sexta-feira, setembro 30, 2005

Manifesto por um saudável abrir de olhos feminino

Companheiras:

Devido a questões de natureza genérica e fálica, os homens são auto-centrados e egoístas por natureza. Eles são uma delícia, são ótimos na cama, falam grosso e nos protegem, abrem potes de vidro, consertam chuveiro queimado. Ou, como disse a tia-avó de uma Malvina: “os homens são os camelos que nos ajudam a atravessar o deserto da vida”. Tá. Só que como os camelos, eles não estão nem aí. Para eles, é tão importante tomar uma cerveja vendo televisão quanto nos levar ao cinema. Se estiverem com fome, o que importa é comer e não esperar que a gente se arrume para sairmos bem bonitas e, se estiverem enfiados no trabalho, não importa mais nada. São mesmo como os camelos: querem andar pra frente, desejam o que vêem na hora e não perdem tempo com conjecturas sobre o que poderia ter sido A não ser, é claro, quando tomados pela graça de Afrodite, uma deusa como não poderia deixar de ser. Mas fora isso, nunca passará pela cabeça deles coisas do tipo:
- Será que se eu for pro bar com meus amigos ela vai ficar brava?
- Será que ela vai reparar que eu me arrumei todo para ela?
- Ela está tão cansada, vou fazer uma massagem nela, cozinhar um jantar bem gostoso e lavar a louça, depois.
- Será que ela vai lembrar do meu aniversário?
- Já são onze horas, é melhor eu ligar pra ela não ficar preocupada.
- Ela nem reparou que eu arrumei a casa toda para ela ficar mais confortável.
- Adorei a noite de ontem. Será que eu encontrei a mulher ideal para ser mãe dos meus filhos?
- Será que ela está me traindo porque eu não dei a devida atenção a ela? Ou eu sou feio, chato e burro?
- O que será que ela está fazendo nesse instante?
- O que será que ela está pensando?
- O que será que ela quis dizer com aquilo?
Não, queridas companheiras, eles não se importam com nada isso. Preferem tomar uma cerveja gelada e, se rolar, dar uma boa trepada no final da noite. Uns camelos.

quarta-feira, setembro 28, 2005

vamos ser felizes para sempre?

ai, eu não ligo. quero ser mulher submissa. não vou mais brigar, não. não vou mais ficar brava se não ligar, não aparecer. não ligo. pode fazer o que quiser. mas fica comigo, vai? uma coisa meio "com açúcar, com afeto". sim, eu dou um beijo em seu retrato e abro meus braços pra você. mesmo que tenha sumido um mês, que em quatro meses tenha dado no máximo meia-dúzia de telefonemas; não ligo. se um beijo me faz esquecer tudo. se duas frases entrecortadas cheias de reticências e duplos sentidos me fazem acordar sorrindo. te quiero con lemón, mr. big. quando você quiser, estou aqui. vou seguindo minha vida, mas é só você que me faz feliz. se eu tiver essa felicidade de vez em quando está bom. como diz o neruda "estoy triste: pero siempre estoy triste": o seu descaso não vai me deixar mais trsite. mas sua atenção, mesmo que esporádica, aleatória, e absolutamente dependente do acaso, vai sempre me deixar mais feliz. seja por duas horas, dois minutos ou dois dias; nunca será o suficiente, mas sempre será bom.
ah, desabafei. sei que isso não é totalmente verdade, e principalmente que não é verdade o tempo todo. mas hoje é. cansei de dar murro em ponta de faca, e também de brigar com o meu coração. vamos ser felizes para sempre? pode ser do seu jeito - eu aceito.

