segunda-feira, janeiro 30, 2006

TPM

Terrível Perigosa Mulher
Totalmente Pirada Mesmo
Tipicamente Passando Mal
Tecerá Perversões Maquiavélicas
Talvez Possa Matar
Trucidar Planos Machistas
Torturar Paus Masculinos
Tetricamente Pressionar Mamilos
Tantas Partes Machucará
Testículos Pentelhos Mãos
Trará Primas Maliciosas
Todas Partilhando Metades
Traçando Pênis Misóginos
Transgredindo Padrões Milenares
Tudo Perecerá Magistralmente
Trezentos Patifes Morrerão
Trocados Por Masturbação

"tá sinistro, jão,

tá esquisito.
não é melhor nóis se jogar? vê direito, hein?"



(plagiando racionais)


tô com medo. tá sinistro. alguém me ajude! - e ninguém pode me ajudar.
ai ai ai.
eu frito demais.
eu não sei o que eu quero.
eu estou passando mal.
eu fiz uma promessa que não tomo mais sorvete de segunda à sexta.
eu me arrependo de ter feito certas coisas.
eu descobri que me arrependo de não ter feito a única coisa que seria certa.
(mas isso é outra história...)
eu falo muito.
eu não sei guardar (os meus) segredos.
mas às vezes sei, sim.
eu choro quando acordo de manhã mais frequentemente do que quando vou dormir à noite.
eu gosto de tomar chuva.
eu acho que estou perdida.
eu tenho medo de estar enganada.
eu não sei, sinceramente, o que queria quando comecei esse post (e ele está saindo espontaneamente).
eu não sei.
eu não sei.
eu não sei.

Pérola negra, te amo, te amo

-- Pode vir, linda, to aqui já.
Uma última olhada no espelho, tchau vó, tem chave, tenho, tem dinheiro, tenho, tá levando um casaco, to com calor. Vai com Deus.
-- Oi!
-- Que saudades, como você tá bonita.
-- Smac, smac, smac.
-- Vamos comprar umas cervejas?
-- Vamos.
E seguimos o caminho da roça, pra casa dele.
-- Nossa, que diferença, hein?
-- É, com faxina é outra coisa...
Olho aquela pilha imensa de cds, pego um do Bob marley e ligo o som.
-- Sabe o que eu tenho? Maconha!!
-- Oba!!
Acendo e só de fazer isso já fico contente. Abro uma cerveja, sirvo nossos copos, passo o baseado.
-- Não quero.
Tudo bem, fumo eu.
Ele pega o violão e começa a tocar junto com o Bob.Sempre toca pra nós, e cantamos, e é bom. Eu começo a olhá-lo de cima a baixo e a pensar nele e em nós. Quem é ele? Como vim parar aqui? Baby te amo, nem sei se te amo! Por que juntos de novo?
Não temos nada a ver.

Tava muito louca. Comecei a ficar nervosa e inquieta. Calma, deixe a maconha te relaxar...não a deixe ficar noiada...Funciona. Mas certos pensamentos insistem em não sair da cabeça: Ilusão.
Não podemos ficar juntos. Olha isso, nada a ver! Imagina daqui a um tempo?
Quem será ele? Quem serei eu? Não imagino que possa durar ( de novo!).Tenho certeza.
Olho -o com olhos de despedida.
Ele me olha. E sorri. Encosta o violão, troca o Bob por um blues,pega um conhaque na cozinha e vem se deitar comigo. Meu amor.
Aí nos encontramos pra valer. Ele deita em cima de mim, me pega no rosto e nos olhamos. Nos reconhecemos, como dizendo oi de verdade. Me faz carinho no rosto, me enche de beijos. Meu coração dispara e eu dou um sorriso pra ele. Um sorriso de quem ficou feliz, incontido. Vem sem que eu me dê conta. Eu te amo, ele diz, eu mais ainda, eu penso. O amor. A face mais humana, aquilo que te faz reconhecer que sim, é amor,que sim, isso inspira, que sim, a vida é bonita. Que sem ele eu passo mal.
Ilusão
????
Começamos a nos beijar, e a tirar a roupa, e a curtir cada pedacinho nosso. Com ele é assim. Nos amamos. Olhamos nos olhos enquanto transamos. E ao mesmo tempo transamos com um tesão louco, quase selvagem. Uma boa mistura.Mas desta vez não transamos. Estou com candidíase e, isso ele não sabe, com uma crise horrível de hemorróidas, depois que realizei seu sonho de me comer a bunda. Tá difícil até de andar...
Enfim, não podíamos. Vamos parar por aqui, amor. Por mim tudo bem. Fico abraçada te olhando pra eternidade.
Dormimos. Não tem lençol de cobrir.
-- Deixei na minha mãe pra lavar, aquele nosso azul, sabe?
Olho pra ele e ele me diz surpreso:
-- Nosso...
Dormimos. Acordo com frio e me enfio no colchão pra me cobrir. Toca uma música bizarra no vizinho, fico com medo.Me agarro a ele. Ele me beija.
-- Você está gelado, toma, faz igual eu, se cobre.
Toca o despertador as seis da manhã. Acordo assustada, desligo, olho pra ele, vamos dormir mais um pouco. Dali a pouco:
--Porra, eu to com frio, você puxou o lençol a noite inteira, você é egoísta.
-- Vai se fuder.
Levanto e vou tomar banho. Algumas coisas banais são doídas...Isso doeu. Chorei no banho.
Me visto na frente dele, para provocá-lo, coloco meu vestido azul que ele tanto gosta.
-- Vem pra cá.
-- ...
-- Vem amor
-- já vou.
Saio do quarto e fumo um cigarro. Escovo os dentes e volto. Deito ao seu lado, ele me abraça forte. Eu te amo. Eu não sei.
Me beija, me faz carinho.
-- Você não gosta mais de mim?
-- ?
-- Vai, fala.
-- Gosto.
Tá no hora. Tenho que trabalhar. Ele vai me levar.
Entramos no carro.
-- Malvininha, não posso te perder.
Beijo seu rosto e pego sua mão. Amo sua mão.
Não sei se posso te ganhar.
-- Me liga meu amor.
-- Ligo.
-- Te amo
Nem sei se te amo

Sei não

Ele não sabe nada da sua vida, nunca soube. Ele não sabe quem foi seu pai, não sabe quem é sua mãe, não imagina a cruz que você carrega e o ódio que você guarda... E você, na segunda semana com outra pessoa abre toda a sua vida em menos de duas horas. A pessoa se abre pra você e conta que perdeu o pai também em uma situação horrível, vocês quase choram juntos. Em um outro dia, bêbada, diz que só quer uma noite e nada mais e ele fica mudo, porque ele não quer uma noite e nada mais. E aí, você se assusta, porque você está acostumada a ser mais uma mulher. Você inventa histórias de amor, enquanto eles vivem um sexo casual. E você sofre porque se apaixona. E você se entrega. Mas você só se entrega quando eles não se entregam... E no fim, ele não cabia no seu dia-a-dia.... E no fim, alguém talvez caiba no seu dia-a-dia, mas você tem medo. Ele cabe na sua rotina, ele tem os mesmos amigos e você o imagina em todas as situações de uma forma natural. Mas você chora no banheiro, tem falta de ar e você foge de madrugada... Você não sabe namorar, você não sabe amar, você não suporta ser amada, você despreza quem olha pra você com carinho... Você não sabe ver alguém todo dia e tem pânico de casar e só quando o cara mora longe, ou quando não se entrega pra você, ou quando está indo embora você chora e diz que só queria ele e mais ninguém... Mas ele tem calma e quer ser pai. Mas você não quer ter filhos... E ele cozinha e ele cozinha muito bem pra você e diz que quer cuidar de você. Mas você sabe que tem que buscar o seu caminho sozinha e não precisa que alguém te leve. Antes de ter alguém você tem que descobrir alguma coisa que faça sentido. Você recebe dois telefonemas de dois grandessíssimos filhos da puta e você não vai, mas você se questiona se um dia conseguiria ser fiel pra sempre, ou se você conseguiria ser que nem todo mundo, com um namoro normal... Por que só você nunca teve um namoro de "todo dia"? Por que você nunca apresenta pra ninguém os seus namorados? Por que ninguém nunca sabe quem são os caras que você sai? Que medo é esse? Por que você chora escondida no banheiro, e tem crise de pânico, falta de ar, porres homéricos, por que você só namora quem mora longe, por que você não se controla com o celular e porque você sai fugida na madrugada?

