sexta-feira, setembro 28, 2007

Era uma vez uma bicicleta

Era uma vez uma bicicleta-menina. Como todas as bicicletas, ela nasceu com quatro rodas. Engatinhava com suas rodinhas pela casa toda, ela gostava de rodar esse menina. De repente, assim sem perceber ela percebeu que não precisava mais da quarta roda. Foi uma coisa tão natural que a princípio ninguém na casa notou. Até que um dia, quando estavam à mesa, a mãe olhou para baixo e disse: Uai, você tirou uma rodinha filha? Ela fez que sim com a cabeça e continuou comendo sua cenoura como se nada tivesse acontecido.
Com três rodas ela podia ir mais longe. Tinha ficado mais leve e aerodinâmica. Foi.
Um dia conheceu um bicicleto e logo de cara decidiu que gostou dele. Só que o bicicleto morava em outro país, lááááááá longe, mas ela estava com tanta vontade de rodar as rodas que foi com ele. Chegando lá eles foram muito felizes. Só que fazia muito frio e chovia muito e ela, que era uma bicicleta de sol, começou a enferrujar por lá. Então decidiu voltar e o bicicleto veio junto com ela.
Quando chegou de volta a seu país, decidiu que ia tirar a roda que tinha enferrujado e andar só com duas rodas. Mas a sua mãe não queria que ela tirasse a terceira roda porque tinha muito medo que a filha fosse cair usando só suas rodas. Disse para ela colocar óleo na roda, que ia voltar ao normal. Elas brigaram e ficaram muito tristes. Mas quanto mais ela tentava andar com aquela roda enferrujada, mais parecia que ela a puxava para trás. Um dia então tirou a roda. Ela tava com um medo deeeeeeeste tamanho e de tanto medo acabou caindo quando estava tentando subir uma ladeira. Quebrou o pedal e teve que ir ao bicicleteiro para consertar. Enquanto estava lá, ficou pensando se a mãe não tinha razão, se ela devia mesmo ter tirado aquela roda. É muito mais difícil andar só com duas rodas pelo mundo. Mas aí se lembrou da roda enferrujada e pensou– não adiantava, aquilo não servia mais pra ela. Quando o pedal ficou bom, saiu rodando por aí e foi feliz para sempre. Com duas rodinhas. E o bicicleto.

segunda-feira, setembro 24, 2007

tenho de confessar, garotas, que do alto dos meus (quase) 24 anos, eu nunca fui - ou nunca tinha ido - ao motel.

sabe-se lá por quê. talvez seja sinal de sorte (sempre achei lugar melhor pra transar), ou de pobreza (é caro e tem que ir de carro). o fato é que, apesar de ter namorado firme algumas vezes e por um bom tempo, apesar de já ter dado pra caras que mal conhecia, apesar de já ter dado pra amigo, pra ex, pra cafajeste, enfim, apesar de ter tido um leque razoável de oportunidades para ir ao motel, eu nunca, nunquinha, tinha entrado em um.




até ontem.



sácomé: domingão à noite, um puta de um calor filha da puta, eu nessa minha vidinha de casada, fui buscar a esposa que tinha ido fazer um lance de trabalho na paulista. fomos comer alguma coisa, mas o calor era tanto que não dava nem pra comer, mesmo com fome. papo vai, papo vem, a gente ali querendo um mar, um rio... uma piscina. ah! já sei, piscina é mole: vamos no motel que tem. fiquei rindo um pouco, tudo bem então, temos grana, pede mais uma cerveja, a gente vai, nada bastante na jacuzzi e depois vai jantar. a cerveja demorou demais, acabamos pedindo a conta e vamos nessa, ai jesuis que eu vou ter que falar com a mulher na entrada, já que estou no volante né? vai nada, imagina, é tudo no interfone, pelo menos em brasília é assim, é motel, oras, as pessoas vão lá pra trair a esposa, cometer crimes, usar drogas, elas não têm que se identificar.

hã-rã. chego lá e - óbvio - é uma casinha tipo drive thru, com duas mulheres dentro perguntando qual é o tipo do quarto. e pedem os rgs. ok, tudo bem, dois rgs de mulher, éééé, a gente é muito doida, eu quero o quarto que tem hidro (vim aqui pra isso, pô), custa 90 reais por 12 horas. não dá pra ficar menos? a mulher faz uma cara estranha, você fica o quanto quiser até 12 horas. tá, tá, tá, ok, ok, ok, pode ser, só vamos logo com isso que meu estoque de cara de pau tá bem no fim e eu começo a ficar envergonhada. pode ir, meu bem, quarto número 11.

tudo bem. estaciono o carro, desço e... chego na porta do quarto: uma puta zona. não vi nada. só a cama completamente desarrumada. não consegui entrar, não pensei em nada, em menos de um segundo voltei a ser uma adolescente: quero desistir, quero desistir. cara, não sei o que me deu. entrei no carro, fomos embora, volto na recepção com a mesma mulher:

- ah, vocês são do 11 né?
- sim, eu quero desistir.
- mil desculpas, meu bem, o de vocês é o 46...
- não, brigada, quero desistir.
- mas já está arru...
- não, eu quero desistir. tchau.

ela devolve os rgs e pego a raposo me sentindo uma virgem de 16 anos. quero desistir, quero desistir. se toda a situação é ridícula, minha reação idem. passamos na frente de casa e resolvemos ir jantar. só consigo voltar a falar direito depois do primeiro chopp.







fico rindo enquanto escrevo esse texto, e uma frase não me sai da cabeça: como diz a bicha diretora de arte aqui do trampo, motel de novo, nem por um caralho!




uahuahauahuahauhauahauahuahauhauahuahuah

domingo, setembro 16, 2007

Desencontros

Nos conhecemos há um ano. Em uma matéria juntos percebi como ele era bonito. Alto, magro, olhos verdes e muito, muito bacana. A pauta em comum fluiu e ele esperou o carro que vinha me buscar. Ficamos parados em uma rua agitada do centro conversando bobagens. Trocamos um olhar diferente. As fotos ficaram lindas, fiquei com o moço na cabeça. Conversamos mais umas duas vezes e o frila dele acabou. Nesse um ano a vida correu e eu descobri o amor. Um ano depois, ele foi tentar uma outra vaga e nos reencontramos. Nos reconhecemos. Senti um frio na barriga e a cara vermelha. Demos um abraço forte e fomos pro café. Conversamos como velhos amigos. Um ano tinha se passado, mas a conversa foi tão natural quanto naquele dia. Nos olhamos diferente e senti, novamente, um frio na barriga. Despistei, disse que estava com muita coisa pra fazer, mas passei o dia inteiro lembrando daqueles olhos verdes e do olhar que trocamos. Mais tarde, ele me escreveu... Disse que tinha gostado de me encontrar. Eu não pude deixar de perguntar porque ele estava me procurando depois de um ano. E ele admitiu que quando a gente se conheceu ele quis muito mais, mas evitou qualquer aproximação comigo porque namorava, mas que ainda lembrava de mim. Ele disse que o meu olhar era forte e que tinha sentido que a gente tinha se olhado diferente, como naquele dia no centro. Eu disse que naquela época estava solteira e que desejei alguma coisa mais do que aquela conversa no centro, mas que desta vez eu queria o evitar porque eu estava namorando e muito feliz. Ele respondeu que não iria mais me procurar, que ele ficava muito feliz por mim e que me admirava por essa atitude, mas que ele não podia deixar de pensar nos desencontros da vida.

terça-feira, setembro 11, 2007

Sai (fica)! É tudo mentira (é verdade)! Delícia cremosa (muito cremosa)!

quinta-feira, setembro 06, 2007

Você vai ver

Você pode encontrar muitos amores
Mas ninguém vai te dar o que eu te dei
Podem até te dar algum prazer
Mas posso até jurar você vai ver
Que ninguém vai te amar como eu te amei
Você pode provar milhões de beijos
Mas sei que você vai lembrar de mim
Pois sempre que um outro te tocar
Na hora você pode se entregar
Mas não vai me esquecer nem mesmo assim
Eu vou ficar
Guardado no seu coração
Na noite fria a solidão
Saudade vai chamar meu nome
Eu vou ficar
Num verso triste de paixão
Em cada sonho de verão
O toque do seu telefone
Você vai ver.

quarta-feira, setembro 05, 2007

não acaba nunca?

uma vez uma malvina escreveu aqui: "o amor não acaba nunca".

não acaba nunca mesmo?

eu acho que acaba. mas quando? acaba sempre? ou com algumas pessoas não acaba e com outras sim?

segunda-feira, setembro 03, 2007

Gasp!

( - Você toca hoje?
- Toco. Vai comigo?
- Não posso, estou de mãe.
- Ahn.Queria te ver.
- Dorme aqui! Sai de lá e vem pra cá!
- Boa idéia )

5h da matina, três batidinhas na porta.

- Nossa, o porteiro nem interfona mais.
- Você me ama?
- Gasp! O quê? Que pergunta é essa a essa hora da madrugada? Você está bêbado.
- Estou. Mas deixa pra lá. Não perguntei nada. Vou no banheiro.

No sofá, depois da selvageria.

- Que merda, eu...
- O que?
- Nada. Você vai ficar se achando.
- Fala gato, o que te aflige?
- Eu te amo caralho. Que merda. Eu te amo.
- ...Eu...tenho medo de você. Muito medo.
- Eu também, muito medo.
- Você era meu plano perfeito de sexo por sexo. (post canalha oh yeah)E olha aí. Três meses.
- Três meses. E você nem lembrou. Me trocou por uma festa de rap.
- Ai que drama. Lembrei sim, gato. Só que...
- Sei. Tudo errado.
- Tudo. Que merda.
- Que medo.