quarta-feira, setembro 27, 2006

curtinha

com essa nova nova lei de proibição dos outdoors (que é muuuuuito bacana, mas não é assunto pro nosso blog), eu lembrei de uma passagem tragicamente ridícula da minha vida amorosa: da primeira vez que eu e meu ex terminamos (que nem foi a definitiva), isso há uns quatro anos atrás, eu fazia cursinho. pois bem: em frente ao ponto de ônibus que eu descia pra ir pro cursinho tinha um outdoor da adria (macarrão), que não sei por que cargas d'água me lembrava o dito-cujo. acho que ele gostava do outdoor, que tinha umas hastes de trigo gigantes penduradas, sei lá. e aí era o seguinte: eu descia do ônibus de manhã, via o outdoor e chorava desconsoladamente. saía pra ir pra casa na hora do almoço, via os trigos lá pendurados, e desatava a chorar de novo.

êta vida besta, meu deus!

segunda-feira, setembro 25, 2006

Todas as cartas de amor são ridículas

Desculpa pelo macarrão hoje. Com essa gripe acho que errei a mão. Não adianta você falar que tava bom – não tava. Eu esqueci meus anéis na sua cozinha. Ali bem embaixo da janela – guarda pra mim? Prometo que vou levar o que você me deu na loja pra desamassar. Vai ficar lindo de novo.

Depois dessa nossa conversa, eu fiquei pensando em você. Fiquei pensando se gosto de você pelo sotaque, ou porque você me mostra tantas coisas legais que eu não conheço e mesmo assim eu não fico nem um pouco contrariada de saber tão menos coisas do que você. Talvez seja pelo jeito que você pensa, a sua lógica interna. Ou então porque você gosta de gatos e de crianças. Pelo jeito que você lembra como que é a cabeça da gente quando a gente é criança, e entende elas direitinho – que nem você narrou os pensamentos do menino naquele dia que a gente tinha tomado ácido na praia, lembra? Ah! Também pode ser porque você é ótima companhia pras drogas, pra cerveja, pra filar meus cigarros e beber cachaça ou vinho. Talvez porque a gente tenha se entendido fácil desde o começo. Pode ser que eu goste de você porque você gosta de praia, de céu, de viajar, e porque não gosta de entrar no mar frio aqui do sul. Porque sabe cozinhar e gosta de tudo com muito açúcar. Porque eu adoro preparar sua xícara de café com muito açúcar.

Pode ser que seja porque as suas mãos são bonitas. E também porque você sabe desenhar – eu acho incrível quem sabe desenhar. Ou então porque você se concentra muito quando está trabalhando. Ou talvez seja porque você tem um disco lindo do Charles Mingus que eu copiei, ou muito provavelmente porque entende de computadores e todas essas coisas informáticas e eletrônicas que são tão fascinantes. Talvez seja porque você tem uma rede vermelha, ou ainda porque gosta de dançar. Não deve ser por nenhuma dessas coisas, é claro. Mas é bom e vale a pena.

Eu não sei, beibe, o que a vida guarda pra gente. Mas se aprontou tudo isso até agora, deve ter muito mais. Te amo e às vezes tenho medo, mas passa rápido.

Um beijão,

Malvina

terça-feira, setembro 19, 2006

transa

You don’t know me
Bet you’ll never get to know me

das coisas mais estranhas do amor: essa ameaça, essa frase que corta fundo e a gente não sabe porquê. você não me conhece. essa frase que a gente fala quando quer machucar sem o risco de uma resposta que fira, porque não tem resposta. é a verdade. se é difícil conhecer qualquer ser humano, o ser amado mais ainda.
You don’t know me at all
Feel so lonely

a frase que dói porque é ruim não conhecer como é ruim que não nos conheçam. o ser humano não se alcança nunca; o casal apaixonado está tão distante entre si quanto estou de um mandarim na china. o amor é tentar se aproximar, mas a tentativa nos deixa cada vez mais distantes. talvez pela própria sensação enganosa de proximidade.
The world is spinning round slowly
e como dói ser incompreendido! como dói se sentir sozinho! talvez por isso procuremos preencher nossa angústia com amores que nos sufocam as entranhas, estragam a pele, machucam o outro. mas a angústia não passa nunca. a resposta não está ali. a resposta não está em lugar nenhum porque a pergunta é ilógica. emocionalmente ilógica.
There’s nothing you can show me
From behind the wall