domingo, janeiro 29, 2006

amor, estranho amor

sabe o que é o estranho do amor?
é que ele não existe.
quer dizer, existe. mas é outra coisa. é toda a subjetividade humana facilmente traduzida num sentimento subjetivo e cujo conceito varia infinitamente. fácil, não? não sabe onde enfiar sua subjetividade? projete em outra pessoa. num suposto sentimento por essa pessoa, que nada mais é do que uma imagem altamente subjetiva criada pelas suas próprias fantasias.
e por que é tão bom, hein?
fácil. encontrar um bom destino pra sua subjetividade é a coisa mais aliviante que existe. projetar a sua dor em algo concreto... delícia.

fácil de entender, não?

Piradinha

Será a TPM? LOUQUINHA LOUQUINHA LOUQUINHA!!! PIRADONA!!! PIRADAÇA! Por que ele fez isso comigo? Por que??? Por que isso tudo, por que desde o começo, por quê??? Por que ele me fez tão mal, por que? Por que o anjo bom, por quê? Não consigo fazer mais nada, tá uma merda, não me concentro, sai SAI SAI SAI SAI DO MEU CAMINHO EU ANDO COM JESUS SATANÁS ANDA SOZINHO!! xôôôôoôô! XÔ do mue pensamento!! XÔÔÔÔÔÔ!!!! SOCORRO SOCORROSOCORROSOCORROSOCORROSOCORROSOCORROSOCORROSOCORROSOCORRO!!! AJUDA AJUDA AJUDA AJUDA!!!! E SE EU NÂO CONSEGUIR?? E SE EU ESTIVER PRESA PARA SEMPRE NELE??? SOCORRO!!!!!!!!!!! SOCORRO!!!!!!!! ÁGUA! AJUDA! JESUS! MAMÂE!!!!!!!!!!!!!!

Estranho

E nisso tudo, sabe o que é o mais estranho? O amor não acabou. O amor não acaba nunca.

sábado, janeiro 28, 2006

Epifania

Acordei às 5h da manhã, ávida pelo mistério. Peguei o carro e só parei em frente à praça. (Um homem com duas casas deixa margem a dúvidas. Queria dormir com você. Dormir mesmo, sonhar abraçada ao seu corpo. Mas não ousei tocar o sino).
A praça me convidava, selvagem, e fui me perder nela. Entrei no caminho que me pareceu menos seguro e segui com a respiração suspensa. Como é longo e imprevisível... Só eu e os passarinhos estávamos acordados na cidade. Entre os muros das casas mal caiadas fui me diluindo e o cenário era mais estranho que bonito. Pisava sobre o chão coberto de lixo e uma pipa vermelha presa a uma árvore me fez sonhar. Ouvi um som e parei assustada. Alguém tossia entre os lençóis e eu avancei com cautela. Por aqui, por aqui, era um passarinho que dizia e eu sabia que a única opção era ir pra frente. Depois da pequena curva um gari muito laranja terminava de cagar. Que ironia, pensei, o homem da limpeza defecando no concreto cru. Dei tempo a ele para que pudesse permanecer no anonimato. O final se delineava pouco à frente e eu sentia que sairia dali mais leve. O cheiro sufocante da merda encheu minhas narinas. Segui sem pressa e atravessei o portal. A cidade se espreguiçava com cheiro de pão fresco e a banca de jornal abria suas portas. Deixei um presentinho de pétalas brancas para você e fui embora sorrindo.

Amiga,

Estive com seu ex ontem. Ele apareceu quando eu tomava a saideira. Perdido, olhos vermelhos - maconha, álcool ou choro? -, foi simpático como quem via em mim um pedaço de você. Eu também via nele um pedaço de você. Ele estava sozinho, esperava um amigo que não sei se chegou. Eu tive pena. Fiquei sem-graça. Convidei-o pra sentar, apresentei meus amigos. Tentei puxar uma conversa amena. Mas bastaram poucos minutos para que ele perguntasse de você. Assim, como um amigo. Assim, como se fosse natural. Ele te chamou por um apelido que não estou acostumada. Ele perguntou como você estava.

Tá bem, tá como sempre. Como sempre. Sei que isso ecoou na cabeça dele. Tentei desviar do assunto. Ele insistiu. Perguntou se seus projetos estavam dando certo. Lembrou de como você queria que eles dessem certo. Ai, que doeu em mim. Doeu porque, é claro, não consigo odiá-lo como você. Tive um pouco de pena dele. E muito mais pena de todos nós. Do patético do amor, do fim do amor, das situações estúpidas pelas quais passamos e não sabemos resolver de outra forma.

Ele pagou uma cerveja que nem bebeu. Piscou os olhos vermelhos e ficou um tempo em silêncio. Eu procurando assuntos. Amiga, ele insistiu. Quis saber de você. Eu enrolei, disse o menos possível, falei de trabalho. Falei de política. Ele suspirou. Eu suspirei. E pedi a conta.

Pras vagabundas

Pras vagabundas:
Um dia caem suas bundas!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Pra nós

Pra todas nós
Espero um casamento duradouro, quase eterno, como os das nossas avós!

Pra eu

Pra eu
Eu quero um menino safado, cínico e ateu.

Pra mim

Pra mim
Eu quero um menino sabor gergelim.

Crescer então é fazer um esforço para não ficar louca, e tomar cuidado para não ser sóbria demais.

Ontem senti paz, senti que sou parte do mundo e que estou no caminho, seja lá para onde ele for me levar. Quando desci as escadas, percebi que seria difícil manter a paz – as pessoas querem que você tome cerveja, elas querem que você converse, ria, seja feliz. Coitadas das pessoas, elas são engraçadas.

Quando eu conheci o amor

Quando eu conheci o amor conheci o medo. O outro lado do espelho, o lado que eu não sabia que estava ali. O fundo da caverna. Quando conheci o amor conheci o ciúme. Minhas garras afiaram-se e eu uivei, os olhos brilhando de raiva. Quando conheci o amor conheci os outros. A carne ficou maior que o espírito e a dor entrou, rasgando. Quando conheci o amor fiquei menor. Acovardei-me. Duvidei. O faro ficou mais aguçado, à procura de uma pista qualquer. Quando conheci o amor virei humana e apesar de mim, tive que me amar.
Quando conheci o amor quis mais. Entendi tanto: o louco por você, o tédio, a solidão, a vontade. Conheci o amor porque decidi que iria conhecê-lo e entendi que a vida é uma questão de pré-disposição. Quando conheci o amor virei menina. Desvirei. Desnudei. Gozei, fingi, ampliei-me. Quando conheci o amor ganhei uma sombra nova que me refletia a cada gesto. Não gostei, quis fugir. Mas só esbocei a fuga. Quando conheci o amor me dividi. Ele é maior que eu.