segunda-feira, setembro 19, 2005

trabalho, hip hop, msn, café, cigarro, tem uma espinhazinha no meu queixo que não consigo parar de mexer. saco, bode, por que sempre escrevo nesse blog enquanto estou trabalhando? tipo recreio. é um porre quando o trabalho fica só no automático e você com preguiça de criar algum negócio. tipo uma idéia nova. ou botar em prática aquela idéia bacana e trabalhosa que está na gaveta há meses. me sinto culpada e paralisada, é foda, detesto esses dias.
descontei minha raiva dos homens num pobre coitado ontem à noite. não que ele não seja um mala - ele é - mas, putz, depois me senti meio culpada. ele cutucou a onça com vara curta e tomou na cara. foda. puta cara chato, também. conheço ele há uns cinco anos, quando eu ainda era uma fresca gatinha de dezesseis, e desde a primeira vez o cara noiou na minha pessoa. foram anos de chaveco. anos. todas as vezes que ele me encontrava (e durante um tempo isso acontecia muito, afinal ele trabalhava na balada que eu ia no mínimo uma vez por semana), era aquele chaveco. foi de declaração de amor eterno à cantada de caminhoneiro, passando por conselho de amigo e chororô de carente. e ele até é um cara bacana. quer dizer, seria, se não fosse esse problema da insistência. aí passamos uma fase em quase não nos encontrávamos, porque ele parou de trabalhar na tal balada, e eu também parei de frequentá-la. de vez em quando, um encontrozinho ocasional, sempre com o maldito chaveco. só que depois que ficamos mais velhos, a coisa foi virando, ao meu ver, uma tiração de sarro. porque não é possível que o cara não desista, não se sinta ridículo. só pode estar tirando uma da minha cara, pô. eu acho isso uma puta folga masculina, sabe? até pra chavecar e elogiar tem que ter um limite, meu. eu me sinto invadida, me sinto desdenhada, porra, o cara não tem vergonha de continuar tentando? então é porque ele não tá nem aí pra o que eu penso! pra ele, foda-se se ele está sendo um mala, um folgado, ele não se importa com a minha opinião, o desejo dele é mais forte. eu sou só uma mulher, afinal, ele vai insistir o quanto quiser, porque acha que no fim ele vai acabar conseguindo. ou não. mas não se importa a mínima se está enchendo o meu saco. aí me irritei. ele foi atrás de mim na hora que eu fui embora, e eu mandei ele à merda, fui o mais grossa possível. mas puta que o pariu, sabe qual foi a última frase dele, quando eu já atravessava a rua sem olhar pra trás? "agora era a hora de eu te dar uns beijos!". sem comentários. respeito zero.
aí fico pensando, sabe? que imagem os homens ainda tem de mulher hoje em dia? porra, esse cara não é nenhum idiota, está ali pela casa dos 25, estudante de economia (se pá já é formado), produtor cultural, tem amigos bacanas, gosta de boas bandas, frequenta a Bienal (o encontrei na última), é um cara esclarecido, porra. tipo elite intelectual. e ainda se sente no direito de atormentar uma mulher que já lhe deu cinco milhões de foras, sem a mínima vergonha na cara? sem se sentir ridículo, sem pensar no quanto está enchendo o saco alheio? porra, mulher não faz essas coisas. que nem cantada na rua. mulher não fica chamando homem de gostoso pela rua. não fica parada em turmas gigantes na calçada e quando passa um homem olham todas ao mesmo tempo fixamente, pro coitado não saber onde enfiar a cara. e isso acontece com a gente o tempo todo. é desrespeito, sabe? desrespeito com a pessoa humana. que nem você estar andando nessas multidões de balada e os caras pegarem no seu braço, te segurarem, meu, isso é um desrespeito. eu fico muito puta. pior que se você falar que vai fazer o mesmo, os caras vão dizer que vão adorar. mas só porque não acontece. queria ver se fosse normal, se fosse a mulherada que ficasse agarrando os caras contra a vontade deles toda hora, que ficasse berrando "pauzudo" no ponto de ônibus. eles iam achar uma merda. porque é constrangimento público, é desrespeito à liberdade alheia, e todo mundo acha que é normal. mas não é, porra. eu sou um ser humano, e minhas vontades e minha liberdade têm de ser respeitadas. não é assim que é o certo?
o machismo ainda é muito, mulherada. porque por mais que a gente vá pro bar e beba pra caralho e não esteja nem aí com a hora do brasil, que nem eles, sempre tem um tiozinho no canto achando que a gente é tudo vagabunda. ou pior: tem um boyzinho do mackenzie falando que mulher que fala palavrão (igualzinho a ele) é tudo escrota e vadia. porque ainda temos que assumir um naipe "fama de putona" pra se defender do que as pessoas pensam - tipo "já que não pode vencê-los, junte-se a eles". e eu não sou putona nada. muito pelo contrário, sou romântica no úrrrtimo, só acho que um beijo não é nada tão importante assim. que é gostoso, e não tem problema nenhum em beijar um amigo se for uma coisa tranquila pros dois. ou um desconhecido se rolar um clima e você estiver curtindo a balada na lôca (ou em qualquer lugar). mas pra poder ser assim sem viver sufocada pela pressão de fofocas e comentários maldosos, pra poder beber a minha breja, fumar meu baseado, tomar uma droguinha de vez em quando, ter opinião própria, rir e falar alto, beijar quem me dá na telha, tenho que fazer ligar o foda-se e ficar fazendo um naipe de "sou mais eu" o tempo todo. e foda-se quem não gosta. só pra fazer exatamente o que todos os meus amigos moleques fazem, e na maioria dos caso ainda numa escala bem menor. aí todo mundo acha que sou devassa, coração de pedra, que não tenho sentimentos e não estou nem aí pra nada. a durona. a superior. porque mulher é tudo meiguinha, calminha, quietinha, sensívelzinha... as que não são é porque são punks doidonas, que não tão nem aí pra porra nenhuma. e a realidade é tão diferente disso...
talvez esteja um pouco extremada essa minha descrição. talvez vocês digam que os amigos de vocês não pensam assim. ok, nem tanto. não numa escala tão grande. mas porque eles são seus amigos, né? eles são bacanas, afinal. e mesmo assim tem um fundinho lá no fundo deles que pensa assim, sim. uns mais, uns menos. mas é foda. pra mim qualquer resquício disso é foda. irrita e machuca.