porque um dia, numa viagem de ácido, ela me disse que somos todos peixes, cada um dentro do seu aquário, batendo e batendo no vidro, mas sem nunca se tocar de verdade.
Show me from behind the wall
Show me from behind the wall
Show me from behind the wall

sexta-feira, setembro 15, 2006

Beira mar [Riacho de areia]

Beira- mar, beira-mar novo
Foi só eu é que cantei
Ô beira-mar, adeus dona
Adeus riacho de areia

Vou descendo rio abaixo
Numa canoa furada
Ô beira-mar, adeus dona
Adeus riacho de areia
Arriscando minha vida
Por uma coisa de nada
Ô beira-mar, adeus dona
Adeus riacho de areia

Adeus, adeus toma Deus
Que já vou me embora
Eu morava no fundo d’água

Não sei quando eu voltarei
Eu sou canoeiro
Vou remando minha canoa
Lá pro poço do pesqueiro
Ô beira-mar, adeus dona
Adeus riacho de areia
Moro na casca da lima
No caroço do juá
Ô beira-mar, adeus dona
Adeus riacho de areia

Carta de despedida

Então essa guru-vidente olhou para mim. E eu disse: estou mal. Muito mal. Eu preciso de alguma coisa, mas não sei o que é. E ela então acendeu um incenso, começou a colocar umas agulhas na minha orelha e depois sem que eu falasse nada, me disse: menina, preste atenção. Você é muito sensível e como está assim frágil, absorve muita energia ruim. Se continuar assim, você vai cair. Você tem que se fortalecer e se fechar para a energia ruim. Você tem que se libertar desse seu medo. Você sofreu um trauma quando era pequenininha e não lembra direito do que aconteceu, mas por ser assim, tão sensível, você captou o medo da sua mãe e toda essa energia de perder seu pai. Não precisa mais ter medo de perder. Não vai acontecer mais nada com você. Mas você precisa entender. Você não tem culpa do que aconteceu. Você não precisa mais se preocupar. Você tem tanto medo, que acaba mostrando isso para as pessoas com que se relaciona. E elas fogem de você porque também sentem medo. Medo do medo... Preste atenção: ninguém vai preencher esse vazio que existe em você. Só você.

Falou tudo isso numa tacada enquanto eu derramava lágrimas silenciosas. Depois disso, eu só posso me despedir de tudo o que passou para me libertar, para me redescobrir sozinha.
Então, primeiro eu me despeço daquele menino lindo que me fez descobrir o amor infantil. Passei 7 anos tendo um caso meio platônico, esperando o homem leviano ser só meu. Adeus. Me despeço do menino que me ensinou o sexo, com muito carinho e amizade. Adeus. Me despeço do meu menino do interior que quebrou o nariz por minha causa. Delícia de costas, pele toda tatuada, menino do bem... apesar de já estar casado e com uma filha, jura até hoje que eu sou a mulher da sua vida. Adeus. Aiai, me despeço dele, do meu namorado. Do homem que eu sonhei jardim, filho, cachorro, que chorei, sofri, tremi, amei, assumi como meu homem! (adeus) Quero me despedir do menino que me ensinou o sexo selvagem-proibido, do menino que me tirou do meu homem para me levar para a mesa de bilhar, para o décimo nono andar, para a escada, cozinha, banheiro, delícia... O pinto mais bonito que eu já vi. Adeus. Quero me despedir da pior trepada da minha vida. Do homem da revolução dos cravos que me fez ver a vida diferente e que participou da melhor época da minha vida. Adeus... Quero me despedir do filho da puta do trabalho. Eu, que não quero ser uma despedida de solteiro, o deixo inteiro para a espanhola. Adeus. Me despeço do menino do samba, das idéias de um mundo melhor e da trepada sem camisinha. Adeus. Me despeço do último, sem ter muita certeza... do cheiro do meu fotógrafo, do jantar que ele faz pra mim, da maconha com filme e dos silêncios doídos. (adeus)...
E que venha o meu primeiro amor!!!!

quinta-feira, setembro 14, 2006

fútil-fútil-fútil...

