terça-feira, maio 27, 2008

mosca na sopa

eu não sei por quê eu desconfio.

mas tem alguma coisa nele que não me convence.



sim, ele é bacana, inteligente, talentoso, carinhoso. ele sabe cozinhar, e sem deixar bagunça na pia nem chamar a atenção pro grande trabalho que está tendo ou pra como aquele é um quitute digno da haute cuisine contemporânea - coisa que, convenhamos, é bem difícil de encontrar num homem. mais: ele gosta de literatura. gosta mesmo, de verdade, leu os livros que eu li e leu outros que eu não li e a gente conversa bêbados sobre cortázar e gabriel garcia márquez e dostoievski e jorge amado e... cara! isso é foda de bom. ele tem opiniões parecidas com as minhas a respeito de política e o mundo em geral. ele é um doce comigo quase o tempo todo. ele disse que estava apaixonado como não se apaixonava há muito tempo e me pediu em namoro que nem história em quadrinhos. ele na maioria das vezes não liga pras minhas criancices. ele tem a pegada (suspiro!).

e pra não dizer que ele é perfeito demais (porque aí seria fácil): sim, ele esquece de ligar (às vezes), ele atrasa (muitas vezes), ele fica bêbado e combina coisas e esquece delas no dia seguinte, ele fica com sono e de ressaca e dorme por horas seguidas na minha cama enquanto eu poderia muito bem estar na rua fazendo outra coisa ou sozinha na minha casa em paz fazendo depilação nas pernas. ele pára de prestar atenção no que eu estou falando. ele fica me enrolando até o limite pra ir embora de um lugar em que só ele está se divertindo. não, ele não é perfeito demais.

mas tem um bichinho dentro de mim, uma mosquinha pousada no meu coração. eu não sei se é o jeito que ele me olha às vezes (mas páro pra pensar e acho que não é), ou se é alguma coisa no jeito dele me beijar (hmmm... não), ou se é o jeito que ele diz que me adora (ele parece de fato sincero). tem alguma coisa irreal, pouco palpável, alguma coisa inconsistente. mas eu não consigo nem chegar perto de descobrir o que é. ou nem mesmo se é só uma insegurança minha. meu coração aperta mas eu não tenho a menor idéia de onde vem a facada. ou de onde virá.

que medo, porra!

terça-feira, maio 20, 2008

Você

Aí você está casada. E se acostuma a realizar os desejos todos só em fantasia. Você sempre teve imaginação, então isso não é problema. Mas aparece um homem mais velho, genial e atormentado, que insiste em olhar nos olhos. Você sabe que são poucos os que conseguem olhar nos seus olhos. Você sabe que adora homens mais velhos, geniais e atormentados. Aí você se perde. Chega em casa e o seu marido continua quentinho e te amando. Quando vê, está abraçando esse e bebendo os olhos do outro. Mas você está pensando em ter um filho com o seu marido. Você quer muito ser mãe. Você ama seu marido. Você sonha com os olhos do outro. Você sabe que a intensidade vai diminuir aos poucos. Você já esteve lá. Você também acha que a vida é uma aventura. Aí você vai para a cama, transa com seu marido, lê Moby Dick e fica esperando o escuro apagar os olhos do outro.

Má gestão de recursos (aka minha vida)

A questão é quando eu quiser chegar e falar: quem é gerente dessa porcaria?! A resposta única e indefectível será: sou eu. O gerente e a porcaria.

sexta-feira, maio 16, 2008

Ciclotimia

[De cicl(o)- + -tim(o)- + -ia1.]
S. f. Psiq.
1. Predisposição a mostrar alternâncias de comportamento, que ora é de depressão, ora de excitação. [V. psicose maníaco-depressiva.]

quinta-feira, maio 15, 2008

love is a losing game

já diria a nossa amiga amy. eu gosto da amy porque ela é foda: ela chora pelos caras no chão da cozinha, paga boquete pro cara que ama a esposa, pensa em outro enquanto trepa com o ex (he's in the place but i can't get joy), enfim - podem falar o que for, mas é uma delícia sofrer com ela.

mas eu abri esse blog depois de muito tempo pra falar uma coisa bem menos poética e divertida sobre o amor ou, antes, sobre o fim de um amor. o ponto é: o amor é deprimente. antes de tudo. é banal, é vulgar e é medíocre; não tem nenhuma surpresa. tudo sempre acaba acontecendo da mesma (e cretina) maneira.

isso pode parecer estar vindo da boca de uma pessoa desiludida, ou ao menos "desapaixonada", mas garanto a vocês que não é o caso. bastante pelo contrário, aliás, mas não entrarei em detalhes sobre essa questão aqui, por enquanto, porque uma das características cretinas e indefectíveis do amor (ou do fim dele) é o rastreamento virtual do objeto amado. orkuts, então, são vasculhados minunciosamente, linkando respostas esparsas para amigos diferentes durante horas para formar uma vaga (ou concreta) idéia do que o outro está fazendo, se está trepando (em primeiro lugar) e com quem (em segundo, e já com sangue nos olhos e espuma na boca), enfim, aquela coisa de sempre. como eu aprendi com minha amada vovozinha que previnir é melhor do que remediar, deixemos a parte interessante do que eu tenho pra contar pra um outro momento e fiquemos apenas com esse manifesto irado contra a banalidade do tal do amor.

o que acontece, meninas, é o seguinte: sim, vai acabar mal. sempre vai acabar mal. claro que acaba bem melhor pra quem chuta do que pra quem é chutado, mas esqueçamos as ilusões de amizade, de respeito e da porra toda. vai virar baixaria em algum momento. sim, as dívidas serão cobradas, o dinheiro emprestado, o trabalho feito, a roupa que você gostava tanto, se bobear até os presentes. isso vai acontecer. já aconteceu das outras vezes, não foi? pois bem, vai acontecer de novo. e de novo e de novo, em todas as histórias da sua vida. não se iluda. o aborto quem vai encarar é você, o aluguel atrasado, a porra da sua máquina fotográfica quebrada ou resolver o problema da tv a cabo que ficou na casa antiga e afinal... quem foi mesmo que insistiu pra ter tv a cabo? sim, seu ex vai dizer que é problema seu. e você vai dizer que é problema dele. e pronto-acabou. e você vai, sim, desejar que ele se foda, pelo menos um pouco. ah, vai. ou seja: aquela história toda de "bons amigos" falada entre lágrimas e beijos na trepada de despedida vai escoar rapidinho pelo ralo, e com ajuda sua.

mas nem tudo são espinhos. após essa brilhante conclusão aí de cima, eu também pensei numa coisa boa: começar uma história sempre é muito bom também. foi bom das outras vezes, não foi? você achou que nunca tinha visto cabelo tão macio, pegada tão boa, frases tão divertidas, beijo tão bom e o caralho a quatro, né não? pois é, garotas: a próxima vai ser igualzinha.

portanto, o que pega, mulherada, é ser rápida. quando a revista cláudia falava da mulher dinâmica, elas não explicaram direito, mas era isso.

;)

quarta-feira, maio 14, 2008

Sonhei

ELA: Sonhei que eu te ligava e te convidava para vir na minha casa à meia-noite.

ELE: Sonhei que eu aceitava