terça-feira, setembro 13, 2005

lembranças eternas (e concretas) de uma noite sem vergonha

esse blog tá muito deprimente. mulherada, cadê o lemón? assim parece "te quiero con lágrimas" ou qualquer outra coisa mexicana, quanto drama! vou contar uma história engraçada pra ver se melhora.

então, era uma segunda-feira chuvosa, daquelas bem sem futuro, e estava eu no boteco. vamos pra uma festinha miada? (com a chuva só poderia estar miada) vamos, eu prometi que ia e, é claro, quem tá na chuva é pra se molhar - literalmente.

tá bom, festinha miada, mas com amigos e conhecidos, nada tão ruim pra uma segundona de chuva... só que eu já tinha bebido um pouco além da conta antes de chegar, já estava bem alegrinha, o que me levou a beber mais ainda lá. encontro logo de cara um amigo-caso meio antigo, daqueles que deu tudo pra ficar comigo e só se fodeu, e que foi lá por minha causa. como eu tinha sacaneado ele bem recentemente, do tipo "agitei e depois melei", convidei-o pra festinha segunda-feira crente de que não ia ter nada melhor pra fazer mesmo e pelo menos faria alguém feliz.

só que ele não era o único amigo-caso antigo que encontrei por lá. logo dei de cara com outro. que na verdade nunca chegou a ser um caso concreto - aquele tipo que ficou mais na vontade (bem mais!) do que na ação. só que, por outro lado, depois que virei moça-solteira e não tinha mais impedimentos pra concretizar a história, nos encontramos algumas vezes mas eu já estava ocupada com outro em todas elas, outro do qual eu gostava e não valia a pena abrir mão por um cafajeste do naipe desse cidadão. ok. bom, também devo admitir que já tinha até perdido a graça depois de terminar o meu namoro e ele o dele; era mais aquela coisa do "proibido" que me atraía na história, e depois que ficou fácil dei uma desencanada. ou pelo menos achei isso. nos cumprimentamos com um selinho, mas como isso não é muito incomum, nem dei bola. mas dali a pouco estou passando perto dele, ele me puxa, quer me apresentar pra uns amigos, saquei na hora qual era. pedi desculpas mentalmente pro outro amigo (o cara não dá sorte!) e pensei, mais uma vez, que quem está na chuva é pra se molhar.
tá. aí fiquei curtindo a baladinha, ficando cada vez mais bêbada, desconversando com meu amigo que se deu mal, e o dito-cujo resolveu ir buscar algo que nos deixaria menos bêbados, graças a deus. demorou um tempo enorme, eu prestes a desistir, morangochocolate, aquela dúvida terrível.
mas fiquei, com enfático apoio do melhor amigo dele - "espera, eles já estão chegando". ele chegou no último minuto antes que eu desistisse - é lógico - um monte de gente já tinha ido embora, inclusive o meu amigo que mais uma vez se deu mal, e quem sobrou tava completamente bêbado. claro que aí a compostura foi pro espaço, putaria no banheiro, um monte de conversas das quais lembro poucas frases, mas o tom fundamental era, sem dúvida, "finalmente!".
bom, saímos de lá para a casa dele, aliás uma casa muito doida, ele foi guiando, eu muito louca, nem enxergava direito o caminho, nem a capa do manual do carro, que o moço foi cavalheiro e guardou o final pra mim. chegamos na casa, bebemos uma bebida estranha, falamos mais várias coisas que não lembro, cama, quatro anos acumulados em uma noite que não decepcionou, enfim, poupo-as dos detalhes. tá, uma hora acabou, aquela conversinha de praxe de "fica aqui", etc e tal, não posso, vou pra casa, cadê a porra do meu sutiã?
(detalhe importante: era meu sutiã preferido, preto, de renda, caríssimo, aquela coisa)
sutiã? que sutiã? eu guardei, é meu, fica de garantia que você volta, o caralho, é meu, quero a porra do sutiã, devolve, não devolvo, devolve, não devolvo. desisti, não podia passar a vida pedindo, enfia a porra do sutiã no cu então. me vesti, não botei tudo, tava o maior frio, eu com várias peças de roupa, vesti o essencial e coloquei o resto na bolsa, é da cama pro carro, do carro pra cama. tá. me perdi um pouco na volta, estava exausta, cheguei em casa e capotei.
