intenção profunda de não me desligar totalmente do mundo. no cantinho, em cima da escada, a festa rolando e o mundo em nossas mãos: "vai ser difícil. vamos insistir nisso ou não?". um copo de cristal fino balançando na beirada de uma mesa bamba, mas algo em mim me dava a certeza de que não cairia. e não caiu. vamos, é claro que vamos, alguém mais tem escolha? nåo vai cair, ao menos por enquanto. e dali a pouco esquecemos e estávamos rindo e bebendo cerveja de novo. com pena e um certo desprezo pelos casais que brigam. e no dia seguinte segui na recusa: desculpem, malvinas! desculpe, mãe! desculpe, pai! desculpe, todo mundo!
mas tive um fim-de-semana em que não cabia mais ninguém.

Foi o café.

Ele voltou.

Quando eu cheguei senti um frio na barriga e sorri. Ele levantou. Nos abraçamos. Ele falou: levei um susto, eu cheguei e você não estava... Como é bom ir para o trabalho, que saudades eu senti todos esses dias que ele estava longe... Agora me arrumo para ir trabalhar, chego mais cedo sorrindo e saio mais tarde sorrindo. Quando ele foi até a minha mesa e me suspirou: quer jantar comigo? eu respondi: não faz assim. Fomos jantar quando foi todo mundo, não poderia ir só com ele, mas sentamos lado a lado, e eu sentindo o meu corpo anestesiado, a comida quase não descia. Depois do jantar tomamos um café, diz a lenda que esse café tira o sono da noite inteira... A semana tinha sido tão à flor da pele que eu precisava sair, beijar alguém até diminuir essa adrenalina. Às vezes eu paro de trabalhar e começo a olhar a boca, a postura, o jeito de falar... Todo mundo resolve tomar uma cerveja no boteco, não daria pra negar. Aos poucos as pessoas começaram a ir embora. Só sobrou eu e ele. E ele me diz: eu sinto que você luta contra você mesma, eu concordei. Foram cinco minutos sem falar nada, só um olhando para o outro e imaginando um sexo naquela mesa de boteco.

(...) Vamos sair pra dançar? Vamos! Dançamos e fomos pro apartamento dele e eu muito bêbada nem sabia o que estava acontecendo. O apartamento era pequeno, aconchegante, uma delícia. Ele colocou uma música, acendeu uma vela e no sofá vamos nos beijando e nos descobrindo. Devagar. E ele beija muito gostoso. A noite vai passando em velas e o dia vai chegando. Sete horas da manhã a gente dorme no quarto dele. Eu acordo com ele poucas horas depois me beijando e de novo, e mais uma vez, e vamos tomar banho e o trabalho é o último lugar que queremos ir. Horas... horas... a barba, o peito dele, a música, a realidade, o despertador. (...)

Chego no trabalho e ele estava todo descabelado. Eu não dormi, me conta. Eu digo, foi o café. E ele, é melhor mesmo achar que foi o café... Se ele soubesse que quem me tira o sono é ele. Que eu fico imaginando essas e muitas outras cenas... E que eu passei o final de semana tentando beijar qualquer pessoa para tirar ele da minha cabeça e que eu estou completamente maluca de tesão por ele. Se ele soubesse, me levava para a cobertura do prédio e transaríamos lá mesmo. Pra cidade inteira ver o quanto a gente tem pra fazer.

Não sei até quando agüento. Se ele não fosse do trabalho, se não tivesse o meu tipo físico, se não fosse o mais filho da puta, se não tivesse comido todas as mulheres do trabalho, se ele não soubesse exatamente como me fazer enlouquecer...E eu, eu só precisava conseguir ser um pouco mais Malvina, um pouco má, um pouco foda-se, precisava ser menos passional.

segunda-feira, julho 17, 2006

queer eye for straight girls (ou: volta ao mundo - capítulo II - reduto gay carioca)

acho que analisar as relações entre os homens homo é uma boa maneira de fazer as mulheres hetero entenderem que nem sempre (ou quase nunca) os homens são propositadamente cafajestes. eles simplesmente têm uma maneira... diferente de se relacionar afetivamente. conto aqui uma historinha que presenciei em terras cariocas (o paraíso das bichas lindas, saradas, divertidas, inteligentes... mas que, infelizmente para as gatinhas deste nosso caro blog, gostam de homens):