Clariciana

Uma homenagem à homenagem:

Hoje não quero acordar. Só ontem. O homem deveria ter o direito de se matar pelo menos uma vez antes de morrer. Escrevi isso no meu diário aos dezesseis anos. Ou de desmaiar. Quando quiser. Meu analista me convenceu de que meu desejo de desmaiar era uma necessidade profunda de me destacar no meio da multidão, uma forma de compensar minha insegurança, que por sua vez advinha do fato de meu pai ter nos abandonado quando eu tinha três anos. Mas: eu não quero aparecer, quero desaparecer, eu tenho medo. Tenho medo. Quero ir embora, mas ontem descobri que a vida é sagrada. E agora? Não sei rezar e não posso mostrar meu olhar. Ele não diz nada. Ou: ele não diz mais nada. E se eu morresse agora? Não, agora não. E se eu vivesse agora? Ao todo vivi 19 vezes até hoje. A última foi ontem, quando descobri que a vida é sagrada, mas aí ela já não era mais. O sagrado se desfaz no pensamento. Não quero pensamento. Mas tenho medo do que não entendo. Isso alguém já disse antes de mim. Cair para sempre me dá medo. Para sempre me dá medo.
Mas eu preciso pular. Se não pular eu não morro. Nem vivo.

Retrospecto

A vontade que tinha era de ser cruel. Sabia como ficaria magoado se ela fosse embora sem se despedir – era do tipo que ligava para essas coisas. Saiu muda, com um olhar no infinito que tentava expressar desamparo e no fundo era um pedido de socorro. Pegou o carro e dirigiu sem destino, virando ora aqui, ora ali, ligou e desligou o rádio, tornou a ligar, nunca tocavam nada que prestasse nos finais de semana!
Logo enjoou, voltou para casa e viu pelo olhar dele que estava ferido. Não disse nada. Arrependeu-se na mesma medida em que gozou um sentimento de vitória.
Não é você quem gosta de comunicar? Perguntou, acusador. Por que foi embora sem dizer nada? Acha que é a única que sofre no mundo e que eu sou um nada, que não mereço nem uma palavra?
Permaneceu muda. Dizer o que? Que estava louca de ciúme, obcecada pela ex dele, apesar de saber que já tinha acabado tudo há muito tempo. Não, isso não.
Ela sofria duplamente porque a idéia de ter ciúmes a torturava talvez ainda mais que o ciúme em si. Claro que era feliz antes de conhecê-lo, mas a sede era muita, queria mais. Vinha tudo no mesmo pacote, há bens que vem para mal, pensava e afastava logo da mente o trocadilho bobo.

terça-feira, janeiro 24, 2006

homenagem


(...) e não fui eu, nem nada que eu pudesse escolher. as coisas simplesmente aconteceram assim.

desde a última cerveja, e por não estarem distraídos. tudo começou a ir pro lado errado, a conversa rolou mal, a cerveja ficou mais quente, o tempo ficou mais curto. amigos tão bons e tão desnecessários apareceram, e tudo ficou mau. mau e não mal. mau, simples assim.

e às vezes parecia que não, como naquela vez da fita colorida, e teve ácidos dourados e robert crumb. mas aí. todas as vezes igual. e a chata a encher o saco com a história da barata, que é isso e aquilo, e o grito que sai e não. sai. e entra no mar. mar é mar, simples assim, pô. não tem essa sutileza toda que vocês fingem. não fingem. mulheres. ah... só macabéa vale a pena. macabéa porque morre atropelada esperando marido. marido de olhos verdes rico rico. assim. gringo. mudo. rico.

e ai. trezentosecinquentaeoitoaisseguidos. e quanto. egosofrimento. que não sabe de onde vem, mas ai. e não sabe não. porque não vem, não tem. e é mentira que os escritores passam anos escrevendo livros de cem páginas. eles escrevem tudo em três dias e passam o resto do tempo gastando o adiantamento da editora. e sofrendo. ai.

escrever é a coisa mais simples do mundo. jogue-se ali meia dúzia de pontos e vírgulas e travessões e palavras sonoras e frases de efeito sem parecerem. cobre caro, diga que demorou. dois anos e meio. grite de vem em quando, ou recuse-se a dar entrevistas. ou dê em cima do chico buarque. ou seja cego. ou escreva perversões. as opções são muitas.

(...) e aí não soube. mais. às vezes não sei se estou. às vezes acho que me acertei. engano. quero estar errada. quero estar certa. ai.

a chata. insuportavelmente feminina.

eu não. de mim já basta.

eu.

domingo, janeiro 22, 2006

Tá gostoso.
Ai! como eu amo esse cara!

e como já dizia o célebre maluco autor daquela célebre música, há alguns anos atrás, no amanhecer de caraíva...

"o importante é ser gostoso pra você. quando você estiver em dúvida sobre qualquer coisa, pare e se pergunte: tá gostoso?"


boa dica, viu, meninas... boa dica.

cerveja, maconha, ácido e catuaba con lemón, não necessariamente nessa ordem

... acho que troquei o sexo pelas drogas.

e de rock´n´roll nunca gostei mesmo.

terceira manhã seguida que entro em casa pé ante pé. bem louca e feliz. sol nascendo roxo na heitor penteado, 27 graus, parece mentira, mas o termômetro marcou 27 graus às 6h da manhã.

e o ácido na minha cabeça.

acho que todas as minhas convicções não existem mais.

muito medo mesmo.

eu mudei demais e não sei porquê. nem pra onde estou indo.

estou com medo de 2006.

mas tá gostoso. não é isso o que importa?

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A depressão voltou!

Vou ter que te enterrar de novo seu morto-vivo que fica saindo da tumba!!! Filho da puta!!!!! Por que você estava lá??? Foi tão bom e tão, tão ruim!!! Poxa, eu tinha te deixado lá na cachoeira no ano novo não esperava te encontrar este ano. Só em 2007, quem sabe? E tava ficando bem de novo. Tava feliz. Lógico que as vezes eu chorava de saudade de você... Mas te ver quarta deixou tudo vivo de novo e agora eu não estou mais com vontade de encontrar o gatinho tudodebom, só fico dando perdido nele. Por que você não quis ficar comigo? Por que? O que essa menina tem que eu não tenho? Porque você é tão maluco, tão lindo e eu tão diferente de você? Eu abriria mão do meu mundo por você... Queria ser você um tiquinho!
E eu lembrei que nem sempre você me usou como fez na quarta. Uma vez eu disse que não queria ir pra sua casa porque não estava em um bom dia e você ficou bravo, então você acha que a nossa relação é só sexual? Eu quero que você venha dormir comigo. E eu lembrei também da forma como ele olhava pra mim no bar. Próximo de mim e não tão distante como foi nesse dia. Ele olhava pra mim com cara de quem está apaixonado e poxa....E quando ficamos duas semanas sem se ver você me abraçou e falou ai, quanto tempo... De camisa vermelha calça branca e boina...A gente já conversou sobre tanta coisa e já demos tanta risada juntos e... ai! Por que a gente não deu certo? Que tipo de relação a gente poderia ter estabelecido se não aquela que foi? Só daquela forma e agora você está namorandinho essa menina... Que tipo de relação vocês estarão tendo?
Estou indo pra praia pra de novo te enterrar e no domingo vou sofrer de novo a mesma dor daquela noite, sabendo que está tendo uma outra festa de despedida e eu não vou estar com você. De novo vou ter insônia e não vou dormir no seu braço para aliviar as minhas noites em claro!!! Tudo de novo...

leviana

O azar é seu
Em vir me procurar
Me abandona, me deixa
Eu não quero mais ver a luz do seu olhar
Você manchou o lar que era feliz
E agora quer voltar

Leviana
Sinto muito, mas vai tratar de sua vida
Leviana
Precisando eu te posso dar uma guarida

Mas o meu lar
Sente vergonha como eu
O nosso amor morreu




leviana, leviana... sou eu. eu sou a maior filha da puta do mundo! que vergonha.... ressaca moral... me vinguei das minhas dores sacaneando o pobre do meu ex-namorado. e ainda saí muito mal na fita! infernizei o moço, coitado... "pelo amor de deus, malvina, pára com isso, eu não quero, pára de me tentar"... e eu sacana: "por que? bobinho!". ai, que vergonha! ai, por que tão má? ai, leviana!