no dia seguinte acordei obviamente de bom humor. abro a bolsa pra pegar alguma coisa, tiro o casaco, a meia-calça, e uma outra coisa preta, não reconheço, o que é isso? desdobro e tenho a visão bizarra: uma cueca preta!
começo imediatamente a rir, gargalho sozinha, que porra é essa, eu trouxe a cueca do cara por engano! gente do céu, o que é isso, só pode ser coisa do destino, deus existe e tá tirando uma da minha cara! como é que eu peguei a cueca do cara?! deve ter vindo por engano junto com alguma peça de roupa que enfiei na bolsa, mas meu deus, parece vingança, ele deve estar achando que peguei de propósito pra vingar o sutiã. essa é a pior parte! essas coisas só acontecem comigo! ai, jesus...!
bom, a cueca tá lá em casa, escondida na minha gaveta de calcinhas. me parece algum tipo de desrespeito jogar fora, não tenho coragem. estranho jogar uma cueca no lixo. mais bizarro ainda vai ser devolver, por mim quero esquecer essa história. hahahaha... meu deus!

segunda-feira, setembro 12, 2005

a barriga estava enorme, redonda e dura. barrigão de nove meses, aquele reflexo básico de grávida de ficar pondo a mão no ventre, como segurando ou protegendo o que está lá dentro. a dor, a dor, parecia bexiga cheia, cólica, doía muito. a gente andava por umas ruas de paralelepípedo, as meninas me ajudando a andar, precisamos chegar no hospital, vai nascer, tá doendo, calma meu filho, que vai dar tudo certo. não sai ainda não, a rua escorregando, a dor aumentando. sinto o útero apertando, doendo. chego na fila do hospital, tem que passar por uma catraca pra entrar, vejo o médico e grito deseperada, doutor, vai nascer, preciso de ajuda. passo à frente das pessoas na fila, procurando a maca, a enfermeira, vai nascer. as dores diminuem, mas continuo gritando num fingimento desesperado. o médico manda que eu sente num banquinho e me diz que ainda não é hora de nascer, sabe do meu fingimento mas me trata com pena. "alguém da sua família quer que essa criança nasça uma marionete".
corte imediato para outra cena totalmente diferente. um quintal, umas cadeiras de praia, alguma festa, talvez uma colônia de férias. converso com um casal de amigos bem próximos, chega o moço-dito-cujo, não vejo faz tempo, saudade, sorriso demais de ele estar ali. ele senta na cadeira ao lado da minha e pergunta "quer ver minhas notas?". quero, claro, quero tudo, meu filho. me passa um papel impresso tipo aqueles do júpiter mas cheio de correções feitas à mão, diversas matérias e notas que variam entre 5 e 6,5, ele se envergonha meio ironicamente do seu desempenho medíocre. coloca o braço em cima do meu, mãos dadas, o peso e a consistência exatas da mão dele que conheço bem e que já reconheci até esbarrando sem querer numa multidão. os rostos se aproximam, aquela sensação boa da última fração de segundo antes do beijo.
acordo com minha mãe entrando no quarto, são dez horas da manhã preciso daquele papel do seguro do carro. a incômoda sensação de ser uma vagabunda-que-acorda-às-dez-horas-da-manhã. ela sai, fecha a porta, o choro vem antes que eu possa pensar em qualquer coisa. choro porque não estou grávida, porque fiz um aborto, porque a sensação da barrigona de nove meses foi tão real, deve vir na carga genética, era real demais e tenho certeza que é exata. choro porque o peso da mão dele na minha era absolutamente exato e real, porque a temperatura, o contato, tudo perfeitamente igual à realidade, sonho verdadeiro demais, estranho acordar e lembrar que é segunda-feira e que é o momento de resolver tudo aquilo que tenho pra resolver, um monte de problemas que parecem me soterrar. difícil acordar, tenho entrado numas de sonoterapia, desde o acidente dormi mais de dez horas quase todas as noites, mas foi o primeiro dia em que me lembro do sonho. estrnho, tenho medo, afetou todo o meu dia. saudade de coisas que nem aconteceram, nostalgia esquisita.