Olha malvinas, hoje eu quero, tipo assim, postar igual aquelas miguxas,sabem?
E propor um ranking de delícias cremosas. Fiquei inspirada porque cruzei com uma hoje na rua... me acompanham?

RANKING DELÍCIA CREMOSA
1- PEDRO ANGELI - ainnn....... alguém conhece ele pra me apresentar??????
2- BARMAN DO FUNHOUSE - tem malvina aqui que conhece... aconselho uma visita ao local, só pela vista do bar. Ele é meio sujinho, mas pra olhar tá valendo.

vamos, vamos miguxas!!!!! Ser fúteis e bobonas por um dia só pra ver como é...

Pequenas delícias pelo MSN

ELE DIZ:
rá!
ELE DIZ:
vc tem barraca?
Malvina diz:
não
ELE DIZ:
acho que arrumei um carro
ELE DIZ:
de uma amiga
ELE DIZ:
vai ter até cd
ELE DIZ: rá
Malvina diz:
JURA?!?!!?
Malvina diz:
Ai, que bom!!!
Malvina diz:
gato gato gato
MALVINA diz:
bonito
MALVINA diz:
e gostoso
MALVINA diz:
O pessoal da sua casa acha que eu sou meio louca?
MALVINA diz:
Tipo: "ah, ele tá saindo com aquela louca da Malvina..."
ELE DIZ:
não só da minha casa
ELE DIZ:
hahahah
MALVINA diz:
Ainda bem que eu faço um trabalho sério e respeitável né?
ELE DIZ:
é
MALVINA diz:
Imagina se eu fosse artista
ELE diz:
ai fodia tudo
MALVINA diz:
ninguem ia nem me receber !
MALVINA diz:
Tipo: louca e sem estribeirtas
ELE DIZ:
esse rótulo já rola
ELE DIZ:
talvez o carro ainda role na faixa
ELE DIZ:
seria uma economia
ELE DIZ:
dai a gente volta da praia no domingo, e com a grana,
passamos o domingo inteiro no motel
ELE DIZ:
e passamos antes em um sex shop
ELE DIZ:
rá!
MALVINA diz:
To dentro
ELE DIZ:
rolou!
ELE DIZ:
rá!
MALVINA diz:
Rolou o que?
ELE DIZ:
o carrrrrrrrrrrrrrrrrroo
MALVINA diz:
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
MALVINA diz:
Vc é o máximo
MALVINA diz:
tem açúcar
ELE DIZ:
temos!
ELE DIZ:
vamos a diversão
ELE DIZ:
como disse o baiano, "si diverti"
MALVINA diz:
é nois
ELE DIZ:
vc me deixa de muito bom humor
ELE DIZ:
....com um sensação demais de liberdade
ELE diz:
...sem neurose

quinta-feira, setembro 07, 2006

Quem quiser gostar de mim eu sou assim, um pouco Macabéa.

MACABÉA: Glória, você me arruma uma aspirina?
GLÓRIA: Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, mas isso custa dinheiro.
MACABÉA: É para eu não me doer.
GLÓRIA: Como é que é? Hein? Você se dói?
MACABÉA: Eu me dôo o tempo todo.
GLÓRIA: Aonde?
MACABÉA: Dentro. Não sei explicar.