A volta dos que não foram ou a sensação de ver um fantasma

Com o samba eu guardei só momentos bons, nossos corações não separam mais, o samba pra mim me caiu do céu, a ele eu jurei sempre ser fiel, e tudo que aprendi o samba me ensinou, sempre foi o samba o meu grande amor... o samba me deu muito mais do que eu quis o samba me fez bastante feliz.....

Coloquei uma blusinha nova, larguinha, levemente decotada e colorida e fui de cabelo molhado e solto me sentindo livre e feliz. Com quatro pessoas no meu carro fui falando do lugar que estávamos indo. Só teria coragem de voltar lá com muita gente. Era a primeira vez para todos e pra mim, bom...
Era uma volta. Uma volta depois de um mês e meio, mas eu entrei muito feliz e reconhecendo todos os lugares do bar vazio.
Fui pro banheiro passando a mão no corredor, reconhecendo a textura daquele lugar encostei na porta e as imagens vinham na minha cabeça. Pedi uma cerveja. Viro para o lado e....
Paralisei: meu coração parou, minha respiração parou, minha pressão baixou.
- Você?
Um abraço!
- Como assim? Você está aqui? Como assim?
Ele ia me explicando o que tinha acontecido e só ouvi a última frase: voltei mas estou indo de vez segunda-feira. Aí ele cumprimentou uma menina que estava comigo e enquanto isso ele me deu tempo para virar dois copos de cerveja com a mão tremendo muito e muito gelada... Sem olhar pra mim, ele pegou na minha mão, muito sutil. Eu apertei o nariz dele. A gente riu. Ele saiu e falou que precisava resolver um problema do bar – nesse dia era o chão alagado! E eu lembrei dele sempre atrapalhado resolvendo um monte de coisas... E eu ri sozinha com um aperto no coração!
Depois de um tempo eu vi ele beijando uma menina pensei que fosse a tal...

Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzetaram minh'alma
Mas não cegaram o olhar

Comecei a beber que nem uma puta e a dançar como eu gosto querendo ficar bêbada em 5 segundos. Consegui.
Ele desceu e eu querendo beijá-lo querendo sentir ele de novo. Olhei pra ele, ele olhou pra mim. Ficamos nos olhando. Olhei pra ele e como eu acho ele fo-da! Olhar pra ele é muito bom.... E como eu estava feliz por ele estar lá. Como eu senti saudade dele. Era muito bom poder vê-lo. Um presentinho...

Um tipo de amor, Que é de mendigar cafuné, Que é pobre e às vezes nem é, Honesto
Pechincha de amor, Mas que eu faço tanta questão, Que se tiver precisão, Eu furto....


Conversamos um pouco. E eu disse: parei de fumar. E ele: ah é? E está fazendo esporte também? Não. Me olhou de cima a baixo. Você ta muito gostosa. É nada, to gorda aperta aqui. Ele apertou a minha cintura e fez hum.... Posso apertar de novo? Olhei pra ele e abracei ele muito forte. Que bom te encontrar!!! Que bom! Que bom....

A chuva ta caindo mas o samba não pode parar, não, não, não pode parar....

Nos separamos. Perguntei pra uma pessoa o nome da menina que ele tinha beijado e não era ela... Se não era ela eu sabia que a gente ia se beijar! E como eu queria isso. Eu queria muito ficar com ele e sentir que os dias não tinham passado e que eu era a menina mais desejada do samba pra ele. Ele em mim!! Quero muito. Vejo ele tendo uma mini conversa com a menina, sem beijar, e na seqüência vem falar comigo.
Cadê a sua cerveja? Ta aqui. Então pega ela e vem comigo lá em cima pra gente conversar um pouco porque eu to indo embora. E me pega pelo braço com aquela pata dele de homem que manda e eu obedeço.

Foram me chamar eu estou aqui o que que há? Foi em uma roda de samba...

O que a mão ainda não toca, coração um dia alcança, força da imaginação, vai lá....


Começamos a conversar sobre o tempo longe, sobre a viagem dele e ele pega no meu cabelo. Você cortou o cabelo.
Você viu?
(queria dizer, viu, eu mudei, eu to bem, parei de fumar, cortei o cabelo, te esqueci e nem vem que não tem....)
Vi, você ta muito linda Malvina.... Muito!!
Em dois segundos ele começou a passar a mão em mim e eu pulei no colo dele esquecendo que estávamos entre pessoas, esquecendo que ele me largou três semanas antes de ir embora pra ficar com outra, montei em cima dele e nos beijamos loucamente. Vamos sair daqui. Vamos. Vamos lá embaixo.
E ai tinha uma pessoa doente dormindo lá embaixo e ele com as suas invenções deu um jeito e começou a arrumar um canto pra gente lá. Eu parei sorrindo e fiquei vendo ele naquela cena tão típica dele com suas invenções e arrumou um canto pra gente..... Como eu estava com saudade desse jeito dele. Dessa mão, desse jeito atrapalhado e decidido.
Chupei ele como nunca... Com um tesão louco. Pegar, sentir ele... a pele lisinha! Branca cheia de sardinhas.... Uma bunda gostosa. Um braço forte. Uma barba enorme. Uma roupa estranha. O cabelo ralo, quase careca.Mas aí quando estava muito bom, estávamos transando e eu olhei pra ele querendo dizer um monte de coisas ele mudou de posição e me colocou de costas.
Puta que o pariu.
E um pouco mais e ele broxou.
Puta que o pariu.
Porra! E ai me colocou de quatro e ai ficou animal, mas depois de 5 minutos acabou. Ei?? .
Caralho ele é muito ruim na cama. Muito... Não deixa que eu me entregue, não me deixa olhar pra ele!! Só gozei com ele duas vezes durante todo o tempo que ficamos. Duas! E eu não tenho problema com isso. Odeio essa concepção que só o homem goza e a mulher que diz que é difícil mesmo. Não é difícil, existem caras bons que se preocupam com você na cama e caras ruins e ele é ruim na cama.
Foda.... E eu não tinha entendido que o problema era esse egoísmo dele.
Eu lembrei que existem trepadas muito boas inclusive pintos bem maiores que já chegam dizendo: oi cheguei estou aqui e vou te arrebentar!!!!!!
Inclusive ele tem um pinto beeeem pequeno!
A transa acabou. E em cinco minutos ele diz: vamos? O que? Eu queria a eternidade com ele! Mas ele fala que amanha precisa acordar muito cedo....
Nunca me senti tão objeto sexual eu amando e ele comendo!
Vou ficar com saudade de você tudo de novo.... E você não vai ficar com saudade de mim... Lógico que vou, vou sentir saudade de tudo, das pessoas, dos lugares, das épocas. Quis chorar.
Perguntei da menina, se ele ainda estava com ela e sim: está. E você está com alguém?
Não vem ao caso. E realmente não vinha. O que eu ia falar? Que sim estava ficando com um cara tudo de bom, mas que eu não estava feliz porque ainda gostava dele? Snif...
Foi péssimo não consigo descrever. Conversamos um pouco eu querendo ficar ele querendo ir... Snif..... Por que???
Eu estava brava mas não estava triste, eu tava era muito bêbada!! E ai alguém me fala que ele foi embora. Aí olho e ufa ele não foi e eu digo achei que você tivesse ido. Não eu não ia sem te dar tchau. Vem cá. Nos abraçamos muito...
Se cuida, se cuida muito ta?
Você também.
Queria ter falado obrigada por ter aparecido na minha vida e ter me feito me apaixonar tanto, tanto, tanto!!!!!!!!