assim ó

ai é assim:
peguei as coisas dele que nem comigo estavam, e fiz o favor de devolvê-las ao garçom nosso padrinho. E claro não podia perder a oportunidade de vê-lo e curtir mais uma semana de fossa. Tudo bem que já nos entendemos, ou deixamos pra lá e fomos para uma melhor na casa dele, afinal carpe diem, tudo de bom seria se assim fosse, livre leve e solto, muito amor no coração quando der na telha. E foi assim mesmo. Um alívio no coração, sorrisos para traseuntes no ponto, esperando o intermunicipal as oito da manha de ressaca, óculos escuros, mas sorrindo. E alegria por esquecê-lo por um tempo,por estar levemente preenchida, por ir almoçar com pessoas legais, até um encontro inesperado, uns beijinhos gostosos, encontro meio insosso, mas enfim, boa tentativa, nem pro bem nem pro mal, estamos aí.
Enfim devolvi seus trapinhos, quer dizer deixei em nossa esquina com nosso padrinho -- que assim que me viu disse você está fora do ar hein -- para que ele pegue. e porque não ficar mais um pouquinho por lá, amigas que te amam, com suas histórias também. E a certeza de encontrá-lo, e de que seria uma merda pra mim. Mas fiquei mesmo assim, fazer o que, mulher, ou eu, sei lá, tudo besta. Roí as unhas e não olhei fora do caminho que ele apareceria. E não apareceu.
E fui pro ponto. E chorei até chegar em casa. Sempre choro no onibus...nunca na frente de conhecidos, mas no onibus não ligo. Só a imagem dele na minha cabeça me dá frio na barriga. Pensar em onde estará o ser agora dá porradas na barriga. Ai, tem motivo...

domingo, setembro 04, 2005

de como um sábio chinês vale mais do que um don juan

tá bom, a gente fica triste, mas também não morre. pensando nisso duas das "malvinas" foram à festa de uma terceira. sim, era sabadão, e uma delas estava com uma baita ressaca acumulada de dois porres seguidos. a outra estava tomando antibiótico, aquelas caixas enormes de genérico que dão até medo. febre de quarenta graus na madrugada anterior. ok, é só uma passadinha pra não deixar uma malvina triste. porque as malvinas podem até ficar tristes por causa de homem, mas ficar triste por mancada de amiga é ainda pior.