téo e felipe foram casados durante vários anos. uns cinco, ou mais, sei lá. téo é escritor, faz o gênero intelectual, de óculos pretos e cabelinho liso. felipe é professor de artes e ator, de dreads, olhos verdes, corpo sarado. se separaram há menos de dois anos. depois da separação, felipe começou a namorar caio: moreno, cabelo raspado, magro, sedutor; estuda arquitetura e trabalha na noite (não é michê, não! trabalha com produção, essas coisas). namoraram durante um ano, mais ou menos, e tínhamos notícia de que tinham acabado de terminar. téo e felipe têm pouco menos de 30; caio tem 24. todos frequentam mais ou menos o mesmo grupo de amigos e conhecidos (no rio de janeiro, como em qualquer grande cidade brasileira, a burguesia é pequena, e a burguesia-artística-intelectual-gay, menor ainda: todo mundo se conhece, ou quase). pois bem. chego no rio de janeiro na quinta à noite e vou para o apartamento de téo, onde iria me hospedar. acendemos um baseado de chegada, aquela conversinha mole, e ele avisa: "o fê está vindo aí ver vocês". dali a poucos minutos, toca a campainha; é felipe:

- oi, queridas... oi téo... ai, gente, me arruma um copo d'água que agora que não moro mais aqui não estou mais acostumado com essa ladeira! (muitos risos de todos).

conversa vai, conversa vem, "como vão as coisas?", etecétera e tal, e nós: "mas e como vai o caio? terminaram mesmo?"

- ai, menina, terminamos. consegui me livrar. finalmente. às vezes é difícil fazer a pessoa entender, né? mas ele ainda tá circulando...

muito bem. fumamos nosso baseado, conversamos um pouco mais e saímos pra comer alguma coisa e tomar uma cerveja. téo ficou em casa escrevendo. voltamos dali uma hora, mais ou menos às 2h da manhã. felipe disse que pretendia ir pra casa; téo insistiu pra que ficasse: era tarde, não ia ter ônibus. fui dormir sem saber o que ia acontecer, afinal. na hora do boa noite, felipe se joga na cama de téo:

- boa noite, meninas! agora o téo vai me fazer uma massagem completa! - detalhe "straight" pra vocês: aquele gostoso, de olhos verdes, super macho à primeira vista... aaahh.. suspiro...

ok. no dia seguinte, fico sabendo que felipe foi embora de madrugada, depois da "massagem". o que aconteceu, não sei, mas acho que é meio óbvio, né? à noite, combinanos de ir numa boate gay bem hype do rio, que fica na lagoa, com téo, felipe, caio (!) e o rolo de téo (!!). se liguem comentários pré-balada, feitos, em separado, para nós, meninas:

FELIPE: hoje é o dia do caio. não tem jeito, prometi pra ele.

TÉO: tô doido pra me livrar dele (o rolo), mas tô devendo uma grana, sem coragem pra terminar. foi uma coisa maluca: eu me apaixonei completamente por ele durante um dia. pra vida toda, mas só durou um dia.

tá. fomos pra boate, no carro do caio. chegando lá, téo com a maior cara de tédio ao lado do rolo (que era bem feinho, por sinal); caio e felipe no maior amasso. pensei que a cara feia de téo era ciúme dos dois, mas que nada: não sei que dispensada ele deu no cara (o rolo), que dali meia-hora o cara se despediu e saiu fora. téo abriu um sorriso, começou a tomar catuaba com a gente e dançar, animadíssimo. ficamos ali, bebendo e dançando, e téo convesando super animado com o ex e o atual do ex que, na verdade, também é ex agora, pelo menos oficialmente. no fim da balada, téo ainda pegou um gordinho peludo (um horror, mas ele adora esse tipo) amigo do seu "rolo". tudo na maior amizade e diversão.

no dia seguinte, fomos a uma festa. cheguei lá com téo. dali a pouco, chegam felipe e caio, no melhor estilo "casal". festinha vai, festinha vem, todos muito bêbados, resolvemos ir de novo à mesma boate. caio não pode: o pai está doente, seriamente doente, e mãe pediu que ele fosse dormir em casa. sem problemas: largou nós quatro na porta da boate, desejou uma "boa balada" parecendo sincero e foi cuidar do pai. téo e felipe "ferveram", como eles dizem, a noite toda juntos: no final, felipe pegou um artista circense, e téo não pegou ninguém porque "estava uma vagabunda. não ia querer beijar e depois ter que dar assistência! aff, um beijo depois parece que vira um casamento!".