O que me restou da noite? O cansaço, a incerteza, lá se vão na beleza desse lindo alvorecer.....

Não entendi o enredo desse samba amor.... Na apuração perdi você...

Me ama e depois deixa saudade. O amor é isso... O sol voltará a brilhar... Um raio de luz voltara a brilhar e deixou noite em meu olhar!


Mas eu continuei curtindo a noite incrivelmente feliz. E parecia que eu estava com mel, teve um cara que se declarou pra mim, falou que fazia muito tempo que ele me olhava e que tinha muita vontade de me beijar e que foi lá pensando em me encontrar. Gostoso mas não naquele dia... E teve o meu trofeuzinho, o meu gostosinho da banda cantando várias músicas olhando pra mim! Ah.. eu dancei e bebi mais e fumei alguns cigarros – tinha parado de fumar – merda!! E nem sei como voltei dirigindo... Entrei em casa, tirei a roupa mas não tive energia para vestir alguma coisa. Dormi pelada. Me joguei na cama e senti como se fosse real a mão dele apoiada em cima das minhas costas. E acordei com a sensação de que a noite de ontem tinha sido um sonho. Bom ou ruim?
Pra mim foi bom, foi bom pra matar a saudade e pra me despedir direito porque no ano passado tinha ficado tudo muito confuso. O problema é que agora eu estou com tudo muito vivo de novo, tentando o amor de quem não quer me dar amor... E não querendo amor de quem quer me dar amor....

quinta-feira, janeiro 19, 2006

No rastro de Malvina

Uma semana após os crime que chocou o país, a equipe de Nossa Era traz para seus leitores um perfil da jovem acusada de envenenar o ex-marido e a nova namorada dele, de origem espanhola, na casa do rapaz. Nossos repórteres mostram como por trás da aparente normalidade se escondia uma mente criminosa e altamente perigosa. Por Paula Tejano, Caio Pinto e Armando Rôla.

Quando descobriram os corpos assassinados sobre o futon amarelo, os amigos do germano-brasileiro jamais imaginavam que a autora do crime era a ex-esposa Malvina Malva. Durante anos, conviveram pacificamente com ela sem reparar que debaixo do sorriso insistente se escondia uma mente criminosa das mais perversas.

Mal sabiam sobre o passado da garota. Segundo colegas da escola onde estudou, Malvina costumava subir nas árvores do pátio para chamar a atenção dos adultos. Ficava horas ouvindo música – rock e, às vezes, Chico Buarque – e esperando alguém notá-la. Na sala de aula, a menina era ainda mais problemática: cismava interromper explicações para fazer perguntas difíceis e muitas vezes fora do tema “só para chamar a atenção”. Malvina se esforçava em tirar notas altas e ser a primeira da turma, demonstrando enorme ganância e, mais uma vez, carência de afeto que não recebia em casa.

A mais nova das irmãs, Malvina sofria agressões constantes das mais velhas e, ao chegarem a adolescência, foi totalmente abandonada por elas. Segundo vizinhos, ela começou a andar com meninos e a praticar esportes, tornando-se agressiva e “esquisita”. “Parecia um moleque, ficava andando de bicicleta. E uma vez eu ouvi um porteiro comentar que ela roubou um doce na padaria”, diz uma vizinha.

Se já nascia ali uma propensão para o roubo, ela só foi realizada plenamente em 1999, quando Malvina, morou durante um ano no exterior. Diversas fontes confirmam que ela tinha o hábito de roubar CDs, comida, enfeites para cabelo – que nutriam a sua obsessão pelo cabelo arredio – e até um relógio. A coisa ficou pior quando ela conheceu um obscuro ator com quem passou a dividir o gosto por bizarrices: certa noite, foram vistos transando sobre um sofá que estava amarrado sobre um carro estacionado em plena rua. Não raro, eram flagrados por câmeras se bulinando nos ônibus e nas ruas da cidade.

Mas a obsessão sexual que Malvina nutriu toda a vida teve início ainda na adolescência, quando ela tinha apenas 13 anos. Esperta, seduziu um rapaz bem mais velho do que ela, tirando-lhe a virgindade, e depois abandonando-o por outro. Seria o primeiro de uma longa lista – ela costumava explorar sexualmente os rapazes até se cansar, para depois trocá-los por outros – em que constam um gótico, um punk, um pseudo-intelectual bêbado e um negro, todos irremediavelmente danificados psicologicamente pelo convívio com a moça.

Já o germano-brasileiro seria o primeiro – seria – a se livrar intacto de uma longa relação com Malvina. Depois de anos de casados, nos quais ele chegou a ser mordido e estapeado não apenas uma vez, além de ter que calar diante do inadequado hábito profissional dela de passar dias e dias longe de casa para conviver com pessoas humildes e às vezes até criminosos (alguns afirmam que ela costumava se envolver sentimentalmente com pobres durante esses trabalhos), ele finalmente se via livre da demoníaca moça, tendo encontrado uma espanhola que aceitou viver com ele na casa que antes fora de Malvina. Nem imaginava o que podia lhe acontecer.

Colegas de trabalho afirmam que Malvina era uma mulher obsessiva, que muitas vezes não pronunciava palavra – “nem bom dia”, diz uma estagiária que pediu para não ser identificada – e não media esforços para subir na carreira. Era uma puxa-saco inegável, sempre procurava chamar a atenção do chefe nas reuniões e jamais – jamais – pagou uma cerveja, ou um cafezinho, a quem quer que fosse. Dizem ainda que ela freqüentemente assediava os estagiários e até estagiárias que passavam por ali. Ah, sim, porque Malvina também tivera experiências sexuais com mulheres, chegando a ter um relacionamento com uma lésbica durante meses; e alguns asseguram que ultimamente ela era dada a fazer sexo com casais ou até mais. Não bastasse isso, Malvina era viciada em maconha, e chegou até mesmo a freqüentar o ambiente de trabalho drogada.