só que a festinha rendeu. maior pegação. gatinhos tantos que não dava nem pra escolher. difícil escolher um e perder todos os outros. já via a hora que acabaria ficando sozinha por não conseguir abrir mão de nenhum. melhor não, escolho o mais cafajeste que pelo menos é garantia de muito beijo bom e nenhuma "fritação" depois.
é. foi exatamente o que eu consegui. o moço era mesmo profissional. bonito, gostoso, bom de beijo, de mão, bem diferente daquele que a outra malvina descrevia esses dias, o tal que fazia a careta apavorante. só que... gente! eu sou caretinha, acho. não sou nada moralista em relação a julgar os outros, mas eu mesma não sou dessas de muita putaria. juro que me envergonho disso, mas fazer o quê? o moço queria me levar pra casa, naturalmente, mas eu não quis não. mesmo que ele fosse gostoso e que eu também ande meio "carente" - pra não dizer outra coisa (que sou moralista, lembram?). não quis. tudo bem, eu estava cansada, mas nem é isso. mesmo que estivesse na melhor forma não ia querer. por que, hein?
fico muito puta. o que estou procurando? um amor verdadeiro a cada cara que eu for pra cama na vida? volto à minha questão de ter lido romances demais. porra, as pessoas podem até achar isso bonitinho, mas que mierda! eu acho é uma bosta. me comporto como uma menina de quinze anos. pra depois chegar em casa e ficar pensando no outro, que nem na cidade está, que difinitivamente deve (ele sim!) estar curtindo a vida como todo mundo.
aí, tá. fui jogar i-ching, esperando uma bronca dos meus sábios chineses. jogo. um hexagrama que eu nunca tinha visto, "comunidade com os homens". vou tentando em entender à medida em que leio, i-ching é aquela coisa que basicamente só depende da sua interpretação, eu procurava minha bronca. mas, valha-me minha nossa senhora dos chineses sábios, vejam bem a "linha móvel", que é o que uma malvina aqui disse que chama "oráculo" e corresponde ao futuro:
Nove na quinta posição significa: Homens ligados por um sentido de comunidade primeiro choram e se lamentam, mas depois riem. Após grandes lutas conseguem encontrar-se.
Duas pessoas estão exteriormente separadas, porém unidas em seus corações. Suas posições na vida as mantêm separadas. Erguem-se, entre elas, muitos obstáculos e impedimentos, causando-lhes tristezas. Mas elas não permitem que nada as separe e permanecem fiéis uma à outra. E ainda que a superação desses obstáculos exija grandes lutas, elas vencerão, e ao se reencontrarem suas tristezas se transformarão em alegria. Confúcio comenta a respeito desta linha: "A vida conduz o homem responsável por caminhos tortuosos e mutáveis. Muitas vezes o curso é bloqueado, em outras segue desimpedido. Ora pensamentos sublimes vertem-se livremente em palavras. ora o pesado fardo da sabedoria deve fechar-se no silêncio. Mas quando duas pessoas estão unidas no íntimo de seus corações podem romper até mesmo a resistência do ferro e do bronze. E quando duas pessoas se compreendem plenamente no íntimo de seus corações suas palavras tornam-se doces e fortes como a fragrância das orquídeas".
aaaah... dá pra não ser romântica? (suspiro) (suspiro) (suspiro)
fico com meus sábios chineses, viu? eles é que sabem dizer o que eu quero ouvir.

sexta-feira, setembro 02, 2005

e eu?

esse título me lembra a música do caetano: "e eu, e eu, e eu, e eu sem ela?". homens, sempre egocêntricos. e eu bêbada. e eu sem ele? puta que o pariu, que força interior pra não me jogar no colo, pra não dizer "fica comigo!", pra não perguntar "o que foi, você não me ama mais?". como se um dia tivesse existido amor! só pra mim... "por que não me telefona, dê notícia de você, liga ao menos pra dizer que o melhor é te esquecer". dá vontade de falar, música sertaneja, to bêbada mesmo, foda-se, se não tivesse nenhum senso crítico ia agora te procurar pelos bares da cidade. isso seria bastante romântico se fosse uma linda surpresa pra você; mas seria apenas mais uma coisa bizarra, esquisita, na sua vida.o tipo da coisa que você pensaria "nossa, olha quem tá aqui, o que ela veio fazer aqui?!". e eu pensando em amor.




"eu uso óculos escuros pras minhas lágrimas esconder"

quinta-feira, setembro 01, 2005

besta besta.