no domingo, praia: caio e felipe, novamente no estilo casal, passaram na casa de téo para nos buscar. tudo na maior paz. agora, me digam: que mulher "straight" vai pra casa cuidar do pai doente e deixa o namorada na porta da boate com a ex-mulher dele? que mulher straight dá pro ex-marido numa noite e na noite seguinte "ferve" na balada com ele e o atual? e tudo no maior clima de amizade? ah, não. a gente têm muito a aprender com eles, viu, meninas? pra entender melhor a raça, e - por que não? - também para imitá-los. a vida é boa, gatinhas, e stress de se sentir vítima, o quanto pudermos evitá-lo, melhor. ninguém obriga ninguém a nada. não gostou? tchau e benção. ou leva na tranquilidade, o que é melhor ainda.

quinta-feira, julho 13, 2006

A tal da insônia com a falta de ar...

O que eu posso fazer se já gosto do cheiro, da mão, do jeito meio maluco, das críticas que faz ao meu trabalho, das conversas sobre política, das tardes com cerveja, das noites com filmes, do seu peito pra dormir, do samba, dos passeios pelo centro de mãos dadas, do jeito como pega, como abraça, como fala, como manda? O que eu posso fazer se eu só vivo o fim com algum outro começo? A calma me falta...
Ele dorme e vem a insônia, mais uma crise de falta de ar, a vontade de correr, de me jogar, de ligar pro ex, pra mãe, pro médico, vontade de pegar um calmante no banheiro, será que tem um calmante no banheiro? Cadê a minha roupa? Faço mentalizações, ok, é só mais uma crise, vai passar, vai passar, fico lembrando das outras crises que passaram, não, dessa vez não vai passar, vou acordá-lo, acordo ele? vou embora? são duas, três, três e meia da manhã, quatro, andar a pé por aqui não é nada bom, ai, amanhã é um dia foda no trabalho, preciso dormir, preciso descansar, vira, frita, frita, a música do chico, o Rio de Janeiro, sai da minha cabeça, vou ligar, de um lado pro outro por outro, ele vai me trocar, foi sem camisinha, ele vai me largar daqui a pouco como fez o outro, como fizeram os outros, certeza, não, não vai, ele gosta de mim, mas quando descobrir tudo, mas é maluco, está certo, então hoje é o último dia, amanhã acabou, chega dessa palhaçada. Se pelo menos...

terça-feira, julho 11, 2006

Homenagem a uma malvina...

Eu achei outro dia algo que escrevi faz um tempo, que é a cara de uma malvina que posta aqui. É pra você, flor, que sabe muito bem. Coragem!

"As formigas subiam aos olhos uma a uma. E, com as mãos atadas, restava esperar que os olhos enegrassem.
O peito embargado já conhecia o processo:
Nasceriam borboletas no estômago. Cresceriam e tomariam tal força, que entupiriam a garganta.
Uma fila de borboletas.
Até que sairiam. Sem rumo e sem apego.
Deixariam a garganta ferida e os olhos fechados".

Blasé.

Hoje acordei com uma preguiça de brigar...
Apesar de não ter dormido direito, porque ele chegou bem tarde e deitou sem roupa me abraçando por trás, como sempre faz, e eu determinada a mostrar minha indignação, empurrei, me ajeitei e joguei ele para o outro lado. Porque é uma falta de respeito ele chegar supertarde sem avisar, e me fazer um carinho no cabelo. Me parece mais ainda um pedido de desculpas pelo que mais temo nessa vida.
Acordei com preguiça de brigar.
Apesar de ter passado a semana tentando juntar os cacos com uma camisola nova e um fondue caro pra cacete que inventei pra ele.
Acordei com preguiça de brigar.
Apesar de que ele com seus "projetos" acaba com meu estômago, sempre cercado de mulheres lindas, disponíveis "se dispondo" na minha cara. Ele não vê. Não vê o quanto me mata devagarinho, mata minha vontade de tentar fazer dar certo e até, olha só que coisa:
me dá uma preguiça de brigar.

retorno

Quase uma semana sem vê-lo. Sábado cheguei a sonhar com as pernas dele: compridas e cheia de pêlos claros. Por qualquer razão que eu desconheça, eu adoro aquelas pernas. Mas isso, eu só descobri no sábado, enquanto dormia.
Ontem ele voltou de viagem. Quando abriu a porta do elevador, apertei aquele corpo com toda força do mundo: Da próxima vez, me leve junto. Transamos, transamos, transamos. Nosso gozo veio tão rápido que cheguei a ter medo do amor. Enquanto ele dormia, metade de seu corpo descansava sobre o meu. Senti que seu sono era profundo, mas não pude adivinhar se o sonho era bom ou ruim: Não importa. Contanto que ele também sonhe com minhas pernas.

segunda-feira, julho 10, 2006

os olhos enchem de lágrimas contra a nossa vontade, apertamos os lábios e olhamos pro outro lado; medo.