Desde semana passada, Malvina está foragida e não há notícias dela. No entanto, pelo seu perfil, não resta dúvida de que foi ela, sim, que assassinou o jovem alemão e sua namorada. Antes do fechamento dessa edição, um informante ligou à redação dizendo que ela teria sido vista, "louca e nua", caminhando por uma praia no Caribe; mas a história não foi confirmada.

o que passa na cabeça de uma mulher

os homens costumam dizer que não entendem o que se passa na cabeça de uma mulher. como sou uma pessoa bondosa, coloco em prática uma idéia que tive ontem: segue abaixo um exemplo detalhado dos pensamentos de uma mulher.



saiu de casa sem se arrumar muito - estou tão gorda que nem adianta, vai essa blusinha preta decotada com sutiã bão que pelo menos parece que tenho peitões, se é pra ter carne demais que pelo menos a tenha nos lugares que prestam. e salto alto pra afinar um pouco a silhueta de barril, vou carregar na maquiagem pra compensar a falta de produção na roupa. primeira balada depois das férias, tudo meio estranho, voltar aos mesmos lugares, desejar feliz ano-novo pros conhecidos, aquela coisa de começo de ano. amigas, cerveja, samba, todos animadíssimos - que que eu vim fazer aqui, meu deus, podia estar em casa assistindo e.r., não tenho mais idade pra essas coisas, sou da roça, não quero mais sair, nem beber, nem flertar, nem nada. tudo bem, tudo bem, o samba continua, a cerveja começa a fazer um pouco de efeito, mê vê mais uma por fav... - nossa! quem é esse cara novo aí no balcão! que gatinho... ah, esse sim faz o meu tipo. não adianta eu ficar olhando pra esses muito bonitos, gostosos, de dread, na hora h perco o interesse, esse aí sim. puta, mas eu pedi a cerveja que nem uma idiota, a voz esganiçada, já queimei o filme de primeira, sou uma idiota mesmo, gorda, feia, burra!. o samba continua, olhadas pro gatinho, as conversas mais animadas, mais uma olhadinha - que lindinho! putz! ele viu eu olhando de novo. será que estou dando mole demais? será que ele está rindo da minha cara? vou mudar de lugar. -, vira pra olhar a banda e vê um cara dançando animado, camiseta branca, só um flash - ai, meu deus, é ele, o Homem! fodeu, fodeu, fodeu, será que ele viu que eu vi, vou ter que virar de novo com naturalidade, quanto mais eu demorar pra cumprimentar mais difícil fica, respira fundo, malvina, ai jesuis, ai que merda, vou derrubar a cerveja, minha mão tá mole, fodeu, fodeu - reúne toda a sua coragem e vira de frente pro inimigo - ufa! não é! será que não mesmo? não, não é... ai, graças a deus...

mais uma fofoca, dançar um pouquinho, todos comentando, nossa mas você está linda, está queimada, emagreceu - emagreci, sim! o mesmo bujão de sempre! - eis que de repente... Amigo do Homem! Tudo bem? Feliz ano novo! - ai jesuis, ele tá aí, só pode estar, ai valha-me minha virgem maria, me ajuda, me ajuda, ele tá atrás do Amigo, assim que ele der um passo pra frente vou vê-lo - Oi, Homem! Feliz ano-novo - é isso aí, ano-novo, vida nova, vou ser simpática, vamos selar a paz, pelo menos fico por cima, mostro que já passou, e quem sabe acontece uma reviravolta, ele se ajoelha a meus pés e diz "Malvina, desculpe, eu te amo, morri de saudade, vamos embora desse lugar, vamos embora desse país...". Não pira, Malvina, mantenha a calma, isso nunca vai acontecer mesmo, segura a onda, lembra do gatinho atrás do balcão. O Amigo do Homem animadíssimo, conversando, contando histórias, o Homem por perto, mais calado, às vezes faz uns comentários na conversa - meu deus, como ele tá feio! por que cortou esse cabelo? e engordou mais ainda! deve ter enchido o bucho de comida no ano-novo! e esse cabelo piora, a cara dele tá parecendo uma lua cheia, meu deus, por que eu piro nesse cara?, mulher é muito idiota mesmo - a balada vai indo, as amigas por perto, os dois por perto, não desgrudam de lá, a cerveja fazendo mais efeito, a conversa com o Homem ficando mais interessante - ele é legal apesar de tudo, queria poder conseguir ser amiga dele, mas ele insiste em falar comigo olhando pra minha boca, melhor ser durona, vou ali, não vou dar mole, juro que não vou. muda de lugar, vira de costas, dança com a amiga se divertindo mais do que nunca - pára de olhar, burra! pára de olhar pra ele! você sabe que ele vai estar olhando, zóião, aí se arrepende de ter olhado... olha aí! de novo! burra! -, o Amigo do Homem volta a puxar conversa - será que ele faz isso pra me aproximar do Homem mesmo ou é piração minha? - vamos dançar? claro, vamo aí - dançar, coisa que você não sabe, morra de inveja, morra de ciúme, estou dançando com seu amigo - se concentra pra dançar o melhor possível, o mais leve possível - tomara que ele esteja com ciúme... não olha! não olha! burra! -, a música acaba, a conversa continua, vamos fumar um beck lá em cima, vamos, vou ali e já volto. o baseado fica pronto, ele não voltou - foda-se, perdeu, vou subir e ele que se foda, é só o que me faltava ir lá chamá-lo - começa a fumar, olha pra pista, ele olha, pergunta do baseado, sobe aí. você foi feita sob medida, diz um chavequeiro-muito-útil-no-momento, o teto é baixo e a altura dela dá certinho sem bater a cabeça no teto - diferente dele, que posição ridícula, abaixa de uma vez, meio encurvado assim tá patético, seu imbecil. o baseado vai, a conversa vai - pára de olhar pra minha boca, porra, eu vou ceder, não, não vou ceder, jesuis me ajuda, me agarra de uma vez então pra não me dar tempo pra pensar, se você for homem suficiente pra me agarrar sem me deixar saída eu juro que agradeço... não, malvina! pára com isso! é óbvio que você não vai ceder. você é fodona. você não precisa de homem, principalmente desse! -, o baseado acaba, ele olha bem fundo nos olhos dela, tipo última chance - não vou facilitar, não vou facilitar, se você quisesse mesmo não ligaria pro meu cu doce... não! não é cu doce! eu não vou ficar mesmo! - ela ri, vira a cara e volta a conversar com o chavequeiro-muito-útil-no-momento. ele se irrita - como é mimado! é pior do que eu! - e desce. agora perdeu a graça ficar lá em cima, melhor descer e ir dançar - será que já deu tempo suficiente pra não ficar parecendo que eu desci atrás dele? -, faz isso, desce e dá de cara com ele, que olha estranho, zóião - ai, jesuis -, tudo bem, vamos dançar, as amigas ajudam, muita fofoca na noite, bom pra distrair do dito-cujo.

ele some para o outro lado da balada, mas ela mantém sob controle a posição dele, não o perde de vista mas se esforçando ao máximo para que ele não perceba - e claro que ele percebe. volta. conversa fiada e meio constrangida - ai, meu deus, não vou facilitar, por que ele não me agarra? por que? se ele esperar que eu dê mole pode desistir, eu não vou, eu não vou... malvina, pára! se ele te agarrar você empurra e sai correndo -, ele tenta pela última vez criar um clima favorável, dá pra sentir a energia, os raiozinhos entre os dois, ela fica com medo, puxa uma amiga pra conversa. ele suspira e diz, vou embora, vou pagar minha comanda. o coração aperta - não, não vai!. ele volta, comanda paga, olha fundo pela última vez, tchau, ela natural: tchau, até mais. ele vira as costas e vai embora. - ai que merda, ai que merda, foi embora, ai, ok, não era isso que você queria, malvina? agora se arrependeu? não, nunca! melhor assim. ele não gosta de mim, mesmo. se gostasse tinha insistido mais. tinha me agarrado. sem você colaborar, não, né malvina? eu não vou colaborar mesmo. nunca mais. a banda volta a tocar a mesma música da hora em que ele chegou, a vida foi em frente e você simplesmente não viu que ficou pra trás. - isso, malvina. lembra do gatinho atrás do balcão... ah, perdeu a graça. vou embora também.