hehehe dizem que falar alivia dores emocionais. Mas falar é difícil, ainda bem que existe msn, e-mail e toda essa coisa. Senão tava fodida.
O fato é que mulher é besta. Besta, besta...não tem outra palavra. Olha só: Quando a raiva é muita, acho que passa logo. Quer dizer, passa na hora que não deve passar. Um coração ferido por outro leviano e mentiroso; aquela brilhante descoberta -- demorou pra cair a ficha...Aí cai. E tudo de besta que vc foi, vc descobre, e vê que vale mais, muito mais, que era tudo uma merda e eu que sofri de besta. Aí é claro que a raiva é muita, de tudo, dele, de você, da sua bestice.Aí adora pelo avesso. Claro, não me liga, o idiota, fala coisas lindas por e-mail e me trata mal na cama, vira as costas, sequer um telefonema.Pura vaidade. Consigo ver isso E aí???O que faço com este saber??? " Coração recolhido no peito...é desprezo." É mesmo. Aí me liga pra falar nada, só pra ver se está tudo bem, como estou, se estou triste: triste não é a palavra eu disse. Aí minha voz, que já é baixa e quase inaudível, some...e tudo o que eu falo ele fala: "não entendi, repete". Nooossaaa, acho isso péssimo, broxante. Já é um parto pra mim falar, repetir então.Odeio, odiei muito.Fui uma besta.
Mas queria estar com raiva na hora. Achei que seria qualquer pessoa menos ele, atendi normal, e meu coração disparou quando ele falou oi flor. AHAHAHAHA FLOR É O CARALHO!!!Quem me dera. Ter muita muita raiva pra não precisar repetir nada nunca mais. Gritar muito. Xingar. Aí, vem me ver...ah, vc tá doentinha? Sim sim, doentona ( seu puto culpa sua) . Mas ir aí? É, não vou insistir, quer vir venha não quer não venha. Tá bom. Ai desligo e começo a chorar. Que mundinho! mundinho, mundinho....Merda merda. poxa poxa. Não é certo. O fato é que ele vem aqui e vou me arrumar desarrumadamente -- afinal estou doente -- pensando no que ele vai gostar, se vai me achar bonita e tal...e ele não vai nem olhar no espelho do elevador pra ver se tem uma meleca no nariz ou uma remelona no olho. Por isso que mulher é besta. E quando ele chegar, vou ficar quieta. Vou pedir para que traga cervejas, mas eu estou doente, ele tomando antibiótico...vai reclamar com certeza. Aí foda-se, bebo eu, não vou conseguir sem. Nem sei se vou conseguir com. Da última vez que falei com alcool falei merda...mas agora já ensaiei. Acho que vou até escrever, fazer uma colinha. E já sei tudo que ele vai falar nesta hora: te amo, vc é linda, um amor socialista, a pior coisa pra mim seria te magoar. Me poupe.Esta parte ele não vai saber, logo não vai me poupar. A pergunta é:
E SE ELE TENTAR ME BEIJAR? E TRANSAR? QUE FAREI? MENINAS, VENHAM SE ESCONDER ATRÁS DA CORTINA!!FUDEU!!!

Fim de Semana

Pois é minha gente, saí fugida na sexta-feira pronta para um fim-se-semana de amor tórrido com um rapazinho que tá há tempos na área, coisinha trivial, sem sair da cama mesmo, apenas um passeiozinho pelo Rio... Levei
cerveja, maconha e um livro de poesias para esquentar a vida que andava muito chata, e saindo de casa falo para a vida: surpreenda-me! Olho para o céu e a lua está linda, grande, como que dizendo: não desiste, a vida
sempre tem com quê te surpreender...

Ah, vai, fui para a Rodoviária, montei no busão, fugindo o mais rápido para seduzir o moço (perfil: jjornalista, gaúcho, 25 anos, braços e pernas fortes, barba mal-feita, meio hippongo... ). Na estdada, eu delirando pelas
pernas do moço (não é que eu me tornei um daqueles caras canalhas de quem a gente sempre fala mal? sem tirar nem pôr! É comer e contar pras amigas que, afinal, o que é bom tem que faturar,o que é ruim a gente esconde!) Bom, não me pára uma viatura de Federais e faz a revista no busão inteiro , eu com um embrulhinho de maconha na bolsa, já pensando em ir pra cadeia, bufando, tremendo, os hómi reviram a minha bolsa e por mão de Virgem Crispim não encontram nada, vão embora - e a vida me pisca: brinca não, filha, que tem surpresa de todo tipo...
Vai que chego, pego taxi, cheirosa, bunita e gostosa, cheia de idéia pra trocar, seduzo o rapaz com massagem nas costas, beijinho na nuca e vai... "Mas na hora da cama nada pintou direito", dizia o Caetano, e tem vez que não, né? Onde esses meninos aprenderam a beijar??? Parecia uma hélice dentro da minha boca, uma coisa giratória, dura, Deus do céu, broxante, e ainda aquele pinto meia-bomba, a mão que não sabe onde vai, uma careta apavorante... E eu confirmo pela décima terceira vez que não tem corpo como o do meu ex, que não tem pele como a dele e nem beijo como o dele... Mas pra não chorar, que não é época, levanto da cama e vou na varanda: Tá legal, bela surpresa, vida. Agora: surpreenda-me mais se for possível.
...ela me responde com um lindo sábado de sol e uma bicicletada em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, um bom papo entre amigos (é amigo, né, fazer o que), uma cerveja... Com um colega da escola! Encontrei o moço e sua respectiva e confesso que jamais tinha conversado com ele, foi o máximo, muito gente boa, a respectiva também...