"O sol e a lua darão mil voltas assim

Antes que o nosso amor um dia tenha fim.

Mas que infeliz eu sou!, tens estado tão mal,

Tão longe de tua alegria habitual,

Que eu temo por ti. Mas não tema esse temor;

As mulheres são assim, no medo e no amor,

Nelas os dois vivem sempre irmanados.

E, ou não são nada, ou são extremados.

O meu amor, tu sabes, não pode ser maior,

E quando o amor é grande, o medo não é menor.

Num amor tão enorme qualquer dúvida assusta

Pequenos medos crescem; e o amor, à sua custa."



(Hamlet - ato III - cena 2 - fala da Rainha (atriz))

quinta-feira, julho 06, 2006

Volta ao mundo, capitulo 1 - os argentinos

Como se pode perceber, estou com tempo de sobra e acento de menos. Por isso resolvi fazer aqui uma loa a essa raca de gente que e taaao hermosa, taao gostosa e taao querida das nossas companheiras malvinas brasileiras, os argentinos - por conta de um exemplar muy hermoso que andei devorando por aqui, claro. Mas o fato e que ja havia provado da fruta, e cada vez mais me apetecem os galegos nossos vizinhos. Ta, toda generalizacao e exagero, mas as mocoilas hao de concordar que ha tracos claros nos argentino que so eles tem. Por exemplo, eles se acham. Se pavoneam. E se por um lado isso e um grande defeito, por outro cada vez mais me convenco de que nao ha nada melhor do que um homem vaidoso, que se enche de olhares e de poses, que gosta de se exibir para a gente. Eles sao bonitos, misto daquela italianada que veio no seculo passado com uma latinidad espanhola. Os olhos negrs, a pele branca mas dura, a barba escura, o rosto masculo. Sao safados, cheios de maos bobas - adoram uma brasileira. E ai, vai, nada melhor que um sotaquezinho argentino bem perto da orelha, arrastando os jotas comos e fossem xxx. Tem mais; todos os que provei eram bem sensiveis e femininos na conta certa - alias, bem melhor que os brasileiros, eu diria. Assim, adoravam ser admirados, ser tocados, ser comidos. Se arrepiavam, sorriam, como gato. Este ultimo merece uma atencao especial; meia-idade, pai de familia, profissional, homem serio, sufocava apenas os gemidos como se fosse um menino. E que por mais viejo que seja, ser argentino nunca se olvida, cariño.

Sonhei

Querido,

Hoje conhei contigo, e estava lindíssimo.
Foi um sonho tao real que eu tenho medo de dormir agora.
Para nao voltar a te encontrar.
Voce estava muito contente porque nao estamos mais juntos.
Dava risada a toa.
Voce esta muito contente porque nao estamos juntos.
E eu estou muito contente, porque nao estamos mais juntos.
Que triste e o fim de um grande amor.

quarta-feira, julho 05, 2006

Abajo la privatizacion de los papeles!

Caras Malvinas do mundo todo!

A Bolivia e um pais onde todos - dos taxistas aos mendigos - podem discursar longamente sobre o capitalismo selvagem, imperialismo ou politica nacional. Da pra ficar horas na rua debatendo os rumos da cidade, do pais ou do mundo, dependendo so da paciencia de cada um. Agora, com o governo de Evo Morales, a palavra mais escutada e "nacionalizacao" e a mais odiada e "privatizacao". Pois bem, amigos: por isso me indigna cada dia mais uma sutil e malevola privatizacao que tem ocorrido nos ultimos anos subterraneamente e de modo desapercebido aos olhos dos bolivianos, esse povo bonito e trabalhador, este povo humilde e valoroso, este povo queimado de sol e calejado pelos politicos corruptos que sempre chafurdaram no dinheiro alheio - a privatizacao dos papeis higienicos. Pois aqui, companheiros, cada dia fica mais raro encontrar papeis higienicos em qualquer banheiro que se visite, seja ele publico ou privado, seja ele de um boteco vagabundo ou do palacio presidencial. Na verdade, desde que cheguei encontrei apenas um banheiro com papel (e olha que ando visitando muitos banheiros por motivos de forca maior). O que acontece, minha gente? Cada cidadao tem que comprar individualmente seu rolito de papel (rosa) e carregar consigo para onde for, as custas de nao ter atendidas suas necessidades mais basicas (e limpinhas). Inexiste uma polititica higienica papelifera para este povo tao sofrido. Mesmo no governo de Evo Morales. E o bem estar coletivo, onde fica??? Nao, caros amigos, o que importa para os interesses escusos que diabolicamnete implantaram esse sistema e que cada pessoa resolva individualmente o seu problema, sem levar em conta o conjunto da sociedade! E o resultado, claro, e o lucro estratosferico!! Nao posso comprovar, mas seria o caso para que os jornalistas investigassem: a quem interessa essa privatrizacao? As empresas que extraem madeira ilegalmente na Amazonia? A elite branca que sempre governou este pais? As transnacionais? Ao Tio Sam? Fica aqui uma sugestao de pauta.