A HORA DA ESTRELA, Clarice Lispector

quarta-feira, setembro 06, 2006

O Nosso Muso



Malvino Salvador (Manaus, Amazonas, 31 de Janeiro de 1976), ator brasileiro aclamado pela crítica. Completou em 2006 30 anos. Tornou-se muito famoso devido, em parte, à sua imagem pessoal. Atua na Rede Globo de Televisão, onde já trabalhou em duas novelas: Cabocla em 2004/2005 e Alma Gêmea em 2005/2006.

para consultar nas horas de desespero como agora

Vocês já devem estar cansadas de tanto que eu falo desse bonitão, desse gostoso. Desse lindo homem de trinta anos que vem de calça social, camisa, e all star e muito cheiroso.... hum. E a barba então? Almoçar com ele e ouvi-lo falar é realmente uma delícia porque, para mim, a inteligência é mesmo afrodisíaca... Me dá uma vontade de agarrá-lo ali na mesa, no meio de todo mundo. aiai. e quando ele trabalha e fala no telefone muito sério, hummm. aiai. e às vezes me dá um frio na barriga quando ele chega aqui... e outras, ele fala tanta coisa pra mim que me deixa tonta, tonta de tanto tesão. E quando a chuva caiu e acabou com a luz aqui na redação ele me propôs uma fuga que eu quase disse sim. mas eu disse não e aqui vai uma lista do porque eu não vou pra cama com ele. E essa lista é simplesmente para uma consulta, nas horas de emergência, (como agora) que preciso trabalhar e não consigo porque ele está um delícia!!!!
Ele é extremamente galanteador, já transou com muitas mulheres dessa redação, ele trabalha comigo, dizem que tem fobia de relação, eu sempre me apaixono de forma intensa pelas pessoas que me envolvo, depois sofro e não consigo trabalhar, se eu transar com ele e depois ele sumir eu não vou conseguir trabalhar. ele é da balada que eu não curto. e além disso, agora tem uma menina vindo diretamente da ESPANHA determinada a casar com ele. É pedir pra sofrer. E eu quero ser feliz. então é isso. Que ele seja feliz com a Espanhola maldita.

terça-feira, setembro 05, 2006

Pessoal, estou triste.
Meu coração tá doendo muito.Tá transbordado de água salgada, e não é por amor, não desta vez.
Chorei muito no colo do meu malvininho, enchi o peito dele de meleca.
Não sei por que. É só por mim. Por tudo e nada.
Vai um Prozac?
Melhor não. Vou chupar uma balinha doce de canela, me agasalhar, tomar cachaça e esperar passar. E parar de importunar nosso querido blog.
Que merda.

Querida Malvina,

quero que saiba que estou sofrendo junto com você. Eu espero, de verdade, que esta onda de tristeza passe logo. Quando te conheci não percebi tanto em comum, mas aos poucos fomos nos identificando com coisas muito maiores do que o desejo alucinado pela visita diária da tia do doce. O amor por fotógrafos, a nossa forma de gostar e de sofrer pelo homem que estamos, o ciúmes... ah, o ciúmes. Tem vezes que só você entende o que eu digo. Hoje me vejo tão parecida com você... que a sua tristeza é a minha tristeza e a sua alegria é a minha alegria. Por isso, querida Malvina, pra mim você sempre vai ser alguém muito além de uma boa repórter, de uma bela editora, de uma admirável mãe e de uma imensa amiga. É alguém que quero ter sempre ao lado. Força, que vai passar - foi você quem me ensinou isso.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Do Chico (ou: levemente cafa/totalmente brilhante)

Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço

O meu coração, meu coração
Parece que
perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço,
não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se
esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com os pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço
relaxa, gatinha, vai dar certo. vai dar certo. eu sei que vai, e quando você me diz que vai eu tenho mais certeza do que nunca tive. por que? porque vai, oras, porque a gente se gosta, tudo vai ficar bem. nunca ninguém me disse que tudo ia dar certo - não, fui sempre eu que levantei a bola. e vai, porque tem o ciúme, tem a tarde, a cerveja e tem todas as outras pessoas do mundo, e mesmo assim vai dar certo. vai porque não tem porquê, mas é por isso que temos certeza. porque a certeza é não ter certeza de nada tendo consciência disso: a certeza não existe. o certo não existe. tem é que se certificar disso: que não procura o certo nem a certeza. porque aí, sim, tudo vai dar certo. mesmo quando não.