quarta-feira, maio 30, 2007

canalha II o duelo foi marcado!

Continuando a novelinha do cafa. O duelo foi marcado. Não tenho mais como fugir.
Quinta feira, festa que ele promove (e toca) todo mês na baladinha de rock mais famosa da cidade. Mas há aquele porém: não podemos nem nos esbarrar em público. Estarão todos lá. A "máfia" em peso, como costumamos nos referir a certas pessoas. A solução foi dada por ele ontem no msn, la pela meia noite, uma hora de conversa fiada. Antes da festa eu passo na sua casa. A gente assiste Almodóvar. Vamos juntos pra festa - mas chegamos separados.
Você não aguenta meia hora de Almodóvar, quieto e concentrado. Desafio.
Então apostamos, ele diz, bem no estilo adolescente que adotamos pra esse mini casinho. Se eu conseguir, você lê para mim um dos seus quadrinhos eróticos italianos.
(Tenho coleção deles). E se você não conseguir, me dá mais um para a coleção. Feito.
O duelo está marcado. Medo. Temos 15 anos. Adoro! Tenho 17! Ele se diverte. E meu ritual de passagem está prestes a se consumar.

canalha II marcado o embate

Então. Para quem está acompanhando de perto minha novela pessoal, uma coisa "SE" bem a lá Djavan, posto essa conversa de ontem meia noite no msn.
Antes uma explicação rápida: ele toca na boate de rock mais moderninha da cidade, uma vez por mês, na festa da sua marca. A festa é essa semana. Não tenho mais como fugir.

cafa diz: eu tenho um plano. A

sábado, maio 26, 2007

AÇÚCAR.

Quando eu tinha 14 anos, fiz uma cirurgia na bunda, no comecinho do cofrinho, para retirada de um cisto. Enorme, assim como o corte que ficou: não cicatrizava. Meses indo ao hospital diariamente (pré cirurgia), meses depois, diariamente: não cicatrizava. Um dia, na sala com cheiro de éter, sozinha sem mãe -- conhecia toda a equipe, desde a faxina até os grandes doutores que por lá circulavam, apressados, sempre chegando pra ver o caso raro do imenso corte na minha bunda --, o meu doutor, um velho pelo qual me apaixonei e mandei cartas de amor ( mas isso é outra história), chama a copeira e diz: Açúcar. Traz açúcar. E a copeira: só açúcar? quer adoçante? Não, açúcar. Um monte. Deitada de bruços, matutei o que poderia me salvar desta vez. Chegou o açúcar, um monte de sachês UNIÃO ( Hospital chique, gente). E despeja açúcar na minha bunda...e diariamente, meu cú era doce: cicatrizou.
E hoje, o corte invisível no peito: não cicatrizava.
Quase dois meses sem contato, pós fim oficializado: Ai! Melhor assim: mas não cicatrizava.
Noite estranha: o acaso; tanto tempo, embora a cada dia melhor e mais feliz sozinha, feliz por viver, feliz por trabalhar e ser senhora de minha vida e coração: mas sem cicatrizar. A vida me diz: açúcar. Põe açúcar que cicatriza. O encontro.
O encontro: arrebenta, ai, coração que dispara. Açúcar, põe açúcar, me diz a vida.
Tão açúcar, o olhar, a conversa, o corpo, o peito pra dormir. Apenas açúcar.

Cicatrizou.

Em forma de coração.

quarta-feira, maio 23, 2007

canalha!

Ele é cafa. Tudo que eu preciso nesse momento"no dia seguinte meu celular vai estar desligado, baby" da minha vida. Mas é chave de cadeia. Ficou com muitas amigas, namorou conhecidas, apaixonou parceiras. Não quero me expor. Mas ele é uma delicia. Me tenta online, me tenta ao vivo. Nos encontramos no rolê, sem querer. E do tipo que sabe relar, sabe onde encostar. "Vai se fuder, você é muito linda, putaqueopariu". Arrepio.Vontade de sair rolando no meio da pista. Não podia. Não posso. "Tem que ser em segredo, ninguem pode saber" eu gaguejo. "Na sua casa" ele encosta a barba cerrada na minha orelha. E me liga as cinco da manhã, eu já estava dormindo. Não atendi de pura covardia. Delicia. Um cafa, sempre odiei o tipo. Mas viria bem a calhar... não quero e não posso me apaixonar e preciso de sexo bem feito. Ainda estamos negociando. Dia, filme, riscos. Uma noite, é a minha condição. "To apaixonando" ele mente. "me poupa dos xavecos furados, beibe. Tô correndo". É descolado, bonito, tem grana, tatuagens. E um passado. Que condena e ao mesmo tempo tranquiliza, porque não pode rolar, é coisa de uma noite. O ritual de passagem que tanto preciso. Um cafa.
Ai meu Deus. A seguir, cenas do proximo capítulo...

sexta-feira, maio 11, 2007

E passa, será que passa?

Quero ficar só. Quero tanta coisa.

Não é pela cachorrada final. Nem pela inicial. Nem pelas do meio. Nem pelo amor tão bom que vivemos juntos.
Queria contar da babaquice que é me dizer de amor socialista assim que terminamos, enquanto eu sangrava pra todo lado, sangrava na rua, no ônibus, na cama. Agora quero faxina.
Amor não funciona e todas sabemos, amor acontece e só. E vem me dizer que amor não funciona. Vem me ensinar. Obrigada.
Logo eu, logo eu, logo eu, que me apaixonei mesmo você sendo um lixo.
Você estava um lixo. Tudo em você gritava o quanto estava arrebentado. Tudo. A tua pele, tua compulsão pela noite, tua casa, tua cama, teu olhar.
Onde estava o amor que não é sonho, que não é castelo, que não é amigo, que não é verdadeiro. O amor elevado que você tenta dizer que acredita. Onde estava, quando você se arrebentou antes de me conhecer? Onde porra, quando você me dizia xurumelas sobre castelos arruinados. Onde estava, quando você me ligava pra dizer que me amava? Livre? Que cara ele tinha? Qual era a cara dele caralho? A tua cara mesquinha. Tua cara mais mesquinha.

Fui decente demais.

E me fodi.

domingo, maio 06, 2007

Eu esqueci de mim

Se eu não me moldasse eu te perderia. O problema foi não saber que sem te perder, eu me perderia. Eu esqueci de ir ao samba. Eu esqueci de ir ao cinema. Eu esqueci de discutir política. Eu esqueci de sair e paquerar. Eu esqueci dos meus amigos. Eu esqueci de dizer que eu amo. Eu esqueci de ouvir um elogio. Eu esqueci de planejar um futuro lindo. Eu esqueci de passar um domingo na cama conversando e fazendo amor. Eu esqueci de falar ao telefone. Eu esqueci de ligar para desejar bom dia ou boa noite. Eu esqueci de cozinhar para o meu amor. Eu esqueci de escrever uma carta de amor. Eu esqueci do amor cafona. Eu esqueci de tomar um café depois de um filme. Eu esqueci de admirar os meus avós por andarem de mãos dadas aos 90 anos.