Sinceramente,

A Indignada

Porem Limpinha

Malvina boliviana (e bolivariana)

4 meses...

Gosto quando me olha enquanto finjo dormir
Gosto quando, repentinamente, tira a roupa e deita em minha cama de solteiro.
Gosto quando aceita meus convites de última hora e diz que tem lido os livros que lhe dei
Gosto da cor dos olhos e da boca grande, mas principalmente quando me liga rouco, sequer diz alô e me fala baixinho, antes da despedida, que me ama.

segunda-feira, julho 03, 2006

A sala

Vai sem acento porque aqui nao ha regras e nem chao. Estou presa em uma sala com computadores. A televisao passa noticias o tempo todo. Todos aqui parecem estar fazendo algo, menos eu. Eu espero. Me parece um pouco kafkaniano. Entram e saem pessoas de diferentes paises, todas igualmente ansiosas. Umas me dao apoio, outras riem de mim, a maioiria nem me ve, preocupada apenas em suas tarefas. Comeco a despreza-las e acho que elas sentem o mesmo por mim. Minha tarefa e esperar; a delas, correr. No final, acho que de nada vai servir nem uma nem outra. Aqui nesta sala nao faz nem frio nem calor, nao e agradavel nem desconofortavel. O tempo parece que nao passa. Vou a cada minuto me sentindo mais ingenua, mais boba, mais estupidam, mais desprezivel; estao rindo de mim. Confiei em um homem, confiei em uma influencia que achei que tinha, confiei em bobas promessas, confiei em um castelo que tinha contsruido ao redor de mim. Era de vidro. No fim coloquei meu nome em jogo. Estou aqui como se suspensa no tempo e no espaco; antes, havia uma mulher que crescia a cada dia, que tinha certezas; agora o nada; em alguns dias talvez nao sobre lembranca. Ja chorei, ja sofri. Agora sinto a areia do deserto - o nada. Tenho medo de desistir. Nao sei muito bem o que fazer, nao sei se tenho frocas para fazer algo; aqui nesta sala meu corpo esta dormente, ja nao tenho vontade de lutar por nada. Espero a morte.

Aquele diálogo...

- Mas e aquela menina do seu trabalho?
- Que que tem?
- Vocês estão fazendo um projeto juntos...
- É, um site de arte urbana!- empolgado - Vai ficar muito legal! Sabe, a gente está pensando em sair pra fotografar grafittis, e depois...
- Hum.
- Ah, não. Você não vai encanar com ela, né? Deixa a menina quieta, meu...
- Não estou encanada. É que vocês tem tantas afinidades... Sei lá, é natural que ocorra uma atração. - total atenção no controle da voz de mulher madura - Só queria te pedir pra que se rolar, você me diga antes de ficar com ela. Tudo bem se acontecer, a gente não manda nessas coisas.
- Não manda mesmo. Mas só o que eu quero com ela é esse site mesmo. Eu já escolhi você,casei com você. Não tenho interesse em mudar de escolha agora, obrigado.
- Do jeito que você fala até parece uma coisa que a gente decide racionalmente.
- Também é racional sim senhora.
- Mas acho que ela gosta de você. Instinto feminino.
- Olha, com essas coisas eu não mexo não. Mas se ela gostar, deixa ela. Só vou saber se ela me falar, e se isso acontecer eu te conto, ok?
- Sei. Mas se você perceber que está gostando dela, me fala?
- Pode deixar.
E rindo de mim como se respondesse a uma criança de 3 anos, ele me deu um beijinho e mudou o canal da televisão.