Te quiero con sabón

Estava aqui lembrando da Bahia, praias lindas, forró pesado, e etc. E visto que tantos dias por lá me retardaram as reflexões, vou falar sobre meus pés sujos que continuaram sujos todos os dias de minha viagem, e as lembranças terríveis que isso me trouxe.
Há alguns anos atrás, na Bahia mesmo, estava num amasso delicioso com um cara igualmente suculento...Nos meus dezessete anos, a esta época com uns dois boquetes na bagagem, resolvi chupá-lo. E fui. Com a segurança de quem faz isso há anos...ai, mas ai, ai ai ai, quando cheguei perto, que fedor azedo! ECA! Não deu meeesmo, larguei ele lá, na praia escura, sem dar nenhuma satisfação, caramba, me deu muita raiva, fiquei com vontade de socá-lo.E sem vontade de chupar pinto por muito tempo.
Outra coisa: amo quando estamos encharcados de suor. De suor. Não de cecê.Aquele sovaco molhalo e fedido -- muito fedido -- raspando no ombro, argh! Broxante. Sem falar que impregna em você,aquele cheiro horrível!
Uma vez fui acampar com um rolo meu na praia, tudo lindo, e tal, mas óh infelicidade de presenciar certos hábitos...Ele só tinha uma sunga, oquei, sem problemas, meus biquínis também são poucos, mas além de não lavá-la nunca, ele sequer a pendurava...deixava aquela coisa úmida dentro da barraca, cada dia com mais fungos e mais fedorenta. E no dia seguinte a vestia novamente. Aquilo fazia parte de seu pinto. Afff. Muito broxante.
E outro dia, também viajando, indo embora, ele me diz: vou ao banheiro. Pegou o papel higiênico, o que dá pistas do que ia fazer -- sem problemas, desde que eu não ouça. Mas eis que ele sai, tranquilamente, e não lava as mãos...buáááááááááááááááááááááááááááááááááá!!!!!! Triste, minha gente, triste, uma desgraça.
Amo corpo e seus cheiros. Adoro. Mas sujinho não dá. Sujeira acumulada não rola, o que que custa, meninos, nós ficamos cheirosas, logo não queremos vocês fedidos. Meus pés sujinhos, o cabelo de vez em quando, é até bom também. Mas há coisas básicas. Não consigo entender a dificuldade, estou certa de que tiveram boas mães.
Antes de te querer con lemón,
Eu te quiero con sabón.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

e como dizia aquela sábia malvina no início das férias de verão

"pra tocar em mim, só com muito amor no coração"

Da série "crianças, não tentem isso em casa"

À la Suzane:

Não tentem matar os próprios pais: pode dar errado.

Um brinde!

Há uma leve tristeza no (meu) ar, mas ah, foda-se! Brindo às mulheres com três belas frases retiradas de O Melhor do Mau Humor, de Ruy Castro:

"Uma mulher leva 20 anos para fazer de seu filho um homem - e outra mulher, 20 minutos para fazer dele um tolo". - Helen Rowland

"Só exijo 3 coisas de um homem: que seja bonito, insensível e burro". - Dorothy Parker

"A Natureza deu tanto poder à mulher que a lei não pode se dar ao luxo de atribuir-lhe ainda mais poder". - Samuel Johnson

terça-feira, janeiro 17, 2006

os dez mais de 2005

já faz um tempo que eu queria ter a paciência de ler todo o arquivo desse blog. aí tive uma idéia melhor: escolhi o dez melhores posts de 2005 (na minha modesta opinião, é claro. e foi difícil pra caramba, o que vocês poderão notar pelo número de menções honrosas). presente de ano novo para nosso enoooorme contingente de leitores, especialmente aqueles que todos os dias, aos milhares, começam a acompanhar as nossas malvinices pela primeira vez. divirtam-se.

super promoção de lançamento

conheça o novo produto da linha malvina´s solutions

peço licença para adentrar essa porta

ode ao mastruço

um sonho de liberdade


história a quatro mãos


a chata sou eu

tapa

e aí, vai encarar?

buá buá eu vou chorar



Menção honrosa para:

http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/socorro-estou-ficando-cnica.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/09/fim-de-semana.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/09/o-poder-de-um-mastruo.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/10/gente-gente-gente-macaca-macaca-macaca.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/10/coisa-boa.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/10/ltima-bolacha-do-pacote.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/feriado-cinzento.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/juro-que-no-vou.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/o-mais-doce-cafajeste-ou-amigos-so-pra.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/tattoo-con-lemn.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/11/diz-tchau.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/12/te-vejo-de-qualquer-cor.html
http://tequieroconlemon.blogspot.com/2005/12/sbado-de-pijama.html

Olhos Nos Olhos

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando, sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos
Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz


(Chico Buarque à flor da pele)

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Duas mexicanas

Número Um:
Raica ama de paixão seu marido Daniel, mas morre de ciúme de Nara, melhor amiga de Daniel - este que, por sua vez, tem um tesão enorme por Lilian, melhor amiga de Nara, embora ame muito sua esposa e não pretenda fazer nada com esse tesão. Já Lilian é muito bem-casada e jamais pensou em pular a cerca até recentemente conhecer o melhor amigo de Raica, que nutre paixão antiga por Raica, mas hoje é só amigo. então Lílian se apaixonou por Kiko, que pretendia beijar e quem sabe dar umazinha com Nara, mas acabou tomado pela mesma paixão por Lilian, e agora eles se vêm em um impasse; no meio-tempo, Nara acabou transando com o filho de Kiko e sua namorada, e também com o filho de uma amiga de Kiko, mas continua sentindo eterna paixão por Lilian e por Daniel que, mesmo sendo paixão de amigo, não deixa de ser cheia de libido; e continua sendo amiga de Kiko, e muito amiga de Lilian, e por isso fica no meio da história ouvindo um lado e o outro e tendo que relatar tudo para um lado e para o outro. E o marido de Lilian, veja só, o mais gostoso de todos, foi o único que não entrou na história.

Número Dois:
Nilmário tenta há muito tempo beijar Naíra, que resiste porque ainda é um pouco apaixonada por João, que é muito bem-casado com Elisete, que por sua vez é uma das melhores amigas de Nilmário, que tenta fazer Naíra desencanar mas não sabe, e nem pode saber, que João continua ligando para Naíra de tempos em tempos morto de saudade (e de tesão) e que quem sabe vai convidar a esposa a se juntar a essa fissura por Naíra. Nisso, Nilmário espera Naíra, que espera joão, que espera a esposa topar um menage a troi. E o ex-marido da Naíra, graças a deus, vade-retro, também não entrou e nem vai entrar na história.