Tudo na boa, a boa-nova é que o meu rapaz terá que trabalhar no domingo e - graças! - vou poder ficar livrezinha no Rio dando rolê de bike e nadando nas águas cariocas, o que eu faço com gosto. Aí, uma coisa: tô andando de bike qaundo me chamam meu digníssimo nome. Olha só, um amiga do peito aqui de São Paulo me abraça alegre, e eu acabo de passar no seu caminho do nada... o Rio tava mais era parecendo boteco da esquina. Mais uma coincidência, mais uma piscadela da vida..."Nem pense que já me viu toda, nem seja tão prepotente que te quebro as expectativas..".
E vamo que vamo, eu e o gaúcho dormimos, bebebos, conversamos muito, mais passeio, mais relax (sem mais sexo, please), e volto contenta para Sampa de ônibus, poltrona 17, enfilero no busão chique quando vejo quem na minha frente??? Uma griga nova no pedaço, amiga aqui de Sampa, ela tb veio pro Ro no finde e
terminamos a empreitada com uma bela conversa inter étnica entre uma branquelona e uma pouco menos branca, roubando um belo travesserinho de cheiro no final. Chego em Sampa, uma mensagem de uma brother no meu celular celebra a minha vaquice em tom amigável, e tá tudo certo. Nem dá pra ficar triste. A vida é intangível.

Novas integrantes

Agradecendo a abertura da minha grande amiga, aviso aos navegantes que esse blog agora está aberto para diversas mulheres abrirem a mnete e o coração sobre aqueles que nos enlouquecem... E outras baboseiras. Bem-vindos sejam os novos navegantes, eu me bem-vindo também. Dito isso, vamos blogar! Ass: Malvina II.

O amor bate na aorta


Cantiga de amor sem eira
nem beira,vira o mundo de cabeça
para baixo,suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não posso compreender...



(falei que eu voltava com ele!)

o amor é velho velho velho...

... e menina.
tom zé, muito bom. a "globarbarização". o forró da prostituição infantil. "vocês são uns traidores!", e a galera aplaudia. era isso que ele queria mesmo?
escuro, né? meti a cara no pano preto. tipo porta de vidro, mas não dói. doeu em outro lugar. o amor é velho velho velho... e menina. verso da noite, da semana, do ano. atordoa não enxergar bem. você não sabe se o que vê é aquilo mesmo. e fica com medo do que pode não estar vendo. eu não uso óculos. enxergo mal. deus fez assim, eu aceito. e olha que eu não sou de aceitar o que me incomoda.
(talvez seja mais fácil enxergar mal pra depois poder dizer que não viu. ou pra poder ver o que quer.)
depois é ladeira da pompéia, frio na barriga bom, de criança. não aquele ruim, de nervoso. não quero mais. despedício de H2O e NaCl no caminho de casa, sozinha. não tem problema, dou carona pra todos, menos tempo de solidão pra pensar. mas depois não tem jeito. tem que voltar pra casa.
estacionamento, coincidência, bar fechado, ainda bem, a decisão foi tomada e só serviu pra fechar com chave de ouro. (ouro... simbólico). porque eu não tinha certeza que ia conseguir mantê-la. eu nunca tenho. o amor é velho e menina. cansada disso de ser menina. de ter medo de não cumprir minhas promessas feitas e refeitas todo dia antes de dormir. coisa de menina, mesmo, ficar prometendo tanto.
saudade de alguma coisa que não sei o quê. roupas no chão, pijama, dormir de maquiagem mesmo, quem se importa? day after, despertador. lua fora de curso. céu nublado. o amor é velho demais, mas sempre menina. ainda bem que a língua portuguesa tem diferenciação de gênero em adjetivos. perderia o sentido se não houvesse. velhO. meninA.
devaneio, chega. texto comprido demais, pensamento embaralhado demais. vontade de drummond, bem água com açúcar. vou pro google. volto com ele já-já.