O ônibus acelerou, mas ainda deu tempo de ver a frase da propaganda indo embora:

MERGULHAR NUM AMOR DE VERÃO: DESPENTEIA.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Con lemón

Agora mais do que nunca.
Te quiero con lemón!
Eu quero a vida con lemón.
Eu quero as pessoas con lemón.
Aquelas que me fazem me sentir viva, vivíssima.
Mais confusa do que nunca e mais viva do que nunca.
Mais prazer do que nunca.
Em um gozo mútuo de primeira, in-crí-vel...
Um gozo tão intenso e tão inesperado e tão esquecido que me fez rir durante meia hora um riso incontrolável.
Devagar ele foi me descobrindo inteira, me beijando inteira.
Em uma sintonia absurda.
Con lemón.
Duas horas, con lemón.
E pro faz-de-conta: con lemón.
E pra cachoeira com os dreads num samba de cuíca fantástica: con lemón.
Com muito lemón.
Mais viva do que nunca.
Com a pele mais linda do que nunca.
Um começo de ano con lemón.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Tá bom

Tá bom, eu não vou te beijar.
Porque ontem, quando te dei um abraço, quis te beijar.
E se te beijar, vou querer deitar com você e reconhecer seu corpo.
Seu corpo de montanhas.
Sua mão que me traz lembranças esquecidas.
Seus olhos que refletem segredos guradados somente entre nós dois.
Seu peito de muralha, onde as flechas não podem entram.

Tá bom, eu não vou te beijar.
Porque ontem, eu prometi que criaríamos um espaço onde não existe ausência.
Um espaço que ainda está por vir, mas que, sabemos, já existiu.
E essa vai ser a nossa invenção:
uma floresta de faz-de-conta, que convida mas não mostra o fim.

Tá bom eu não vou te beijar.
Vamos seguir lado a lado,
qual dois escudeiros fiéis
e sentir a luz tranqüila das estrelas.
Caminharemos juntos,
os dedos entrelaçados e cada palavra sub-entendida
sob o roçar das nossas pálpebras.

Tá bom, eu vou te beijar.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

vai passar?

Já, já pensei em você várias vezes não vê?
Já, eu já sonhei com você várias vezes...
Mas, se eu disser alguma coisa, eu digo tudo...
E já deixei de falar muita coisa pra você, mas você sempre soube.
Saiu em silêncio.
A cada leve toque, provocava em mim um choque....
Prefiro ficar em silêncio entendendo as reações que acontecem comigo, o tempo todo!
Tenho que ficar aqui em silêncio, esperando essa idéia sair da minha cabeça.
E quem sabe não te ver mais?
Espero que a gente não se olhe nunca mais!
E não se encoste nunca mais...
Fique longe mesmo longe esse tempo....
Não quero te encontrar tão cedo.
Espero te esquecer.
Não quero pensar onde está o tempo todo e como será quando a gente se encontrar!
E se vou sentir isso por outra pessoa.
Não quero achar que você não existe.
Eu quero sentir vontade de outras pessoas.
Me deixe ir sozinha hoje.
Não vá comigo.
Por favor não vá comigo.
Deixa eu sentir isso por outra pessoa...
Socorro, eu estou sentindo tudo!!!!!!!!!!!!

Menina

Menina amanhã de manhã
Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Na hora ninguém escapa
Debaixo da cama, ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Menina, ela mete medo
Menina ela fecha a roda
Menina não tem saída
De cima, de banda ou de lado

Menina olhe pra frente
Menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto
Segure o jogo, atenção de manhã

Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça

Menina a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono

Menina a felicidade
É cheia de ano, é cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de ono

Menina a felicidade
É cheia de an, é cheia de en
É cheia de in, é cheia de on

Menina a felicidade
É cheia de a, é cheia de é
É cheia de i, é cheia de ó

É cheia de a, é cheia de é
É cheia de i, é cheia de ó

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Aos dois

Eles eram lindos e dava para ver de longe, se amavam demais. Eram todos sorrisos e olhos postos um no outro, as mãos sempre passeando nas coxas, nas costas, no rosto, atrás das orelhas. Passeando pela praia de mãos dadas, o sol ardendo cada pele branca, os lábios grossos, eram irresistíveis.

Eu ali, sozinha, eles ali, com tudo. Chegou a irritar, chegou a dar raiva. Mas veio o momento, veio quando pedi para ela passar bronzeador nas minhas costas, as mãozinhas pequenas e macias. Foi passando, a princípio como uma irmã, uma colega, uma desconhecida, eu fui fechando os olhos e aquelas mãos foram passeando pela minha pele mais devagar, mais circular de movimentos, mais largamente, mais nas pequenas curvas das minhas costas. Ele nos olhava, ela fechou também os olhos e nos perdemos, senti a respiração mais perto e acordei num pulo: opa, tá bom! E ela, também despertando: é que eu adoro pele...

Daí sonhei, delirei, não consegui mais deixar de olhar para eles, como cada beijo dos dois vinha de um tesão absoluto por ele, por ela, por todos os que os rodeiam, como a exposição de tanta sensualidade era um abraço no mundo, como estaavm felizes, como tinham paixão.

Ele era lindo, os olhos fortes, corpinho perfeito de menino que vira homem e se percebe da noite para o dia, todo músculos, todo bronzeado, os pelos amarelecendo no sol; ela era um tesão, longos cabelos cacheados que desciam em V pelas costas, puxados aqui e ali por um vento, a boca de fruta, sempre sorrindo ou escondendo um deboche, os seios perfeitos, a cintura realçada no desenho do pequeno e colorido biquíni. Eram a flor da juventude, eram o amor que se descobre, eram o começo da delícia da carne. E não se desgrudavam. Tive medo, a princípio, que me sei fácil de machucar. Tive medo de estar querendo somente ele, tive medo de estar querendo somente ela, mas deixei a minha imaginação voar enquanto os via pela praia. Queria os dois.

Ano-novo, cerveja e forró rolando, ácido para os mais novos (eles junto), o corpo suando no forró, pego a moça nos beus braços e a levo pelo salão. Ela me atira para ele, que me leva macio como um sonho, fecho os olhos e ele também, transpira, respira, respira rápido, se cola, me cola. Ela nos olha, o sorriso escondido no canto da boca. E chega, e me levam para a praia, e nem precisam mais dizer nada, me abraçam os dois e me convidam com cada lábio, com cada mão; ofegamos, nos procuramos nos detalhes, nos conhecemos devagar, depois rápido, nos despimos um pouco, na frente da praia um tanto cheia mas escura. Até queremos parar, estamos loucos, mas é forte demais o tesão. Há quem passe e faça um comentário bobo, há que olhe e há quem finja não nos ver nem nos conhecer, mas não queremos nos largar, e ela me beija, eu lhe mordo o pescoço enquanto ele a beija, já sinto na mão suas curvas das coxas, ela também me procura, ele se afasta, nos olha, volta, me empurra, me puxa, me morde, e assim vamos, acreditando que somos loucos e acreditando que naquela noite pode tudo.

Ainda tentamos parar e ir conversar em roda, fumar um baseado, mas é forte demais e recomeçamos ali, na frente de todo mundo, já sem pudor nenhum, saímos de braços dados até um recanto meio escondido onde nos chupamos, nos comemos, nos fodemos um pouco, e nós duas devoramos juntas aquele pau perfeito, duríssimo, até que ele a encosta na perede e a come, e é uma visão bela demais, não posso, um tesão perfeito e conjugado, os gemidos são em uníssono e eu os deixo ali em êxtase.

Ainda os vejo nos próximos dias, a passear pela praia tão apaixonados como antes, e só aumenta o tesão que sinto ao vê-los, de sabê-los feitos para o gozo e para o gozo do mundo, nos tocamos ainda, nos acarinhamos de ternura; na despedida um delicioso beijo a três, e a recomendação a esta que vos escreve:

- Cuida muito bem disso que você tem dentro de você.

Amor? Tesão? Carinho? Loucura? Só eu mesma. Pronta para 2006.